Estudo Biblico em Atos 12 para o culto de doutrina. Tema: Pedro testemunha um grande milagre

Pedro testemunha um grande milagre

Atos 12

 

Introdução

Estes são os principais pontos deste capitulo:

O apóstolo Tiago foi executado por Herodes Agripa (12.1,2)  e Pedro foi aprisionado, e ficou à espera do julgamento  (w.  3-5). 

Um  anjo  libertou  Pedro  (w. 6-11),  que  foi  recebido  por  cristãos  assombrados, que  mal  conseguiam  crer  que  suas  orações  tinham sido  atendidas  (w.  12-19). 

Deus  matou  Herodes (w.  20-23)  e a igreja da Judeia continuou a crescer (v.  24). Agora,  Lucas retornou para junto de Paulo, a fim de iniciar a história da sua missão aos gentios (v. 25).

“O  rei Herodes…  matou à espada  Tiago,  irmão de João”  (At  12.1,2).  O  rei  aqui  citado  é  Herodes Agripa  I,  o  neto  de  Herodes,  o  Grande.  Agripa se  empenhou  ativamente  para  obter  a  lealdade de  seus  súditos  judeus,  e  chegou  a  resistir  ao plano  louco  do  imperador  Calígula  de  colocar uma estátua idólatra de  si  mesmo  no Templo  de Jerusalém.

A Mishná, que inclui textos rabínicos desse  período,  fala  favoravelmente  de  Agripa,  e relata  um  incidente  no  qual  o  povo  gritou  com entusiasmo:  “És  nosso  irmão!”

Quando  Herodes percebeu que a perseguição  de cristãos aumentaria a sua popularidade, executou Tiago,  o irmão de João,  e prendeu Pedro. Agripa pretendia julgar  e  executar  Pedro  logo  depois  da Páscoa,  quando  esse ato teria o  máximo  impacto sobre  as  grandes  multidões  de  peregrinos judeus reunidos para as festividades.

O caráter dos  atos  de Herodes Agripa nos lembra como  é  fácil  cair  na  armadilha  de  usar  os  outros para nossos próprios fins.  Herodes cometeu o erro de todos os que fazem isso. Ele deixou de considerar a possibilidade de que  Deus pudesse intervir.

Atos 12: Pedro é preso e libertado por um anjo

 1 Por essa época o rei Herodes começou a perseguir algumas pessoas da igreja. 2 Ele mandou matar à espada Tiago, o irmão de João. 3 Quando viu que isso agradou os judeus, mandou também prender Pedro. Isso aconteceu durante a Festa dos Pães sem Fermento. 4 Depois que prendeu Pedro, Herodes o colocou na cadeia e pôs quatro grupos de soldados, com quatro em cada grupo, para guardá-lo. É que Herodes queria apresentá-lo ao povo depois do dia da Páscoa. 5 “E assim Pedro estava preso e era vigiado pelos guardas; mas a igreja continuava a orar com fervor por ele.”

Lucas  não  explica  por  que  Tiago  foi escolhido  em  primeiro  lugar  para  ser executado  por  Agripa.  Ele  passa  apressadamente por cima deste incidente, mas detêm-se em minúcias a respeito da  prisão  e  fuga  de  Pedro. 

Baseando-se  na profecia  de  Marcos  10:39,  o  fragmento Boor,  de Papias,  a  Crônica  de  Georgios Harmatolos  e  o  Martirológio  Siríaco, alguns  eruditos  acham  que  têm  evidências  suficientes  para  sustentar  a  reivindicação  de  que  João  foi  executado  ao mesmo  tempo  que  o  seu  irmão  Tiago.

Todavia,  estas  evidências  não  são  compatíveis com a tradição de Irineu,  de que João viveu até idade  avançada  e  morreu de morte natural.

Lucas diz que Pedro foi detido e colocado na prisão durante  os dias  dos pães ázimos.  Ele  foi  guardado  por  quatro grupos de quatro soldados.  Os  romanos dividiam as doze horas da noite em  quatro  vigílias  de  três  horas.  Quatro  guardas  ficaram  de  guarda  em  cada  vigília.

De acordo com Lucas,  a intenção do  rei era apresentar  Pedro  ao  povo  depois  da páscoa.  Na verdade,  a  Festa  da  Páscoa era celebrada no dia 14 de Nisã, e os sete dias  que  se  seguiam  eram  os  dias  dos Pães Ázimos ou Asmos.

