12.06.2016. EDB. Tema: Expondo o livro de I Timóteo 6

Expondo o livro de I Timóteo 6

Nesse capítulo, Paulo continua sua explanação de como a igreja deve ministrar aos diversos grupos da congregação, principalmente aos que podem causar problemas.

 

I.   Para os servos (escravos) (6:1-2)

Os escravos eram parte integrante da vida antiga; e estima-se que houvesse 60 milhões de escravos no Império Romano. Muitos escravos encontraram Cristo, mas, muitas vezes, seus senhores permaneciam descrentes; talvez, por isso, os escravos crentes eram propensos a desobedecer ou a reivindicar liberdade porque eram cristãos. Paulo incita-os a ser boas testemunhas para seus senhores não-salvos a fim de que estes pudessem aprender a respeitar o nome de Deus e sua Palavra. Havia também o caso de escravos cujos senhores eram cristãos. Esses escravos sentiam-se tentados a tirar vantagem deles, mas Paulo proíbe esse tipo de comportamento. Veja Efésios 6:5ss, Colossenses 3:22ss e 1 Pedro 2:18-25.

 

II.   Para os encrenqueiros (6:3-5)

Alguns pregadores modernos dizem: “Não se preocupe com a doutrina; o que importa é a união”. Nessa seção, Paulo refuta essa mentira: sempre que há desunião na igreja, é porque alguém não crê e não pratica a Palavra de Deus de verdade. Dever-se-ia observar e lidar com aqueles que ensinam doutrinas falsas e não concordam com os ensinamentos de Paulo.

O apóstolo apresenta um retrato claro dessas pessoas que causam problemas na igreja. Elas são soberbas e querem ser importantes na igreja. Todavia, são ignorantes e “nada sabem” (v. 4). Na verdade, são doentes, pois a palavra “delira” significa “doença, doente”. Elas se tornam espiritual mente doentes ao rejeitar a doutrina boa (sã). Elas se nutrem com questões vazias e com o significado das palavras, em vez de se nutrirem das verdades da Palavra do Senhor; e tudo isso leva a invejas, porfias e blasfêmias constantes, e não à piedade. Essas pessoas são “privadas” (destituídas) da verdade; o único objetivo delas é o ganho pessoal. Se puderem usar a religião para alcançar seus objetivos, isso é tudo o que querem.

Observe que Tito3:10 ordena que não se permita na membresia da igreja o encrenqueiro (“faccioso”, significa que provoca divisões e facções), advertindo sobre o assunto duas vezes. A congregação não deve receber de volta o encrenqueiro que muda de uma igreja para outra após a segunda ofensa.

 

III.    Para os ricos (6:6-19)

O pensamento a respeito de “ganho” (v. 5) fez com que Paulo iniciasse a discussão a respeito do cristão e da riqueza. O uso da piedade para tentar obter ganho não traz contentamento; todavia, com certeza, a vida devota, que é uma vida alegre, traz um grande ganho para a pessoa. É importante termos os valores certos!

É fácil interpretar errado os versículos 9 e 10. No versículo 9, Paulo adverte os que serão ricos, isto é, os que concentram toda a sua atenção em obter riqueza. Esse tipo de pessoa está propensa a cair em tentação e em laços e, no fim, se arruína. Pense em tudo que Ló perdeu quando fixou os olhos nas ricas planícies de Sodoma! Ou em tudo que Hamã (veja o relato de Ester) perdeu quando direcionou seu coração para as riquezas e as honras! O que um homem precisa para se satisfazer? De muito pouco: de alimento, de vestuário e de uma vida devota. Pense na pobreza de Cristo; ele, porém, tornou muitos ricos (2 Co 8:9).

