ILUSTRAÇÕES E CITAÇOES PARA O MES DE DEZEMBRO DE 2014. Este material faz parte da Biblioteca digital 32. Adquira agora

ILUSTRAÇÕES E CITAÇOES PARA O MES DE DEZEMBRO DE 2014

Este material faz parte da Biblioteca digital 32. Adquira agora AQUI

DEZEMBRO

1° de Dezembro

            Resta ainda um repouso para o povo de Deus. (Hb 4.9.)

            O repouso inclui vitória: “E o Senhor lhes deu repouso em re­dor; …todos os seus inimigos o Senhor deu na sua mão.” (Js 21.44.)

            Um destacado obreiro cristão contava que sua mãe era uma crente muito cheia de ansiedades. Ele conversava prolongadamente com ela, procurando convencê-la do pecado de inquietar-se. Mas sem resultado. Ela era como aquela velhinha que dizia sempre ter sofrido muito principalmente por causa de dificuldades que nunca se tornaram realidade.

            Mas certa manhã aquela mãe desceu para o café toda sorriden­te. O filho perguntou-lhe o que havia acontecido e ela respondeu que tinha tido um sonho.

            Havia sonhado que ia andando por uma estrada, junto com uma multidão que parecia muito cansada e sobrecarregada. Quase todas as pessoas estavam carregando uns pequenos embrulhos pretos; e ela notou que numerosos seres repulsivos, que ela julgou serem espíritos do mal, é que jogavam ao chão esses pacotes, para as pessoas pegarem e carregarem.

            Como os demais, ela também estava carregando alguns daque­les pacotes desnecessários, e andava curvada ao peso dos fardos do diabo. Olhando para cima, depois de algum tempo, ela viu um Homem com o rosto luminoso e cheio de amor, que passava por en­tre a multidão e confortava as pessoas.

            Finalmente Ele chegou perto dela, e ela viu que era o seu Salvador. Levantou para Ele os olhos e contou-Lhe como estava cansada. Ele sorriu tristemente e disse:

            “Minha filha, eu não lhe dei esses fardos; você não precisa carregá-los. São fardos do inimigo, e estão desgastando a sua vida. Largue-os, simplesmente; recuse-se a tocá-los, e verá que o caminho é suave, e você será transportada como em asas de águia.”

            Ele tocou-a, e paz e gozo perpassaram o seu ser. Lançando de si o fardo, ela estava para atirar-se aos pés dEle em feliz agradecimen­to, quando de repente acordara, vendo que todas as suas preocupa­ções tinham-se acabado. Daquele dia até ao fim da sua vida ela foi a pessoa mais animada e feliz daquela casa.

 

2 de Dezembro

            “… aperfeiçoasse por meio do sofrimento…” (Hb 2.10.)

            Aço é ferro mais fogo. Solo é rocha mais calor e/ou compressão de geleiras. Linho é fibra mais o banho que limpa, o pente que separa, o mangual que malha e a lançadeira que tece. O caráter do homem precisa ter um mais ligado a ele. O mundo não se esquece dos grandes caracteres. Mas grandes caracteres não são formados através de circunstâncias aprazíveis, mas, de sofrimento.

            Ouvi contar que certa vez uma senhora levou para sua casa, para companheiro de brinquedos de seu filho, um menino aleijado que era corcunda também. Tinha avisado o filho que fosse muito cuidadoso no trato com o outro para não magoá-lo sobre aquele assunto, tratando-o e brincando com ele como se fosse um menino como os outros. Em dado momento, ela escutou o filho dizer ao amiguinho, enquanto brincavam: “Você sabe o que é isso nas suas costas?” O pequeno aleijado, meio embaraçado, hesitou um pouco. O outro continuou: “É o lugar onde estão as suas asas. E um dia Deus vai abrir aí, e você vai sair voando e ser anjo.”

            Algum dia Deus vai revelar, a cada crente, como as coisas contra as quais eles agora se rebelam foram os instrumentos divinos para moldá-los e aperfeiçoar-lhes o caráter, preparando-os como pedras vivas para o Seu grande edifício, no além. — Cortland Hyers

            O sofrimento é um maravilhoso fertilizante para as raízes do caráter. O grande objetivo desta vida é a formação do caráter. O caráter é a única coisa que podemos levar conosco para a eternidade. O objetivo da provação é fazer o máximo dele.

