Estudo para a EBD. Tema: A oração de Agur

A oração de Agur

Provérbios 30.7-9

 

INTRODUÇÃO

A oração de Agur (nome que significa Colhedor, do hebraico) como várias outras da Bíblia, possui muita sabedoria e traz consigo princípios espirituais que podem ser aplicados em qualquer tempo. Orar com sabedoria é privilégio de poucos, pois orações sábias envolvem muito conhecimento bíblico – que é imprescindível para não se orar fora da vontade de Deus (veja 1 João 5.14) – e experiência de vida cristã. Esta última somente se adquire com o tempo e por meio de absoluta dependência e ou intimidade com o Espírito de Deus (Romanos 8.26).

PROPOSIÇÃO: Sabedoria para orar é um dos bens mais preciosos que Deus deseja nos dar.

 

I     – “DUAS COUSAS TE PEÇO; NÃO MAS NEGUE…”.

-Agur dirige sua oração a Deus (v. 1), com o objetivo de conseguir duas coisas, uma de ordem moral: vida pautada pela verdade; e outra de ordem material: o suprimento de suas necessidades imediatas. Ã primeira é decisiva, pois dela depende a segunda (por exemplo: não roubar ou enganar os outros para conseguir a subsistência material de que precisamos; veja Provérbios 20.17).

       Tiago declara em seu livro que: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes…” (1.17); isto significa dizer, que em Deus reside o poder e a disposição para atender a qualquer necessidade ou desejo legítimo que viermos apresentar (veja Salmo 37.4). Deus quer nos atender, mas devemos exercer fé em suas promessas quando lhe pedimos alguma coisa (Marcos 11.24).

       Quando oramos ao Pai em busca de algo para nós ou para outrem, nem sempre obtemos respostas positivas e imediatas. A Bíblia está repleta de exemplos que comprovam isso. Para o pedido de Paulo, o Senhor respondeu: “A minha graça te basta” (2Co 12.8,9), o que equivale a um não. Para o cego Bartimeu, Jesus perguntou: “Que queres que te faça?” (Mc 10.51); já no caso do Elias – quando confrontava os profetas de Baal – a resposta foi imediata: “Responde- me, Senhor (…). Então, caiu fogo do Senhor…” (lRs 18.37,38). Em todos os casos, o conselho de Jesus – parafraseado na parábola do amigo importuno – é para insistirmos até receber (veja Lucas 11.5-8).

-Agur enfatiza o seu pedido com um solene apelo: “não mas negue, antes que eu morra”. Para ele, era imprescindível obter de Deus um caráter ilibado, pois isso lhe daria respeito e credibilidade na comunidade, na verdade lhe abriría as portas para o trabalho, e por conseguinte para a fonte do seu sustento.

 

II     – “…AFASTA DE MIM A FALSIDADE E A MENTIRA”.

       Esse pedido de Agur reflete, na verdade, o seu desejo de apropriar-se da sabedoria que vem de Deus. Quem deseja dessa sabedoria, precisa em um primeiro momento temer a Deus (veja Provérbios 1.7), em seguida pedir a Ele com fé (Tiago 1.5,6), num terceiro momento deve estudar a Bíblia de modo prático (Hebreus 5.14) e finalmente procurar manter uma vida que agrada ao Senhor, pois está escrito: “Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos” (Pv 2.6,7). Como agradamos a Deus? Obedecendo a sua Palavra! (Tiago4.7; Deuteronômio 28.1,2; Miquéias 6.68).

       Agur não queria ser falso nem mentiroso. Mas, de forma geral, falsidade e mentira são palavras sinônimas. A pessoa falsa dissimula
ou esconde a verdade objetivando enganar, e a mentirosa nega ou apresenta uma versão errada da verdade por motivo semelhante ou não. Falar a verdade é dever do cristão professo, e como já foi dito por alguém “a vantagem de falar a verdade é que você não precisa ficar lembrando o que disse ontem” (“Pão Diário”; 2003; 18 de outubro).

