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O exercício da liberdade cristã
Gl. 6:1-10
Introdução
Emanuel Kant afirmou que a liberdade só existe de fato com lei e poder. Ele resume: “É possível conceber apenas quatro formas de combinação desse único elemento com os dois primeiros: lei e liberdade sem poder (Anarquia), lei e poder sem liberdade (Despotismo), poder sem liberdade nem lei (Barbárie), poder com liberdade e lei (República)”. A liberdade cristã também só existe quando praticamos a lei do amor capacitados pelo poder do Espírito Santo.
No capítulo cinco de Gálatas, Paulo ensina que o cristão deve fazer a opção certa, entre viver na liberdade da graça ou na escravidão do legalismo (Gl.5.1-12) e entre viver na carne ou andar no Espírito (Gl 5.13-26). No capítulo seis, ele fala da opção entre viver para si ou para os outros (Gl. 6.1-10) e entre viver para a glória de si mesmo ou para a glória de Deus (Gl. 6.11-18).
1. Vivendo Para os Outros
Somos livres para amar os nossos irmãos. O Espírito Santo produzirá em nós o fruto do amor, que se expressa por meio de cinco atitudes práticas.
Recuperai os irmãos que caíram (Gl 6.1)
Este verso ensina preciosas lições:
(1) Qualquer irmão pode ser surpreendido numa transgressão, mesmo sem perceber a gravidade do seu erro – Jo 8.4.
(2) O irmão que pensa estar de pé deve cuidar de si mesmo para não cair na tentação – 1Co 10.12,13.
(3) Os irmãos espirituais (espirituais = significa cristãos maduros ou aqueles que andam no Espírito Santo) devem restaurar ou conduzir o irmão que caiu à sua posição anterior de integridade e pureza. Toda restauração deve ser feita com espírito de brandura ou mansidão (Gl 5.23), ou seja, sem a atitude de orgulho ou superioridade espiritual.
Levai as cargas uns dos outros (Gl 6.2-5) Nestes versos temos cinco verdades: (1) Todos nós temos cargas pesadas para carregar e Deus não quer que carreguemos estes fardos sozinhos. (2) A lei de Cristo é que cada irmão deve ajudar o outro a levar as suas cargas. “Cada um deve pôr seu ombro debaixo das cargas sob as quais este ou aquele membro geme, seja que carga for” (W. Hendriksen). (3) Todo irmão deve olhar para si como alguém que precisa do outro. Não pense que você é forte! (4) Todo irmão, além de levar as cargas pesadas do outro, tem o seu fardo pessoal que somente ele deve levar. (5) Quem ama e ajuda o irmão cumpre a lei de Cristo – Jo 13.34; GI 5.14; Tg 2.8.
Cuidai dos vossos pastores (GI 6.6). Paulo diz que os verdadeiros pastores devem ser sustentados materialmente pelos irmãos que são beneficiados. Os crentes devem sustentar os pastores em suas necessidades básicas (1 Co 9.1 -15; 1 Tm 5.17,18). Os que são ensinados na Palavra de Deus devem sustentar os seus mestres.
Cuidado com o que você semeia (GI 6.7,8). Paulo ensina três leis neste trecho: a lei de Cristo que visa restaurar o pecador, a lei de contribuir depois de ter recebido e a lei da semeadura.
A lei da semeadura e da colheita tem três aspectos importantes: (1) Causa e efeito: Tudo que o homem semear vai colher. (2) O local ou o solo que semeamos: a carne e o Espírito. (3) A colheita é de acordo com o que semeamos e na proporção em que semeamos – 2 Co 9.6.
Aqueles que semeiam para a carne colherão corrupção e aqueles que semeiam para o Espírito colherão a vida eterna.
Não vos canseis de fazer o bem (GI 6.9,10) Quatro lições nestes versos: (1) Devemos fazer o bem a todos, priorizando os nossos irmãos. (2) Podemos nos cansar ou desistir de fazer o bem por vários motivos – pessoais, recursos, decepção com pessoas etc. (3) Um irmão carente não é um problema, mas uma oportunidade para fazer o bem. (4) De todo o bem que fizermos seremos recompensados.