Registrando a suspensão da execução,  o autor nos dá uma  idéia  do  caráter  de  Agripa. Ele tinha todo o cuidado para não violar os costumes dos judeus.

Enquanto Pedro  estava  confinado  ao cárcere,  a  igreja  orava  insistentemente por ele.  Provavelmente,  eles estavam sabendo  que,  logo  que  a  Festa  da  Páscoa terminasse, Herodes pretendia matar Pedro.

Tem  esse  tipo  de  oração,  feita  pela  igreja primitiva,  algum valor  em  nossos dias? Há muitas pessoas que crêem que a oração  não  tem  valor  para  uma  pessoa que está confinada ao cárcere.  Argumentam  que  a  oração  intercessória não  tem poder e é inútil.

Precisamos lembrar que Jesus  cria  na  oração  intercessória,  e  a praticou. Assim  sendo,  os  cristãos  primitivos estavam seguindo o seu exemplo.

A despeito  dos problemas  apresentados,  os  crentes  devem continuar a interceder em favor dos outros,  com  fé  e  sinceridade.  Podemos não  ser  capazes  de  abrir  portas  de  prisões,  curar  doenças  incuráveis,  salvar pessoas  da morte,  ou impedir acidentes, através de nossa intercessão;  não obstante,  sabemos  com  certeza  que  há  valor nesse  tipo  de  oração. 

O  crente  que  ora em favor de outrem recebe bênção,  porque a sua mente é dirigida para as necessidades dos outros, e não para as suas.  Se a pessoa por quem estamos  orando sabe do  nosso  interesse  pelo  seu  bem-estar, recebe  coragem,  confiança  e  sustento, em tempos de perigo, sofrimento, dor ou necessidade. 

Além  disso,  e  mais  importante, temos a certeza da palavra da Escritura  de  que  Deus  responde  a  essas orações  de  acordo  com  a  sua  graça  e propósitos justos.

 

 6 “Na noite antes do dia em que Herodes ia apresentá-lo ao povo, Pedro estava dormindo, preso com duas correntes, entre dois soldados; e havia guardas de vigia no portão da cadeia.” 7 De repente, apareceu um anjo do Senhor, e uma luz brilhou dentro da cela. O anjo tocou no ombro de Pedro, acordou-o e disse: —Levante-se depressa! Então as correntes caíram das mãos dele. 8 —Aperte o cinto e amarre as sandálias! —disse o anjo. E Pedro fez o que o anjo mandou. —Ponha a capa e venha comigo! —ordenou o anjo. 9 Pedro saiu da cadeia e foi seguindo o anjo. Porém não sabia se, de fato, o anjo o estava libertando. Ele pensava que aquilo era uma visão. 10 Eles passaram pelo primeiro e pelo segundo posto da guarda e chegaram ao portão de ferro que dava para a rua. O portão se abriu sozinho, e eles saíram. Andaram por uma rua, e, de repente, o anjo foi embora.

 11 Então Pedro compreendeu o que estava acontecendo e disse: —Agora sei que, de fato, o Senhor mandou o seu anjo e me livrou do poder de Herodes e de tudo o que os judeus tinham a intenção de me fazer.

Provavelmente, Pedro estava preso na Torre Antônia, que ficava situada ao norte do Templo. Ele estava acorrentado a dois soldados, da forma costumeira, e duas sentinelas guardavam a porta da cela.

Na noite anterior à sua execução, Pedro foi miraculosamente liberto. Sentindo que todas as esperanças de sua libertação estavam perdidas, ou, por outro lado, resignado calmamente e entregue aos cuidados providenciais de Deus, ele aceitara a situação e pegara no sono.

Lucas diz que um anjo do Senhor apareceu na cela e acordou Pedro, dizendo- lhe para levantar-se depressa. As cadeias que o prendiam cairam-lhe das mãos, e o anjo ordenou-lhe que se vestisse. Ele obedeceu à ordem e saiu com o anjo.

Através de todo o processo de libertação, Pedro estava entorpecido, como se estivesse sonhando sobre o que estava acontecendo. O anjo o fez passar a primeira e a segunda guardas, até a porta de ferro, que dá para a cidade. A porta abriu-se automaticamente, e eles passaram uma rua. A essa altura, o anjo o deixou.

