▶ Clique nos tópicos deste índice para navegar pelo texto
ToggleLição 04. Exigências para aqueles que aspiram à liderança
Textos para leitura: I Timóteo 3.1-16; I Timóteo 3.1; Tt. 1.4-16
O texto básico começa dizendo que “Fiel é apalavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja” (v.l ARA); “… nobre junção” (NVI). Aspiração é o desejo profUndo de atingir uma meta, um sonho, um desígnio. Não devemos desestimular nem reprimir tal desejo. Por outro lado, precisa ficar bem claro que o episcopado não é somente um título, mas uma “excelente obra ”ou “nobre junção”. Não se almeja o título, e sim o desejo de servir a Deus e à igreja.
A palavra “episcopado”, segundo o Dr. Phil Newton, foi usada pelos gregos para definir um ofício que tinha funções de superintendência, quer no âmbito político, quer no religioso. Essa palavra tem o sentido de “olhar sobre”, “supervisionar”. O episcopado é a função desempenhada pelo bispo. As palavras “bispo” e “presbítero” possuem o mesmo significado (Tt 1.5-7). Podemos associar a elas a palavra “pastor” que também aparece na Bíblia com o mesmo sentido (At 20.28; l Pe 2.25; 5.1-3).
Não basta apenas aspirar à liderança, a Bíblia nos apresenta um padrão, e o apóstolo Paulo nos traz uma lista de qualificações para aqueles que desejam servir como presbíteros ou diáconos. O verso 2 começa com a expressão “É necessário, pois Paulo não está apenas dando algumas dicas de como os líderes devem ser, ele está estabelecendo um padrão. Existem condições impostas àqueles que aspiram à liderança espiritual.
I. O líder deve ter caráter aprovado (ITm 3.2-3,8-10)
O vocábulo “caráter” significa: conjunto de tendências, disposições morais, integridade. Isso quer dizer que o líder deve ser íntegro, possuir as leis de Deus impressas no coração e imprimir ou cunhar o caráter de Jesus em seus liderados.
Ao examinar as Escrituras, percebemos que elas dão mais ênfase na pessoa do líder do que naquilo que ele faz. Para o apóstolo Paulo, ser é mais importante do que fazer. A primeira condição inegociável para aspirar a liderança é: CARATER APROVADO. Os líderes devem ser irrepreensíveis (v.2,10). “Não deve ser estigmatizado por nenhuma infâmia que leve sua autoridade ao descrédito” (Calvino). Deve ser alguém com caráter aprovado por Deus, que não causa escândalos na igreja nem fora dela. Ser irrepreensível é andar com Deus e influenciar a outros com seu caráter.
- O presbítero precisa ser (v.2-3). ‘‘Esposo de uma só mulher” (v.2) – vida familiar exemplar – fiel à sua esposa; “moderado, sensato’ (v.2), ou seja, controlado, que freia os próprios desejos e impulsos.
- “Modesto” (v.2) – bem organizado, conveniente.
- “Hospitaleiro” (v.2) – generoso, que trata bem as pessoas, principalmente as visitas.
- “Apto para ensinar’ (v.2) – Paulo está recomendando alguém que ama a Palavra e estuda a Palavra visando edificar o povo; habilidoso no ensino.
- “Não dado ao vinho” (v.3) – não descontrolado, que bebe em excesso.
- ‘‘Nem violento, porém cordial, inimigo de conflitos” (v.3) – não briguento, mas íntegro, suave, gentil, pacífico e pacificador.
- ‘‘Não avarento’’ (v.3) – não amante do dinheiro, dos lucros; alguém que ama mais as pessoas do que bens e coisas.
- O diácono precisa ser (v.8-10,12). A palavra ‘‘do mesmo modo”, que aparece no versículo 8, nos revela que o ofício do diaconato não é menos digno do que o de presbítero. As exigências são praticamente as mesmas, apenas a função entre eles que é diferente.
- “Sejam respeitáveis” – dignos de respeito, sérios e honestos.
- “De uma só palavra” – não diz uma coisa aqui e outra ali, imparcial.
- “Não inclinados a muito vinho” – não seja viciado nem tenha a mente voltada para a bebida.
- “Não gananciosos” – não pode ser avarento, mas digno de confiança para lidar com as ofertas e o dinheiro da igreja.
- “Marido de uma só mulher” (v. 12) – que tenha uma vida familiar irrepreensível.
- “Conservando o mistério da fé com a consciência limpa” (v.9) – vida de pureza e de santidade.
