Estudo para Encontro de homens, mulheres e jovens. Tema: As dimensões da vontade de Deus

As dimensões da vontade de Deus

Romanos 12.2

 

INTRODUÇÃO

A soberania de Deus é inquestionável, Ele, como Criador e mantenedor do Universo, tem direito absoluto sobre a sua criação. Na parábola do oleiro, por exemplo, descrita no livro de Jeremias (18.1-6) isso fica bem claro, pois nela Deus declara que somos como o barro nas mãos do oleiro. O barro ou o vaso semipronto pode contra-argumentar com aquele que lhe dá formato? Na realidade, o oleiro faz o trabalho segundo melhor lhe parecer. Em razão disso, Deus pode impor a Sua vontade sobre as suas criaturas, entretanto, esse não é o Seu método de trabalho. Ele quer ser obedecido, mas de forma voluntária e amorosa, e isso somente acontecerá na vida daqueles filhos que reconhecem o que Ele é e tudo o que tem feito em suas vidas (veja Mateus 6.33).

PROPOSIÇÃO: Vivemos no centro da vontade de Deus quando obedecemos integralmente à Sua Palavra.

 

I     – “…PARA QUE EXPERIMENTEIS QUAL SEJA ABOA(…) VONTADE DE DEUS” (GRIFO DO AUTOR).

       Segundo o apóstolo Paulo, o crente precisa cumprir três etapas na vida cristã para poder conhecer a plenitude da vontade de Deus: apresentar-se ao Senhor em um culto racional, não se conformar com o modelo de conduta do mundo e buscar uma constante renovação – pela Palavra – da sua maneira de pensar e agir, e essa última equivale a crescer “na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18).

       Essa “vontade nivelada” ou escalonada de Deus pode até certo ponto ser experimentada pelo cristão fiel, na verdade é Deus quem o capacita a cumprir Sua própria vontade (veja Filipenses 2.13).

       O verbo experimentar empregado por Paulo (dokimázo) tem o sentido de provar por meio de testes, examinar ou testar a realidade de e também pode significar discernir. Escrevendo aos Efésios (5.16,17), Paulo afirma que a insensatez, ou o viver de maneira néscia (que nos leva a desperdiçar o tempo e as oportunidades que o Senhor nos dá), nos impede de compreender ou discernir qual é a vontade de Deus para a nossa vida em determinado assunto ou coisa.

       Provavelmente essa “boa” (agathori) vontade de Deus para conosco tem a ver com a sua vontade permissiva, tolerante, do livre-arbítrio (veja Tiago 4.15), condicional (no crente), limitada àquilo que conhecemos sobre Ele. Notamos que ela é boa e não ótima ou ideal, e isso ensina que precisamos nos superar ou nos empenhar com mais diligência no que fazemos para Deus e Sua obra (Hebreus 5.13,14). As vezes, fazemos algo para o Reino de Deus que à nossa vista é bom, entretanto, esse grau de bondade deve ser avaliado não por nós mesmos, mas pelos outros e em última instância pelo próprio Deus (Romanos 12.16c; 14.17).

       Neste ponto, o cristão consciente reconhece que está falhando em cumprir algum detalhe da vontade revelada de Deus. A obra do Senhor foi feita, mas algo ainda podería ser melhorado. É aqui que se encaixa o servo inútil (veja Lucas 17.10), ou aquele que fez somente o que lhe foi mandado, e não teve iniciativa nem criatividade para inovar ou para arrancar do Senhor um “muito bem, servo bom e fiel” (Mt 25.21).

 

II     – “QUAL SEJA A (…) AGRADÁVEL(…) VONTADE DE DEUS”(GRIFO DO AUTOR).

        Chama-nos a atenção essa segunda palavra, pois de certa forma ela assume uma posição mediana, intermediária da vontade de Deus, uma vez que a “boa” e a “perfeita” são os extremos. A vontade “agradável” (euareston) de Deus deve ser o nosso alvo permanente.

         Estamos diante da vontade revelada na Palavra e cumprida dentro do propósito certo. É aquela vontade que surge como orientação específica do Espírito Santo, e se a seguirmos ou obedecermos seremos vitoriosos (veja João 3.8). Cristo é o nosso modelo quando se trata de agradarmos a Deus.

