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EXPONDO O LIVRO DE GENESIS – CAPITULOS 15 A 17
Leitura: 15:1-6 Gn. 16:1-4 e Gn. 17:1-2
Nesses capítulos, temos uma rica mina de verdade espiritual que alcança o Novo Testamento, especialmente Romanos e Gálatas. Deus esboçou suas promessas em 12:1-3 e expandiu-as em 13:14-18, mas, nesse ponto, ele revela de forma mais completa as promessas da aliança. Essa aliança diz respeito ao filho de Abraão e à prometida semente por vir, Cristo. Esses capítulos também tratam da terra de Canaã e do programa maravilhoso que Deus tem para seu povo, Israel.
I. Os termos da aliança (15)
Abraão acabara de derrotar os reis (cap. 14) e vencera a grande tentação do rei de Sodoma. Agora, Deus interfere a fim de encorajá-lo. Como é maravilhoso que Cristo venha até nós quando precisamos dele (14:18)! Deus é nossa proteção (escudo) e provisão (recompensa), jamais precisamos temer. Abraão não precisava da proteção do rei de Sodoma ou das riquezas que ele oferecia, pois ele tinha tudo que precisava em Deus.
Abraão não queria um prêmio; ele queria um herdeiro. Agora, ele tinha 85 anos, e havia dez anos esperava pelo filho prometido. Se ele não tivesse filho, toda a sua herança ficaria para Eliézer, seu servo. Em 12:2, Deus não prometera: “De ti farei uma grande nação”? Portanto, por que ele não cumpria sua promessa? Deus respondeu à súplica de Abraão levantando os olhos dele de si mesmo e de seu servo para os céus (v. 5). O versículo 6 é um versículo-chave da Bíblia que poderiamos traduzir da seguinte maneira: “E ele disse ‘amém’ ao Senhor, e o Senhor creditou isso em sua conta de retidão” (veja Gl 3:6; Rm 4:3; Tg 2:23). Como Abraão foi salvo? Não por guardar a lei, pois a lei ainda não fora dada; não pela circuncisão, pois ela não foi instituída até que ele tivesse 99 anos. Ele foi salvo pela fé na Palavra de Deus.
A salvação fundamenta-se em sacrifício, pois a aliança exige o derramamento de sangue. Naquela época, em um acordo, era costume que as partes contratantes andassem entre as partes de animais sacrificados; isso selava o acordo. No versículo 9, todos os sacrifícios falam de Cristo e da cruz. Abraão ofereceu sacrifícios e trabalhou para manter Satanás afastado (prefigurado pelas aves no v. 11; Mt 13:4,19). Contudo, nada aconteceu realmente até Abraão ir dormir. Abraão nunca caminhou entre as partes. Deus sozinho (v. 17) caminhou entre as partes; a aliança toda era de graça e dependia apenas do Senhor. Abraão, como Adão (2:21), dormia profundamente e não podia fazer nada para ajudar Deus. Quando estamos desamparados, Deus faz grandes coisas para nós.
D. A garantia
Abraão queria saber com certeza o que Deus faria (v. 8), e Deus satisfez sua necessidade. A salvação fundamenta-se no sacrifício de Cristo e na graça de Deus; a garantia vem da Palavra de Deus. Deus deu uma previsão resumida dos eventos a Abraão: a curta permanência de Israel no Egito, o sofrimento deles no Egito, a libertação deles na quarta geração (veja Êx 6:16-26) e a possessão da terra prometida. Observe que Deus diz: “Dei esta terra” (v.18), e não: “Darei”, como em 12:7. As promessas de Deus são tão boas quanto suas realizações!
Note que, nesse capítulo, aparecem pela primeira vez, pelo menos, sete palavras ou frases: “A palavra do Senhor” (v. 1); “Não temas” (v. 1); “galardão” (v. 1); “herdeiro”; “herança” (vv. 3,7); “creu”; “imputado” e “justiça” (todas no v. 6). Esse capítulo mostra-nos que não pode haver herança sem filiação (Rm 8:16-17), não pode haver retidão sem fé (Rm 4:3ss), não pode haver garantia sem promessas e não pode haver bênçãos sem sofrimento. Antes que Abraão veja as estrelas de Deus, é preciso que escureça!
II.O teste da aliança (16)
Deus fizera a aliança e a cumpriria. Tudo que Abraão e Sara precisavam faz
er era esperar pela fé (Hb 6:12). Infelizmente, o espírito deseja isso, mas a carne é fraca! No capítulo anterior, Abraão escutou a Deus e exercitou a fé, mas aqui ele escutou sua esposa e revelou sua incredulidade. Ele deixou de caminhar no Espírito e começou a fazê-lo na carne. Vimos que “fé é viver sem esquemas”, mas, nesse momento, os dois tentaram ajudar Deus a cumprir seus planos. Isso explica por que Deus teve de esperar até que estivessem velhos para dar-lhes o filho. Eles tinham de morrer para si mesmos a fim de que ele pudesse trabalhar (Gl. 5:16-26).