-A palavra falsidade no hebraico é shãw e também significa vacuidade, vazio, mentira, ou o contrário exato de fidelidade. Deus é da verdade e não tolera a mentira (Satanás é o “pai da mentira” – Jo 8.44). Agur não queria viver de modo contrário à Lei de Deus (veja Salmo 119.29,30) nem ser hipócrita na sua maneira de servir a Deus (Lucas 12.1). A mentira é um hábito na vida de pessoas que não temem a Deus, na verdade elas não encaram a mentira como deficiência de caráter, mas como uma ferramenta necessária para se livrar de situações difíceis e embaraçosas, mas em todos os casos sempre haverá um preço a ser pago pelo exercício da inverdade (IReis 13.15-24).

 

III     – “…NÃO ME DÊS NEM A POBREZA NEM A RIQUEZA”.

       Parte da oração de Agur tem razoável semelhança com o Pai Nosso, e apenas a ordem está invertida; veja: “…o pão nosso de cada dia dá-nos hoje (…) e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” (Mt 6.11,13). Jacó fez um voto ao Senhor onde há semelhante necessidade: “Se Deus for comigo, e me guardar (…), e me der pão para comer e roupa que me vista” (Gn 28.20). Jacó foi atendido no seu voto (veja Gênesis 30.27) e segundo Jesus, Deus também deseja atender às nossas necessidades (Mateus 6.26).

       Existem leis ou mandamentos divinos que se obedecidos nos garantem abundante e permanente suprimento; veja: “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra” (Is 1.19); outro exemplo: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me… se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar bênção sem medida” (Ml 3.10).

       Sempre foi preocupação do homem a manutenção de provisões (veja Gênesis 3.17-19), e isso na verdade é uma maldição que Deus lançou sobre Adão (e sua descendência) em razão da desobediência ao Seu veto (Gênesis 2.17). Em Cristo, estamos livres dessa maldição (Romanos 5.15,19), desde que lhe prestemos verdadeira obediência (Salmo 127.2 cf. João 13.24).

       Literalmente o pedido de Agur é: “dá-me o pão da minha porção acostumada”. Na verdade, ele não queria nem a riqueza porque ela podería produzir ingratidão e a não dependência de Deus (veja Deuteronômio 8.10-18) e prejudicar seriamente a sua comunhão com Deus – e em muitos casos a riqueza se revela um verdadeiro laço de destruição (I Timóteo 6.9) – nem a pobreza porque podería levá-lo ao desespero e o que é pior, à vida de crime e dessa forma, desonrar o nome de Deus.

       Notamos que a preocupação de Agur era estritamente de caráter espiritual. Nosso testemunho de vida pode glorificar ou desonrar a Deus (veja Mateus 5.16; Lucas 17.1,2). Ademais, o sábio afirma: “Suave é ao homem o pão ganho por fraude, mas, depois a sua boca se encherá de pedrinhas de areia” (Pv 20.17).

 

CONCLUSÃO

 

Paulo tinha aprendido a viver contente com o que tinha (veja Filipenses 4.11,12) e aconselhava os cristãos a fazer o mesmo: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (lTm 6.8). Agur pediu a Deus o básico com fartura para viver com dignidade. A oração de Agur pode e deve ser a oração de cada um de nós que desejamos viver uma vida correta e bem-sucedida. O que nos leva a buscar riquezas de modo obsessivo? Consumismo, materialismo, ativismo etc., muito presente entre as pessoas que não amam a Deus (Romanos 12.2). A oração de Agur está impregnada de humildade e de reconhecimento das limitações humanas, pois ele sabia que sem Deus poderia praticar tudo aquilo que sabia ser errado (por exemplo: mentir, roubar etc.). Dependemos de Deus para lhe ser fiel, para estar livre de encrencas (produzidas pela mentira) e finalmente para sermos supridos do “pão de cada dia”.

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