II. O líder deve ter boa reputação (1Tm3.2,7-8)
Enquanto eu escrevia esta lição, li uma frase que circulou nas redes sociais dizendo: “Caráter é fazer o certo, mesmo que ninguém esteja olhando”. Concordo com essa afirmação, porque o caráter fala da essência da pessoa, define o “SER”. Mas o caráter deve ser refletido na conduta. O caráter está relacionado com o que eu sou, e a conduta, com o meu modo de viver. Jó era “homem íntegro”, esse era o seu caráter. Mas o texto ainda diz que ele “se desviava do mal”. Essa atitude prática revela como era a sua conduta (Jó 1.1). Caráter trata da minha relação com Deus e comigo mesmo. Conduta, boa fama, reputação dizem respeito à minha relação com os outros. O versículo 2 diz que o presbítero deve ser “irrepreensível”, e o versículo 7 diz que ele deve ter “bom testemunho dos de fora”. O versículo 8 diz que os diáconos devem ser “respeitáveis”, ou seja, alguém que as pessoas possam olhar com respeito. Esse é o padrão.
III. O líder deve ter maturidade (ITm 3.7,10)
A maturidade é também uma exigência para ser líder na igreja. Quem almeja a liderança precisa ter maturidade para conduzir segura e equilibradamente a congregação. Por isso, a orientação de Paulo é que o presbítero não seja “neófito”, isto é, novo na fé (v.7), e que o diácono seja “experimentado”, isto é, testado e experiente (v.10). O líder precisa ser avaliado quanto à convicção de fé, quanto ao caráter e aos dons. O neófito e inexperiente corre risco pessoal de se ensoberbecer, e a igreja pode sofrer as consequências.
A experiência não está necessariamente vinculada à idade, pois Timóteo era jovem (l Tm 4.12), nem por isso deveria ser desprezado. A recomendação está vinculada à vida cristã testada e às virtudes cristãs vividas e praticadas. Essa passagem não isenta os irmãos “mais velhos de fé” do exame, pois anos de igreja nem sempre são reflexo de maturidade. Um cristão veterano não é naturalmente alguém maduro. O líder deve ser coerente biblicamente, íntegro no caráter, tanto na igreja quanto em sua vida na sociedade, contando sempre com o “bom testemunho dos de fora” (v.7).
IV. 0 líder deve ter capacidade para liderar (1Tm3.4,12)
Liderança é uma necessidade para a vida de qualquer grupo ou organização. A igreja de Jesus carece de uma liderança com características que vão além das comuns a outros líderes, ou seja, vida espiritual autêntica e bom testemunho na sociedade. A saúde de uma igreja começa com uma liderança saudável. Por isso, a escolha e a eleição de presbíteros e diáconos devem ser realizadas com muita responsabilidade diante de Deus. Tudo deve ser feito com oração e de acordo com os critérios ordenados pela Bíblia.
A visão dos bispos é mais ampla do que a de um cristão comum: ele deve superintender! O cargo de bispo é uma obra (3.1): “bispo” não é mero título de honra, mas uma obra de muita responsabilidade espiritual (note as fortes advertências de Paulo em At 20.28-32). Essa obra deve ser feita somente por homens preparados e qualificados pela palavra de Deus! Quem vai supervisionar, olhar sobre, liderar, precisa ter sido aprovado na liderança da própria casa. Por isso, entre as características apontadas por Paulo, algumas se relacionam com a família.
Destacamos as expressões dos versículos 4 e 12:
- Referindo-se aos presbíteros. “… e que governe bem apropria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo 0 respeito” (v.4).
- Referindo-se aos diáconos. “… seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e apropria casa” (v.12). Governar bem a casa, liderar bem a família é o maior e melhor teste para quem aspira liderar a igreja do Senhor Jesus. Quem aspira à liderança precisa ter sido aprovado na liderança da própria família. O versículo 5 é enfático: “Se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus ?”
V. O líder deve conhecer a natureza da igreja (ITm 3.14-16)
Paulo usa três expressões para descrever a igreja nesta conclusão do texto sobre a liderança:
- Casa de Deus (v.15);
- Igreja do Deus vivo (v. 15 );
- Coluna e fundamento da verdade (v.15).
Conclusão
O verdadeiro líder cristão, antes de pensar em preencher todos os requisitos, precisa andar com Deus, buscar os recursos de Deus, caminhar em total dependência de Deus, porque Nele as necessidades são supridas, somos capacitados e motivados a servir como presbítero, diácono, ou em qualquer outra área que Deus nos colocar. O padrão elevado só pode ser atingido quando estamos com Deus e dependemos Dele.