ESCOLA BIBLICA BETEL GEISEL. TEMA: Vivendo de aparência

Vivendo de aparência

Mateus 23.27,28

INTRODUÇÃO

É verdade que Deus está interessado em nossa sinceridade religiosa (veja Tiago 1.27), entretanto, muitos religiosos serão surpreendidos ao morrer, pois a vida que levaram antes da morte não os pôde livrar do inferno (Mateus 7.21-23), isso porque o que salva o homem da condenação eterna não é a sua filiação a alguma religião em particular, a observação de preceitos de conduta rigorosos, ou uma intensa vida de caridade, mas a sua legítima comunhão com Deus iniciada no arrependimento e na conversão (Atos 3.19) e desenvolvida pela prática da Palavra de Deus (Miquéias 6.8).

PROPOSIÇÃO: As aparências não podem resistir ao julgamento de Deus.

 

I- “AI DE VÓS, ESCRIBAS E FARISEUS, HIPÓCRITAS”.

       Sete ais em forma de advertência foram dirigidos por Cristo a um grupo específico de religiosos judeus. Os escribas (grammateus) eram os “homens das letras” ou os doutores da lei, pois eles se dedicavam quase que exclusivamente ao estudo e ensino da Torá. Os fariseus (pharisaios) compreendiam o maior e mais influente partido e seita religiosa dos judeus daquela época. Os escribas engrossavam fileiras com os fariseus (veja Lucas 5.21) e estes ao lado do partido rival dos saduceus representavam a cúpula ou os dirigentes espirituais do povo israelita.

       O que é farisaísmo? É ser um religioso austero, rigoroso em determinados aspectos da sua prática religiosa, e condescendente ou frouxo em uma área de importância capital, por exemplo, nos costumes (vestimentas, hábitos alimentares etc.) mostra-se impecável, mas relapso na doutrina bíblica, na mordomia do dinheiro, no compromisso missionário, na assistência aos desvalidos, na vida de oração, no amor fraternal etc. Em outras palavras, o indivíduo apenas formal, superficial na sua prática religiosa é o protótipo perfeito do moderno fariseu.

       Na visão de Cristo, ser fariseu hipócrita é o mesmo que ser um “guia cego” ou alguém que não conhece a direção certa da vida, mas insiste em orientar ou liderar outras pessoas. Está em vista, também, a situação daqueles crentes que em matéria de fé fazem somente o que lhes convém (v. 23), e com freqüência coam um mosquito e engolem um camelo (v. 24), ou seja, destacam coisas insignificantes (por exemplo: vestimentas, adornos, comidas) ao mesmo tempo em que desprezam outras muito piores (por exemplo: suborno, mentira, vícios sexuais etc.). Em outras palavras, o “crente fariseu” é sempre subjetivo, hipotético, cheio de “boas” intenções, mas nada realmente concreto (v. 29 e 30).

       Podemos afirmar que a essência do farisaísmo é a hipocrisia. Esse termo significa: “Vício de caráter manifestado por aquele que aparenta ser o que não é, ou diz sentir o que não sente, mormente em virtude e devoção” (Dicionário Sacconi). O contrário exato de hipocrisia é sinceridade. O original grego (hupokrites) traz a idéia de um ator de palco, portanto, ser hipócrita é o mesmo que fingido, dissimulado, falso ou aquele que representa ser uma coisa, mas é outra. Um pregador que não vive o que prega encarna o tipo de hipócrita que Cristo condena nessa passagem.

 

II- “…PORQUE SOIS SEMELHANTES AOS SEPULCROS CAIADOS”.

       A comparação é fortíssima, para não dizer trágica, pois segundo a lei mosaica, um judeu praticante não podería nem tocar um cadáver (veja Lucas 10.30-32), porque isso o tomava cerimonialmente imundo (Números 19.11 -16) e no caso em tela Jesus diz que eles são parecidos com um zumbi ou “defunto maquiado”. Por fora parecem vivos e saudáveis, mas na verdade estavam carcomidos de “gangrena moral”. Eles mantinham uma aparência religiosa (vestes, barba, linguagem etc.) impecável, mas no íntimo, nas intenções, eram baixos, vis, cruéis, lascivos, inescrupulosos.

       Paulo apelida o cruel sumo sacerdote Ananias de “parede branqueada” (At 23.3) porque este mandou que injustamente o socassem na boca. Essa expressão corresponde à mesma dita por Cristo, e lembra a preocupação dos religiosos da época com a contaminação cerimonial prevista na Lei mosaica.

       Quem se conforma a uma vida de aparente religiosidade, escondendo dos líderes da igreja suas sujidades morais (pecados no namoro, sexo pervertido, sonegação e suborno etc.), está morto, desligado de Deus – pois Ele não comunga com o pecado (veja Isaías 59.2) – além de servir de estorvo (maus testemunhos) para a conversão de outras pessoas (v. 13).

 

III– “…VÓS EXTERIORMENTE PARECEIS JUSTOS AOS HOMENS”.

       Manter uma vida religiosa de fachada, é o mesmo que auto-engano. Deus somente habita em corações limpos, desinfetados do pecado pelo sangue de Cristo. Religiosidade superficial é o mesmo que justiça própria (veja Isaías 64.6) ou salvação pelas obras, que à luz da Bíblia é impossível (Efésios 2.8,9; Romanos 5.1).

       No versículo 25, Jesus fala qual é a verdadeira preocupação dos crentes fariseus: “limpar o exterior do copo”, ou seja, manter as aparências, a reputação de ser espiritual e temente a Deus por conta de certas manifestações – por causa da posição eclesiástica que ocupam ou da reputação que ostentam, entretanto não demonstram qualquer preocupação com o que Deus realmente pensa sobre eles. Na visão de Cristo, essas pessoas são hipócritas e iníquas. Esta última palavra é muito grave – em se tratando de religiosos – pois um iníquo é o mesmo que um sem lei (anomos), desregrado ou perverso.

       O perigo de ostentar algo que na realidade não somos é evidenciado no exato momento da provação, por exemplo, a parábola dos fundamentos ensinada por Cristo, nos revela que à semelhança da casa sobre a areia, o crente que vive de aparências pode sucumbir quando vier a tempestade {veja Lucas 6.46-49). Além disso, sem a verdadeira consagração de vida não há poder para vencer as investidas do maligno (Lucas 9.40).

 

CONCLUSÃO

Quem vive de aparências preocupa-se com a opinião alheia mais do que deve, e se engana a si mesmo. Deus vê não apenas o que está no exterior de cada um de nós (veja I Samuel 16.7), por essa razão, precisamos entender que só é possível agradá-lo se agirmos com sinceridade, absoluta transparência, reverência e santo temor (Hebreus 12.28,29). Está debaixo de terrível sentença o crente que insiste em viver de aparência religiosa (Mateus 23.33).

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