03.04.2016. Expondo o livro de Gênesis. Capitulos 37-40

Expondo o livro de Gênesis 37-40

Agora, iniciamos o estudo de uma das biografias mais empolgantes da Bíblia, a de José e seus irmãos. A história toda retrata a soberania de Deus e o cuidado providencial de Deus para com os seus. Embora José tenha seus defeitos, ele ainda se so­bressai como um gigante espiritual em sua própria família.

 

I. José, o filho favorito (37)

A. O amor de Jacó (vv. 1-4)

É fácil perceber por que Jacó favo­recia José em sua velhice, já que Raquel era a esposa preferida dele, e José foi o primogênito dela (30:22- T4).Seguramente,esse tipo de  par­cialidade em uma família traz pro­blema. José, aos 17 anos, ajudava com os rebanhos, mas Jacó logo o  liberou dessa tarefa e o tornou um vigia ao dar-lhe uma “túnica talar”. Jacó queria tornar José administra­dor antes que ele aprendesse a ser servo! O resultado disso — os ir­mãos de José odiavam-no (v. 4) e tinham inveja dele (v. 11).

 

B. Os sonhos de José (vv. 5-11)

Não há dúvida de que esses sonhos de José vinham de Deus, e, com certeza, a segurança de que um dia ele governaria ajudou-o a manter-se fiel durante os muitos anos de teste no Egito. Observe que o primeiro sonho tem um cenário terreno, en­quanto o segundo tem um cenário celestial. Isso é uma sugestão aos fi­lhos terrenos de Abraão (os judeus) e a sua semente celestial (a igreja). Um dia, os irmãos de José se curva­riam diante dele! Veja também 42:6; 43:26 e 44:14.

 

C.    O esquema de Judá (vv. 12-28)

Não sabemos qual foi o primeiro ir­mão de José que sugeriu suprimi-lo. Provavelmente, foi Simeão que se ressentiu com a intrusão de José nos direitos de primogenitura (que, por fim, seria tirado de Rúben, 49:3-4). O capítulo 34 informou-nos que Si­meão era astuto e cruel, e José, em 42:24, é mais áspero com Simeão. De qualquer forma, os irmãos vol­taram à região de Siquém (onde se meteram em problema, cap. 34) e planejaram matar José. Deve-se cre­ditar a Rúben a tentativa de poupar a vida de José, embora ele tenha usado um método errado para reali­zar uma obra nobre. Deus dominou o ódio dos homens, e losé foi ven­dido como escravo, em vez de ser assassinado a sangue frio.

 

D.   O sofrimento de Jacó (vv. 29-36)

Anos antes, jacó sacrificara um ca­brito para enganar seu pai (27:9ss); agora, seus filhos o enganavam da mesma forma. Nós colhemos o que plantamos. Jacó sofreu durante os vinte anos seguintes pensando  que José estava morto. Ele pensou que tudo trabalhava contra ele (Gn 42:36) quando, na verdade, tudo trabalhava a favor dele (Rm 8:28). Deus mandara )osé na frente para preparar o caminho para a preser­vação de Israel como nação.

 

II. José, o mordomo fiel (38-39)

O capítulo 38 apresenta um retrato sórdido de Judá rendendo-se às Iu- xúrias da carne. É um contraste to­tal com a pureza de José (39:7-13). Judá queria vender seu irmão como escravo, contudo ele mesmo era “escravo do pecado” (Jo 8:34). Ain­da assim, “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20), pois vemos a inclusão de Tamar na linhagem de Cristo (Mt 1:3). Obser­ve que Judá é mais severo com os outros que consigo mesmo (v. 24). Ele, como Davi, queria que o “peca­dor” fosse julgado — até descobrir que ele mesmo era pecador!

Jacó tentou proteger José das responsabilidades do trabalho, mas Deus sabia que José não podia ser governante antes de ser servo (Mt 25:21). Deus usou três lições na vida de José a fim de prepará-lo para ser o segundo governante do Egito:

A. A lição de serviço (39:1-6)

José trocou a “túnica talar” por uma vestimenta de servo, e Deus forçou-o a aprender a trabalhar. Dessa for­ma, ele aprendeu a humildade (1 Pe 5:5-6) e a importância de obedecer às ordens. Como José era fiel nas peque­nas coisas, Deus elevou-o a coisas maiores. Veja Provérbios 23:29 e 12:24.

 

B.   A disciplina do autocontrole (39:7-18)

A mãe de José era uma mulher bo­nita, e, sem dúvida, ele herdou os traços dela (29:17). As egípcias eram conhecidas pela infidelidade, mas José não cedeu. Deus testava José, pois se José não pudesse se controlar como servo não poderia controlar os outros quando fosse governante. Ele poderia argumen­tar: “Ninguém saberá!”, ou: “Todos fazem isso!”. Contudo, em vez dis­so, ele vivia para agradar a Deus, e isso foi fundamental para não dar espaço à carne (Rm 13:14). Paulo admoestou: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade” (2 Tm 2:22), e José fez exatamente isso. Como o pregador puritano disse, José per­deu sua túnica, mas conservou seu caráter. Muitas pessoas fracassaram nessa lição, e Deus teve de encos­tá-las, pondo-as na prateleira (1 Co 9:24-27; Pv 1 6:32; 25:28).

