Combinando prudência com simplicidade
Mateus 10.16
Jesus Cristo enviou Seus doze discípulos com a missão de levar as boas novas de salvação “as ovelhas perdidas da casa de Israel” (v. 6), para cumprir esse mandato, o Senhor lhes equipou de graça, poder ou autoridade para expulsar demônios, curar doenças, ressuscitar mortos e proclamar a proximidade do Reino dos céus. Antes que eles saíssem a campo, o Mestre ainda deu-lhes demorado conselho, acerca dos perigos, dificuldades e outras coisas que poderíam atrapalhar o sucesso da missão.
Quem é salvo, deve se santificar, procurar crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus (veja 2Pedro 3.18), se conformar com o modelo bíblico de convivência ou sociabilidade em um mundo corrompido e distante de Cristo e finalmente espalhar o conhecimento de Deus por onde e a quem for possível. Pregar o evangelho é dever da Igreja! Estamos ligados a ela pelo sangue de Cristo? Em caso positivo, devemos estar conscientes de que Deus conta conosco para evangelizar, para nos envolver na tarefa mais importante da igreja em relação ao mundo e, que precisa ser feita antes da Segunda Vinda de Jesus.
PROPOSIÇÃO: Certas qualidades morais são indispensáveis no trabalho da evangelização.
I – “EIS QUE EU VOS ENVIO COMO OVELHAS PARA O MEIO DE LOBOS”.
– Quando Jesus enviou Seus discípulos, deu a eles inúmeras instruções, que sendo seguidas poderíam não apenas garantir o sucesso da missão, mas também evitar o desperdício de tempo, recursos e principalmente de vidas, apesar de que o martírio pela causa de Cristo não estava descartado (veja Mateus 5.10,11,39).
– É Deus quem nos envia e também sustenta, guarda e capacita. Jesus pessoalmente escolheu cada um de Seus discípulos e os treinou e comissionou. Em nosso tempo também é assim! A tarefa da evangelização ainda não terminou e Deus nos está enviando para conquistar vidas preciosas para Ele.
– Somos ovelhas? Possuímos uma vida regenerada e conformada com o caráter de Cristo? Uma autêntica “ovelha” não sabe se defender, pois é inofensiva, humilde, mansa, amistosa, dependente etc., entretanto, Cristo é o nosso amoroso pastor, que defende e cuida de nós (veja 2Reis 19.34). A ovelha não possui defesa natural (dentes afiados, chifres etc.), e também não come “carne”.
– Apesar do ambiente à nossa volta ser hostil, não devemos empregar armas ou força humana para enfrentar o pecado ou demônios, mas o poder e a autoridade que Deus nos concede por meio do precioso nome de Jesus (veja Lucas 10.19).
– Estamos cercados ou nos movemos em meio à muita malícia, infâmia e coisas semelhantes que objetivam nossa destruição. O termo “lobo” no grego é lúkos, e no caso em tela, a palavra se presta como figura dos falsos profetas, dos líderes religiosos daquela época e também de alguma forma real de perigo. João declarou em sua primeira carta que o mundo inteiro jaz no maligno (5.19), e quem se opõe a esse sistema está em guerra direta contra o diabo (veja Atos 26.18).
II – “…SEDE, PORTANTO, PRUDENTES COMO AS SERPENTES”.
– Contra a estupidez e covardia dos ímpios os crentes são aconselhados a usar a astúcia ou a sabedoria de uma serpente. Essa esperteza consiste em não se expor aos perigos. Há crente que corre atrás de encrencas, não sabe ficar calado, paga o mal com o mal (não sabe perdoar), é vingativo, vacilante etc.
– Essa indispensável prudência deve se evidenciar em nosso relacionamento com os incrédulos, no campo dos negócios, na palavra de honra que damos, no comentário que fizermos sobre outros irmãos etc.
-A palavra “prudente” no grego é phrónimos, que também pode ser traduzida por compreensivo, sábio, inteligente, astuto (NVI). Esse termo denota uma reflexão inteligente que antecede a uma ação. Quem é prudente, ora e espera em Deus nas decisões que precisa tomar. Um velho adágio popular garante: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém!
– Existe o momento certo para se fazer ou falar qualquer coisa. Na evangelização do cônjuge, às vezes, a oração e o exemplo de vida são a maneira mais certa de agir (veja l Pedro 3.1,2). De um folheto bem escolhido, a uma conversa livre e inteligente, encontramos ocasião para uma evangelização eficiente.
III – “…E SÍMPLICES COMO AS POMBAS”.
-A palavra grega para “símplices” é akéraios, cujo sentido aponta para algo sem mistura, puro, incontaminado ( kerannumi – mistura, o a é um elemento de negação, equivale a sem ou nenhuma. Fonte: Dicionário Yine, p. 994).
– O cristão que é símplice como uma pomba é aquele que não se conforma, ou se adapta às sujeiras, às contaminações do mundo só para evitar a perseguição ou o sofrimento. O jovem que deseja ser aceito, reconhecido ou amado por pessoas e ou grupos que desprezam a Jesus, poderá cair em pecado e desgraça.
– Nossa lealdade a Cristo é colocada à prova sempre que nos envolvemos com pessoas que desprezam o pudor bem como os valores do cristianismo bíblico. Se formos o verdadeiro sal e luz (veja Mateus 5.13-16), devemos demonstrar isso temperando bem nossos relacionamentos. O sal desperta a sede, e o homem não-salvo precisa sentir muita sede para vir a Cristo (João 7.37), pois só Ele é a fonte da água da vida. Além disso, o perdido somente consegue vir a Cristo se “enxergar” o Caminho.
-A pomba é uma linda figura da simplicidade, paciência, submissão, fidelidade ou obediência. Sansão é um triste exemplo de alguém que não soube conviver com os incrédulos sem se misturar. A contaminação de Sansão causou muita infelicidade para seus pais e Israel, e no final, ocorreu a sua morte prematura.
CONCLUSÃO
Um lobo travestido de ovelha se sente muito bem no meio dos lobos verdadeiros. O céu não é lugar de lobos! A ovelha santificada e cheia do Espírito Santo pode evangelizar lobos sem medo. O caráter de Cristo no coração do crente é a sua credencial para cumprir a grande comissão. Virtudes como a prudência e a simplicidade são fundamentais para quem deseja ser vitorioso na lida diária, sobretudo, na tarefa da evangelização.