            “É pela estrada de espinhos que se chega ao monte da visão.” — Austin Phelps

 

3 de Dezembro

            Vai bem com teu marido? Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem. (2 Rs 4.26.)

            Por 62 anos e cinco meses tive a meu lado uma esposa amada, e agora, aos 92 anos, sou deixado só. Mas enquanto ando para lá e para cá no meu quarto, eu me volto ao sempre presente Senhor Jesus e Lhe digo: “Senhor Jesus, eu estou só; contudo, não estou só, porque Tu estás comigo. Agora, Senhor, conforta-me, fortalece-me, dá ao Teu pobre servo tudo o que Tu vês que ele precisa.” E não devemos ficar satisfeitos, enquanto não formos conduzidos a este ponto, ou seja, a conhecer o Senhor Jesus Cristo como nosso Amigo: pronto a provar que é nosso amigo em todo tempo e em todas as circunstâncias. — George Müller

            As aflições não podem nos causar dano, quando misturadas com submissão.

            O gelo acumulado nas árvores muitas vezes quebra seus galhos.            Também vejo muitas pessoas quebradas e esmagadas por suas aflições. Mas de vez em quando vejo alguém que canta na aflição, e então rendo graças a Deus, por essa pessoa e porque a vi. Não há cântico mais doce que um cântico na noite. Lembro-me do caso da mulher que, quando perdeu o único filhinho, olhando para cima em arrebatamento, com o rosto como o de um anjo, disse: “A mamãe lhe dá gozo, meu amor!” Essa frase tem-me acompanhado por anos, alentando e confortando-me. — Henry Ward Beecher

 

4 de Dezembro

            Subiu ao monte para orar à parte. (Mt 14.23.)

            Uma das bênçãos da maneira como se observava o dia do Senhor antigamente, era a sua calma, o seu repouso, a sua santa paz. Há uma estranha força que se ganha estando a sós. As gralhas andam em bandos e os lobos em matilhas, mas o leão e a águia são solitários.

            A força não está no tumulto e barulho. Está na quietude. O lago precisa estar calmo, para refletir o céu. O Senhor amava as pessoas, mas quantas vezes lemos que Ele Se retirava delas por um pouco de tempo. Aqui e ali Ele procurava afastar-se da multidão. Procurava sempre retirar-Se para os montes, à noite. A maior parte do Seu ministério teve lugar nas cidades e aldeias junto ao mar, mas gostava mais de estar nos montes, e freqüentemente, quando a noite caía, Ele subia e mergulhava nas suas profundezas.

            A coisa mais necessária hoje é que vamos ter à parte com o Senhor e nos assentemos a Seus pés na secreta comunhão de Sua bendita presença. Como está esquecida a arte da meditação! Como é importante cultivarmos o lugar secreto! Como é salutar o tônico da espera em Deus! — Selecionado

Preciosas são as horas

Na presença de Jesus.

Comunhão deliciosa

Da minha alma com a luz.

Os cuidados deste mundo

Nunca podem me abalar,

Pois é Ele o meu abrigo

Quando o tentador chegar.

 

Ao sentir-me rodeado

De cuidados terreais,

Irritado, abatido.

Ou em dúvidas fatais,

A Jesus eu me dirijo,

Nesses tempos de aflição;

As palavras que Ele fala

Trazem-me consolação.

 

Se confesso os meus temores,

 Toda a minha imperfeição,

Ele escuta com paciência

Essa triste confissão.

Com ternura repreende

Meu pecado e todo o mal.

Ele é sempre o meu Amigo,

O melhor e mais leal.

 

Se quereis saber quão doce

É a secreta comunhão,

Podereis mui bem prová-la,

E tereis compensação.

Procurai estar sozinhos

Em conversa com Jesus:

Provareis na vossa vida

O espírito da cruz.                 – M. A. Clark

 

            “Toda vida que quer ser forte precisa ter o seu Santo dos Santos, onde só entra o Senhor.”

