12.04.2015. Estudo para EDB. Tema: Tiago 5:1-6 – Advertência contra a Opressão

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Tiago 5:1-6 –  Advertência contra a Opressão

1.     As injustiças sociais levam qualquer nação para a miséria. Olhando para Bíblia podemos ver que Deus é totalmente contra o lucro desonesto (Pv. 15:27; Ez. 22:27), as injustiças sociais e a opressão feita pelos governantes que se aliam com os mais ricos para explorarem os mais pobres.

2.     Tiago aqui nesta parte usa uma linguagem bem própria do Antigo Testamento, alinhando-se aos profetas como Isaías (Is. 3:4-10; 5:8,18,20- 23), Jeremias (Jr. 22:1-3,13-19), Ezequiel (Ez. 9:9; 22:6-15), Amós (Am. 2:6,7; 3:10; 4:1; 5:9-13; 6:12; 8:4-6), Oséias (Os. 4:1-3; 5:8-10; 7:1-5) e Miquéias (Mq. 2:1-5; 3:1-4; 6:9-16). Ele está continuando a criticar uma busca exagerada pela riqueza. Se antes ele criticou a arrogância dos pensa­mentos humanos, que desprezam a Deus e Sua soberania, agora Tiago vai mais fundo, lançando um ataque àqueles que tem riquezas e agem de forma desonesta. Este discurso é tanto para os que estão na igreja como os que estão fora dela.

3.     Por isso nos versos 1 e 2 Tiago diz: “Ouçam agora vocês, ricos! Chorem e lamentem-se, tendo em vista a desgraça que lhes sobrevirá. A riqueza de vocês apodreceu, e as traças corroeram as suas roupas.”. É importante sabermos que Deus não é contra a riqueza, desde que ela fique no lugar certo, ou seja, abaixo de Deus e que não se quebre a ética e os princípios morais que Ele estabeleceu. A partir do momento em que a pes­soa passa a confiar na riqueza, coloca o dinheiro como o propósito número um da vida, deixando Deus, a família e as pessoas de lado, então isso passa a ser pecado.

4.     O grande problema apontado aqui por Tiago parece descrever pessoas que possuíam posses e oprimiam seus empregados e os indivíduos que depen­diam economicamente delas. A preocupação de Deus com o pobre é refletida na Lei (Êx. 22:25; 23:1-9; 30:15;Lv. 14:21; 19:15; 23:22; 27:8; Dt. 15:1-11; 24:10-15). Mas lendo a história de Israel no Antigo Testamento percebemos que estas leis foram ignoradas, e frequentemente os ricos e poderosos acaba­ram oprimindo os mais pobres.

5.     Portanto, Tiago chama os seus ouvintes ricos ao arrependimento. As expressões “Chorem e lamentem-se” traduzem esta idéia sendo estas, tra­dução das palavras gregas klausate, que significa gritar, cho­rar, e ololyzontes, que significa clamar, prantear. A rique­za não deve dominar o cristão. Ele deve saber que tudo que lhe vem às mãos são dádivas do Senhor (Dt. 8:17,18). Jó, falando da fragilidade dos bens, disse: “Rico ele se deita, mas nunca mais o será! Quando abre os olhos, tudo se foi.” (Jó 27:19). O apóstolo Paulo, por sua vez, orientando o jovem Timóteo, disse: “pois nada trouxemos para este mundo, e dele nada pode­mos levar…Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mer­gulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos… Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua es­perança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação (1 Tm. 6:7,9,10.17).

6.     Nós devemos entender que as bênçãos materiais são dadas por Deus para que abençoemos outras pessoas e o Reino de Deus. Infelizmente vive­mos numa geração que busca a Deus não porque o ama, mas porque deseja coisas materiais. Vemos a cada dia o crescimento da chamada “Teologia da Prosperidade”, que diz que Deus é obrigado a nos dar todas as coisas como se Ele fosse um servo ou o gênio da lâmpada.Esta falsa teologia tem destru­ído a fé de muitas pessoas pois prega algo falso. Deus é fiel à Sua Palavra porque faz parte do Seu caráter, e não porque nos deve alguma coisa. As bênçãos de Deus podem ser vistas em diversas coisas pequenas, e que muitas vezes não são vistas por nós. Se não somos capazes de agradecer as mais pequenas bênçãos de Deus em nossa vida, como poderemos pedir grandes? Temos que reconhecer que mui­tas das nossas orações são movidas pelo nosso egoísmo.

