Escola Bíblia. Data: 07.08.2016. Tema: O reino de Deus na esfera da Justiça

O reino de Deus na esfera da Justiça

Romanos 14.17

 

INTRODUÇÃO

Como podemos entender o conceito bíblico de Reino de Deus? A palavra reino no original grego é basiléia e também denota domínio, soberania e poder real. Associado a Deus, esse reino assume dois significados, o primeiro está diretamente relacionado ao governo de Deus no coração do homem, que ocorre logo após a sua regeneração (veja João 3.3; Colossenses 1.13). Em razão disso, quem é dirigido pelo Espírito Santo tem o Reino de Deus sobre si. O outro aspecto do Reino de Deus está ligado ao governo milenar de Cristo sobre toda a terra por ocasião da Suaparousia (segunda vinda) e está reservado para o futuro (ICoríntios 15.23-25).

Quando o Reino de Deus chega ao coração do homem, isso produz uma mudança radical, a ponto de afetar definitivamente a sua forma de pensar, falar, e de viver de maneira geral; quem governa sua vida agora é o próprio Deus, por esse motivo as suas ações e procedimentos no seu relacionamento com outras pessoas devem ser pautados pela Palavra, sendo que uma de suas ações é determinada pela “justiça (…) no Espírito Santo”.

PROPOSIÇÃO: O comportamento do cristão que é governado por Deus é sempre norteado pela retidão.

 

I- “PORQUE O REINO DE DEUS É (…) JUSTIÇA (…) NO ESPÍRITO SANTO”.

       Jesus Cristo declarou para seus ansiosos discípulos que se alguém verdadeiramente buscasse em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, essa pessoa não teria razão para temer crises ou a não satisfação de necessidades imediatas (veja Mateus 6.33). Mas, afinal, por que o Mestre também incluiu a justiça nessa busca? Exatamente porque precisamos reconhecer o direito de Deus sobre a nossa vida, e fazemos isso obedecendo à sua Palavra (Mateus 21.32).

       Em um primeiro momento, a Escritura ensina que a “justiça de Deus” nos é atribuída pela fé em Cristo, mediante o Seu sacrifício redentor (veja Romanos 3.21-25), e isso significa dizer que diante de Deus o cristão regenerado não tem mais culpa, está justificado e livre de qualquer condenação.

       De outro lado, Paulo revela – no texto em estudo – outro tipo de “justiça” que é aplicada ou conferida ao crente mediante a ação do Espírito de Deus. Neste caso, está em foco algo que é próprio do caráter de Deus, e é “enxertado” no homem salvo para que este manifeste no diaadia a virtude da justiça.

Além de aprendermos o que é certo fazer, nós também precisamos de graça e de poder que nos capacitem a praticar a justiça, e essa força nos é concedida pelo Espírito Santo em nosso comem interior (veja ICoríntios 4.20).

 

II– O CONCEITO DE JUSTIÇA NO ANTIGO TESTAMENTO.

       A palavra mais comum no AT para justiça é tsedeq, e traz a idéia de lealdade ou de conformidade a uma norma estabelecida (por exemplo, pela Lei; veja Deuteronômio 6.25), ou a um acordo como o de Jacó com Labão (Gênesis 30.33). De forma geral, tsedeq está voltada para as questões de relacionamento seja no aspecto moral, judicial ou do governo de Deus sobre os seus servos.

        Davi ensina no salmo 15 que o cidadão dos céus é aquele “que vive com integridade, e pratica a justiça…” (v. 2). Neste texto também encontramos um belo exemplo de um homem justo, ou seja, íntegro, que obedece à Lei de Deus e que respeita o direito do seu próximo.

        Outro sentido de justiça (forense) na velha aliança era o da retribuição, ou seja, “olho por olho, dente por dente” (Dt. 19.21). Quem matava, morria, não havia perdão. Nesta questão, todavia, Jesus Cristo enfatiza que não estamos completamente isentos para julgar o próximo, por isso o nosso julgamento sempre deve ser pautado pela compaixão e imparcialidade (veja João 8.7).

 

III- CONCEITO DE JUSTIÇA NO NOVO TESTAMENTO.

        Na visão de Paulo, toda pessoa que se converte torna-se automaticamente um servo da justiça (veja Romanos 6.18). Essa expressão equivale a dizer que, após o nosso encontro com Deus, os nossos atos devem corresponder à nossa profissão de fé, ou seja, quem se declara cristão precisa reproduzir atos que condizem com a sua fé. Em outras palavras, é necessário ser: reto, justo, honesto, honrado, fiel, digno de confiança nos empreendimentos e negócios com o próximo.

        Há três termos gregos que são igualmente traduzidos para o português como justiça, mas com certa variação de significados. O primeiro é dike e está mais relacionado com penalidade, punição, julgamento ou execução de uma sentença (Dicionário Vine), observe um exemplo: “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” (2Ts 1.9). Outro termo semelhante a dike é krisis juízo, julgamento, condenação (veja Mateus 10.15).

        O terceiro e mais comum é dikaiosune e tem a ver com justiça no sentido de retidão, eqüidade ou de fazer o que é correto, direito: “Se sabeis o que é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29). Dikaiosune também pode significar misericórdia ou caridade (veja Mateus 6.1).

        No texto em estudo, notamos que Paulo emprega o terceiro termo para justiça. Em um primeiro momento, dikaiosune expressa um dos atributos do caráter de Deus (pois Ele julga com absoluta retidão e imparcialidade; veja Romanos 3.5), mas pela obra santificadora do Espírito Santo, essa virtude de caráter também é conferida ao crente. Dessa forma, proceder em retidão é uma das marcas de Cristo em nós.

 

CONCLUSÃO

Paulo deixa claro para os crentes de Roma que o Reino de Deus é supramaterial (veja Mateus 6.33), está acima da matéria e consiste basicamente do controle divino da nossa vontade, emoção e intelecto. Uma das melhores maneiras de evangelizar ou de comunicar o conhecimento de Deus aos perdidos ocorre quando vivemos o Evangelho, ou quando procedemos corretamente nos relacionamentos, negócios e demais atos com o nosso próximo (Romanos 6.19).
 

Está escrito que os injustos não herdarão o Reino de Deus (veja 1 Coríntios 6.9) e o homem se toma justo quando aceita a justiça de Deus que é Cristo (Romanos 5.1). É por esse motivo que Malaquias enfatiza a diferença entre o justo e o perverso no dia do Juízo de Deus (Malaquias 3.19). A justiça divina nos torna dignos do céu e o Espírito Santo nos capacita a uma vida pautada por ações justas ou moralmente corretas.

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