 

5 de Dezembro

            Eu sei, Senhor, que não é do homem o seu caminho nem do homem que caminha o dirigir os seus passos. (Jr 10.23.)

            Guia-me pela vereda direita. (Sl 27.11.)

            Muitas pessoas querem dirigir a Deus em vez de se deixarem dirigir por Ele; querem mostrar-Lhe o caminho, em vez de simples­mente seguir por onde Ele guia. — Mme. Guyon

 

            Eu disse: Ô Deus, quero viver no campo!

            Disse-me Deus: – Não. Fica na cidade.

            – Lá eu Te verei, bem junto à natureza…

            – Aqui, porém, farás minha vontade.

            Eu disse: — Mas neste ar tão poluído,

            Neste barulho, eu vou ficar doente…

            Sua voz se embargou: – Mais poluídas

Estão as almas desta pobre gente…

Eu disse: – Mas, Senhor, aqui sou preso. ..

Ali eu faço falta a irmão e amigo…

– A quem fazes mais falta, a Mim, ou a eles?

Escolhe, pois; serás preso, comigo.

Eu disse: – Dá-me um tempo para a escolha. ..

E respondeu: – Que tempo? Mais que um dia?.. .

É duro decidir? Não será duro

Veres, no Céu, que tu seguiste o Guia.

Olhei os campos, e depois, Seu rosto.

Então voltei meu rosto pra cidade.

– Escolheste? Escolhi. Alegremente

Eu deixo em Tuas mãos minha vontade.

Tomou-me a mão na Sua e encheu-me a vida.

Conheço a paz da Sua companhia.

Ando com Deus; Seus gostos são meus gostos;

Amo a vereda que antes eu temia.

                       – George McDonald/Adaptado

 

6 de Dezembro

            Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. (Ap 3.11.)

            O servo de Deus, George Müller, deu o seguinte testemunho: “Quando aprouve a Deus, em julho de 1829, revelar ao meu coração a verdade da volta pessoal do Senhor Jesus e mostrar-me que eu tinha cometido um grande erro em esperar a conversão do mundo, o efeito que isto produziu em mim foi o seguinte: do mais íntimo da minha alma fui movido a sentir compaixão pelos pecadores perdidos e pelo mundo adormecido à minha volta, jazendo no maligno. E considerei: não devo eu fazer tudo o que posso pelo Senhor Jesus enquanto Ele não vem, e alertar a Igreja adormecida?”

            Podem-se passar ainda muitos anos de trabalho árduo, antes da consumação de tudo, mas para mim os sinais são tão animadores que eu não estranharia se visse as asas do anjo apocalíptico estendidas para o seu ultimo e triunfante vôo hoje ao pôr-do-sol; ou se amanhã de manhã … Cristo pusesse os pés sobre o monte das Oliveiras … para proclamar o Seu reino universal. Ó vós, igrejas mortas, despertai! Ó Cristo, desce! Pés traspassados, subi ao trono! Teu é o reino. — Rev. De Witt Talmage D.D.

 

Quando Cristo vier nas nuvens

Sua Igreja, pronta, quer encontrar.

Estou salvo. Você está salvo?

Vamos cada dia nos preparar

A encontrá-lO nos ares,

Esperando o Senhor!

Quando Cristo vier nas nuvens,

Num piscar de olhos vou!

Quando Cristo vier nas nuvens,

Sua Igreja, pronta, aos Céus irá!

Para sempre estará com Ele!

Vamos esperá-lO, não tardará!

Encontrá-lO nos ares, Que beleza será!

Quando Cristo vier nas nuvens,

Pronto irei subindo já!       – CM. — Cântico infantil

 

7 de Dezembro

            Não vereis vento, e não vereis chuva, todavia este vale se encherá de tanta água, que bebereis vós, e o vosso gado, e os vossos animais. E ainda isto É pouco aos olhos do Senhor; também entregará ele os moabitas nas vossas mãos. (2 Rs 3.17,18.)

            Para a mente humana isto era simplesmente impossível, mas nada é difícil demais para Deus.