No versículo 2, Sara culpa Deus por sua esterilidade e sugere que ele não é bom para eles (veja 3:1-6). Ela vira-se para o mundo em busca de ajuda — para Agar, a egípcia —, mas todo o esquema fracassa. Agora, surgem as obras da carne (Gl 5:16-26).
Deus não reconhece o casamento. Ele chama Agar de “serva de Sara” (v. 8). Essa é a primeira menção ao Anjo do Senhor no Antigo Testamento, e ele não é ninguém mais além de Cristo. Deus cuida de Agar, a instrui para que se submeta a Sara e promete que seu filho, Ismael, será um grande homem, mas “como um jumento selvagem”. “Ismael” significa “Deus ouvirá” (veja v. 11).
Quando Isaque, filho de Sara, entra na família, não há mais espaço para Ismael, e ele é expulso (21:9ss). No fim, Ismael teve doze filhos (25:13-15), e, durante séculos, seus descendentes são inimigos dos judeus. Gálatas 4:21-31 ensina que Sara representa a Nova Aliança, e Agar, a Antiga Aliança. Agar era escrava, e a Antiga Aliança escravizava as pessoas (At 15:10); Sara era uma mulher livre, e Cristo nos libertou (Gl 5:1 ss). Ismael nascera da carne e não podia ser controlado. Da mesma forma, a Lei apela à carne, mas não pode mudá-la nem controlá-la. Isaque era filho do Espírito, o filho da promessa (Gl 4:23), que desfrutava de liberdade.
Não perca a lição prática dessa passagem: sempre há problema quando passamos à frente de Deus. A carne adora ajudar a Deus, mas demonstramos a verdadeira fé na paciência (Is 28:16). Não podemos misturar fé e carne, lei e graça, promessa e auto-realização.
III. O símbolo da aliança (17)
Há treze anos de silêncio entre os acontecimentos desse capítulo e o nascimento de Ismael. Deus teve de esperar que Abraão e Sara morressem para si mesmos a fim de que seu poder de ressurreição se revelasse na vida deles. Deus revelou-se como o “DeusTodo-Poderoso” — El Shaddai, “o todo suficiente”. Nesse capítulo, observe a repetição da expressão “minha aliança”. O cumprimento dela repousa sobre Deus, não sobre o homem. Note também a repetição da afirmação: “Farei”.
A. Os nomes novos
“Abrão” significa “pai da exaltação”, Abraão, “pai de uma multidão”. Diz- se que “Sarai” significa “briguenta”, mas “Sara” significa “princesa”. Seus novos nomes eram a preparação para a bênção que estava para entrar na casa deles. Apenas a graça de Deus podia transformar dois adoradores de ídolos pagãos em reis e rainhas!
B. O novo sinal
Essa é a primeira menção à circuncisão na Bíblia. O Antigo Testamento não ensina em lugar nenhum que a circuncisão salva o homem. Contudo, ela é o símbolo exterior da aliança entre Deus e o homem. A finalidade era lembrá-los da circuncisão interior do coração que acompanha a verdadeira salvação (Dt 10:16 e 30:6; Jr 4:4; veja também Rm 4:11 e Gl 5:6). Devia-se realizar o ritual no oitavo dia (v. 12), e é relevante notar que oito é o número da ressurreição. É triste dizer que os judeus dependiam do ritual carnal, não da realidade interior (At 15:5). Hoje, os crentes estão na Nova Aliança e são a verdadeira circuncisão (Fp 3:1-3), que se vivência espiritualmente por intermédio da morte de Cristo (Cl 2:9-15). Despe-se todo o corpo de pecado (a antiga natureza), e podemos viver no Espírito, não na carne.
No versículo 17, o riso de Abraão é de fé jubilosa; o de Sara foi de descrença (18:12). “Isaque” significa “riso”. Deus rejeita Ismael e estabelece sua aliança com Isaque e sua semente; contudo, ele, pela graça, designa bênção especial para Ismael.
Conclusão
Deus havia feito uma aliança com Abraão, prometendo-lhe filhos e grande descendência. Quando Deus faz promessas precisamos saber esperar o cumprimento delas. Por não esperar o tempo do agir de Deus, Abraão e Sara se precipitaram quando Abraão se envolveu com Hagar tendo um filho de uma escrava.
Há tempo para tudo em nossas vidas. Deus é quem está no controle absoluto de tudo. Confiemos e esperemos no Senhor.
Até a próxima semana.