Estudo EBD. Lição 11 – Tema: Permanecer no Evangelho

Lição 11. EBD – Tema: Permanecer no Evangelho

2Timóteo 3.1-17; 2Timóteo 3.14

“Quanto a você, permaneça naquilo que aprendeu e em que acredita firmemente, sabendo de quem você o aprendeu.”

Deitado numa fria e úmida masmorra em Roma, tendo como luz apenas uma fresta no telhado e aguardando a decapitação, Paulo, agora idoso e esgotado pelo longo e árduo serviço a Deus, ainda está preocupado com o futuro do Evangelho. Sua mente vagueia pensando ora na timidez de Timóteo, ora na maldade dos tempos. Timóteo é um jovem tão fraco, e a oposição tão forte! É estranho que um jovem fraco assim seja chamado por Deus para combater o bom combate da fé (2Tm 4.7). Ele não deve conformar-se ao espírito de sua época, mas antes deve permanecer firme na verdade.

I. Enfrentando tempos difíceis “nos últimos dias” (2Tm3.1)

Paulo descreve a Timóteo a situação que existe no mundo de hoje. John Stott diz: “Pode ser natural aplicar este termo a uma época futura, aos dias imediatamente precedentes ao fim, quando Cristo retornar. Contudo, a correta prática bíblica não nos permite uma tal explicação, por ser convicção dos autores do NT que a nova era (prometida no AT) chegou com Jesus Cristo… Pedro, no dia de Pentecostes, se referiu à profecia dejoel, dizendo que nos últimos dias’Deus derramaria o Seu Espírito… e essa profecia então se cumpria.” Sendo assim, estamos vivendo nesses “últimos dias” e concordamos com aquilo que Paulo acrescenta: “sobrevirão tempos difíceis”. E esses dias difíceis serão decorrentes das atividades de homens maus.

II. Os homens maus são descritos (2Tm 3.2-9,13)

  1. Quanto à conduta moral (v.2-4)

a. amor deles está mal dirigido (v.2,4)

        • amor a si mesmo (egoístas);
        • amor ao dinheiro (avarentos) (veja lTm 6.9-10);
        • amor aos prazeres (mais amigos dos prazeres);
        • e não amor a Deus.

São indivíduos cheios de orgulho, sendo capazes de amar muito mais os prazeres que a Deus (Tg4.4; ljo 2.15-17).

b. São orgulhosos, arrogantes, blasfemadores (v.2) – Pessoas que têm opinião exagerada sobre si mesmas, menosprezam as outras e falam mal.

c. A vida familiar está deteriorada, especialmente a atitude adotada por alguns jovens em relação aos pais (v.2-3) – “desobedientes aos pais, ingratos (destituídos de elementar estima), irreverentes (alusão a falta do respeito filial), desafeiçoados (sem afeição natural) e implacáveis (irreconciliáveis – descreve a situação talvez de jovens revoltados que não querem ter diálogo).

d. São mal agradecidos e malcriados (v.3) – “caluniadores (grego, diabolos, literalmente “diabos”), traduzido também por “mentirosos” (propagadores de notícias maliciosas e falsas – os famosos Fake News); cruéis (grosseiros). “Sem domínio de si” significa carentes de autocontrole. O coração está cheio de maldade e maquina o mal o tempo todo (Pv 6.12-19).

e. São traidores e atrevidos (v.4) – Refere-se a pessoas obstinadas, em quem não se pode confiar, não se detêm diante de nada para obter seus propósitos (Mq 7.5-6).

2. Quanto à observância religiosa (v.5). São pessoas que fazem profissão de fé no cristianismo, mas, pelo mau comportamento, demonstram viver uma vida de mentira.

3. Quanto aos métodos (v.6-9). Paulo mostra que são traiçoeiros e usa expressões espantosas: “penetram sorrateiramente nas casas”; “mulherinhas sobrecarregadas de pecados”. Pode-se supor que elas estavam buscando experiências que produzissem sensações. O quadro que Paulo pinta aqui é relevante em qualquer época na qual falsos mestres estejam operando. Ele tem convicção de que o erro não pode vencer no final. Janes e Jambres não são mencionados em nenhum lugar na Bíblia – parece que era o nome de dois mágicos de Faraó, chamados para imitar os milagres executados por Moisés. Paulo está convicto de que esses falsos mestres “não irão avante”. O verdadeiro líder de Deus pode ter a convicção de que todos os falsos sistemas no fim serão desmascarados.