            Sem nenhum som ou sinal, de fontes invisíveis e aparentemente impossíveis, as águas vieram brotando durante toda a noite; e quando a manhã raiou, aquelas covas estavam cheias de águas cristalinas, que refletiam o vermelho do sol surgindo atrás dos montes de Edom.

            Nossa incredulidade está sempre querendo algum sinal externo. A religião de muitos baseia-se grandemente nos sentidos, e eles não se satisfazem se não virem manifestações, etc; mas o maior triunfo da fé é aquietar-se e saber que Ele é Deus.

            A grande vitória da fé é ficar diante de um mar Vermelho e ouvir o Mestre dizer: “Estai quietos, e vede o livramento do Senhor”; e, “Marchai!” É quando avançamos — sem nenhum sinal ou som, sem nenhum movimento de ondas — e, embora molhando os pés no primeiro passo, prosseguimos em frente, é então que vemos dividir-se o mar e abrir-se um caminho através das próprias águas.

            Se já vimos as maravilhosas operações de Deus em algum caso extraordinário de cura ou livramento, estou certo de que o que nos impressionou mais foi a quietude em que tudo foi realizado, a ausência do espetacular e do sensacional e o sentimento da nossa inteira nulidade na presença deste Deus poderoso, e vemos como foi simples para Ele a realização daquilo — sem o menor esforço da Sua parte e sem o menor auxílio da nossa.

            Não compete à fé questionar, mas obedecer. As covas foram fei­tas, e a água veio-se derramando de uma fonte sobrenatural. Que lição para a nossa fé!

            Você está ansioso por alguma bênção espiritual? Abra as valas, e Deus as encherá. Nos lugares mais inesperados e das maneiras mais inesperadas.

            Como é necessária a fé que age por fé e não pelo que vê, e que espera a operação de Deus embora não haja vento nem chuva. —A. B. Simpson

 

8 de Dezembro

            Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus… de benignida­de. (Cl 3.12.)

            Conta-se a história de um homem que levava sempre consigo uma latinha de óleo, e, se passava por uma porta que rangia, punha um pouco do óleo nos seus gonzos. Se um portão estava difícil de abrir, punha óleo em seus ferrolhos. Assim passava ele pela vida, lubrificando todos os pontos difíceis e suavizando-os para os que vinham atrás dele.

            O povo chamava-o de excêntrico, esquisito e amalucado, mas o velho prosseguia firmemente, reabastecendo a lata de óleo quando se esvaziava e lubrificando as coisas emperradas que encontrava.

            Há muitas vidas que rangem e ficam perras no viver de cada dia. Nada vai bem com elas. Precisam de um pouco do óleo da alegria, da delicadeza, da consideração. Você tem uma lata de óleo consigo? Esteja pronto com o seu óleo do auxílio, logo de manhã, para utilizá-lo com a pessoa que estiver mais perto. Aquele pouco de óleo poderá ser útil para lubrificar todo o seu dia. O óleo do bom ânimo, para o que está desanimado — quanto poderá significar! A palavra de coragem ao que está sem esperança. Fale-a.

            Nossas vidas tocam algumas vidas apenas uma vez, nesta caminhada; e depois os caminhos se separam para nunca mais se encontrarem. O óleo da benignidade, ou seja, da suavidade, da bran­dura, já abrandou as bordas agudas e cortantes de muitas vidas en­durecidas pelo pecado, deixando-as suaves, maleáveis, prontas para a graça redentora do Salvador.

            Uma palavra dita de modo agradável é como uma grande réstea de sol num coração triste. “DÉ aos outros o sol; conte o resto a Jesus.”

            Sede afeiçoados ternamente uns aos outros. (Rm 12.10.)

            O fruto do Espírito é… benignidade. (Ef 5.18.)

 

9 de Dezembro

            Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundante um eterno peso de glória. (2 Co 4.17.)

            “…produz para nós…” “Produz”, nó grego, é um tempo presente que encerra idéia de continuidade: “está produzindo”. Portanto, “está produzindo para nós…”, note bem. Muitos fazem a pergunta: “Por que é que a nossa vida é tão embebida de sangue e coberta de lágrimas?” A resposta está nessa palavra “produz”. Estas coisas estão produzindo para nós alguma coisa preciosa. Elas estão-nos ensinando não só o caminho para a vitória, como as leis da vitória. Há uma compensação em cada tribulação, e a tribulação está produzindo a compensação. É como diz o velho hino:

            Mais perto quero estar, meu Deus, de Ti, Ainda que seja a dor que me una a Ti.

