O céu é dos humildes
Mateus 5.3
INTRODUÇÃO
A humildade é uma qualidade moral que embeleza o caráter do verdadeiro cristão. Segundo o texto em estudo, o Reino dos céus é dos humildes, isto porque – de acordo com o apóstolo Pedro – “Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça” (l Pe 5.5). Na primeira das bem-aventuranças do Sermão do Monte, Jesus Cristo apresenta a regra número um para quem deseja agradar a Deus, no tocante à sua conduta ou relacionamento com outras pessoas e, sobretudo com o próprio Deus. A humildade é bem-vinda em qualquer área do viver humano, o contrário disso é sinônimo de dificuldade de convivência, pois não é nada fácil lidar com pessoas arrogantes, iracundas, coléricas, intolerantes e orgulhosas.
PROPOSIÇÃO: Nossa humildade é autenticada pela intensidade da nossa devoção a Deus.
I – “BEM-AVENTURADOS OS HUMILDES DE ESPÍRITO”.
– Falando a uma multidão de oprimidos, Jesus Cristo apresentou a Si mesmo como o descanso verdadeiro para a alma cansada (veja Mateus 11.28-30) e reiterou que quem “toma o seu jugo”, ou deseja obedecer a Seus ensinos, deve aprender com Ele a ser manso (dócil, gentil) e humilde (Mateus 11.29).
– Por esse ângulo, entendemos que a humildade é uma virtude que pode ser aprendida! Como Jesus ensinava o conceito de humildade? Pelas parábolas, fazendo comparações e, sobretudo pelo exemplo de vida. No lava-pés, por exemplo, Ele ensina lições de humildade e serviço voluntário ao próximo (veja João 13.15), na experiência de Pedro com a peneira do Diabo (Lucas 22.31 -34) Ele revela uma das maneiras que Deus usa (permite lutas; Romanos 5.3,4) para nos livrar das “sujeiras” morais do caráter, como a que Pedro manifestou (autoconfiança, presunção, soberba) antes de trair Jesus Cristo.
– Como entender a expressão “humildes de espírito?” Observe, o original, ptochoi topneumati, a tradução deptochós literalmente é pedinte, pobre, miserável, impotente; já a palavrapneuma significa espírito e está em foco o espírito como a parte da personalidade humana ou representativa da vida interior, ou ainda a pessoa em si. Ser pobre de espírito é o mesmo que carente, necessitado, dependente da graça e da misericórdia de Deus. Não está em vista a pobreza material nem a mental (por exemplo: ignorante, analfabeto, ou tolo como os dez espias – Números 13.28-33), mas a espiritual.
– Se somos humildes isso se manifesta em nosso relacionamento com o próximo: “Nada façais por partidarismo ou vangloria, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3; grifos do autor); e principalmente com Deus: “O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, sê propicio a mim, pecador!” (Lc 18.13).
– Quem se considera auto-suficiente ou independente de Deus é orgulhoso e dificilmente receberá algo Dele. Por outro lado, é feliz quem se considera “um ninguém”, um “zero à esquerda”, completamente vazio e falido espiritualmente, sem nada, arrasado e alquebrado diante da grandeza de Deus. Apenas o pobre de espírito percebe o quão distante está do padrão de excelência de
caráter ou imagem moral que Deus em Cristo deseja formar nele (veja Filipenses 2.12).
– Deus somente pode agir em e para nós quando reconhecermos nossa pequenez ou insignificância, semelhante a uma criança que depende de sua mãe para tudo (veja Mateus 18.4). Deus nos enche do Seu Espírito, se estivermos vazios de nós mesmos (ego), pois só assim Ele poderá operar livremente por meio de nós. Veja o belo exemplo de humildade apresentado por Abraão em Gênesis 18.27.
– Paulo escreveu aos filipenses que é Deus quem coloca em nós tanto o querer quanto o realizar (2.13). Com isto em mente, devemos reconhecer que não há em nós condição nem motivação alguma para fazer qualquer bem ou poder para obedecer à Palavra sem a preciosa assistência de Deus. Na visão paulina, Deus só pode usar pessoas que reconhecem que não são, não sabem, e não têm nada humanamente falando que os recomende para o ministério (veja I Coríntios 1.28).
II – “…PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS”.
– Mais uma vez, fica claro aqui que o céu é dos humildes! Em que aspecto o céu ou o Reino de Deus é dos símplices? Ao que tudo indica, o principal aspecto é no acesso facilitado a todos os benefícios da nova aliança conquistados por Cristo na cruz (veja Efésios 1.3; Hebreus 10.1), pois está escrito que Deus concede a Sua graça (abre as portas) aos humildes, mas resiste ou coloca impedimento aos soberbos (lPedro 5.5; Ezequiel 21.25).
– O Reino dos céus é dos humildes ou dos humilhados, porque eles esperam Deus agir em seu favor. Está escrito que quem se humilha será exaltado (veja Lucas 14.11; 18.14), ou seja, quem faz de Deus o seu “vingador” (I Tessalonicenses 4.6) entrega em suas mãos os agravos e injustiças sofridos (Salmo 37.5; I Coríntios 6.7) e no tempo ou ocasião oportuno Ele age, fazendo a devida reparação e restabelecendo nosso direito (por exemplo: José do Egito).
– Jesus declara em Mateus 11.25 que aos humildes (pequeninos), Deus revela as Suas maravilhosas verdades (veja Mateus 16.17), exatamente porque estão abertos, acessíveis, receptivos ou desimpedidos de preconceitos ou barreiras intelectuais, diferente dos “sábios e instruídos” (naturalmente soberbos por seu conhecimento) que confiam somente na sabedoria mundana.
– Provérbios de Salomão destaca a recompensa da humildade: “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra” (29.23); “O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra” (15.33). Isto coloca em destaque que as coisas altas ou honrosas têm início nas bases da simplicidade, submissão, mansidão e humildade.
Todo cristão renascido é um peregrino na terra e a sua jornada em direção à cidade celestial é um permanente aprendizado. Na verdade, enquanto estivermos aqui, Deus estará construindo o caráter de Cristo em nós (veja 2Coríntios 3.18) e um aspecto da elegância de Jesus que é a sua humildade. Quanto mais cheios do Espírito Santo, tanto mais humildes seremos (Efésios 5.18; Gálatas 5.22). No céu não entra soberbo, arrogante ou semelhante a estes. Podemos afirmar que assim que uma pessoa se converte, ela será “humilhada” quantas vezes for necessário (Atos 9.16), até aprender a ser humilde aos olhos de Deus (Romanos 12.16). A natureza humana ou o velho homem não gosta de ser humilhado.
Fonte: https://josiasmoura.wordpress.com/