O reino de Deus na esfera da paz
Romanos 14.17
Introdução
Existe uma ONG que luta pela “paz ambiental”, é conhecida como Green Peace, tanto esta quanto qualquer instituição humana que busca a paz entre os homens é limitada e é capaz de conseguir uma “paz” apenas circunstancial e passageira. Longe de Deus é precisamente isso que o homem consegue arranjar, como exemplo, podemos citar os acordos de paz que a ONU media entre as nações em conflito (por exemplo: palestinos e judeus), mas que têm curtíssima duração.
O governo de Deus no coração do homem produz uma paz que não é condicionada às influências externas, além disso, o homem controlado pelo Espírito de Deus é alguém que espalha a paz por onde passa ou com quem se relaciona, ele sempre será da paz, pois é um pacificador (veja Mateus 5.9). Jesus está à procura dos filhos da paz (Lucas 10.6) para salvar e usar em Sua obra.
PROPOSIÇÃO: A paz de espírito é o resultado direto da entronização de Cristo no coração do homem.
I – O CONCEITO DE PAZ NO ANTIGO TESTAMENTO.
– A palavra paz no hebraico é shalom e este termo popularizou-se mundialmente (pois há judeus em todo mundo) como uma forma de saudação entre as pessoas. Entre os judeus, shalom é uma saudação (veja Juizes 19.20) e também uma despedida (ISamuel 25.6,35). Mas pode ser empregada como forma de abençoar os outros. O árabe usa Salaam, mas não passa de um cognato de shalom.
– Shalom também significa prosperidade, plenitude, retidão, saúde, segurança, descanso, ausência de agitação ou contenda etc., mas em muitos casos shalom é sempre o resultado direto da presença e trabalho de Deus em favor dos homens que obedecem aos termos da aliança ou da Lei. Em última análise, no Antigo Testamento, Deus é apresentado como a origem e a fonte da verdadeira paz (veja Salmo 4.8; cf. lCrônicas 22.9).
– O profeta Isaías afirma que agir retamente (de modo justo, correto) produz shalom: “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre” (32.17). Neste caso, o sentimento de paz que surge no coração do homem vem de Deus em uma espécie de aprovação a seus atos (SI 35.27; 15.2).
– Para que tivéssemos verdadeira paz, Jesus Cristo, o Messias de Deus, precisou morrer, assumir o nosso merecido castigo na cruz do Calvário (veja Isaías 53.5).
II – O CONCEITO DE PAZ NO NOVO TESTAMENTO.
– Jesus promete dar a sua paz a todos os seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27). A paz que Jesus nos oferece é a reconciliação do homem com Deus por meio da redenção no Seu sangue (veja Romanos 5.1; cf Atos 10.36), e essa paz é um “santo remédio” contra qualquer forma de medo ou temor (João 14.1).
-A palavra paz no grego é eirene e também significa tranqüilidade, harmonia, bem-estar, um estado profundo de calmaria, quietude e descanso; não existência de cobrança interior ou isenção
de incômodo; harmonia entre as pessoas e entre o homem e Deus; uma mistura de alívio e alegria por uma vitória alcançada (veja Marcos 5.34).
– Quem segue a Cristo fielmente, toma-se um pacificador (veja Mateus 5.9), e isso equivale a dizer que em e por Jesus somos capazes de espalhar a paz de Deus on
de e com quem vivemos (pelo exercício do amor, perdão, tolerância etc.; Mateus 5.43-48), além de ajudar outras pessoas a encontrar a necessária paz em Deus (pela evangelização e pelo testemunho pessoal; Atos 10.36).
– Quando aprendemos a lançar sobre Deus todas as nossas ansiedades – pela oração de entrega (veja Salmo 37.5; cf lPedro 5.7) – a paz de Deus se “transforma” em um muro de proteção ao redor do nosso espírito e mente (Filipenses 4.6,7). A serenidade ou tranqüilidade de Deus nos é ministrada de modo sobrenatural.
– Paulo identifica Cristo como a encarnação da paz prometida na antiga aliança, ou seja, a paz messiânica que Israel rejeitou (veja Efésios 2.14).
III – “PORQUE O REINO DE DEUS É (…) PAZ (…) NO ESPÍRITO SANTO”.
– Em Gálatas, o apóstolo Paulo afirma que a paz é o fruto do Espírito Santo (5.22), e isto significa dizer que o governo do Espírito sobre nós também produz paz de um modo geral, mas principalmente aquela que mais necessitamos, ou seja, a “calmaria mental” que por sinal é totalmente contrária à “agitação” produzida pela velha natureza (veja Gálatas 5.20,21). O crente deve ser diferente do mundo nos seus relacionamentos, pois como o “sal e a luz” precisa buscar novos caminhos de paz, mesmo quando todo mundo já desistiu (Romanos 3.17).
– Quando o Espírito de Deus realmente nos domina, empregamos a paz como o “juiz” das diferenças ou querelas que possam surgir no seio da Igreja (veja Colossenses 3.15), tudo para evitar contendas, divisões e ciúmes entre os crentes. Quem é pleno do Espírito Santo é cheio de paz e é capaz de “suportar” o agravo sem se encolerizar, pois exercita o perdão mais facilmente (Colossenses 3.13).
– O Dicionário Aurélio define paz nos seguintes termos: “Ausência de lutas, violências ou perturbações; cessação de hostilidade, bom entendimento, concórdia, harmonia; ausência de conflitos íntimos; tranqüilidade de alma; sossego; ausência de agitação ou mído, repouso, silêncio”. Essas definições sobre a paz ilustram o que a paz de Deus é capaz de produzir em cada um de nós que se achega a Ele pela fé.
– Se a verdadeira paz é a completa ausência de conflitos, então por que muitos cristãos nascidos de novo vivem tão perturbados? As causas podem ser muitas, por exemplo: consciência culpada (pecados não confessados; veja Provérbios 28.13); não aprenderam a descansar no Senhor diante dos problemas da vida (Salmo 46.10); mantêm vida cristã carnal e sem compromisso com Deus (o Espírito milita, guerreia contra o “velho homem”; Gálatas 5.17; não há “paz” entre eles) etc.
A paz é a maior aspiração do homem. Ele vive à procura dela. O grande número de suicídios, o absurdo consumo de drogas, cigarros e bebidas alcoólicas revelam a falta de paz no coração do homem incrédulo. Em todos os casos, porém, Jesus Cristo oferece a verdadeira paz por meio de sua obra redentora (veja João 14.27).
Paulo afirma que a paz interior é o resultado direto da justificação (veja Romanos 5.1), entretanto, é no desenvolvimento da nossa salvação que aprendemos a desfrutar a maravilhosa paz divina (Filipenses 2.12-14; Ef 4.1-3). Quem realmente quer viver o amor fraternal precisa atender à seguinte recomendação: “aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la” (1 Pe 3.11).