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Dentro da igreja, mas perdido
Referência: Lucas 15.25-32
Lc 15:25 Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças;
Lc 15:26 e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
Lc 15:27 Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Lc 15:28 Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
Lc 15:29 Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com meus amigos;
Lc 15:30 vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Lc 15:31 Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
Lc 15:32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
INTRODUÇÃO
1. Jesus contou três parábolas sobre a alegria do encontro de Deus com um pecador arrependido:
a) A ovelha perdida que foi encontrada – O pastor chama a todos para se alegrarem.
b) A moeda perdida que foi encontrada – A mulher chama seus vizinhos para se alegrarem.
c) O filho perdido que voltou para casa – O pai oferece uma festa e se alegra.
Nessas três parábolas a única pessoa que não está alegre e feliz é o irmão mais velho do pródigo.
2. No meio dessa festa do encontro, do resgate, da salvação há alguém que não age como os outros.
· O filho mais velho está triste, porque o Pai recebeu o filho pródigo com alegria.
· O filho mais velho está irado, porque o Pai é misericordioso.
· O filho mais velho está do lado de fora, enquanto o filho pródigo está dentro da Casa do Pai.
3. O filho mais velho simboliza para nós, o perigo de se estar na Casa do Pai, dentro da Igreja e ainda estar perdido, em atitudes que são contrarias aos desejos de Deus. Deus espera que nós alegremos com alegres que se arrependem e voltam.
Algo importante aqui, é enfatizar que esse filho representa os escribas e fariseus que se consideravam santos e desprezavam os outros.
Esse filho representa aqueles que estão dentro da igreja, obedecendo a leis, cumprindo deveres, sem se enveredar pelos antros do pecado, pelos corredores escuros do mundo e ainda assim, estão perdidos. Estão perdidos, porque perderam a capacidade de amar, de tolerar, de suportar, de entender ao seu próximo, de terem compaixão.
Ilustração: O jovem rico – criado na sinagoga, cumpria os mandamentos, mas estava perdido. Ele cumpria as tradições do judaísmo e conhecia a lei de Moisés, mas estava perdido. Estava perdido, porque o seu amor estava no dinheiro. Seu coração era escravo destas coisas. Sua prioridade não era o reino de Deus.
Mas qual o simbolismo do filho mais velho para nós:
I. SIMBOLIZA AQUELES QUE VIVEM DENTRO DA IGREJA, MAS AINDA A MARGEM DOS DOIS PRINCIPAIS MANDAMENTOS
Jesus ensinou que os dois principais mandamentos da lei são amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo.
Esse filho quebrou esses dois mandamentos: ele nem amou Deus, representado pelo Pai e nem o seu irmão.
Ele não perdoou o Pai por haver recebido o filho pródigo, nem perdoou o irmão pelos seus erros.
Há pessoas que estão na igreja, mas não têm amor por Deus nem pelos perdidos. Estão na igreja, mas não amam os irmãos.
Nós precisamos pedir a Deus que reavive nossos corações, nos dando uma renovação de amor que nos leve a sermos mais sensíveis aos nossos irmãos.
II. SIMBOLIZA AQUELES QUE VIVEM DENTRO DA IGREJA, MAS AINDA ESTÃO CONFIANDO NA SUA PRÓPRIA JUSTIÇA
Ele era veloz para ver o pecado do seu irmão, mas não enxergava os seus próprios pecados. Ele era duro para condenar o irmão, enquanto via-se a si mesmo como o padrão da obediência.
O filho mais velho agia com o mesmo sentimento que os fariseus que definiam pecado em termos de ações exteriores e não atitudes íntimas. E assim se tornavam orgulhosos de si mesmos.
Como o profeta Jonas, esse filho mais velho obedecia ao Pai, mas não de coração. Ele trabalhava com intensidade, mas não por amor.
III. SIMBOLIZA AQUELES QUE VIVEM DENTRO DA IGREJA, MAS NÃO TOTALMENTE LIVRES
O filho mais ilustra o caso de alguém que ainda não vive como livre, mas como escravo. Sua religião é rígida, cheia de conceitos e preconceitos, e esta levando-o ao pior extremo: a incapacidade de ter compaixão e misericórdia dos que falham.
Este filho ilustra o caso daquele que obedece por medo ou para receber elogios. Faz as coisas certas com a motivação errada. Sua obediência não provém do coração.
Ele anda como um escravo (v. 29). O verbo é douleo = servir como escravo. Ele nunca entendeu o que é ser filho. Nunca usufruiu nem se deleitou no amor do Pai.
Ser crente para ele é um peso, um fardo, uma obrigação pesada. Ele vive sufocado, gemendo como um escravo.
Está na igreja, mas não tem prazer. Obedece, mas não com alegria. Está na Casa do Pai, mas vive como escravo.
