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HERÓIS DA FÉ INCÓGNITOS
Texto da lição: Lucas 6:15-16; Hebreus 11:32-40
Leitura devocional: Cooperadores no ministério – Romanos 16:1-16
Texto áureo: “Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.” (Isaías 1:19)
INTRODUÇÃO: Conta-se que certo missionário estava de regresso ao seu país de origem, após muitos anos de labuta tentando ganhar almas para Cristo em África. À medida que o navio se aproximava do cais, ele reparou que havia uma banda musical tocando melodias alegres e muita gente esperando alguém que chegava. Cedo se apercebeu que o grupo não estava ali para o saudar, mas para dar as boas vindas a um líder político famoso que se tinha deslocado a África para participar num importante safari.
Refletindo naquela circunstância, o missionário, sussurrou uma breve oração: “Senhor, investi praticamente toda a minha vida lá longe ao Teu serviço e, hoje, não tenho aqui ninguém à minha espera, enquanto este homem, que não fez mais do que divertir-se participando numa alegre caçada, tem toda esta gente a esperá-lo em ambiente de tamanha festa…”
Passaram uns momentos e logo uma voz serena pareceu segredar-lhe ao ouvido: ”Meu filho e missionário muito amado, na verdade tu ainda não estás chegando ao teu verdadeiro País; para ti, o dia das boas vindas e da alegria irreprimível será quando Eu te chamar à Minha presença.”
Há bem poucas manifestações de reconhecimento para com os inúmeros homens e mulheres de Deus que trabalham fielmente servindo ao Senhor por todo o mundo. Mas eles não trabalham, prioritariamente, para receber louvores humanos; o objetivo último de um obreiro do Senhor é agradar Àquele que morreu por ele na cruz e dar continuidade à Sua obra.
Uma das razões pela qual há tanta falta de apreço é que poucas pessoas estão em condições de avaliar os resultados de tão nobre esforço. Tem sido assim desde o tempo de Jesus. Entre os doze apóstolos, há três homens sobre os quais sabemos muito pouco para além dos seus nomes. Obscuras mas frutuosas, as vidas destes servos de Deus mostram-nos que o objetivo último do nosso testemunho cristão deve ser a obediência e a gratidão ao Senhor e não a conquista de louvores humanos.
I – DESCONHECIDOS, MAS ESCOLHIDOS (6:13-16)
Quando nos referimos a apóstolos desconhecidos, talvez você, caro leitor, tenha pensado em Mateus ou Tomé, por exemplo. Mas que dizer de “Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; e Judas, irmão de Tiago”? Na verdade, a escolha destes homens, feita por Jesus, foi tão real quanto a dos outros, que ficaram a ser muito mais conhecidos. Mesmo não tendo eles granjeado significativa honra humana, o Senhor sabia, quando os chamou, que iriam ser instrumentos preciosos na prestação do serviço que deles se esperava. Jesus escolheu-os para ficarem com Ele e, após a ressurreição, O representarem no mundo ao redor, por onde quer que fossem.
Hoje em dia, poderíamos pensar na televisão, em escrever um livro ou gravar um DVD como os meios mais adequados para disseminar a mensagem do evangelho. Mas Jesus preferiu o método de gravar a Sua mensagem nos corações de doze homens que Ele escolheu para serem apóstolos. Dessa forma, as suas vidas tornaram-se em autênticos livros abertos, disponíveis para serem lidos em todos os lugares por onde eles passaram.
II – DESCONHECIDOS, AINDA QUE APÓSTOLOS
Tiago, o filho de Alfeu, é referido como “o menor” em Marcos 15:40. A expressão, no original grego, tem o sentido de “pequeno”. Tiago pode ter sido um homem pequeno, mas o significado mais provável é que ele seria mais novo do que o outro Tiago, irmão de João e também apóstolo (cf. lição 4). A Bíblia não faz grande referência ao que Tiago fez ou disse durante o seu ministério. Fica-nos a impressão de que ele teria preferido um “segundo plano”, embora notemos que sua mãe deve ter sido uma dedicada seguidora de Jesus, pois o nome dela é referido entre os nomes de algumas mulheres que permaneceram junto à cruz, durante a crucificação do Senhor (Marcos 15:40).
Simão, é descrito como um “Zelote” – membro de um partido político que não reconhecia a autoridade de Roma – (Lucas 6:15). Parece um pouco estranho que Jesus tenha chamado um “Zelote” para o colocar, lado a lado, com Mateus, que tinha uma ideologia política completamente diferente. De facto, em circunstâncias normais seria impossível o convívio entre ambos, pois os “zelotes” consideravam “traidores” os cobradores de impostos – caso de Mateus. Simão era um nacionalista convicto e, se não fosse a influência de Jesus, não teria, decerto, hesitado em usar a violência física contra Mateus. Só a presença de Jesus Cristo pôde unir esses dois homens ao redor de uma causa comum, levando-os a trabalharem juntos e em plena harmonia ao serviço do Rei dos reis.
Judas é referido como “o irmão de Tiago” e nota-se o cuidado em o distinguir de Judas Iscariotes. Em outras passagens, Judas é também referido como “Tadeu” (Mateus 10:3).
Em certa ocasião, Judas perguntou a Jesus: “Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?” Em resposta a essa pergunta, o Senhor fez uma promessa de grande conforto para todos os crentes, qualquer que seja a posição que ocupam na “seara” do Mestre: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (João 14:22-23). O mais importante para os discípulos de Jesus não é a eventual glória humana, mas o quanto eles amam o Mestre e obedecem à Sua Palavra. Porque amam, obedecem; e, porque obedecem, sentem-se amados por Jesus.
III – DESCONHECIDOS, MAS FIÉIS (Hb 11:32-40)
O versículo 32 enumera alguns conhecidos heróis da fé (tal como os anteriores versos neste capítulo). Depois, o escritor refere inúmeros “profetas” e, versículo a versículo vai apresentando as realizações de outros grandes servos de Deus desconhecidos que se evidenciaram na Obra do Senhor. Apesar de esquecidos na poeira do tempo, “todos eles obtiveram bom testemunho por sua fé”. “Crer e observar”, como diz um dos nossos hinos, eis o que realmente conta para os crentes. Não a fama ou a glória humana.
Tal como os heróis da fé desta impressionante lista obtiveram o bom testemunho, assim também aconteceu com os apóstolos menos conhecidos e com todos os heróis da fé cristã incógnitos ao longo da História. Há uma tradição que diz que o único dos apóstolos que morreu de morte natural foi João. Se assim aconteceu, também os três nomes menos conhecidos e que considerámos nesta lição selaram, com o seu sangue, a sua lealdade a Cristo.
IV – DESCONHECIDOS, MAS RECOMPENSADOS
Tal como os incógnitos heróis do tempo passado, também hoje há inúmeros crentes, homens e mulheres de Deus que, praticamente no anonimato, servem, dedicada e sacrificialmente, ao Senhor. Alguns, inclusive, deixando de parte belos sonhos e projetos humanos que qualquer mortal anseia e tem direito de realizar ao longo da vida. Mas, nada do que fazemos para Deus é em vão.
O dia das recompensas vai chegar. Qualquer que seja a tarefa que o Senhor entregou à nossa responsabilidade, importa que sejamos fiéis até ao fim. E a recompensa eterna não depende da eventual glória humana que nos for atribuída aqui e agora. Avancemos, pois, corajosamente, irmãos e irmãs, porque “Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o Seu nome mostrastes…” (Hebreus 6:10). Amém!