Sermao: Alguns conselhos para que tenhamos uma vida de firmeza em todas as circunstâncias da vida

Alguns conselhos para que tenhamos uma vida de firmeza em todas as circunstâncias da vida

Hebreus 12:12-17

Hb 12:12 Portanto, levantem as suas mãos cansadas e fortaleçam os seus joelhos enfraquecidos.

Hb 12:13 Andem por caminhos aplanados para que o pé aleijado não manque, mas seja curado.

Hb 12:14 Procurem ter paz com todos e se esforcem para viver uma vida completamente dedicada ao Senhor, pois sem isso ninguém o verá.

Hb 12:15 Tomem cuidado para que ninguém abandone a graça de Deus. Cuidado, para que ninguém se torne como uma planta amarga que cresce e prejudica muita gente com o seu veneno.

Hb 12:16 E tomem cuidado também para que ninguém se torne imoral ou perca o respeito pelas coisas sagradas, como Esaú, que, por causa de um prato de comida, vendeu os seus direitos de filho mais velho.

Hb 12:17 Como vocês sabem, depois ele quis receber a bênção do seu pai. Mas foi rejeitado porque não encontrou um modo de mudar o que havia feito, embora procurasse fazer isso até mesmo com lágrimas.

Introdução

Ao lermos o capítulo 12 de hebreus, vemos que depois de encorajar os cristãos hebreus, apresentando-lhes a galeria dos heróis da fé, o autor aos Hebreus mostra que devemos seguir essas mesmas pegadas estes mesmos exemplos deles, pois estamos fazendo uma jornada rumo à Jerusalém celestial. E Nessa viagem, temos uma corrida a fazer, obstáculos a vencer, orientações a seguir e ordens a obedecer.

Vemos na leitura deste texto que do mundo dos esportes, o autor toma por empréstimo a imagem dos espectadores atentos aos esportes antigos, de suas roupas, da condição dos competidores e a própria competição. E aqui ele descreve a vida do cristão como a de um atleta que faz uma corrida numa vasta arena, apinhada de espectadores.

É claro aqui, que o autor está encorajando os crentes hebreus a não desanimarem da fé em Cristo em voltarem as antigas práticas do judaísmo em razão do sofrimento e das perseguições. E assim ele mostra que o único caminho seguro para um cristão é prosseguir e perseverar até o fim. O verdadeiro cristão vive e morre na fé.

William Barclay diz com razão que estamos diante de uma das grandes e eloquentes passagens do Novo Testamento. Esse capítulo pode ser dividido em cinco partes: Uma carreira a percorrer, uma disciplina a receber, uma atitude a assumir, um contraste a compreender e uma decisão a tomar.

Quando a revolta invade nossa alma queremos pôr a culpa em alguém. E muitos culpam ao Pai Celestial por todos os infortúnios e tristezas que acontecem em suas vidas ou no mundo. Mas necessitamos entender que o sofrimento e a dor são universais e algumas pessoas entregam-se a eles tornando-se “cegas espiritualmente”, são impedidas de enxergarem que ainda há motivos para ser feliz, por isso que a busca pela cura é fundamental para voltar a ter alegria e reconciliar-se com Deus.

Apesar de não podemos mudar muitas das situações difíceis que vivemos, podemos no entanto, trabalhar para experimentar uma mudança positiva na maneira de pensar e agir, centralizando nossa fé em Jesus Cristo para vencer nossos desafios, resulta em bênçãos celestiais, assim sendo, encontramos a cura e alívio para vencermos nossas provações.

É preciso olhos espirituais para se ter essa fé centralizada no Salvador, agindo dessa forma, será possível olhar acima do sofrimento, como enxergar o arco-íris, depois da chuva ou o sol, após a tempestade.

As lutas e dificuldades experimentadas podem produzir em nós atitudes de desânimo ou revolta. Por isso, o autor orienta os crentes a assumirem algumas atidudes certas nestes momentos:

Em primeiro lugar, devemos vencer o desânimo (12.12,13).

Relembremos o que diz o texto: “12 Portanto, levantem as suas mãos cansadas e fortaleçam os seus joelhos enfraquecidos. 13 Andem por caminhos aplanados para que o pé aleijado não manque, mas seja curado.”

Há momentos em que, embora a corrida ainda não tenha terminado, ficamos cansados e extenuados, com as mãos descaídas (desânimo) e os joelhos trôpegos (desespero). Nessas horas, precisamos vencer o desânimo, e até mesmo o desespero, e prosseguir, pois essas dificuldades do caminho não são para nos derrotar, mas para nos fazer homens e mulheres maduros, conforme Deus quer.

