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EXPONDO O EVANGELHO DE MARCOS
CAPITULO 14
Os principais sacerdotes e os escribas já estavam determinados a matar Jesus, mas queriam fazer isso depois da Páscoa. Parecia-lhes mais sábio esperar até depois das celebrações pascais, já que Jesus era uma pessoa popular, e Jerusalém estava cheia de judeus entusiasmados; contudo, Deus tinha outros planos. Judas possibilitaria que os líderes prendessem o Senhor durante a celebração (vv. 10-11; Mt 26:14-16). O Cordeiro de Deus devia morrer na Páscoa. Nesse capítulo, Marcos apresenta Jesus em quatro papéis diferentes.
I. Jesus, o Convidado honrado (14:1-11)
Esse evento (Mt 26:6-13; Jo 12:2-11) ocorre antes da entrada triunfal em Jerusalém, mas Marcos o põe aqui sem fornecer referência de tempo, como João fez (Jo 12:1). Não sabemos quem é Simão, o leproso. Talvez fosse alguém de Betânia que Jesus curara de lepra e cuja casa estava aberta ao Mestre, como a de Maria, Marta e Lázaro.
O ato de amor de Maria foi aceito por Jesus, criticado por Judas e pelos outros discípulos (Jo 12:4-6) e relatado à igreja por intermédio da Palavra (v. 9). Durante a Páscoa, os judeus tentavam com mais empenho ajudar o pobre, e Jesus não se opunha a esse bom costume. O perfume custava um ano de salário da média dos trabalhadores, portanto o dinheiro obtido com sua venda alimentaria muitos pobres. Todavia, Maria queria ungir Jesus em preparação para sua morte e sepultamento, e isso era mais importante que alimentar os pobres.
Sua boa ação glorificava a Deus e representava uma bênção para todo o mundo (vv. 6,9; Mt 5:14-16). No versículo 4, a palavra “desperdício”, em grego, é a mesma para “perdição” em João 17:12; e este versículo refere-se a Judas. Judas era o “desperdiçador”, não Maria! Ele desperdiçou as oportunidades que Deus lhe deu e, no fim, dilapidou a própria vida ao suicidar-se. Que contraste entre Maria, a adoradora, e Judas, o traidor!
II. Jesus, o Convidado gracioso (14:12-26)
Jesus pediu que Pedro e João (Lc 22:8) preparassem o cenáculo para a última Páscoa que celebraria com os discípulos. Era incomum um homem carregar um cântaro de água, pois essa era uma tarefa das mulheres. Jesus tinha de ser cuidadoso ao fazer as coisas para não causar problemas para os outros, já que seus inimigos o vigiavam.
Aquela noite, Jesus fez duas revelações espantosas. Primeiro, ele falou que um dos Doze era traidor (vv. 17-21). A forma como cada discípulo se expressou: “Porventura, sou eu?”, indica que ninguém à mesa se considerava culpado. Jesus protegeu Judas até o fim e deu-lhe todas as chances para se arrepender. Não devemos pensar em Judas como um robô fadado a cumprir uma profecia (SI 41:9; 55:12-14), mas como um homem que pecou ao desperdiçar suas possibilidades.
A segunda revelação foi que Pedro o trairia. Jesus revelou isso pela primeira vez após Judas deixar o cenáculo (Jo 13:31-38; Lc 22:31-38) e depois repetiu quando ele e o discípulo foram ao jardim de Getsêmani (vv. 26-31; Mt 26:30-35). Claro que Pedro, com sua autoconfiança carnal, negou que tal coisa pudesse acontecer, mas isso aconteceu.
Ao final da refeição de Páscoa, Jesus pegou o pão e o vinho e deu-lhes um novo sentido ao instituir a comunhão (ceia do Senhor, a eucaristia [“da[r] graças”]). Nós nos lembramos das pessoas por sua vida, mas Jesus quer que nos lembremos dele por sua morte, a bênção espiritual que recebemos como filhos de Deus por intermédio de sua morte. O hino que entoam é de Salmos 115—118. Imagine Jesus entoando um hino pouco antes de ser preso e crucificado!
III. jesus, o Filho submisso (14:27-42)
Quando eles chegam ao Getsêmani (que significa “prensa de oliva”), Jesus cita Zacarias 13:7 a fim de advertir os discípulos de não ficarem por ali por muito tempo nem o seguirem após sua prisão. Ele também lhes diz uma palavra de encorajamento: ele ressuscitaria da morte e os encontraria na Galiléia. Essa é a quinta menção que faz à sua ressurreição (8:31; 9:9,31; 10:34), porém os discípulos simplesmente não compreenderam sua mensagem.
A frase “tomado de pavor e de angústia” revela o sofrimento humano do nosso Senhor no jardim (Hb 5:7-8). Ele sente-se tomado de angústia quando contempla o “cálice” do qual deve beber: fazer-se pecado na cruz e ser separado do Pai. A presença e a oração dos amigos teriam representado muito para ele, mas eles dormiram! “Chegou a hora!” (Jo 2:4; 7:30; 8:20; 12:23; 13:1; 17:1), e ele estava pronto para fazer a vontade do Pai.
IV.
Jesus, o preso obediente (14:43-72)
Judas desconhecia tanto o coração de Jesus que veio com uma “turba” de soldados armados para prendê- lo! Judas era tão hipócrita que usou beijos, um sinal de afeição, para trair Jesus. Pedro estava tão despreparado espiritualmente que tentou defender Jesus com a espada! Se ele tivesse ouvido a oração de seu Mestre, saberia que Jesus estava pronto para morrer. Jesus tinha um cálice nas mãos e fez a vontade do Pai
“para que se cumprissem as Escrituras”. Pedro tinha uma espada namão e opôs-se à vontade do Pai, e Jesus teve de desfazer o dano que a espada fizera na orelha de Malco (Lc 22:49-51).
Quem era o jovem no jardim (vv. 51-52)? Alguns pensam que seja João Marcos, já que apenas seu evangelho o menciona. O cenáculo ficava próximo da casa de João Marcos, e Judas e seu bando foram lá primeiro? Marcos enrolou um lençol apressadamente em seu corpo e seguiu-os? Nunca saberemos exatamente quem era aquele moço, a menos que o Senhor nos explique isso no céu.
Primeiro, levaram Jesus ao sumo sacerdote em comando, Anás, sogro de Caifás (Jo 18:13-24). A seguir, entregaram Jesus a Caifás e ao conselho judeu perante o qual pessoas testemunharam contra Jesus. No entanto, havia discrepâncias entre os testemunhos delas. A afirmação messiânica de Jesus, do versículo 62, foi muito forte, e o sumo sacerdote não a suportou e o declarou culpado.
Pedro, como os outros discípulos, fugiu do local (v. 50); todavia, a seguir, ele e João desobedecem à ordem do Senhor (v. 27) e o seguem. Isso leva Pedro diretamente para as redes da tentação, e ele nega o Senhor três vezes. A predição do Senhor torna-se verdade (v. 30), contudo o cantar do galo faz com que Pedro se arrependa (Lc 22:62). Se um apóstolo que viveu com Jesus pôde cair em tal pecado, imagine como temos de acautelar-nos, e vigiar, e orar! João 21:15-19 assegura que Pedro foi perdoado e restaurado ao ministério apostólico.