2. Vivendo Para a Glória de Deus – Gl 6.11-18
Paulo conclui a carta aos Gálatas escrevendo de próprio punho. O seu objetivo é criar um impacto na mente dos seus leitores, para que os mesmos não cedessem aos argumentos dos judaizantes legalistas. E ele usa o argumento da motivação ministerial. Por que os legalistas queriam submeter os cristãos à circuncisão? Qual era a motivação deles?
A motivação dos legalistas era receber a glória dos homens (Gl 6.12,13)
Paulo declara: Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei; antes, querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne (Gl 6.12,13). Vejamos três características dos legalistas:
1) Eram arrogantes. Seu objetivo não era ajudar os crentes a crescerem na graça e no conhecimento de Deus. Eles queriam apenas usar as pessoas com o objetivo de promoção pessoal. Eles não queriam fazer discípulos de Jesus, mas, prosélitos pessoais. Eles não se preocupavam com a glória de Deus, mas, com a sua promoção pessoal. Eles queriam ostentar-se na carne e se gloriarem na vossa carne.
2) Eram constrangedores. Eles coagiam, obrigavam e forçavam os cristãos a praticarem a circuncisão. Este é um comportamento peculiar às pessoas que integram as seitas. Eles são insistentes, persuasivos e cheios de falsos argumentos. Paulo fazia o contrário: 1Co 2.1-5; 2Co 4.1-5.
3) Eram falsos ou hipócritas. Eles não guardavam a lei, mas exigiam que os outros a guardassem. Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei. Os legalistas eram hipócritas como os fariseus, que diziam, mas não faziam (Mt 23.3). Os judaizantes faziam um jogo duplo: faziam-se passar por cristãos aos membros da igreja e por seguidores da lei aos que guardavam a lei.
3. A motivação de Paulo era a glória de Deus (Gl 6.14-18)
Paulo era judeu e, antes da sua conversão, foi um zeloso fiel do judaísmo (Fp 3.4-6). O orgulho de Paulo e de todo cristão deve ser a cruz de Cristo. Os judaizantes gabavam-se da circuncisão, mas Paulo gloriava-se da cruz. Por quais motivos?
1) A cruz deu origem a uma nova criatura -Gl 6.15. A lei exigia do crente e apontava o seu pecado, mas não produzia transformação interior. Jesus veio morrer na cruz para produzir uma nova criatura: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2Co 5.17). Pelo poder da cruz, um novo homem é gerado espiritualmente (Jo 3.1-8).
2) A cruz deu origem a um novo povo -Gl 6.16. Com a cruz, um novo povo é formado, uma nova família é constituída. O Israel de Deus não é mais a nação judaica (Rm 9.1-13), mas a Igreja que Jesus comprou na cruz, composta por pessoas de todas as nações (Ef 2.11 -22; 3.6). E todo aquele que é de Cristo é também filho de Abraão e herdeiro da promessa (Gl 3.28,29).
3) A cruz deu origem a um novo estilo de vida -Gl 6.17. Para alguém ser cristão tem que renunciar a si mesmo e tomar cada dia a sua cruz e seguir a Jesus (Lc 14.25-27, 33). Trata-se da cruz da renúncia do eu e da vontade própria. A cruz significa morrer para si e viver para Deus. Por isso Paulo diz: Estou crucificado com Cristo (Gl 2.19-21). E Paulo trazia no seu corpo as marcas do sofrimento decorrentes de não viver mais para si, mas para Deus. A cruz significa amor e sacrifício.
4) A cruz deu origem a uma nova aliança – Gl 6.18. A lei veio por intermédio de Moisés e a graça e a verdade por meio de Jesus Cristo, na cruz (Jo 1.16,17). O sangue de Jesus derramado na cruz é a base na Nova Aliança (Mt 26.28). Trata-se de uma nova maneira de Deus se relacionar com o crente, em espírito e em verdade.
Ate a próxima semana.