JESUS E OS RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS
Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo.
Efésios 4:32
INTRODUÇÃO
As relações interpessoais no ministério do Senhor é um dos temas que merecem uma atenção especial, pelo menos por duas razões: a primeira diz respeito às dificuldades muito comuns que as pessoas encontram para criarem, desenvolverem e manterem relacionamentos saudáveis e significativos. A segunda pode ser justificada por uma tendência adotada por alguns cristãos de se privarem do relacionamento com pessoas fora da comunidade cristã, sob o pretexto de que não podemos ter comunhão com aqueles que não são cristãos ou que professam outra religião. Esta meditação tem por finalidade abordar o relacionamento interpessoal tomando como base a vida do Senhor Jesus, o qual foi um modelo na maneira como lidava com as pessoas de todos os tipos e nas mais diferentes situações.
Em sua missão Jesus enfatizou o amor de Deus pelo homem perdido. E a prática deste amor se dá por meio dos relacionamentos. Por esta razão o Verbo Eterno assumiu a forma humana através de sua encarnação, e habitou entre nós (Jo. 1:14). Em Jesus estão presentes alguns princípios que nos ajudam a estabelecer relacionamentos verdadeiros. Além do amor podemos destacar a empatia e a acessibilidade.
EMPATIA
Empatia é um termo que significa a habilidade psicológica que possibilita uma pessoa a compreender os sentimentos e as emoções experimentados por outro indivíduo. É a capacidade de sentir o que o outro sentiria, caso estivesse vivenciando a mesma situação. Esta palavra não aparece na bíblia. No entanto, encontramos o termo compaixão que tem significado semelhante “sofrer com”. Os evangelhos demonstram abundantemente esta virtude na pessoa do Senhor. Ao deparar-se com o enterro do filho da viúva Ele “moveu-se de íntima compaixão” (Lc. 7:11-15); ao sentir a dor de um pai em aflição com o filho à beira da morte o Senhor declarou: “vai, teu filho vive” (Jo. 4:50). O autor aos Hebreus lembrou aos seus leitores que Jesus, como nosso Sumo Sacerdote celestial, “compadece-se das nossas fraquezas” ou “não é insensível à nossa fraqueza” ( Hb. 4:15).
SER ACESSÍVEL
Embora fosse um líder profundamente ocupado com a missão do Reino de Deus como vemos em toda a sua história, Jesus sempre se mostrou acessível. Qualquer indivíduo, indistintamente, podia se achegar à sua presença e desfrutar de momentos de conversação com Jesus: a mulher samaritana (Jo. 4), Zaqueu, o publicano (Lc. 19:1-10), crianças conduzidas à sua presença (Mt. 19:13); uma mulher siro fenícia (Mt. 15:21-28), Nicodemos, o líder religioso (Jo. 3:1-21), a mulher com o fluxo de sangue (Lc. 8:44), são alguns exemplos de como o Senhor, em suas relações sociais, mantinha as pontes de acesso à sua pessoa.
POR QUE É MAIS DIFÍCIL DO QUE PARECE?
Relacionar-se faz parte da dinâmica da vida. É uma impossibilidade pensar em existência longe dos relacionamentos interpessoais. O Senhor ao nos criar nos fez seres sociáveis, com a capacidade de interagirmos com o nosso próximo e de estabelecermos relacionamentos relevantes. A pessoa que evita relacionar-se socialmente se opõe contra a sabedoria divina, e fica privada das bênçãos da interação social.
Todo cristão que descobriu isso deveria ter uma facilidade maior em manter a manutenção dos seus relacionamentos, não deveria? Afinal, conhecemos os padrões bíblicos.
Realmente as pessoas nas igrejas deveriam se relacionar melhor do que as pessoas no mundo, mas muitas vezes isso não acontece. Contudo, existe algo que precisa ser mencionado, lembrado e muito bem pontuado; a Igreja é uma comunidade com muitas formas. No mundo as entidades e organizações fazem com que as pessoas se tornem mais “homogêneas”. Por exemplo: uma pessoa que frequenta um clube da 3ª idade encontra pessoas com os mesmos valores e mesmas prioridades; da mesma forma alguém que participa de um Rotary Club tem o mesmo encargo e a mesma paixão por aquilo. Enquanto na igreja recebemos pessoas de diversas classes sociais, de mentalidade diferente, valores diferentes, gostos diferentes, então devido a essa diferença a dificuldade também é maior.
O QUE FAZER PARA MANTERMOS RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS?
- O primeiro aspecto é ter prazer em estar juntos, não há como ter um bom relacionamento se não houver prazer na presença. Um exemplo disso é o casamento, o marido e a mulher presumem-se se amar e querem estar juntos. Então tanto para esses relacionamentos bíblicos como para outros é preciso ter o prazer em estar juntos
- Outro aspecto chave para um relacionamento nessa conexão é respeitar a individualidade do outro, pois existem pessoas que são diferentes de nós, de nosso temperamento, diferentes de nossa personalidade e opinião.
- Terceiro aspecto, valorizar e investir nesse relacionamento para que ele possa crescer
- Quarto aspecto, é compreender a pessoa, só existe relacionamento se há compreensão mútua. Entendemos os defeitos, conseguimos olhar para a deficiência da pessoa e mesmo assim querer estar com ela. Foi o que aconteceu com Jesus ao estar na Ceia com os discípulos. Ele teve prazer em estar ali, mesmo sabendo dos defeitos dos apóstolos, Ele sabia que um ia trair, outro ia negar, alguns O abandonariam, mas mesmo assim Ele teve prazer em estar com eles.
CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo advertiu: Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes (1 Coríntios 15.33). Por que ele disse isso? Porque o ser humano é um ser social. Seu comportamento é influenciado por aquilo que ele vê, ouve, admira. As pessoas com quem andamos, conversamos e a quem abrimos nosso coração exercem uma forte influência sobre nós. Se não tiverem compromisso com Deus, vão falar de coisas vãs ou más; coisas que ofendem a santidade do Senhor e que, com o tempo, corromperão os costumes cristãos que adquirimos em nossa convivência com nossa família e/ou a Igreja.
Em nenhum momento Cristo se afastou dos que não viviam os seus valores ou acreditavam no Deus Pai, Ele andou próximo a eles, comeu com eles, contudo, apenas Pedro, Tiago e João foram convidados para estar com Ele e orar com Ele no momento de maior angústia da sua vida. Não foi com nenhum dos, cegos que ele curou, ou com a mulher adúltera que Ele perdoou, que Ele escolheu tomar a sua última ceia. Foi com aqueles a quem Ele chamou de amigos e a quem Ele compartilhou coisas sobre o Reino e seu coração.
Quando o cristão fica mais exposto aos valores mundanos do que à Palavra e à presença de Deus, com o tempo acaba esfriando na fé, adquirindo os mesmos hábitos que os incrédulos, frequentando os mesmos lugares que estes, adotando o mesmo vestuário e falando da mesma maneira, sobre os mesmos assuntos, segundo os mesmos pontos de vista. Por isso devemos estar em alerta o tempo todo, porque se o sal perder o sabor, para mais nada ele servirá, a não ser para ser jogado na terra e pisado pelos homens (Mt 5:13)