Pedro recuperou os seus sentidos, e percebeu o que acontecera. Chegou à conclusão de que Deus havia providenciado a sua fuga da execução que Herodes lhe preparava. Tanto quanto Lucas entendeu a sua fonte, o processo de libertação foi um milagre realizado por Deus.

 

12 Quando Pedro entendeu o que havia acontecido, foi para a casa de Maria, a mãe de João Marcos. Muitas pessoas estavam reunidas ali, orando. 13 Ele bateu na porta da frente, e a empregada, que se chamava Rode, foi ver quem era. 14 Quando reconheceu a voz de Pedro, ficou tão contente, que, em vez de abrir a porta, voltou correndo para contar que Pedro estava lá fora. 15 Então eles disseram: —Você está maluca! Porém ela insistiu que era verdade. Aí eles disseram: —É o anjo dele! 16 Enquanto isso, Pedro continuava batendo. Finalmente eles abriram a porta e, quando viram que era Pedro mesmo, ficaram muito assustados. 17 Ele fez um sinal com a mão para que ficassem quietos e contou como o Senhor o tinha tirado da prisão. —Contem isso a Tiago e aos outros irmãos! —disse ele. Em seguida saiu dali e foi para outro lugar.
 18 Quando amanheceu, houve uma grande confusão entre os soldados, pois eles não sabiam o que tinha acontecido com Pedro. 19 Herodes mandou que o procurassem, mas não o acharam. Então, depois de fazer perguntas aos guardas, mandou matá-los. Depois disso, Herodes saiu da região da Judéia e ficou algum tempo na cidade de Cesaréia.

 

Quando Pedro percebeu que estava realmente livre, foi à casa de Maria, onde muitos dos discípulos se haviam reunido, para orar. Lucas apresenta Maria como a mãe de João, que, em adição ao seu nome hebraico, tinha o cognome romano de Marcos.

Neste ponto da narrativa, Maria é apenas uma desconhecida para nós, bem como João Marcos. Não obstante, mais tarde, em Atos (12: 25; 13:13; 15:37), nas epístolas de Paulo (Col. 4:10; Filem. 24) e em I Pedro 5:13, ele desempenha um papel importante na comunidade cristã. De acordo com a tradição, Marcos foi intérprete de Pedro, e, depois da morte de Pedro, escreveu o segundo Evangelho. Uma tradição diz que ele foi para o Egito, e estabeleceu a igreja em Alexandria.

Crê-se que a casa de Maria era o lugar regular de reuniões da igreja cristã primitiva em Jerusalém. Possivelmente, foi ali que Jesus comera a última Ceia com os seus discípulos, e também esse fora o lugar em que os discípulos se haviam reunido depois da ascensão.

Pedro bateu ao portão do pátio da casa de Maria. A maior parte das casas, naqueles dias, tinha um pórtico de entrada, que ficava com as portas fechadas. Rode, uma serva, veio atender, mas não abriu o portão. Ela ouviu a voz de Pedro, e ficou tão admirada que correu para contar aos outros.

Os que se haviam reunido na casa não creram nela, e disseram que estava louca. Rode insistiu, e assegurava que assim era, ao que os outros replicaram que devia ser o anjo dele. Em dizer isso, eles não estavam se referindo a um fantasma, mas ao seu anjo da guarda. Na crença popular judaica, supunha-se que o anjo da guarda de uma pessoa se parecesse com a pessoa que ele protegia.

Pedro continuava a bater à porta do pátio, e finalmente os discípulos foram abrir o portão. Quando o viram, também ficaram admirados. O apóstolo, acenando-lhes com a mão para que se calassem, pois tinha medo que qualquer reação indevida deles pudesse chamar a atenção dos guardas, a respeito de sua fuga, relatou a sua escapada miraculosa, e disse aos discípulos que contassem a Tiago e aos outros irmãos o que acontecera. Dessa hora em diante Tiago foi considerado o líder da igreja. Os apóstolos, como um grupo separado, parecem desvanecer-se depois desse incidente. A autoridade parece estar centralizada em Tiago, no capítulo 15, e, em 21:17, ele é definidamente o porta-voz da comunidade cristã.