É claro que de nada adianta fortalecer os joelhos fracos para andar em caminhos errados. Visto que os caminhos naturais usualmente são tortuosos, evitando as dificuldades em vez de enfrentá-las, um caminho certo precisa ser preparado, e isso com certo esforço. Por isso, o autor encoraja os corredores a examinarem cuidadosamente a pista antes de começar a corrida, porque podem existir desníveis que os levem a quedas e acidentes. O corredor corre o risco de torcer o tornozelo e ser desqualificado para a corrida. Alguns corredores são deficientes. Há corredores mancos. Essa é uma expressão que pode ser entendida como duplicidade mental. Foi nesse sentido que o profeta Elias a usou para o povo de Israel (1Rs 18.21). Mesmo os mancos devem persistir, continuar e completar a corrida (12.13).

Vale destacar que não fazemos uma corrida de competição como nos Jogos Olímpicos, mas de cooperação. Somos um corpo, uma família, um só time. Devemos ter cuidado uns pelos outros. Essa é uma ênfase demonstrada em toda a epístola aos Hebreus (3.13; 4.1,11; 6.11).

É tempo de darmos um basta ao desânimo e pedirmos a Deus que nos encha de um novo ânimo, para que possamos permanecer firmes no Senhor.

Em segundo lugar, devemos manter uma relação certa com Deus e com os homens (12.14).

Vejamos o verso 14: Hb 12:14: “Procurem ter paz com todos e se esforcem para viver uma vida completamente dedicada ao Senhor, pois sem isso ninguém o verá”.

Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.

Uma vez que Deus é o Deus da paz (13.20), que através do nosso Melquisedeque, o rei da paz (7.2), tem nos trazido da desarmonia para a paz e da alienação para a reconciliação, devemos, em nossos relacionamentos diários, lutar pela paz com todos os homens.

É bem verdade que muitos dos nossos problemas vêm das pessoas. Elas nos ferem, nos decepcionam, nos perseguem e testam nossa paciência até o limite, mas devemos aproveitar esse tempo para aprender a viver em paz com essas pessoas (Rm 12.18).

Não podemos permitir que os outros arranquem nosso coração e nos encham de ódio. Se permitirmos isso, eles terão nos derrotado. Não podemos permitir que os outros determinem como vamos reagir ao que eles nos fazem. Não podemos terceirizar nossos sentimentos. Não podemos caminhar bem quando estamos em guerra com os outros.

De igual modo, não podemos permanecer vitoriosamente na corrida quando nossa alma fica carregada pela fuligem do pecado. A santificação precisa seguir a paz.

Olyott diz que na vida existem pensamentos, motivações, atitudes, hábitos, prioridades, amores, ódios, confiança, opiniões e muitas outras coisas que entristecem o Senhor. O progresso em santidade não é opcional, mas uma necessidade absoluta, pois sem ela ninguém verá o Senhor.

Tanto a paz quanto a santificação precisam ser buscadas se quisermos completar nossa carreira. Essa paz requer esforço. A união entre paz e santificação aqui é uma advertência implícita de que não devemos buscar a paz a ponto de comprometer a santificação. O cristão busca a paz com todos, mas busca a santidade também, e esta não pode ser sacrificada por aquela.

É tempo de renovarmos relacionamentos de comunhão com o Senhor e com nossos irmãos e amigos para que possamos permanecer firmes no Senhor!!

Em terceiro lugar, devemos permanecer na graça de Deus (12.15a).

Veja o que diz o verso 15a: Tomem cuidado para que ninguém abandone a graça de Deus…”

Raymond Brown está correto quando diz que os crentes hebreus começaram sua vida de fé somente pela graça salvadora de Deus e somente pela graça poderiam continuar.

Um crente faltoso, porém, aparta-se da graça de Deus. Somos salvos pela graça e devemos continuar firmes na graça. A graça é o ambiente no qual se desenvolve nossa corrida. A graça de Deus representa aqui todos os benefícios que Deus tem fornecido ao seu povo.

Portanto, meu amado estamos num tempo em que devemos nos manter firmes na graça do Senhor, para que nos tornemos inabaláveis.

Em quarto lugar, devemos nos prevenir contra a raiz de amargura (12.15b).

Veja o que diz verso: 15b: “..Cuidado, para que ninguém se torne como uma planta amarga que cresce e prejudica muita gente com o seu veneno.”

Com essa imagem tomada da agricultura, o autor olha para a igreja e compara uma pessoa que perdeu a graça de Deus (e se desviou) a uma raiz amarga.

Essa figura é tirada, sem sombra de dúvida, de Deuteronômio 29.18: “Para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga.”

Essa pessoa que abandona a fé e passa a servir a outros deuses causa problemas no meio do povo de Deus ao perturbar a paz. Com palavras amargas, ela priva os crentes de santidade.

A amargura perturba quem a nutre e contamina as pessoas à sua volta. Concordo com Henrichsen quando ele diz que a pessoa amarga não só prejudica a si própria, mas o câncer se espalha pela vida dos outros, fazendo com que muitos sejam contaminados. Outras pessoas são atraídas ao problema e forçadas a tomar partido, semeando-se a discórdia entre os irmãos.