            Às vezes é necessária a dor, para que a alegria seja dada à luz. Fanny Crosby nunca poderia ter escrito o lindo hino: “Face a face vê-lO-ei”, se não fosse pelo fato de nunca ter visto um pôr de sol ou o rosto de sua mãe. Foi a falta da visão que a ajudou a formar o notável discernimento espiritual que possuía.

            Quando um lenhador quer uma madeira em que haja bonitos desenhos, ele procura uma árvore que tenha sido ferida com um machado ou torcida por temporais. Assim ele sabe que os nós são firmes e que a sua textura suporta bem o polimento.

            É confortador saber que a tribulação só dura pela noite; ela vai embora pela manhã. O temporal é breve, comparado com a duração do longo dia de verão. “O pranto pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” — Songs in the Night

 

10 de Dezembro

            Se somos atribulados, é para vossa consolação… a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos; e a nossa esperança acerca de vós É firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação. (2 Co 1.6,7.)

            Não há algumas pessoas em nosso círculo a quem naturalmente recorremos em tempos de provação e tristeza? Elas parecem sempre falar a palavra certa, dar exatamente o conselho que estávamos desejando ouvir. No entanto, não sabemos o preço que elas tiveram de pagar para se tornarem assim tão hábeis em atar feridas abertas e secar lágrimas.

            Se fôssemos investigar a sua história passada, descobriríamos que elas sofreram mais do que a maioria das pessoas. Viram esperanças se apagarem devagar. Viram alegrias se esboroarem a seus pés. Viram marés vazarem de repente, frutos caírem temporões, e o sol se pôr ao meio-dia. Mas tudo isto foi necessário para fazer dessas pessoas os enfermeiros, os médicos, os sacerdotes dos homens. As especiarias nos chegam do Oriente em pacotes grosseiros, mas, abertos, desprendem a fragrância oriental.

            Assim, o sofrimento é difícil de suportar, mas abriga em seu seio a disciplina, a instrução e inúmeras possibilidades, que não só nos tornam mais nobres, como também nos aperfeiçoam para ajudar­mos a outros. Não se agaste ou cerre os dentes ante o sofrimento, nem fique obcecadamente esperando-o passar; antes, conforme é vontade de Deus, procure tirar dele tudo o que puder, tanto para si como para o serviço em prol da sua geração. — Selecionado

 

11 de Dezembro

            Bendizei ao Senhor todos vós, servos do Senhor, que assistis na casa do Senhor todas as noites. O Senhor que fez o céu e a terra, te abençoe desde Sião. (Sl 134.1,3.)

            Que ocasião estranha para a adoração, dirá o leitor; ficar na ca­sa do Senhor de noite, — adorar, diríamos, na hora profunda do sofrimento… De fato, é uma coisa difícil. Sim, e aí está a bênção; é o teste da perfeita fé. Se eu quero conhecer realmente a amizade de alguém, preciso ver o que o meu amigo me fará na hora da dor. Assim também é com o amor de Deus. É fácil, para mim, adorar o Senhor nos dias de sol do verão, quando o ar está cheio de melodias e as árvores, de frutos.

            Mas cesse o canto das aves e caiam os frutos, continuará a cantar o meu coração? Ficarei na casa de Deus de noite? Continuarei a amá-lO na hora do Seu sofrimento? Ficarei na casa de Deus de noite? Vigiarei com Ele ao menos uma hora no Seu Getsêmani? Ajudarei a carregar a Sua cruz pela via dolorosa? Ficarei ao lado dEle em Seus momentos finais, como Maria e o discípulo amado? Serei capaz de, como Nicodemos, tomar-Lhe o corpo morto? Então o meu culto é completo e a minha bênção, gloriosa. Meu amor O acompanhou na Sua humilhação.   Minha fé O encontrou na Sua humildade. Meu coração reconheceu a Sua majestade através do Seu disfarce, e eu sei, finalmente, que desejo não os dons, mas o Doador. Quando posso ficar na Sua casa pela noite, é porque O aceitei por causa dEle mesmo.

