Expondo o livro de Gênesis – Capítulos 13.5 a 14.24
Texto Base: Genesis 13.8-13; Gênesis 14.18-20
Aqui, iniciamos o relato trágico da apostasia e do fracasso de Ló. Ele é o retrato do crente mundano que perde tudo no fogo do julgamento (1 Co 3:11 -15). A vida de Ló, deve nos alertar para os perigos da apostasia.
I. O conflito (13:5-7)
Ló caminhava na carne, e Abraão caminhava no Espírito. Isso sempre leva ao conflito. A causa exterior era o aumento da riqueza; a causa real era a incredulidade e carnalidade de Ló. Cristo é um divisor de águas (Jo 7:43; 9:16; 10:19). A presença dele traz conflito entre pessoas da mesma família (Lc 12:49-53). O conflito com Ló deve ter sido um peso para Abraão e Sara, ao mesmo tempo que era um triste testemunho do paganismo que agora havia na terra.
II. A escolha (13:8-18)
As pessoas mostram o seu verdadeiro eu por intermédio das escolhas que fazem. Observe o que Ló revela aqui:
O mais jovem deve submeter-se ao mais velho (1 Pe 5:5), contudo Ló põe-se à frente de Abraão. Este era um homem benevolente. Ele ansiava por promover a paz (S1133). Enquanto Abraão preocupava-se em manter um bom testemunho, Ló preocupava-se apenas consigo mesmo. Contudo, “a soberba precede a ruína” (Pv 16:18), e Ló perdería tudo!
“Levantou Ló os olhos” — ele vivia pela visão, não pela fé. Se Ló consultasse Deus, descobriría que o Senhor planejava destruir Sodoma, mas, em vez disso, ele confiou na própria visão e escolheu a cidade rica e pecaminosa.
A terra que Ló viu era “como a terra do Egito” — isso foi tudo que teve importância para ele! Ló caminhava segundo a carne, vivia para as coisas do mundo. Para Ló, a região em volta de Sodoma parecia bem irrigada e fértil, mas para Deus ela era pecaminosa (v. 13). Os descrentes de hoje, como Ló, fundamentam suas esperanças neste mundo e riem da idéia de que, um dia, Deus destruirá o mundo por meio do fogo (2 Pe 3).
Ló devia seu sucesso principalmente à bondade de Abraão, contudo o jovem deixou o tio generoso e tentou pegar “o melhor” para si mesmo. É claro, Deus queria separar Ló e Abraão (12:1), mas, do ponto de vista humano, essa separação era difícil e penosa.
E. Negligência (v. 12)
Primeiro, Ló olhou em direção a So- doma. Depois, ele se moveu em direção a Sodoma. Não muito tempo depois (14:12 e 19:1), ele passou a morar em Sodoma. O versículo 11 conta-nos a jornada de Ló em direção ao oriente; ele, em vez de caminhar na luz, foi em direção à escuridão (Pv 4:1 8).
Ao mesmo tempo que Ló se distanciava mais do Senhor, Abraão se aproximava mais dele! Ló tornava-se um amigo do mundo (Tg 4:4); Abraão se tornava amigo de Deus (Tg 2:23). Deus disse a Abraão que levantasse os olhos (veja v. 14-15) e observasse a terra inteira. As pessoas do mundo afirmam o que seus olhos podem ver; as pessoas de fé declaram o que os olhos de Deus vêem! Ló pegou uma parte da terra, mas a Abraão foi dada toda a terra. Deus sempre dá o melhor àqueles que deixam a escolha por conta dele (Mt 6:33). Deus prometeu abençoar a semente de Abraão, mas a família de Ló destruiu-se em Sodoma ou corrompeu- se na caverna (19:12-38). O versículo 17 deixa claro que o crente deve apressar-se em direção às promessas de Deus e afirmá-las pela fé (Js 1:3). Ló perdera seu altar e logo perderia sua tenda (19:30), mas Abraão ainda tinha sua tenda e seu
altar. Vale a pena andar pela fé e confiar na Palavra de Deus!
III. O cativo (14:1-12)
Os arqueólogos confirmam a exatidão do relato bíblico dessa primeira guerra. Quando Ló entrou em Sodoma (v. 12), perdeu a proteção do “Juiz de toda a terra” (18:25) e sofreu as consequências disso. Ló seguiu a vereda da amizade com o mundo (Tg 4:4), depois a do amor do mundo (1 Jo 2:15-17), a seguir a da conformidade ao mundo (Rm 12:2) e, por fim, a do julgamento com o mundo (1 Co 11:32). Ló pensou que Sodoma fosse um lugar de paz e de proteção; entretanto, ela tornou-se um lugar de combate e de perigo!