É claro que a amargura se relaciona, também, ao ressentimento, à mágoa, ao congelamento da ira, ao desejo de vingança. Uma pessoa amargurada vive perturbada. Não tem paz. Está em conflito consigo mesma. Tudo ao seu redor fica cinzento. Há um breu em sua alma. Há um tufão em sua mente. Há uma tempestade em seu coração. Essa pessoa, além de viver perturbada pelo vendaval de seu próprio coração, ainda contamina as pessoas à sua volta. Ela destila o seu veneno. Espalha o seu mau humor. Deixa vazar pelos poros da alma todo o seu azedume.

É tempo de pedirmos libertação de toda e qualquer semente de amargura em nossos corações, para que não sejamos abatidos por nenhuma circunstância.

Em quinto lugar, devemos valorizar os privilégios espirituais (12.16,17).

Veja o que esses versos:16 E tomem cuidado também para que ninguém se torne imoral ou perca o respeito pelas coisas sagradas, como Esaú, que, por causa de um prato de comida, vendeu os seus direitos de filho mais velho. 17 Como vocês sabem, depois ele quis receber a bênção do seu pai. Mas foi rejeitado porque não encontrou um modo de mudar o que havia feito, embora procurasse fazer isso até mesmo com lágrimas.

Aquele que ama qualquer coisa mais do que a bênção do Senhor está liquidado, diz Olyott. Esaú foi um homem impuro e profano (Gn 25.29-34; 27.30-40). A palavra grega bebelos, traduzida por profano, literalmente quer dizer franqueado à passagem, em contraste com consagrado a Deus. Significa ter as coisas santas por comuns ou irreligiosas.

Esaú fez deliberadamente escolhas erradas que geraram consequências para ele e sua família. Ele se casou com mulheres cananeias, fonte de sofrimento para seus pais (Gn 26.35). Quando mais tarde percebeu o sofrimento dos pais, ele se casou ainda com Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão (Gn 28.9), com o propósito de espicaçar ainda mais seus progenitores.

Esaú desprezou o seu direito de primogenitura, trocando-o por um prato de comida. Deu mais valor ao estômago que às realidades espirituais. Demonstrou total indiferença às promessas espirituais que Deus havia concedido a seu avô Abraão e a seu pai, Isaque.

Esaú também demonstrou um arrependimento tardio (12.17). Esse é um perigo para o qual a carta aos Hebreus sempre nos alertou. Desviar-se de Deus é assaz desastroso (3.12). Os israelitas rebeldes, por descrença, morreram no deserto (3.16-19). Alguns de seus próprios contemporâneos, mesmo fazendo parte da igreja visível, recebendo os sacramentos e desfrutando das benesses espirituais, se desviaram a ponto de seu retorno ser impossível (6.4-6; 10.26-31). Agora, o autor menciona o exemplo de Esaú, que desprezou os privilégios espirituais e cruzou aquela linha invisível do ponto sem retorno. De nada adiantava sentir remorso, pesar, verter lágrimas, fazer súplicas ou desejar aquilo que desprezara e perdera. Nada podia trazê-lo de volta.535

Concordo com Kistemaker quando ele destaca que, de acordo com Gênesis, Esaú não demonstrou sinal algum de penitência, somente raiva para com seu irmão, Jacó. Portanto, com suas lágrimas ele buscou somente a bênção, mas não arrependimento. A descrença conduz ao endurecimento do coração e à apostasia.

É tempo de arrependimento, e essa atitude é necessária para que nos mantenhamos firmes no Senhor!!

Conclusão

Finalizo esta palavra enfatizando que há um grande desafio de nos mantermos firmes em Cristo até o dia de sua vinda, ou até o momento em que ele nos chamar para os seus braços.

Você que tem desanimado dos planos de Deus em sua vida, agora é hora de recomeçar, de retomar o ponto de partida. Saiba que, mesmo não tendo forças para caminhar, Jesus caminha com você. Se certas ocasiões têm levado você a cair em uma rotina, não desanime, persevere.

Sem dúvida, o segredo de toda a nossa vida cristã, para conquistarmos o céu, está na perseverança. Não existe outra via, a não ser a da perseverança até o fim. Pois estarmos com Deus na alegria, nos momentos de gozo é muito fácil, o difícil é continuarmos com Ele na dor, na tristeza.

Quantas pessoas tiveram seu encontro pessoal com Deus, mas, depois de algum tempo, deixaram de seguir Jesus?! Lembremos do que nos diz Jesus no evangelho de Lucas: “É pela vossa perseverança que conseguireis salvar a vossa vida!” (Lc 21,19).

Que Deus nos abençoe e nos ajude na caminhada.

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