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Expondo o evangelho de Marcos – capitulo 10
Sugestão: sempre leiam primeiro o texto bíblico antes de ler o conteúdo de cada ponto, pois assim os alunos compreenderão melhor a lição.
O capítulo apresenta cinco pedidos que o povo trouxe ao Servo.
I. Pedido de interpretação (Leia 10:1-12)
Os rabis não concordam a respeito da interpretação de Deuteronômio24:1-4, portanto continuam a perguntar (v. 2) o que Jesus pensa a respeito da passagem ensinada. Eles não questionam a legalidade do divórcio ou do novo casamento, pois Moisés deixou claro que Deus permite os dois. A grande pergunta é: “Em que situação o marido pode se separar de sua mulher e casar com outra?”. A razão do questionamento deles não é aprender a verdade, mas tentar criar um problema para Jesus.
Os discípulos do rabi Shammai têm uma interpretação rígida (o divórcio só é permitido se houve infidelidade), e os do rabi Hillel adotam uma interpretação mais branda (o divórcio pode acontecer quase que por qualquer razão). A Lei ordena que se apedreje quem comete adultério (Dt 22:22; Lv 20:10); no entanto, na época de Jesus, raramente obedeciam a essa lei (Mt 1:18-25).
Em vez de tomar partido de um dos grupos, Jesus fala sobre Moisés e o primeiro casamento (Gn 1:27; 2:21-25). Desde o início, o casamento representa um homem e uma mulher tornarem-se uma só carne por toda a vida. Em Deuteronômio 24:1-4, a ordem de Moisés foi uma concessão aos judeus por causa da dureza do coração deles. Não representa o ideal de Deus para o casamento. A passagem paralela (Mt 19:1-12) indica que Jesus permite o divórcio apenas quando infidelidade (10:12).
Foi Deus quem instituiu o casamento, e é o único que pode regulamentá-lo (v. 9). E o casamento é fundamentalmente uma união física (“uma só carne”) e só pode ser rompido por um motivo físico, morte (Rm. 7:1-3) ou adultério (Mt. 19:9). Obviamente que, o marido e a esposa, antes de se divorciarem, devem fazer todo o possível para salvar o casamento e reconstruir o relacionamento.
II. Pedido de bênção (Leia 10:13-16)
O casamento leva aos filhos, e os filhos devem ser levados ao Senhor e consagrados a ele. Era costume que os rabis abençoassem as crianças. Assim, os pais levavam seus filhos para receber a bênção de Jesus. (No versículo 13, o pronome “alguns” (NVI) é masculino, o que quer dizer que os pais também estavam presentes.)
Não se tratava de batismo, pois Jesus não batizou nem mesmo adultos (Jo 4:1-2), e os discípulos não tentariam impedir candidatos ao batismo de se aproximar de Cristo. Os pais pediam a bênção especial dele para seus pequeninos, e ele agradou-se em atender ao pedido deles. Crianças incólumes são o exemplo ideal para todos os que pertencem a Jesus: elas são humildes, receptivas, dependentes dos outros e cheias de potencial.
III. O pedido de informação (Leia 10:17-31)
Esse homem era rico (Lc 18:23), jovem (Mt 19:20,22), de posição (Lc 18:18) e tinha tudo, menos salvação. Os judeus não usam o termo “bom” ao dirigir-se a um rabi; portanto, Jesus tinha todo o direito de perguntar ao homem por que se dirigiu a ele dessa maneira. Ele realmente acreditava que Jesus era Deus? Se sim, será que ele obedeceria ao que Jesus dissesse?
Ninguém é salvo por guardar a Lei (Gl 3:21). Jesus segurou diante do jovem homem o espelho da Lei a fim de que ele visse como era pecador (Tg 1:22-25; Rm 3:20). O jovem cumpria a Lei desde sua juventude, e a Lei o trouxera a Cristo (GI 3:24); todavia, ele ainda não se tornara humilde como um pecador perdido. Ele queria ter o melhor dos dois mundos!