O versículo 10 não afirma que o dinheiro seja a raiz de todo o mal, mas que o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de mal. O dinheiro não é neutro, mas basicamente aviltante e sujo. Jesus chamava o dinheiro de riqueza iníqua (Lc 16:9,11); Paulo chama-o de “torpe ganância” (1 Tm 3:3,8; Tt 1:7,11). Podemos investir o dinheiro na eternidade, ao usá- lo para trazer os perdidos a Cristo; ou ele pode levar o homem ao inferno, ao tornar-se seu deus. Lucas 1 6 apresenta os dois exemplos. Podemos desobedecer qualquer dos dez mandamentos por causa do dinheiro. As pessoas, por causa do desejo por dinheiro, negam a Deus, blasfemam o nome dele, roubam, mentem, matam, cometem adultério e assim por diante. A cobiça de coisas materiais faz com que a pessoa se desvie da fé (erre o alvo), e isso leva à ruína. Ela procura prazer e encontra dor e sofrimento.

A seguir, Paulo adverte Timóteo, pois os líderes cristãos podem se desviar por causa de valores falsos e do desejo de ganhos materiais. Demas abandonou Paulo, porque amava o mundo (2 Tm 4:10); Judas vendeu Cristo por trinta m
oedas de prata. Veja que Paulo chama esse jovem pastor de “homem de Deus” (v. 11). Esse é um encorajamento e tanto! Observe também as três exortações: foge, segue, milita. Fuja dessas coisas — o orgulho, a cobiça, os ensinamentos falsos. Às vezes, correr é a melhor coisa para o soldado cristão fazer. Em 2 Timóteo 2:22, Paulo ordena que ele fuja “das paixões da mocidade”. Foi isso que
José fez quando a esposa de Potifar o tentou (Gn 39). Mas não basta fugir. Também devemos seguir e militar. Paulo aponta para o magnífico exemplo de Cristo em seu testemunho diante de Pilatos. Ele escreve: “Guardes este mandamento […] até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo […] Rei dos reis”.

Os versículos 17-19 trazem instruções claras para os ricos sobre como usar sua riqueza para a glória de Deus. Observe que ele os chama de “ricos deste mundo”. É possível ser rico neste mundo, mas não diante do Senhor (veja Lc 12:13-21). Primeiro, essas pessoas devem ser humildes e aceitar a riqueza como um serviço cristão a Deus. Elas devem manter os olhos no Doador, e não nas dádivas. Deus quer que os seus desfrutem das bênçãos da vida. A Bíblia usa o verbo “desfrutar”! Em Cristo, temos “todas as coisas para delas gozarmos”, e as recebemos em abundância! Contudo, essas bênçãos materiais não são apenas para nosso usufruto, mas também para ser empregadas, usadas para a glória de Deus e para ganhar almas. Devemos usar o dinheiro para as boas obras, devemos compartilhá-lo; investir em coisas eternas e estabelecer uma boa fundação para o tempo por vir. Em Mateus 6, Jesus fala a respeito disso em termos de “tesouros no céu”.

 

IV.   Para os “instruídos” (6:20-21)

No versículo 20, a palavra “ciência” significa “conhecimento”; porém, para Paulo, esse conhecimento era falso. Sem dúvida, ele refere-se aos gnósticos (veja as notas introdutórias a Colossenses), que afirmavam ter pleno conhecimento do universo e, afinal, não eram muito diferentes de alguns dos nossos filósofos de hoje. Os falsos mestres de Éfeso perturbavam o jovem Timóteo com suas teorias altissonantes e seus questionamentos a respeito da Palavra de Deus; por isso, Paulo adverte-o de se manter afastado desses “clamores vãos e profanos”! A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus (veja 1 Co 1—2).

 

Qual é a responsabilidade de Timóteo? “Guardar o depósito” que Deus lhe confiou por intermédio de Paulo. Deus deu a mensagem do evangelho, o depósito da verdade, a Paulo (1:11), que, por sua vez, o confiou a Timóteo (1:18-19). Timóteo devia guardá-lo (6:20) e transmiti-lo a outros (2 Tm. 2:2). Essa também é a obrigação da igreja de hoje; que sejamos fiéis em guardar o depósito e passá-lo aos outros!

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