Lucas diz que Pedro deixou a casa de Maria, e partiu para outro lugar. Visto que o autor de Atos não especifica o lugar, muita especulação tem-se levantado a respeito da identificação do seu destino.

Já notamos que MacGregor e outros pensam que Pedro dirigiu-se para Lida, Jope e, finalmente, para Cesaréia. Alguns eruditos sugerem que ele foi para Roma ou Antioquia da Síria. Baseados na Epístola de Paulo aos Gálatas, ficamos sabendo que Pedro foi para Antioquia (2:ll), mas a posição assumida aqui é de que a visita deve ter sido posterior a este incidente.

 20 O rei Herodes estava com muita raiva dos moradores das cidades de Tiro e de Sidom. Então eles formaram um grupo e foram falar com Herodes. Primeiro conseguiram o apoio de Blasto, que era um alto funcionário do palácio. Aí pediram ao rei Herodes que fizesse as pazes com eles, pois os alimentos que a região deles recebia vinham do país do rei. 21 Herodes marcou um dia com eles e nesse dia vestiu a sua roupa de rei, sentou-se no trono e começou a fazer um discurso. 22 E o povo gritava: —É um deus e não um homem que está falando! 23 No mesmo instante um anjo do Senhor feriu Herodes, pois ele aceitou a honra que só Deus merece. E ele morreu, comido por vermes.
 24 Porém a palavra de Deus era anunciada em toda parte e ia se espalhando. 25 Barnabé e Saulo terminaram o seu trabalho e voltaram de Jerusalém, trazendo João Marcos consigo.

O desaparecimento de Pedro causou grande alvoroço entre os soldados. Agripa ficou grandemente perturbado; e, depois de examinar as sentinelas, ordenou que elas fossem executadas. De acordo com o costume romano, os guardas que tinham um prisioneiro em sua custódia respondiam por ele com suas vidas.

Depois da Páscoa, Agripa voltou à sua residência oficial, em Cesaréia, possivelmente para resolver uma disputa que ele tinha com as cidades fenícias de Tiro e Sidom.

A narrativa da morte de Herodes Agripa é feita por Lucas e Josefo (Antig., XIX, 8.2). Nos detalhes essenciais, ambos concordam, porém as diferenças entre ambos tomam evidente que Lucas não usou Josefo como fonte.

De acordo com Josefo, a morte de Agripa deu-se como se segue: a convocação do povo num dia designado era a observância de um festival ao Imperador Cláudio.

No segundo dia do festival, Agripa vestiu-se de uma roupa de prata, que brilhava aos raios do sol e ofuscava o auditório. Os seus aduladores, em vários pontos do auditório, gritavam que ele era um deus. Agripa não repreendeu a multidão, e também não rejeitou os epítetos. Logo depois ele olhou para cima e viu uma coruja sobre uma corda, o que interpretou como mau agouro. Imediatamente começou a sentir fortes dores no estômago. As dores continuaram durante cinco dias, e Agripa faleceu.

Lucas também indica que o povo aclamou Agripa como deus, mas a sua morte foi devida a um castigo, o Senhor o feriu. Lucas acrescenta que o castigo divino lhe sobreveio porque ele não deu glória a Deus, o que significa que não confessou que era meramente um homem.

Que contraste entre Agripa e Paulo e Barnabé, em Listra, quando o povo tentou adorá-los como deuses (14: 15 ss.) De acordo com o autor de Atos, Agripa foi comido de vermes e expirou. Embora Lucas não diga que a causa da morte de Agripa foi o seu pecado contra a igreja, ele provavelmente tinha a intenção que os seus leitores fizessem uma conexão de causa e efeito.

No verso 24, a nossa atenção é chamada para outro relato sumário, feito pelo autor. E a palavra de Deus crescia e se multiplicava. Agora que a ameaça de perseguição, movida pela autoridade política, havia sido podada, mediante a morte de Herodes Agripa, a igreja testificava mais liberdade na pregação da palavra de Deus.

 

No fim do interlúdio encontrado no capítulo 12, Lucas introduz algumas informações a respeito de Paulo e Barnabé, retomando a narrativa no ponto em que parara em 11:30. Depois de ter-se desincumbido de sua missão em Jerusalém, eles voltaram a Antioquia, levando consigo a João Marcos, primo de Barnabé.

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