IV. SIMBOLIZA AQUELES QUE VIVEM DENTRO DA IGREJA, MAS QUE AINDA ESTÃO COM O CORAÇÃO CHEIO DE AMARGURA
Vejamos o que diz os versos 29 e 30: “29 Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com meus amigos; 30 vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado”
Ele estava escorado orgulhosamente em sua religiosidade, e cheio de um sentimento de discriminador. Só ele presta; o pai e o irmão estão debaixo de suas acusações mais veementes.
Sua mágoa começa a vazar. Para ele quem erra não tem chance de se recuperar. No seu vocabulário não tem a palavra perdão. Na sua religião não existe a oportunidade de restauração.
Sente-se injustiçado pelo pai e acusa o pai de ser injusto com ele, só porque perdoou o irmão. Na religião dele não havia espaço para a misericórdia, perdão e restauração.
Ele se achava mais merecedor que o outro. Sua religião estava fundamentada no mérito pessoal e não na graça. É a religião da lei, do legalismo e não graça nem da fé que opera pelo amor.
Ele não perdoa nem restaura o relacionamento com o irmão – v. 30. Ele não se refere ao pródigo como irmão, mas diz: “Esse teu filho”. A Bíblia diz que “quem não ama a seu irmão até agora está nas trevas”. Ele desconhece o amor. Ele vive mergulhado no ressentimento. Ele vê seu irmão como um rival.
O seu pecado em desprezar a seu irmão era tão grave quanto falha de seu irmão em viver uma vida dissoluta gastando tudo.
A falta de amor é um pecado tão grave como o pecado da vida imoral e dissoluta.
O seu ressentimento o isolou do Pai e do irmão. Ele não quis entrar na festa de comunhão que seu pai havia preparado para seu irmão. Ele se recusa a entrar, fica fora da celebração. Mergulha-se num caudal de amargura.
Quando uma pessoa guarda ressentimento no coração pelo irmão que falhou, perde também a comunhão com o Pai.
Ele diz para o Pai: “Esse teu filho”. Mas o Pai o corrige e diz-lhe: “Esse teu irmão” (v. 30,31).
V. O FILHO MAIS VELHO É UM SIMBOLO DAQUELES QUE VIVEM DENTRO DA IGREJA, NA PRESENÇA DO PAI, MAS ANDAM AINDA COMO PESSOAS SOLITÁRIAS – V. 31
O filho mais velho estava solitário, lá fora da casa onde a festa acontecia. Ele passou a andar sem alegria, sem amor e sem prazer.
Quantos estão na igreja, mas nunca sentem o amor de Deus, a alegria da salvação, o prazer de pertencer a Jesus, a doçura do Espírito Santo.
Vivem como órfãos: sozinhos, curtindo uma grande solidão e insatisfação dentro da Casa do Pai.
Enquanto há uma celebração de todos os irmãos, outros poucos permanecem sentindo-se solitários na casa do pai.
VI. E FINALMENTE, O FILHO MAIS VELHO SIMBOLIZA AQUELES QUE VIVEM DENTRO DA IGREJA, MAS NÃO SE SENTEM DONOS DO QUE É DO PAI – V. 31
O pai diz a este filho: “Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu”.
Muitos hoje estão vivendo um cristianismo pobre. Vivem sem alegria, sem banquete, sem festa na alma, trabalhando, servindo, mas sem alegria;
Esse filho não tem nenhum proveito na herança do Pai. Ele nunca fez uma festa. Nunca celebrou com seus amigos. Nem sequer um cabrito, ele comeu. Ele nunca saboreou as riquezas do Pai.
Ele não tem comunhão com o Pai: Era como Absalão, que estava em Jerusalém, mas não podia fazer festa com seu pai..
Ilustração: Certa vez um homem fez um cruzeiro de Navio e levou o seu lanche. Vendo as pessoas comendo os pratos mais deliciosos, guardou dinheiro para comer uma boa refeição no último dia. Mas no último dia ficou sabendo que todos aqueles banquetes já estavam incluídos na passagem que tinha pago. Tinha direito a tudo, mas não sabia e deixou de usurfluir seu direito.
Assim como o filho mais velho, ele não tomou posse do que era seu e deixou de banquetear-se.
CONCLUSÃO
Mas algo tremendo acontece aqui, pois o mesmo Pai que saiu ao encontro do filho pródigo para abraça-lo, sai para conciliar-se este filho mais velho (v. 31).
O mesmo pai que vai ao encontro dos dos desgarrados e afastados é aquele que bem ao encontro daqueles que estão dentro da igreja precisando de cura, renovação e restauração interior.
O remédio para esse filho era o mesmo para o outro: confessar o seu pecado, se humilhar perante o Senhor e experimentar o milagre de um reavivamento interior. Mas ele ficou do lado de fora. Agora perdido dentro da Casa do Pai. Não fique do lado de fora. Venha e desfrute da festa que Deus preparou!!! Que Deus nos abençoe!
Pr Josias Moura de Menezes
João Pessoa, 04.01.2015