EDB dia 14.09.2014 – Tema: A fundamentação bíblica do dízimo

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A fundação bíblica do dízimo

Malaquias 3.8-10

Precisamos entender alguns aspectos importantes sobre a questão do dízimo. Esse é um tema claro nas Escrituras. Muitas pessoas, por desconhecimento, têm medo de ensinar sobre esse importante tema. Outras, por ganância, fazem dele um instrumento para extorquir os incautos. Ainda outras, por desculpas infundadas, sonegam-no, retêm-no e apropriam-se indevidamente do que é santo ao Senhor. O povo de Deus, que fora restaurado por Deus, agora estava roubando a Deus nos dízimos e nas ofertas.

Thomas V. Moore interpretando a lei de Moisés, diz que os dízimos requeridos pela lei mosaica eram 10% de tudo o que o povo recebia, valores esses destinados à manutenção dos levitas (Lv 27.30-32). Desses dízimos os levitas pagavam 10% aos sacerdotes (Nm 18.26-28). Ainda, outro dízimo era pago pelo povo a cada três anos, destinado aos pobres, viúvas e órfãos (Dt 14.28,29).94

Vejamos alguns pontos importantes sobre o dízimo.

Em primeiro lugar, o dízimo é um princípio estabelecido pelo próprio Deus. A palavra dízimo maaser (hebraico) e dexatem (grego) significa 10% de alguma coisa ou de algum valor. O dízimo não é uma cota de 1% nem de 9%; o dízimo é a décima parte de tudo o que o homem recebe (Gn 14.20; Ml 3.10).96 O dízimo não é invenção da Igreja, é princípio perpétuo estabelecido por Deus. O dízimo não é dar dinheiro à igreja, é ato de adoração ao Senhor. O dízimo não é opcional, é mandamento; não é oferta, é dívida; não é sobra, é primícia; não é um peso, é uma bênção.

Em segundo lugar, o dízimo é santo ao Senhor (Lv 27.32). Quando o rei Belsazar usou as coisas santas e sagradas do templo de Deus para o seu próprio deleite, o juízo divino caiu sobre ele (Dn 5.22-31). Quando Acã apanhou o que eram as primícias para Deus (Js 6.18,19) e as escondeu debaixo da sua tenda, o castigo de Deus veio sobre ele (Js 7.1).

Em terceiro lugar, o dízimo faz parte do culto. A devolução dos dízimos fazia parte da liturgia do culto. “A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos…” (Dt 12.6). A devolucão dos dízimos é um ato litúrgico, um ato de adoração que deve fazer parte do culto do povo de Deus.

Vejamos algumas desculpas descabidas quanto ao dízimo

A primeira desculpa é a justificativa teológica: O dízimo é da lei. Sim, o dízimo é da lei, é antes da lei e também depois da lei. Ele existiu no sacerdócio de Melquisedeque, no sacerdócio levítico e no sacerdócio de Cristo. A graça vai sempre além da lei (Mt 23.23).

A segunda desculpa é a justificativa financeira: “O que eu ganho não sobra”. Dízimo não é sobra, é primícia. Deus não é Deus de sobra, de resto. A sobra nós damos para os animais domésticos. A ordem de Deus é: “Honra ao Senhor com as primícias da tua renda…” (Pv 3.9). Os homens fiéis sempre separaram o melhor para Deus, ou seja as primícias (Êx 23.19; 1Cr 29.16; Ne 10.37). Se não formos fiéis, Deus não deixa sobrar. O profeta Ageu diz que o infiel recebe salário e o coloca num saco furado, vaza tudo. O que ele rouba de Deus foge entre os dedos (Ag 1.6).

A terceira desculpa é a justificativa matemática: “Eu não entrego o dízimo, porque tem crente que não é dizimista e prospera ao passo que tem crente dizimista pobre”. Não basta apenas ser dizimista, é preciso ter a motivação correta. É um ledo engano pensar que as bênçãos de Deus limitam-se apenas às coisas materiais.

A quarta desculpa é a justificativa sentimental: “Eu não sinto que devo entregar o dízimo”. Pagar o dízimo não é questão de sentimento, mas de obediência. O crente vive pela fé e fé na Palavra. Não posso chegar diante do gerente e dizer que não sinto vontade de pagar a dívida no banco.

A quinta desculpa é a desculpa da discordância pessoal: “Eu não concordo com o dízimo”. Temos o direito de discordar, só não temos o direito de escolher as conseqüências das nossas decisões. Quando discordamos do dízimo, estamos discordando da Palavra de Deus que não pode falhar. Quando discordamos do dízimo, estamos indo contra a palavra dos patriarcas, dos profetas, e acima de tudo, do Senhor Jesus, que disse: “Dai a César (os impostos, os tributos e as taxas) o que é de César e a Deus o que é Deus (os dízimos e as ofertas)” (Mt 22.21).