George Matheson

 

12 de Dezembro

            Já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira. (2 Tm 4.6,7.)

            Os soldados, quando já são idosos, vão passar o fim da vida na terra natal; ali exibem suas cicatrizes e conversam sobre as suas batalhas. Assim nós, quando estivermos na pátria para onde nos apressamos a ir, falaremos da bondade e fidelidade do nosso Deus, que nos conduziu através de todas as provas do caminho. Eu não gostaria de ouvir dizer a meu respeito, quando de pé entre a multidão em vestes brancas, palavras assim: “Estes vieram de grande tribulação — todos, menos um” (que seria eu).

            Você gostaria de estar lá e ser apontado como o único santo que jamais conheceu sofrimento? Oh, não! pois se sentiria estranho no meio daquela sagrada corporação. Estejamos contentes em participar da batalha, pois em breve teremos a coroa e O louvaremos com as palmas. — C. H. Spurgeon

            “Onde você foi ferido?” perguntou certa vez um médico a um soldado. “Quase lá em cima”, foi a resposta. Ele se esquecera de sua ferida — só se lembrava de que havia galgado as alturas. Assim, avancemos para maiores empreendimentos por Cristo, não descan­semos enquanto não pudermos exclamar lá do topo: combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.

            Deus não procurará em nós nem medalhas, nem diplomas nem títulos, mas cicatrizes.

            Que medalhas de honra mais nobres pode um homem de Deus desejar do que as cicatrizes do serviço, as perdas por causa da coroa, os opróbrios por amor de Cristo, o desgaste no trabalho do Mestre?!

 

13 de Dezembro

            E te darei os tesouros das escuridades. (Is 45.3.)

            Nas famosas fábricas de renda de Bruxelas há certos aposentos reservados, onde se tecem os desenhos mais finos e delicados. Esses cômodos são escuros, sendo que a única luz que ali entra vem de uma janela pequenina, e incide diretamente sobre o modelo da renda. No aposento há somente um artesão, que fica sentado exatamente onde a estreita faixa de luz incide sobre as linhas com que trabalha. “É assim que obtemos os nossos melhores produtos”, disse-nos o guia. “A renda é sempre mais delicada, na confecção e no desenho, se o artesão estiver no escuro e só o material for iluminado.,,

            Não se dará o mesmo com a nossa vida? Às vezes tudo ao nosso redor está muito escuro, e não podemos entender o que estamos fazendo. Não vemos o que está sendo produzido. Não somos capazes de descobrir nenhuma beleza ou nada de bom em nossa existência. Contudo, se formos fiéis e não desanimarmos, um dia veremos que o mais fino e delicado trabalho de toda a nossa vida foi feito naqueles dias em que tudo estava escuro.

            Se você está em profunda escuridão por causa de alguma providência estranha e misteriosa, não tenha medo. Simplesmente prossiga, em fé e amor, sem duvidar. Deus está velando, e Ele tirará o bem e alguma coisa bela, de todo o seu sofrimento e lágrimas. — J.R.Miller

 

14 de Dezembro

            Disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar,ele lhes disse: Quando orardes, dizei: … venha o teu reino. (Lc 11.1,2.)

            Quando pediram ao Mestre: “‘Ensina-nos a orar”, Ele levantou os olhos e percorreu os horizontes de Deus. Apanhou o supremo desejo do Eterno e, enfeixando o resumo do que o Senhor intenta fazer na vida do homem, condensou-o nestes três pontos compactos e ricos, dizendo: “quando orardes, dizei: … venha o teu reino.”

            Que contraste entre isto e muito do que nós ouvimos em oração. Quando seguimos o intento do nosso coração, o que dizemos? “0 Senhor, abençoa-me, abençoa a minha família, minha igreja, minha cidade, meu país”, e lá bem no final da nossa oração, vem um pedi­do pela extensão do Seu Reino.

