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ToggleExpondo o livro de II Timóteo – Capítulo 01
Começamos a entender os problemas desse jovem ministro ao ler as duas cartas de Paulo para ele. Timóteo hesita em encarar os assuntos de forma direta e em tomar decisões em relação a eles de acordo com a Palavra de Deus. Havia “temor” (covardia) na vida dele, talvez o tipo de medo que “arma ciladas” (Pv 29:25). Com certeza, ele enfrentava as tentações comuns aos jovens e sentia-se inadequado para a tarefa. Paulo compartilhou cinco verdades magníficas com Timóteo a fim de confortá-lo e ajudá-lo a cumprir sua tarefa.
I. O amigo que ora (1:1-5)
Paulo enfrentava martírio e ainda encontrava tempo para orar por Timóteo! Ao compararmos 1 Timóteo 1:1 com 2 Timóteo 1:1, vemos que Paulo, ao encarar a morte, pensa sobre “promessa da vida que está em Cristo Jesus” — e que promessa maravilhosa! Ele assegura Timóteo de seu amor, de suas orações e das boas recordações que, dia e noite, tem dele.
Ele lembra a Timóteo que havia muito a agradecer, apesar dos problemas que enfrenta. Lembra-o de sua herança de devoção e da fé que Deus deu a ele, Timóteo, para a vida diária e para o serviço cristão, e não apenas para sua própria salvação. Não sabemos se, nessa época, os entes queridos de Timóteo ainda viviam, mas, se viviam, com certeza, oravam por ele. E uma bênção ter amigos que oram! E encorajador orar pelos outros e ajudá-los na vida espiritual. Veja 1 Samuel 12:23.
II. O dom magnífico (1:6-7)
Um dos problemas de Timóteo era a covardia, a timidez em enfrentar os problemas e fazer o trabalho de Deus. Provavelmente, sua juventude contribuía para isso (1 Tm 4:12). Paulo lembra aTimóteo que este está negligenciando o dom que Deus lhe deu (1 Tm 4:14) e que precisa avivá- lo, da mesma forma que se abana a brasa para reavivar o fogo que morre. Paulo não sugere que Timóteo possa perder sua salvação, pois isso é impossível, mas que perdia o fervor pelo Senhor e o entusiasmo no trabalho de Deus.
No versículo 7, Paulo refere- se ao Espírito Santo. O Espírito não gera temor em nós (veja Rm 8:15), e sim força, amor e moderação (disciplina, autocontrole). Todo cristão precisa ter as três coisas. O Espírito Santo é a força da nossa vida (At 1:8; Ef 3:20-21; Fp 4:13). Paulo usa a palavra “poder” em todas as suas cartas, exceto na para Filemom. O Espírito também nos dá amor, pois o amor é fruto dele (Gl 5:22). Nosso amor por Cristo, pela Palavra, pelos outros crentes e pelo perdido deve vir do Espírito (Rm 5:5). O Espírito também nos dá disciplina e moderação, e isso possibilita que não sejamos pegos por nossos sentimentos ou pelas circunstâncias com facilidade. Temos paz e equilíbrio quando o Espírito está no controle, e o temor e a covardia desvanecem-se. Veja Atos 4:1-22 e atente para o versículo 13.
III. O chamado santo (1:8-11)
Os efésios sabiam que Timóteo era amigo e colaborador de Paulo, mas, agora, o apóstolo era um prisioneiro romano! Paulo admoesta: “Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus”. Quando os cristãos sofrem, o fazem com Cristo (Fp 3:10). O mesmo poder que nos salva, nos fortalece para a batalha. Paulo enfatiza que nosso chamado se deve à graça do Senhor, nós não merecemos ser salvos. Não temos o direito de desistir ou de reclamar se Deus permite que soframos depois de nos dar uma salvação tão maravilhosa! Paulo adverte que Deus tem um propósito em mente e que devemos permitir que ele realize seu propósito.
O maravilhoso propósito de Deus no evangelho estava escondido em eras passadas, mas foi revelado agora. No versículo 10, o termo “destruiu” significa “sem efeito, mitigado”. Deus não eliminou a morte por intermédio da cruz, pois as pessoas ainda morrem. Ele mitigou-a — abrandou-a — para o crente. Cristo trouxe à luz a vida e a incorrupção (a condição de não morrer nunca). No Antigo Testamento, essas doutrinas “estavam nas sombras”, mas devemos evitar construir uma doutrina da imortalidade, da morte ou da ressurreição apenas fundamentada em passagens do Antigo Testamento. Muitas seitas falsas usam Jó, Eclesiastes e alguns salmos para defender doutrinas estranhas como a da alma adormecida.
IV. O Salvador fiel (1:12-14)
É encorajador saber que Cristo é fiel e capaz de guardar os seus! Paulo não “espera” nem “pensa” que sabe; ele tem convicção e afirma: “Sei em quem tenho crido”. O versículo 12 dá margem a duas interpretações, e, talvez, Paulo quisesse abranger as duas. Paulo diz que sabe que pode confiar em Cristo para guardar a ele e a sua alma, mas também diz que sabe que Cristo o capacitará a permanecer no que ele designou para Paulo. “Estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia”. Cristo designara o evangelho para Paulo (1 Tm 1:11), e este sabia que ele o capacitaria paraguardá-lo e mantê-lo (1 Tm 6:20; 2 Tm 4:7). Reveja 1 Timóteo 1:1-11.
No versículo 13, a palavra “padrão” significa “esboço”. A igreja tinha um padrão de doutrina sã, e era pecado desviar-se dele. Timóteo devia manter-se firme no esboço básico da doutrina por intermédio do poder do Espírito (v. 14). Os versículos 12 e 14 são paralelos: Cristo, em glória, guarda o que damos a ele, e o Espírito, na terra, ajuda-nos a guardar o que Cristo nos deu!
V. Exemplo piedoso (1:15-18)
Todos os que estão na Á
sia abandonaram Paulo (veja também 4:16). Os dois homens dos quais cita os nomes deviam ser membros da igreja efésia, e Timóteo devia conhecê-los pessoalmente. Todavia, houve um, Onesíforo, que permaneceu fiel (“muitas vezes ele me reanimou”, NVI). Provavelmente, esse homem piedoso foi diácono em Éfeso, pois o versículo 18 afirma: “E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso” [a palavra “serviços” deriva do grego diakonos.
Esse homem foi a Roma, procurou Paulo e serviu-o sem temor ou vergonha. “Nunca se envergonhou das minhas algemas” (v. 16). Que exemplo para Timóteo seguir e todos nós também! Eis um diácono da igreja que mostra mais fervor, amor e coragem que seu pastor!
Observe que Onesíforo estava em Roma (v. 17). Aparentemente, ele já não estava mais lá e, talvez, estivesse voltando para Éfeso. Talvez ele tenha levado essa carta para Timóteo. De qualquer forma, no versículo 16, Paulo saúda a família desse diácono. Ensinar, como fazem alguns, que Onesíforo tinha morrido e que as palavras de Paulo, no versículo 18, são uma oração pelo morto é distorcer as Escrituras. Sem dúvida, Paulo nunca ensinou os crentes a orar pelos mortos e, além disso, não temos nenhuma evidência de que ele tivesse morrido.