        No AT, os sacrifícios que os sacerdotes ofereciam a Deus eram de “aroma agradável” (veja Êxodo 29.18), do mesmo modo, uma vida que se consagra ou sacrifica ao Reino de Deus também Lhe é agradável; exatamente como fez Cristo a cada um de nós (Efésios 5.2). O “fogo de Deus” sempre cai sobre aqueles sacrifícios que O agradam (IReis 18.38).

-Agradamos a Deus no que fazemos quando colocamos o coração ou nos dedicamos de corpo e alma em cumprir aquilo pelo qual Ele nos chamou ou entregou em nossas mãos (veja Hebreus 13.21). O contrário disso Ele amaldiçoa (Jeremias 48.10). Por meio da força do Espírito Santo, podemos cumprir a agradável vontade do Pai (Romanos 8.26; João 14.12).

        Quem cumpre a “agradável” vontade de Deus está disposto a ir até as últimas conseqüências, como o fizeram os três hebreus diante de Nabucodonosor (veja Daniel 3.18) e também o missionário Paulo: “…nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus…” (At 20.24). Está claro aqui que, na agradável vontade de Deus, o crente se entrega completamente e sem reservas ao Senhor.

        Segundo Paulo, fazemos algo agradável diante de Deus quando praticamos a fé de modo explícito, por exemplo, cuidando dos nossos pais, cônjuges e filhos com dedicação: “…filhos ou netos, que estes aprendam primeiramente a colocar a sua religião em prática, cuidando de sua própria família e retribuindo o bem recebido de seus pais e avós, pois isso agrada a Deus” (1 Tm 5.4; NVI).

 

III     – “QUAL SEJA A (…) PERFEITAVONTADE DE DEUS” (GRIFO DO AUTOR).

        A palavra “perfeita” (teleion) empregada pelo apóstolo Paulo tem o sentido de algo que chegou ao fim ou ao propósito esperado, está completo, perfeito (veja Filipenses 3.12). Estamos diante da vontade absoluta e inegociável de Deus.

        A despeito da rigorosidade da Lei, Jesus Cristo declarou que veio para cumpri-la e não revogá- la (veja Mateus 5.17), entretanto foi no Calvário que Cristo satisfez plena e perfeitamente a vontade de Deus (João 5.30).

        Essa dimensão da vontade de Deus está acima da capacidade ou de qualquer esforço humano. Há muita coisa em nossa natureza que precisa ser arrancada de nós – pela renovação da mente -pois justamente são elas que nos atrapalham no cumprimento da perfeita vontade de Deus. Por exemplo, a forma de pensar, julgar, falar, agir que normalmente manifestamos diverge do padrão absoluto de moralidade de Deus; ainda há muito do velho homem em cada um de nós como: orgulho, vaidade ou vangloria pessoal, arrogância, mesquinhez, avareza, desobediência etc.

– Apesar de toda a limitação que naturalmente temos – enquanto habitamos neste frágil tabemáculo terrestre -, deve ser nossa busca constante o aperfeiçoamento da obediência, pois a vontade de Deus é a nossa santificação (veja ITessalonicenses 4.3). Além disso, Jesus Cristo nos ordenou: “Portanto, sede vós perfeitos (teleioi) como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48). O padrão moral de Deus deve ser sempre o nosso objetivo.

 

CONCLUSÃO
 

Na vontade de Deus reside a nossa felicidade. Precisamos vivê-la intensamente com a preciosa ajuda do Espírito Santo (veja Romanos 8.26). João ensina em sua primeira epístola que qualquer pedido que fizermos a Deus pode ser atendido, desde que esteja estritamente alinhado com a Sua soberana vontade (lJoão 5.14). No início da nossa fé, aprendemos a cumprir a “boa” vontade de Deus (Hebreus 5.11-14). Na continuação da vida cristã e por meio da santificação passamos a compreender e a obedecer a vontade “agradável” do Pai. Finalmente, vivendo na plenitude do Espírito, o crente segue passo a passo, de glória em glória, buscando alcançar essa “perfeita” vontade de Deus.

Rolar para cima