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Parte 01 – Recomendações Finais – Tiago 5:12-20
1. Chegando ao fim da carta, Tiago passa a dar algumas exortações finais aos seus ouvintes. Estas recomendações do apóstolo visam o crescimento espiritual da igreja, bem como de cada cristão comprometido com o Evangelho de Jesus Cristo.
2. Os Juramentos. No verso 12 podemos ler o seguinte: Sobretudo, meus irmãos, não jurem, nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outra coisa. Seja o sim de vocês, sim, e o não, não, para que não caiam em condenação.”. Neste versículo, Tiago está condenando o juramento dito sem nenhuma necessidade, como se precisássemos dele para dar veracidade ao que falamos, principalmente fazendo o uso do nome de Deus ou de qualquer outra coisa.
3. Fazer juramentos era um costume muito praticado pelos judeus. Estes tendiam a confirmar a verdade de qualquer questão, fazendo juramentos em nome de Deus ou de algum objeto sagrado. Desta forma, os judeus juravam por Deus, pelo seu trono, pelos céus, pela terra, por Jerusalém, pelo templo e até mesmo por diferentes membros de seu próprio corpo. Geralmente estes juramentos eram feitos com uma certa dose de desonestidade, pois eram feitos por pessoas que não tinham nenhum interesse em cumpri-los. Champlin faz menção de um ensinamento leito por um rabino, chamado Akiba, que ensinava que um homem “pode jurar com os lábios e anular o juramento no coração; e então o juramento não tem efeito”. Jesus percebeu a fraude com que tais juramentos eram pronunciados, e por isso, ensinou os discípulos à não fazerem uso desta prática.
4. É interessante notar que a Lei não proibia os juramentos, mas exigia que a pessoa fosse fiel em cumprir o juramento feito. Em Levítico 5:4 podemos ler: “Se alguém, impensadamente jurar fazer algo bom ou mau. em qualquer assunto que alguém possa jurar descuidadamente, ainda que não tenha consciência disso, quando o souber será culpado. Já em Levítico 6:3-5 lemos outra advertência: “ou se achar algum hem perdido e mentir a respeito disso, ou se jurar falsamente a respeito de qualquer coisa, cometendo pecado; quando assim pecar, tomando-se por isso culpado, terá que devolver o que roubou ou tomou mediante extorsão, ou o que lhe foi confiado, ou os bens perdidos que achou, ou qualquer coisa sobre a qual tenha jurado falsamente. Fará restituição plena, acrescentará a isso um quinto do valor e dará tudo ao proprietário no dia em que apresentar sua oferta pela culpa”. Vemos assim que a ordem do Senhor era muito clara: “Não jurem falsamente pelo meu nome, profanando assim o nome do seu Deus. Eu sou o SENHOR (Lv. 19:12).
5. Jesus foi ao âmago da Lei, e vemos que Tiago seguiu o mesmo raciocínio do Senhor, já que repete o ensino de Jesus que está era Mateus 5:34- 37. A semelhança entre as duas passagens é indubitavelmente clara:
6. Mateus 5:34-37: “…Não jurem de forma alguma: nem pelos céus… nem pela terra… nem por Jerusalém… E não jure pela sua cabeça… Seja o seu sim, sim. E o seu ‘não ‘não’; O que passar disso vem do Maligno.” Tiago 1:12 “…não jurem, nem pelo céu. nem pela terra, nem por qualquer outra coisa Seja o sim de vocês, sim, e o não. não. para que não caiam em condenação.
7. O que está em jogo aqui nesta recomendação é a coerência e a confiabilidade das nossas palavras, sem que precisemos de algum juramento para apoiá-la. Um simples “sim” ou “não” deve ser suficiente. Não precisamos de outros argumentos para a nossa palavra.
8. Mas, e os juramentos oficiais? Um cristão deve fazer juramentos perante as autoridades? Muitos cristãos sinceros recusam-se fazer juramentos em tribunais ou em qua
lquer outro lugar. Porém, é questionável se Tiago ou Jesus estavam abordando os juramentos oficiais. Entendemos que tanto Jesus quanto Tiago estão criticando o juramento voluntário, feito para se desvencilhar de alguma situação embaraçosa, tentando dar à mentira um ar de verdade. Este teria sido o problema dos fariseus quando Jesus os criticou cm Mateus 23:16-22. O apóstolo Paulo continuou a prestar juramentos e isso não lhe parecia um pecado (Rm. 1:9; 2 Co. 1:23; 11:11; Gl. 1:20; Fp. 1:8; 1 Ts. 2:5.10). Contudo, é necessário haver prudência.