Raramente, os santos são “cativados pelo mundo” de forma repentina. Eles entram nos locais de perigo aos poucos, em estágios. Com Ló, o processo iniciou-se quando adotou o Egito como padrão e começou a caminhar pela visão, em vez de pela fé. Ele preferiu as pessoas do mundo a seu tio piedoso, e as casas de Sodoma às tendas de Deus. O resultado disso: ele ficou cativo!
IV. A conquista (14:13-24)
O piedoso Abraão, embora vivesse em uma tenda, estava em local seguro. Abraão, ao saber da situação de Ló, fez algo generoso e foi resgatá-lo. Apenas o crente separado pode salvar o apóstata, e o apóstata volta-se para esse santo fiel quando está com problemas. Nesse capítulo, Abraão liberta Ló com sua espada. Ele, pela fé, domina o inimigo, percorrendo 193 quilômetros para fazer isso. Veja 1 João 5:1-4. Em 19:29, Abraão liberta Ló por meio da oração (18:23- 33). O cristão mundano é realmente afortunado se tem um ente querido que ora por ele!
Abraão, depois da vitória, enfrenta grande tentação quando se encontra com o rei de Sodoma. Em geral, é verdade que Satanás tenta-nos logo após uma grande vitória espiritual. Satanás encontra Cristo no deserto depois de ele ser batizado. Elias foge com medo depois de seu grande trabalho de fé no monte Carmelo (1 Rs 19). O rei de Sodoma quer negociar com Abraão e fazer com que ele faça concessões e aceite as riquezas de Sodoma, mas Abraão recusa a oferta. Fora provado que a riqueza do Egito era uma cilada. A riqueza de Sodoma seria ainda pior. Se Abraão não estivesse em guarda, sucumbiría à sutil tentação e usurparia toda a glória de Deus. As pessoas diriam: “Abraão salvou Ló pelo que poderia ganhar com isso, não por causa de sua fé e de seu amor. Abraão recusou-se a viver em Sodoma com Ló, mas ele também gosta das posses de Sodoma”. Abraão perdería seu testemunho.
Abraão ignorou o rei de Sodoma, mas honrou o rei de Salém. Hebreus 5—7 deixa claro que Melquisedeque (“rei da retidão”) é um tipo de Cristo, nosso Sumo Sacerdote divino. Cristo, como o rei de Salém (“paz”), dá-nos paz por meio de sua retidão, possibilitada por sua morte na cruz. É encorajador ver Melquisedeque encontrar Abraão exatamente quando o rei de Sodoma o tenta! Cristo, como Rei e Sacerdote, pode dar-nos “graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:16). O pão e o vinho (v. 18) simbolizam o corpo e o derramamento do sangue de Cristo, pois é a cruz que torna possível o sacerdócio divino de Cristo. Melquisedeque encontrou Abraão, alimentou-o e abençoou-o. Que Salvador maravilhoso!
Abraão honrou Melquisedeque ao pagar-lhe o dízimo de tudo. Esse é o primeiro exemplo de dízimo na Bíblia, e isso ocorreu anos antes do recebimento da Lei Mosaica. Hebreus 7:4-10 indica que esses dízimos eram pagos (em espécie) a Cristo, o que sugere que os cristãos de hoje seguem o exemplo de Abraão ao pagarem dízimos ao Senhor. Abraão recusou as riquezas do mundo, mas compartilhou sua riqueza com o Senhor, e Deus abençoou-o muito.
Essa batalha e essa noite de perigo trouxeram Ló ao seu juízo? Infelizmente, não! Em 19:1, o vemos de volta a Sodoma. O coração de Ló estava em Sodoma, portanto era para onde seu corpo tinha de ir.
Conclusão
O relato de Abraão e Ló nos mostram que nossas escolhas tem consequências. A escolha de Ló trouxe-lhe mais tarde perdas, a de Abraão, baseada na fé e confiança em Deus, trouxe-lhe recompensas.
Assim, nossas escolhas não devem se fundamentar na aparência do que vemos ou do que nos cerca. Confiemos em Deus. E firmemos nossas vidas em suas promessas.
Ate a próxima semana.
Pr Josias Moura de Menezes