Ninguém é salvo ao vender tudo que tem e dar aos pobres. Somos salvos ao crer no Filho de Deus, aquele que deu tudo para que nos tornássemos ricos (2 Co 8:9). Jesus tocou no ponto nevrálgico da vida do jovem homem porque o amor pelo dinheiro era o gran
de pecado que o mantinha fora do reino (vv. 23-27). Aqui, há um princípio que precisamos lembrar quando tentamos levar as pessoas perdidas a Cristo: os pecadores não podem se pendurar em seus pecados e, ao mesmo tempo, alcançar Jesus. Deve haver arrependimento sincero para que os pecadores possam se voltar para Deus e ser salvos por sua graça.
Os discípulos, como muitos judeus, pensavam que a riqueza era uma prova da bênção de Deus; no entanto, Jesus corrigiu esse conceito errôneo deles. Pedro estava seguro de que ele e seus amigos receberíam uma recompensa especial por terem feito o que o jovem rico não fez. Deus recompensa a fidelidade, mas nosso motivo deve ser o amor por Cristo, não o desejo de obter ganhos.
Muitos que se consideram os primeiros são os últimos aos olhos de Deus. Sirvamos não pensando em privilégios e recompensas, mas por amor a Deus.
IV. Pedido de lugar de honra (Leia 10:32-45)
Pela terceira vez, o Senhor instrui seus discípulos a respeito de sua morte vindoura: agora, conta-lhes que será crucificado em Jerusalém (Mc 20:19). Poderiamos pensar que esse terceiro anúncio tornaria os Doze humildes, mas, em vez disso, Tiago, João e a mãe deles (Mt 20:20) pedem lugares de honra a Jesus! Eles ainda não tinham aprendido a lição de que a cruz precede a coroa, de que o sofrimento vem antes da glória.
O “cálice” refere-se à submissão dele à vontade do Pai ao tornar- se pecado por nós (14:36; Jo 18:11), e o “batismo”, ao sofrimento na cruz pelos pecados do mundo (Lc 12:50; SI 41:7 e 69:2,15). Como Tiago e João demonstraram ser orgulhosos ao pensar que podiam beber do cálice de Jesus e vivenciar o batismo dele!
Tiago foi o primeiro dos Doze a ser martirizado (At 12:2), e João, no fim de sua longa vida, foi perseguido pelos romanos (Ap 1:9). Tenha cuidado com o que pede em oração. Deus pode atendê-lo!
Jesus usa essa situação embaraçosa para, mais uma vez, ensinar a seus discípulos a importância da humildade no serviço em nome dele. O versículo 45 é a essência do evangelho de Marcos e resume seu evangelho: Cristo veio (cap. 1), ministrou (caps. 2—13) e deu sua vida em resgate por muitos (caps. 14—16).
V. Pedido por luz (10:46-52)
Jesus estava a caminho de Jerusalém para sua última Páscoa, e uma grande multidão o seguia. Havia duas cidades chamadas Jerico: a antiga cidade destruída e a nova, a cerca de 1,5 quilômetro de Jerusalém, construída por Herodes. Isso explica como ele partiu de Jerico (Mt 20:29), aproxima-se de Jerico (Lc 18:35) e entra e sai de Jerico, tudo ao mesmo tempo, e ainda encontra os dois mendigos cegos (Mt 20:30). Marcos descreve a cura de Bartimeu, o mais falante dos dois, exatamente da mesma forma que menciona a cura de um dos gerasenos endemoninhados (5:2).
Bartimeu (palavra aramaica para “filho de Timeu”) ouviu a multidão e percebeu que havia alguma coisa diferente, por isso perguntou quem estava passando. Quando soube que era Jesus, ele, imediatamente, clamou por misericórdia.
Ele ouvira a respeito das curas milagrosas que Jesus efetuara e queria que o Mestre o ajudasse. Nada pôde impedi-lo de ir até Jesus! Sua fé levou Jesus a ajuda-lo.
Na próxima semana continuaremos