Expondo o evangelho de marcos – Capitulo 16
Este será o ultimo estudo que faremos no livro de Marcos. Estudamos todos os capítulos deste livro e pudemos aprender preciosas lições. Vamos então a nossa lição.
I. Milagre inesperado (16:1-8)
As mulheres vão à sepultura a fim de preparar de forma apropriada o corpo de Jesus para o sepultamento definitivo e, embora nos maravilhemos com a fidelidade delas, perguntamo-nos por que esqueceram as muitas promessas que ele fizera de que ressuscitaria. Agora que o sábado acabara, as lojas estavam abertas, e elas puderam comprar a grande quantidade de aromas necessária para a preparação do corpo. O maior problema delas era entrar na sepultura, pois uma grande pedra bloqueava a entrada. O que elas encontraram no jardim era totalmente inesperado: a pedra fora afastada, o corpo sumira, e um mensageiro esperava para contar-lhes as boas-novas da ressurreição dele!
Não era suficiente que fossem testemunhas do fato; elas tinham de ser embaixadoras e contar a notícia aos outros. A responsabilidade em relação à ressurreição é: “Vinde ver […]. Ide […] e dizei” (Mt 28:6-7). Observe que o anjo disse uma palavra de encorajamento para Pedro
e de orientação para todos os discípulos (v. 7). Os homens, como as mulheres, esqueceram as promessas e as instruções de Jesus (14:28). As mulheres estavam emocionalmente preparadas para transmitir essa mensagem? Elas tremiam, estavam assombradas e temerosas e fugiram do local! Mateus relata que elas estavam “tomadas de medo e grande alegria” (Mt 28:8), porque a notícia era boa demais para ser verdade! Elas contaram aos discípulos, mas estes duvidaram do que ouviam, e Pedro e João examinaram a sepultura aberta (Jo 20:1-10; Lc 24:12).
II. Mensagem inacreditável (16:9-14)
Essa seção enfatiza a descrença dos próprios discípulos de Cristo quando se confrontam com a ressurreição dele. Os discípulos “se achavam tristes e choravam”, em vez de estarem regozijando e louvando a Deus. Lucas relata em detalhes a aparição de Jesus para os dois homens na estrada para Emaús (Lc 24:13-32), e João 20:19-25 apresenta detalhes de sua aparição no cenáculo. Era uma igreja que chorava, em vez de testemunhar, porque eles não acreditavam realmente que seu Mestre estivesse vivo. O milagre de sua ressurreição corpórea é importante para a mensagem do evangelho e é a motivação para que o povo de Deus testemunhe e sirva (At 1:21-22; 2:32; 4:10,33).
III. Mandato ilimitado (16:15-18)
Os quatro evangelhos finalizam-se com uma comissão de Cristo para sua igreja de que propague a mensagem do evangelho até os confins da terra (Mt 28:18-20; Lc 24:46-49; Jo 20:21-23; e veja At 1:8). No versículo 1 6, a ênfase não está no batismo, mas na descrença. Na igreja primitiva, a crença em Jesus Cristo levava à declaração pública de fé pela prática do batismo com água (At 8:36- 38; 10:47-48), e, às vezes, as pessoas perdiam a família, os amigos e o trabalho por causa do batismo. Se o batismo com água é essencial para a salvação, então ninguém do Antigo Testamento foi salvo. Hebreus 11 relata que os santos do Antigo Testamento eram salvos pela fé.
Dos sinais referidos por Jesus nos versículos 17-18, todos (exceto ingestão de veneno) ocorreram na igreja do Novo Testamento: expulsar demônios (At 5:16; 8:7; 16:18; 19:12); falar (novas) línguas (At 2:4; 10:46; 19:6, 1 Co 12:30; 14); pegar e ser picado por serpente sem perigo (At 28:3-5); impor as mãos sobre doentes e curá-los (At 3:1-7; 5:15- 16; 8:7; 9:33-34; 14:8-10; 28:7-8). Os sinais e milagres constituíam forte credencial dos apóstolos (v. 20), confirmando que o reino de Deus havia chegado, com poder. Mediante a ação do Espírito, eles têm continuado a ocorrer entre os cristãos de todo o mundo, durante todos esses séculos, e hão de continuar até a volta de Jesus. Esses dons, como deixa claro o Senhor, não são destinados apenas a alguns discípulos, mas concedidos a todos os que crê- em em seu santo nome — aos quais compete não apenas pregar o evangelho, mas concretizar, mediante justamente a manifestação de sinais e milagres, o reino de Deus na terra, como fez Jesus.
IV. Ministério imutável (16:19-20)
Jesus retornou para seu Pai no céu após concluir sua obra na terra e, lá, ele representa-nos como nosso Sumo Sacerdote (Hb 4:14-16) e Advogado (1 Jo 2:1-2). No entanto, ele faz mais que nos representar; também opera em nós e, por nosso intermédio, realiza o mandato que deixou para sua igreja. Já que o evangelho de Marcos enfatiza Cristo, o Servo, é justo que termine nos lembrando de que o Servo de Deus ainda está em operação! Ele opera em nós (Hb 13:20-21; Fp 2:12-13), conosco (v. 20) e para nós (Rm 8:28), pelo poder do seu Espírito Santo, se permitimos que ele opere por nosso intermédio.
A. Uma nota especial a respeito de Marcos 16:9-20
Estudiosos evangélicos da Bíblia, indivíduos bons e devotos, não concordam em relação à autenticidade dos versículos finais do evangelho de Marcos. Alguns creem que fazem parte do texto original, e outros que foram acrescidos por outro autor como um “resumo”, porque o texto original foi perdid
o. (É difícil crer que se possa ter perdido uma parte das Escrituras inspiradas.) Temos de admitir que o vocabulário e o estilo não são de Marcos, e que essa passagem não consta dos dois manuscritos mais antigos. Alguns dos pais da igreja primitiva fazem citações a partir dessa passagem, o que mostra que sabiam da existência dela e criam nela. Se esses versículos não são o final do evangelho de Marcos, então temos de aceitar o final abrupto do versículo 8 e, com isso, um registro incompleto. Uma vez que esses versículos não apresentam nada que contrarie qualquer outra coisa das Escrituras, parece razoável aceitá-los como historicamente autênticos e viver com os mistérios que os cercam.