Vejamos algumas praticas erradas quanto ao dízimo. Malaquias denuncia alguns pecados graves quanto ao dízimo que estavam sendo cometidos:

O erro de reter. “Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas” (3.8). Joyce Baldwin diz que o verbo “roubar”, qaba, é raro no Antigo Testamento, mas bem conhecido na literatura talmúdica como “tomar à força”. Mas de que forma em Malaquias israelitas estavam pecando contra Deus: 1) trazendo ofertas indignas (1.13); 2) oprimindo os pobres (3.5); 3) retendo os dízimos (3.8). A palavra roubar, portanto, significa tomar à força, ou seja, é uma espécie de assalto intencional, planejado e ostensivo. Tentar defraudar a Deus é defraudar a si mesmo, pois tudo que temos pertence a Deus: nossa vida, família e bens. Nossa confiança precisa estar no provedor, mais do que na provisão. Nenhum homem jamais perdeu alguma coisa por servir a Deus de todo o coração, ou ganhou qualquer coisa, servindo a Ele com o coração dividido.

O erro de administrar por conta própria. A Bíblia ensina: “Trazei todos os dízimos à CASA DO TESOURO” (3.10). Não temos o direito de mudar uma ordem do Senhor (Dt 12.11). Não podemos fazer o que bem entendemos com o que é de Deus. Este deve ser trazido integralmente à casa do Tesouro. A casa do Tesouro era uma expressão que designava os celeiros ou armazéns, a tesouraria do templo, amplos salões em que se colocavam os dízimos (1Rs 7.51).

O profeta Malaquias aponta quatro bênçãos que acompanham a restauração divina sobre aqueles que são fiéis nos dízimos e nas ofertas

Em primeiro lugar, as janelas abertas do céu (3.10). É lá do alto que procede toda boa dádiva. Deus promete derramar sobre os fiéis torrentes caudalosas das Suas bênçãos. Baldwin diz que as janelas do céu, que se abriram para a chuva durante o dilúvio (Gn 7.11), “choverão” uma seqüência superabundante de presentes, quando Deus mandar.109 É bênção sobre bênção, é bênção sem medida. Nós precisamos evitar dois extremos: a teologia da prosperidade e a teologia da miséria. A teologia da prosperidade limita as bênçãos de Deus ao terreno material; a teologia da miséria não enxerga a bênção de Deus nas suas dávidas materiais.

Em segundo lugar, as bênçãos sem medida de Deus (3.10). A bênção de Deus enriquece e com ela não traz desgosto. A Bíblia diz que o que plantamos, isso também colhemos. Mas colhemos sempre mais do que plantamos. “Quem semeia com fartura, com abundância ceifará” (2Co 9.6). (veja também Lc 6.38 e Prov. 11:24,25).

Em terceiro lugar, o devorador repreendido (3.12). Deus não age apenas ativamente derramando bênçãos extraordinárias, mas também inibe, proíbe e impede a ação do devorador na vida daqueles que lhe são fiéis. Alguém, talvez, possa objetar dizendo que há muitos crentes não dizimistas que são prósperos financeiramente, enquanto há dizimistas que enfrentam dificuldades econômicas. Contudo, a riqueza sem fidelidade pode ser maldição e não bênção. Também, as bênçãos decorrentes da obediência não são apenas materiais, mas toda sorte de bênção espiritual em Cristo Jesus.

Em quarto lugar, uma vida feliz (3.12): “Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos”. Há grande alegria na obediência a Deus. Quando a igreja é fiel, a casa de Deus é suprida, a obra de Deus cresce, o testemunho da igreja resplandece, os povos conhecem ao Senhor e a glória de Deus resplandece entre as nações. Ser cooperador com Deus é fazer um investimento para a eternidade (1Co 3.9). Muitos estão investindo em projetos que não terão nenhuma conseqüência eterna. Onde você está ajuntando tesouros? Onde está colocando suas riquezas? Onde você tem o seu coração? O dinheiro do Senhor que está em suas mãos tem sido devolvido para o sustento da obra de Deus?

Concluímos dizendo que Deus chama o Seu povo a fazer prova Dele. O Senhor nos exorta a fazer prova Dele quanto a essa matéria (Ml 3.10). Deus não quer obediência cega, mas fidelidade com entendimento. O dinheiro é uma semente. Quando você semeia com fartura, você colhe com abundância. Na verdade você tem o que dá, e perde o que retém. A semente que se multiplica não é a que você come, mas a que você semeia. Jesus disse que mais bem-aventurado é dar que receber (At 20.35). Que Deus nos abençoe!

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