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A Humildade
Tiago 1:9-11
Introdução
Certa vez uma pessoa perguntou ao famoso maestro Leonard Bernstein: “Maestro, qual é o instrumento mais difícil de ser tocado?” E ele respondeu com muita firmeza: “É o segundo violino. Temos muitos primeiros-violinos, mas é uma dificuldade encontrar alguém que queira tocar segundo-violino tão bem ou com o mesmo entusiasmo com que tocaria na posição do primeiro. O mesmo se dá com alguns outros instrumentos e, no entanto, se não houver o segundo instrumento, não haverá harmonia”. Palavras muito sábias e verdadeiras.
Tiago passa a trabalhar aqui um tema muito importante: a Humildade. Infelizmente muitos cristãos têm perdido a visão correta da humildade. Jesus em sua vida andou como servo e humildemente cumpriu sua missão. Ele disse de Si mesmo o seguinte: “Venham a mim…Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração…” (Mateus 11:28,29).
Paulo quando falou de Jesus aos filipenses, lembrou-lhes um antigo hino da igreja que dizia: “E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:8).
O verso 9 está escrito assim: “O irmão de condição humilde deve orgulhar-se quando estiver em elevada posição”. É certo que Tiago, quando fala de “irmão humilde”, tem em mente a condição financeira. A palavra grega tapeinos não está aqui no sentido espiritual, como aparece em outros textos do Novo Testamento.
O sentido é de pobre e afligido, em contraste com o rico. É possível que Tiago, escrevendo para os irmãos da Judéia e da Síria, esteja ressaltando a condição econômica daqueles irmãos. A Bíblia nos fala de uma grande fome que ocorreu na Palestina e que isso tenha produzido muito sofrimento aos cristãos (At. 11:28,29; 2 Co. 8:16-9:5).
Diante disso o apóstolo recomenda: “…deve orgulhar-se quando estiver em elevada posição.”. Aqui parece ter uma contradição, mas não é. Este “orgulhar-se” não significa vanglória ou arrogância, mas, como diria Douglas J. Moo, “o alegre orgulho possuído pela pessoa que valoriza o que Deus valoriza.”. A palavra grega hypsei vem de hypsos e significa “alto”. Aqui em Tiago, esta palavra está em contraste com tapeinos, e pode ser traduzida como “exaltação” (ARA), “dignidade”.
Esta dignidade aponta para o status espiritual daquele que vive na esperança de participar do reino glorioso de Cristo. Daí porque Tiago afirma posteriormente: “…Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que ele prometeu aos que o amam?” (Tg. 2:5). O cristão pobre deve lembrar-se que é servo de Deus, e que não há outro título mais importante que este.
Nos versos 10 e 11 Tiago continua: “E o rico deve orgulhar-se caso passe a viver em condição humilde, porque o rico passará como a flor do campo. Pois o sol se levanta, traz o calor e seca a planta; cai então a sua flor, e a sua beleza é destruída. Da mesma forma o rico murchará em meio aos seus afazeres”.
A orientação do apóstolo é que o rico, da mesma forma que o pobre, deve olhar para além das circunstâncias adversas, procurando vislumbrar os valores espirituais. Nosso olhar não deve estar voltado para as coisas ou circunstâncias deste mundo, e sim para o reino celestial. Nunca podemos esquecer que as coisas deste mundo são transitórias e que, ao invés de buscarmos as riquezas materiais, devemos buscar as riquezas espirituais, pois estas são verdadeiras. Jesus disse: “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam.” (Mt. 6:19,20). Por isso é estupidez gloriar-se nas riquezas materiais.
O cristão rico deve aprender duas lições aqui:
A primeira é estar consciente de que, aos olhos do mundo o status é um, porém diante de Deus a coisa é diferente. A lição é manter a visão correta, ou seja, a verdadeira posição que permanece é a espiritual. Só assim é possível experimentar as bênçãos de Deus.
Em segundo lugar, o cristão rico deve se identificar com Jesus e ter a mesma postura que Ele teve (Fp. 2:8), pois como disse Jesus, aquele que se humilha será exaltado (Mt. 23:12).
Tiago está exortando tanto cristãos ricos como pobres. Humildade não tem nada a ver com “coitadinhos”, com pessoas com uma aparente pobreza exterior e uma dureza de coração. Em ambos os casos o cristão deve colocar sua confiança em Jesus Cristo.
Por isso no verso 11 Tiago traz à memória uma cena comum para aqueles cristãos da Palestina, citando Isaías 40:6,7.
As flores que surgiam na primavera secavam de repente com o calor escaldante do sol. Tiago está lembrando aqui a finitude humana e que por isso é vã a confiança em coisas deste mundo. O “murchar” refere-se claramente à morte. Não esqueçamos que a vida passa rápido mesmo: “é do pediatra a geriatria”. Um autor anônimo nos lembra: “A vida é curta demais para que façamos tudo o que queremos, mas é longa o bastante para que façamos tudo o que Deus quer que façamos”.
Meu amado irmão, seja humilde, pois, até o sol com toda sua grandeza se põe e deixa a lua brilhar.
Que Deus nos abençoe.
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