4. Quanto ao caráter (v.13). São pessoas más, cruéis, fingidas, inimigas do bem, vão de mal a pior, enganando e sendo enganadas (Jd.12-16). “Depois de espalhar mentiras por tanto tempo, acabam acreditando nelas” (W. MacDonald).

III. Mas o servo do Senhor é diferente! (2Tm 3.10-17)

Quando John Stott escreveu o comentário sobre a Segunda Carta de Paulo a Timóteo, deu este título ao livro: “Tu, porém”. Ele escreveu no prefácio: “As palavras que para mim sintetizam esta epístola são as duas palavrinhas: ‘Tu, porém’, que aparecem quatro vezes nesta epístola”. Duas dessas vezes aparecem nos versículos 10 e 14.

As qualidades espirituais (fé, longanimidade, amor, perseverança) que Paulo tinha demonstrado são as mesmas que ele já havia recomendado ao próprio Timóteo na sua primeira carta (veja l Tm 6.10). Paulo chama seu filho na fé para ser totalmente diferente e, se necessário, permanecer sozinho.

  1. Siga o exemplo de Paulo (v10-13).

Timóteo conhecia bem o exemplo de vida e ministério de Paulo que é destacado aqui.

      1. No ensino: Timóteo abraçou o ensino de Paulo, que sempre foi fiel à palavra do Senhor. “Sem dúvida, no início, Timóteo teve dificuldades para entender o sentido da instrução dada por Paulo, mas foi em frente. Ele se apossou do ensino, creu nele, absorveu-o, e viveu de acordo com o mesmo…” (Stott).
      2. No procedimento: Timóteo começou por observar o modo de vida do apóstolo… e passou a imitá-lo.
      3. No propósito: Era de se afastar da moral e da doutrina do mal.
      4. Na fé: Timóteo conhecia de perto a grande fé que Paulo sempre demonstrava no Senhor.
      5. Na longanimidade, no amor e na perseverança: Paulo tinha capacidade de não perder a paciência com pessoas, ele demonstrava o grande amor de Deus (como Paulo enfatizou em I Coríntios 13).
      6. Nos sofrimentos: Falam dos incidentes da primeira viagem, pois foi nela que Paulo conheceu a Timóteo. Naturalmente ele lembrava vividamente que Paulo exerceu perseverança a qual muito o influenciou a se envolver na obra missionária. Paulo menciona três cidades da Galácia onde sofrerá perseguição: Antioquia, Icônio e Listra, porque Timóteo era cidadão de Listra e, provavelmente, presenciou o apedrejamento de Paulo pelo povo hostil, quando foi arrastado fora da cidade e lançado à sarjeta para morrer, “mas o Senhor o livrou”. Leia Atos 13.45-50; 14.3-7,19-23. Timóteo aprendeu que sofrimento faz parte da vida cristã (v.12), pois “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm3.12;Jo 15.18-20; 16.33).
  1. Permaneça nas Escrituras Sagradas (v.14-17)
      1. “Tu, porém” (v. 14) – Mais uma vez Paulo começa um parágrafo com “Tu, porém”, distinguindo Timóteo dos “homens perversos e impostores” do v.13. Paulo sempre lembra seu filho na fé de permanecer firme nos ensinamentos da palavra de Deus. Como essa é uma palavra necessária nos dias de hoje, quando a toda hora “homens impostores” se orgulham de inventar “uma nova teologia”!
      2. A origem da Escritura (v. 15) – Paulo afirma categoricamente que “toda a Escritura é inspirada por Deus” – ela é “soprada” por Deus. John Stott salienta que “Paulo está afirmando duas verdades sobre a Escritura, a saber: que ela é inspirada por Deus e que ela é útil… Ela se originou na mente de Deus e foi comunicada pela boca de Deus, pelo sopro de Deus, ou pelo Seu Espírito”.
      3. 0 propósito da Escritura (v.15-17) – Paulo prossegue, mostrando que a utilidade das Escrituras é tanto para a doutrina cristã como para a nossa conduta.
          • Dá sabedoria que leva à salvação.
          • É útil para ensinar a verdade.
          • É valiosa para condenar o erro.
          • E útil para corrigir as faltas.
          • Acima de tudo, é valiosa para “… ensinar a maneira certa de viver. E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações” (NTLH).

Conclusão

Esta é uma palavra para nós hoje, nestes “tempos difíceis”, numa sociedade permissiva em que há tanta pressão para se acomodar. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste”.

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