17.09.2014 – EBD – Lição 02 – Uma mensagem de Juízo e amor

Lição 02 – Uma mensagem de Juízo e amor

Texto base: Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias (1.1).

Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? – disse o Senhor; todavia, amei a Jacó (1.2).

1) A mensagem solene de Deus (1.1)

Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias (1.1).

James Wolfendale aponta importantes verdades que devem ser aqui destacadas: a natureza, a autoridade, o destino e o instrumento da mensagem.

Em primeiro lugar, a natureza da mensagem (1.1).

A mensagem de Malaquias é uma sentença, um fardo, um peso. Não é uma mensagem consoladora, mas de profundo confronto e censura. Essa mensagem tinha um triplo peso: era um peso para o profeta, para o povo e para Deus. A palavra “sentença”, masâ, peso, significa mais do que uma palavra da parte do Senhor. É algo pesado, duro, que o Senhor vai dizer. É um peso para o coração do profeta (Jr 4.19), para o coração do povo e para o coração de Deus. Não é uma mensagem palatável, azeitada, fácil de ouvir. Dionísio Pape diz que a profecia de Malaquias era profecia contra Israel. A carga que pesava sobre o profeta devia pesar também sobre a consciência das pessoas, até que se preparassem para “aquele dia”.

Estamos hoje também com sérias deficiências em nossa espiritualidade. Precisamos ouvir a masâ de Deus. O espírito pós-moderno com seu pragmatismo corre atrás de mensagens suaves, de auto-ajuda, que fazem cócegas na vaidade humana. O ouvinte contemporâneo não quer pensar, quer sentir. Ele não busca conhecimento, mas entretenimento. Seu culto não é racional, mas sensório. Os púlpitos contemporâneos estão deixando de tratar do pecado e falhando em chamar o povo ao arrependimento. Os pregadores modernos pregam o que o povo quer ouvir e não o que povo precisa ouvir. Pregam o que funciona e não o que é verdade. Pregam para entreter e não para converter. Os pregadores modernos estão mais interessados em agradar aos bodes do que alimentar as ovelhas. A pregação contemporânea prega fé sem arrependimento e salvação sem conversão.

Os dois principais males da época de Malaquias eram o formalismo e o ceticismo. Vemos neles os primórdios do farisaísmo (formalismo) e do saduceísmo (ceticismo). Como essas duas coisas ainda nos prejudicam hoje!

Em segundo lugar, a autoridade da mensagem (1.1).

A mensagem é “uma sentença pronunciada pelo Senhor. A mensagem não é criada pelo profeta, mas apenas transmitida por ele. A mensagem vem de Deus, é do céu. O pregador não gera a mensagem. O sermão não é palavra de homem, mas palavra de Deus. Calvino entendia que o púlpito é o trono a partir do qual Deus governa o Seu povo com Sua Palavra. Deus não tem nenhum compromisso com a palavra do pregador, Ele tem compromisso com a Sua Palavra. É a Palavra de Deus que é viva e poderosa. Esta jamais volta vazia.

Em terceiro lugar, o destino da mensagem (1.1).

Malaquias entrega uma sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel. Sendo Israel o povo da aliança, ele a desprezou, insultando, assim, o amor de Deus. Tanto os líderes quanto o povo quebraram a aliança (2.8,10). Longe de corresponderem ao amor de Deus, desprezaram a Deus, Sua Palavra, o culto e as ofertas. Por isso, o juízo começou pela Casa de Deus. Antes de julgar o mundo, Deus julga o Seu povo. Israel alegrava-se quando Deus julgava as nações ao Seu redor, mas não aceitava quando Deus trazia julgamento sobre ele. Quando o povo da aliança desobedece, Deus envia a vara da disciplina. Não temos autoridade para chamar o mundo ao arrependimento antes de acertar a nossa vida com Deus. Se o nosso sal for insípido, seremos pisados pelos homens, nos tornaremos inúteis. Se a Igreja não andar com Deus, será pedra de tropeço em vez de exercer o ministério da reconciliação.

Em quarto lugar, o instrumento da mensagem (1.1).

Há uma sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias. Deus levanta homens para pregar não o que eles querem pregar, não o que o povo quer ouvir, mas o que Deus ordena. A mensagem de Deus não tem o propósito de agradar aos ouvintes, mas de salvá-los; não tem o propósito de entretê-los, mas levá-los à conversão; não tem o propósito de anestesiá-los no pecado, mas livrá-los da ira vindoura.

2) O amor eletivo de Deus (1.2)

Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? – disse o Senhor; todavia, amei a Jacó (1.2).

O profeta Malaquias, nesse versículo, destaca três verdades solenes sobre o amor eletivo de Deus.

Em primeiro lugar, é um amor declarado (1.2). Nenhuma outra nação foi tão privilegiada diante de Deus quanto Israel. Ele escolheu essa nação, fez uma aliança com ela e a destinou para uma missão especial.32 O amor de Deus pelo Seu povo é um amor deliberado e imutável (3.6). Era como o amor de um esposo pela esposa (2.11) ou de um pai pelo filho (1.6; 3.17). A escolha de Jacó foi motivada por um amor imerecido (Rm 9.13). O mesmo acontece conosco. Deus não nos amou por causa das virtudes que viu em nós (Os 11.1). A causa do amor de Deus está Nele mesmo e não em nós. Deus escolheu Israel não porque era a maior ou a melhor nação. Jesus disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15.16). Deus escolheu Jacó antes dele nascer. Deus não nos elegeu porque previu que iríamos crer. A fé não é a causa da eleição, mas sua conseqüência (At 13.48). Deus não nos escolheu porque viu em nós boas obras, ao contrário, fomos eleitos para as boas obras e não por causa delas (Ef 2.10). Deus não nos escolheu porque viu em nós santidade; Ele nos escolheu para a santidade e não por causa dela (Ef 1.4). Deus não nos elegeu porque viu em nós obediência, mas fomos eleitos para a obediência e não por causa dela (1Pe 1.2).

Joyce Baldwin destaca o fato de que em lugar nenhum o Antigo Testamento ensina que Jacó era mais digno de ser amado do que Esaú, ou que agradava mais a Deus. Na verdade, Deus amou Jacó apesar da sua insignificância (Dt 7.7,8). Amou-o porque Lhe aprouve fazê-lo (Dt 10.15).33

Mas o amor de Deus por Seu povo é também um amor paciente. Deus amou Jacó, mas ele foi um homem enganador: ele enganou o irmão e mentiu para o pai. Muitas vezes, o povo de Israel voltou-se contra Deus e o provocou à ira. Mas Deus nunca desamparou o Seu povo. Tratou-o como um pai trata o seu filho. De igual modo, Deus é paciente conosco hoje. Mesmo que sejamos infiéis, Ele permanece fiel!

Na próxima semana continuaremos falando sobre este tema. Deus abencoe a todos.

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