9. A nossa palavra deve ser coerente com as nossas ações. Deus não tem por inocente aquele que fala e não cumpre: “É uma armadilha consagrar algo precipitadamente, e só pensar nas consequências depois que se fez o voto.” (Pv. 20:25); “Não seja precipitado de lábios, nem apressado de coração para fazer promessas diante de Deus. Deus está nos céus, e você está na terra, por isso fale pouco…Quando você fizer um voto. cumpra-o sem demora, pois os tolos desagradam a Deus; cumpra o seu voto. É melhor não fazer voto do que fazer e não cumprir. Não permita que a sua boca o faça pecar. E não diga ao mensageiro de Deus: ‘O meu voto foi um engano’. Por que irritar a Deus com o que você diz e deixá-lo destruir o que você realizou?” (Ec. 5:2,4-6).
10. A Oração da Fé. A oração é uma das armas mais importantes da vida cristã. É por meio da oração que falamos com Deus e expressamos a Ele nossa gratidão, adoração, petição e confissão de nossas faltas. A oração é imprescindível para uma vida espiritual equilibrada e frutífera. Paulo em Efésios 6:18 diz: “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos”. Aos tessalonicenses o apóstolo lembrou: ”Orem continuamente” (1 Ts. 5:17). Da mesma forma, Tiago orienta seus ouvintes: “Entre vocês há alguém que está sofrendo? Que ele ore…” (v.l3a). A palavra grega kakopathei é traduzida por sofrimento, mas também significa sofrer infortúnios, ter problemas, tribulação, aperto, necessidade, privação ou enfermidade.
11. Vemos aqui uma das razões porque devemos orar. A oração não é uma catarse em que lanço para fora todas as pressões da minha alma, mas o momento certo onde expresso minha tristeza àquele que me pode salvar. Encontramos na Bíblia exemplos de pessoas que buscaram a Deus na tristeza e no sofrimento. Vemos por exemplo, Jaco (Gn. 28:16-22), Ana (1 Sm. 1:9- 20), Ezequias (2 Rs. 20:5; Is. 38:5), Neemias (Ne. 1:6,11), Jó (Jó 42:9), os salmistas (Sl. 4:1; 5:3; 6:9; 17:1; 39:12; 42:8; 54:2; 55:1; 61:1; 65:2; 66:19,20; 69:13; 72:15; 84:8), Daniel (Dn. 9:3), Jonas (Jn. 2:7), Habacu- que (Hc. 3:1), Zacarias (Lc. 1:13) e tantos outros que encontraram na oração o momento certo para abrirem o coração. Por isso os cristãos devem buscar mais ao Senhor por meio da oração. Ele realmentc ouve a nossa oração e atende ao nosso clamor.
12. Mas um grande aliado da oração é o louvor. Esta é a segunda razão da oração: o louvor. Tiago continua no verso 13: “…Há alguém que se sente feliz? Que ele cante louvores,”. Encontramos no grego a palavra euthymei, que significa ser feliz, sentir-se bem, alegre. Esta palavra não se refere a circunstâncias externas, mas à felicidade e alegria de coração que se pode ter, tanto em tempos maus quanto bons. Nunca podemos nos esquecer que a nossa alegria vem de Deus, e portanto, ela não depende do nosso humor, nem tampouco do que está acontecendo ao nosso redor. Esta alegria nos faz cantar cânticos de exaltação ao Senhor. Mas por que o louvor deve estar ligado à oração? Paulo escreveu o seguinte: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.” (Fp. 4:6). A oração não se resume apenas num discurso do cristão para Deus. Nossa oração deve estar cheia de louvor, de gratidão por aquilo que Deus já fez e fará por nós.
13. Abraços a todos e na próxima semana realizemos o ultimo estudo desta série no livro de Tiago. Após estes estudos você terá a sua disposição um comentário compacto do livro de Tiago.
Pr. Josias Moura de Menezes