 

C.   A disciplina do sofrimento (39:19-23)

José não só era apenas capaz de controlar seus apetites, mas tam­bém de controlar sua língua, pois ele não argumentou com os oficiais nem expôs a mentira que a esposa de Potifar espalhara a respeito dele. O controle da língua é um sinal de maturidade espiritual (Tg 3). É pro­vável que Potifar fosse o capitão dos guardas incumbidos dos prisionei­ros; ele até podia ser o chefe de exe­cução. De qualquer modo, ele viu que José fora posto na prisão do rei (v. 20), e, mais uma vez, a fidelidade e a devoção de José renderam-lhe o favor dos oficiais. “O Senhor era com José”, essa era a chave para o sucesso dele (39:2,5,21). José sofreu como prisioneiro por pelo menos dois anos, provavelmente por mais tempo. Salmos 105:17-20 explica que esse sofrimento pôs “ferros” em sua alma. Isso ajudou a transformá- lo em um homem. As pessoas que evitam o sofrimento têm dificulda­de em desenvolver o caráter. Com certeza, José aprendeu perseveran­ça com seu sofrimento (Tg 1:1-5), como também a ter fé mais profunda na Palavra de Deus (Hb 6:12). Esse sofrimento não era agradável, mas necessário, e, um dia, transformou- se em glória.

 

III. José, o servo esquecido (40)

Agora, José era um servo na prisão real (41:12). Ele fazia fielmente seu trabalho e esperava pelo dia em que seus sonhos proféticos se tornassem realidade. Um dia, trouxeram dois novos prisioneiros — o mordomo e o padeiro-chefe do faraó. Não se es­clarecem quais foram seus crimes, talvez uma coisa menor que desagradou o faraó. Entretanto, sabemos que Deus fez com que fossem pre­sos por causa do plano que o Se­nhor tinha para José. Trataram José com injustiça, mas ele sabia que um dia Deus cumpriría sua Palavra.

Observe a humildade de José quando interpreta os dois sonhos (v. 8). Ele dá toda a glória ao Senhor: “Humilhai-vos, portanto, sob a po­derosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1 Pe5:6).

Os dois prisioneiros estavam em correntes por alguma coisa que fizeram, enquanto José era inocente. A interpretação que fez dos sonhos tornou-se realidade: o mordomo foi reintegrado, e o padeiro, enforcado. Contudo, deixaram José na prisão! Talvez nos perguntemos por que outros vivenciam as bênçãos de que precisamos tanto; contudo, Deus tem seu plano e seu tempo.

Entretanto, no versículo 14, o pedido de José revela uma ponta de desencorajamento e de descrença. José inclinava-se em direção aos bra­ços da carne? Se esse for o caso, o braço da carne desapontou-o, pois o mordomo esqueceu completamente de José pelos dois anos seguintes. Essa foi uma boa lição para José nun­ca confiar nos homens. Em última instância, Deus usaria a má memória do mordomo para libertar José, mas ainda não chegara o momento certo para isso. O mordomo esquecera-se de José, mas Deus não o esquecera!

José tinha 17 anos quando foi para o Egito e 30 anos quando saiu da prisão (41:46). Isso quer dizer que ele gastou treze anos como servo e como prisioneiro, anos de discipli­na e de treino, anos de preparação para seu ministério de toda a vida, como segundo governante do Egi­to. Deus, se nos entregamos a ele, prepara-nos para o que já planejou para nós.

 

Conclusão

De muitas maneiras, José é um retrato de nosso Senhor Jesus Cristo, embora em nenhuma passagem do Novo Testamento ele seja especifi­camente chamado como um tipo de Cristo. José era um filho amado que foi odiado e rejeitado pelos irmãos. Eles o venderam como escravo e, um dia, encontraram-no como rei deles. Ele teve de sofrer antes de al­cançar sua glória. Ele venceu a ten­tação e, no entanto, foi preso e tra­tado com injustiça. Era um servo fiel que ministrava aos outros. Por fim, elevaram-no ao trono, e ele foi res­ponsável pela salvação das nações. Os irmãos dele, na primeira vez que o viram, não o reconheceram, mas ele se revelou a eles na segunda vez que vieram ao Egito. O mesmo aconteceria com Israel: eles não reconheceram Cristo quando veio pela primeira vez, mas eles o verão quando vier de novo e se curvarão diante dele.

 

Ate a próxima semana. 

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