7.     No verso 3 Tiago continua: “O ouro e a prata de vocês enferruja­ram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo lhes devo­rará a carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias.”.Aqui vemos uma condenação. As riquezas deixarão de ser um benefício para ser a pró­pria decadência daqueles que confiam nelas. Aqui talvez até um eco das palavras de Jesus e expressa por
Tiago: “Não acumulem para vocês tesou­ros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrom­bam e furtam(Ml. 6:19). O que Tiago tem em vista é que o mau uso da riqueza só traz destruição. Daí a expressão que aparece na última parte do verso 3: “Vocês acumularam bens nestes últimos dias”.Os cris­tãos da época de Tiago criam que viviam os últimos dias e que a Vinda de Jesus estava próxima. Desta forma, o apóstolo está afirmando que aqueles que ajuntam riquezas estão em pecado por desconsiderarem completamente às pessoas menos favorecidas à graça de Deus em Cristo Jesus. Por amarem as riquezas, e não as pessoas, oprimem por causa da ganância. Esqueceram, portanto, da vinda de Cristo e seu julgamento sobre toda a injustiça.

8.     Muitas vezes vivemos como se nada e ninguém pudesse nos deter. Da mesma forma que aqueles cristãos do primeiro século, muitos vivem hoje nos últimos dias. Muitos estão apenas preocupados em acumular tesouros terrenos ao invés de tesouros celestiais. É tempo de lembrarmos que os últimos dias são estes, e que não podemos nos esquecer que um dia estaremos diante do Justo Juiz que julgará ioda a Terra.

9.     No verso 4 compreendemos a razão da crítica de Tiago: “Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que vocês retiveram com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos”. Perceba que não é de hoje que existem fraudes e injustiças contra os que trabalham para ganhar o pão.

10.Defraudar um trabalhador era um crime grave. As leis no Antigo Testamen­to proibiam a demora no pagamento dos salários, bem como o pagamento injusto ou insuficiente (Lv. 19:13; Dt. 24:14,15). Sabemos que na Palestina, antes de 70 d.C, havia uma concentração cada vez maior de terras nas mãos de um grupo pequeno de proprietários. A parábola de Jesus acerca dos em­pregados na vinha (Mt. 20:1-16) aponta para um quadro social comum, em que os trabalhadores aguardam o pagamento no fim do dia.

11.Tiago diz que a injustiça cometida contra os trabalhadores está sendo ouvida por Deus. O que os ricos pensam estar fazendo em segredo, o Senhor dos Exércitos está vendo claramente. Este título mostra Deus como Todo Poderoso, o Soberano de um grande exército. Sendo assim, a injustiça dos homens tomou-se conhecida por Deus, e Ele tem poder para julgar tudo que estes fazem.

12.Qual era a consequência desta injustiça? Os versos 5 e 6 nos mos­tram as consequências: “Vocês vivem luxuosamente na terra, desfrutando prazeres, e fartaram-se de comida em dias de abate. Vocês têm condenado e matado o justo, sem que ele ofereça resistência.”.

13.Aqui podemos encon­trar quatro pecados:

a.       Vivendo no luxo absurdo: “Vocês vivem luxuosamente na terra”. Tiago condena a opulência de algumas pessoas. Geralmente o luxo e a suntuosidade levam as pessoas a práticas de coisas carnais, o que não traz ne­nhum proveito espiritual. No grego a palavra etryfêsate,   significa viver em luxúria, viver em prazeres. A palavra indica não ape­nas uma grande opulência, mas também uma vida de vícios, devido ao excesso de riquezas.

b.       Vivendo nos prazeres: “desfrutando prazeres, e fartaram-se de comida em dias de abate.”. No grego a palavra espatalêsate, significa dedicar-se aos prazeres, deleitar-se. Aponta para uma vida gas­ta em dissipação, até mesmo em todos os tipos de prazeres sensuais. É alguém que vive só para si mesmo.

c.        Manipulando o poder: “Vocês têm condenado”. Tiago está possivelmen­te condenando a falta de justiça de algumas pessoas ricas. Os pobres não terão dinheiro, e por isso não possuem pessoas para defendê-los nos tribu­nais. Enquanto para muitos a justiça é uma questão secundária, vemos que à vontade de Deus é que a justiça seja administrada sem favorecimento de ninguém.

d.       Assassinato: “e matado o justo, sem que ele ofereça resistência.”. É possível que Tiago esteja criticando a execução de alguns pobres em processos legais ou mortes por encomendas. É mais ou menos a política do “para os amigos tudo, para os inimigos a bala”. Que tem influência e dinheiro geralmente joga com o poder e a intimidação.

 

14.Na próxima semana continuaremos. Caso deseje ver os estudos anteriores acesse em www.josiasmoura.wordpress.com.  Abraços a todos.  Pr. Josias Moura

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