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A estabibilidade da família
Lucas 6.46-49
INTRODUÇÃO
O que é que caracteriza uma família abençoada? É a estabilidade material ou financeira? Absolutamente não! Pois o segredo de um lar feliz é descrito por Paulo nos seguintes termos: “…e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor” (Ef 3.17). Deus deve estar entronizado em cada lar, e o relacionamento familiar precisa ser baseado, alicerçado no amor verdadeiro.
Quando é que Deus habita ou reina em nosso lar? Jesus Cristo responde a esta pergunta por meio da figura do homem prudente descrito na parábola dos dois fundamentos. Quem não almeja uma família feliz? Todo casal que planeja seu casamento quase nunca se previne das coisas ruins! Entretanto, elas vêm “mesmo sem serem chamadas”, e em não poucos casos, causam grande destruição. Como se prevenir delas? De que maneira pode-se ter uma família estável, segura e feliz?
PROPOSIÇÃO: A família que está enraizada em Cristo nunca será abalada!
I – O HOMEM PRUDENTE EDIFICOU A SUA CASA SOBRE A ROCHA.
– Ser “prudente” (grego phrónimos) é o mesmo que ser sábio na prática, compreensivo, sensato, que pondera suas palavras e atos. Não faz nada às pressas ou sem refletir. Se vai casar, comprar, conceber filhos, antes de tudo ora e planeja. Só constrói em lugar seguro, debaixo da convicção do Espírito Santo (veja Romanos 14.17).
– Ouvir ou aprender os ensinos de Cristo somente tem valor, quando praticados. Pela experiência do novo nascimento (o alicerce para a eternidade; veja ICoríntios 3.11) o crente é capaz de praticar a doutrina cristã. Cristo é a “rocha” e sobre Ele construímos – pelos tijolos das orações respondidas, novas revelações etc. – nosso lar.
– Edificar é o mesmo que construir. O termo “casa” que é sinônimo de “vida”, também é uma forma ampliada para a família. Nosso lar precisa ser bem fundamentado, alicerçado, arraigado ou enraizado em Deus para resistir às inevitáveis “tempestades da vida”, que inundam por “baixo”, sopram dos “lados” e chove por “cima”, menos por “dentro” onde Cristo está entronizado. Em outras palavras, ataques externos jamais poderão destruir a vida ou o lar daqueles que estão em Cristo (veja João 6.37).
– Construir uma família estável é trabalhoso, demanda tempo, esforço e principalmente muita graça de Deus. Lucas declara que é preciso cavar fundo, romper paradigmas (veja Lucas 6.48,49), pecados e maldições.
– O salmista afirma que a casa forte ou firme, é construída pelo próprio Deus (veja Salmo 127.1), que começa por um bom casamento (ICoríntios 7.39); sobre Adão está escrito que após a “clonagem” de Eva, Deus “… lha trouxe” (Gn 2.22). O Senhor tem uma Rebeca e um Isaque para cada um de seus filhos e filhas respectivamente.
II- O HOMEM INSENSATO EDIFICOU A SUA CASA SOBRE A AREIA.
– Apalavra insensato no grego é morós, que significa: tolo, estúpido; aquele que reproduz atos irrefletidos e insensatos oriundos de “pensamentos que sobem ao coração provenientes de uma falta de conhecimento ou da incapacidade de fazer decisões corretas” (Rienecker e Rogers. p 16, 1995). O termo também significa: “que ou aquele que não pensa para fazer as coisas” (Dicionário Sacconi). A principal característica do insensato está no fato de ele se apegar ao que é aparente.
-Tolo, portanto, é aquele que edifica sobre a “areia”, ou constrói a sua família sobre ideais, esperanças e prazeres temporais e ou sobre filosofias mundanas, ou seja, em cima do nada. O pior é que ele somente descobrirá isso quando for tarde demais.
– Um exemplo clássico de tolice: o rei Davi permaneceu em Jerusalém, durante a guerra de Israel contra os filhos de Amom (veja 2Samuel 11.1-5), quando deveria estar com seu exército na frente de batalha. Sua ociosidade, autoconfiança (não vigiou) e falta de contentamento o levou a cometer um duplo pecado: adultério e homicídio. Ele conhecia a exigência da Lei: “Tampouco para si multiplicará mulheres” (Dt 17.17); mas a ignorou. Na origem do casamento nunca houve qualquer idéia de poligamia (ou poliginia; Mateus 19.4-6).
-A insensatez pode vir pela maneira de conduzir as coisas dentro do lar. Grandes homens de Deus fracassaram na educação de seus filhos: Arão (os irreverentes Nadabe e Abiu; veja Levítico 10.1-5); os filhos do sacerdote Eli são chamados de “filhos de Belial” (I Sm 2.12). Cerca de 30% dos presos da extinta “Carandiru” eram filhos de crentes, e quase a metade desses eram filhos de pastor.
III- REVENDO A NOSSA CONSTRUÇÃO E CONSAGRANDO A FAMÍLIA A DEUS.
– Pela tolerância e misericórdia de Deus não somos destruídos (veja Salmo 103.8-11), em razão disso, Ele nos concede mais tempo – retém as tempestades – para colocarmos em ordem ou para fazermos uma revisão em tudo que praticamos ou que permitimos que se faça de errado em nossa casa.
– O rei Ezequias ouviu do profeta Isaías o seguinte: “…Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38.1). A “tempestade da enfermidade” se abateu sobre o rei e só não ceifou sua vida porque ele orou com profunda humildade. O que estava em desordem na casa ou na família de Ezequias? Seu filho Manassés foi o pior e o mais abominável rei de Judá (veja 2 Reis 21.1-18). Se Ezequias tivesse morrido, não teria gerado esse déspota.
– Davi pecou, mas não reconheceu – racionalizou sua ação (justificou-a com palavras e ações sem fundamento). Só houve verdadeiro arrependimento quando já era tarde demais (veja 2 Samuel 12.7-14), o juízo já estava a caminho. A família de Davi sofreu demorada tempestade: incesto entre Amnom e Tamar (2 Samuel 13.14); homicídio entre irmãos (2Samuel 13.28); Absalão, um dos seus filhos, comete incesto com as concubinas de Davi (2 Samuel 16.22) etc. Davi construiu um grande reino, mas teve uma péssima família, por que foi um pai ausente e passivo.
– Por que Deus não ouve a oração de muitos homens? Eles pedem, buscam, imploram, mas não recebem nada. A resposta pode estar dentro de suas casas, na intimidade conjugal, na forma desumana, carnal, e inapropriada de tratarem as suas esposas (veja lPedro 3.7).
– Deus quer reconstruir famílias, casamentos, dar filhos abençoados (2 Samuel 12.24), mas o seu perdão não nos livra de prováveis conseqüências.
CONCLUSÃO
A família sem alicerce está “solta”, instável, à mercê dos “ventos, chuvas e transbordamentos” que virão com “ímpeto” e sem piedade, na forma de adversidade e problemas. Sem estabilidade, sem um lugar firme e inabalável o casamento rui com a menor das desavenças. O mundo está cheio de incertezas, as pessoas vivem amedrontadas o tempo todo, e é verdade que estamos vivendo na “era do medo”. Todavia, o lar que está alicerçado em Cristo – pela obediência inegociável da Sua Palavra – não tem razões para pânico, pois como diz o salmista: “…Podemos passar por momentos difíceis, de grande tristeza, mas Ele logo nos devolve a alegria” (Sl. 30.5 – BV).