            Já o Mestre começa onde terminamos. A ordem certa é: o mundo primeiro, minhas necessidades pessoais em segundo. Só depois que a minha oração atingiu cada continente e as ilhas mais remotas, depois que chegou ao último homem, da raça mais obscu­ra, depois de ter percorrido a extensão do desejo e propósito de Deus, só então, segundo o ensino do Mestre, é que peço um bocado de pão para mim.

            Se Jesus deu o Seu tudo por nós e para nós na grandeza da Cruz, será demais que Ele peça de nós a mesma coisa? Ninguém significará muito no reino e nenhuma alma tocará sequer as orlas do poder, enquanto não tiver entendido que os negócios de Cristo são a suprema ocupação da vida e que todas as considerações pessoais, por mais importantes e caras que nos sejam, lhes são secundárias.

            “E o seu reino não terá fim.” (Lc 1.33.)

            Missões não são um “pensamento de última hora” da igreja, mas um “primeiro pensamento” de Cristo. Henry van Dyke

 

15 de Dezembro

            Confia nele. (Sl 37.5.)

            A palavra confiança é a expressão do coração, para fé. É a palavra do Velho Testamento; é o vocábulo que define o estágio infantil da fé. A palavra/é expressa mais o ato da vontade, a palavra crer, o ato da mente ou intelecto, mas a palavra confiança é a do coração. A outra refere-se principalmente a uma verdade em que se crê ou a uma coisa esperada. Confiança, porém, implica em algo mais do que isto, ela vê e sente, e se apóia numa Pessoa que é um grande, verdadeiro e vivo coração de amor.

            Então, “confie nEle”, no meio de todas as demoras, apesar de todas as dificuldades, em face de todas as negações, não obstante as aparências, mesmo quando você não consegue entender o caminho e não conhece a saída; ainda assim, “confie nEle, e o mais Ele fará”. O Caminho se abrirá, aparecerá a saída certa, o fim será de paz, a nuvem se erguerá e a luz de um eterno meio-dia brilhará por fim.

JEOVÁ: EU SOU. Deus eterno,

– Sem princípio nem fim

– Aquele que não muda,

 E que Se revela aos Seus.

JESUS: JEOVÁ SALVA.

Deus Salvador;

Que veio aonde estou;

A Resposta completa

Para a minha situação de pecador!

EMANUEL: DEUS CONOSCO.

Deus presente,

Comigo,

Para ser tudo para mim

Nesta vida de cada dia.

Posso confiar nEle.

 

16 de Dezembro

            Havia também uma profetiza, Ana… Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. (Lc 2.36,37.)

            Não há dúvida de que nós aprendemos a orar, orando. E quanto mais oramos, mais freqüentemente podemos orar, e melhor. Quem ora ocasionalmente, nunca chegará à oração fervorosa que pode muito em seus efeitos.

            Há um grande poder ao nosso alcance na oração, mas precisa­mos dedicar-nos a obtê-lo. Não imaginemos que Abraão poderia ter intercedido tão eficazmente por Sodoma, se não tivesse estado toda a sua vida na prática da comunhão com Deus.

            A noite de Jacó em Peniel não foi a primeira ocasião em que ele se encontrou com Deus. Podemos até mesmo olhar para a maravi­lhosa oração do Senhor com Seus discípulos antes da Paixão, como sendo a flor e fruto de Suas muitas noites de devoção e de Suas muitas madrugadas em oração.

            Se alguém imagina que pode tornar-se poderoso em oração a seu bel-prazer, engana-se muito. A oração de Elias, que cerrou os céus e depois abriu as suas comportas, fez parte de uma longa série de poderosas conquistas na oração. Como os crentes deviam se lembrar disto! Para prevalecermos na oração é necessário perseverarmos na oração.

            Aqueles grandes intercessores, que não são mencionados tantas vezes como deveriam ser em sua posição de mártires confessores, foram, não obstante, os maiores benfeitores da igreja; mas foi por permanecerem diante do trono da misericórdia que chegaram a ser tais canais de misericórdia para a humanidade. Para orar, precisa­mos orar; e precisamos continuar a orar, para que as nossas orações possam continuar. — C. H. Spurgeon

 

17 de Dezembro

            E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis, para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel É o que vos chama, e ele também o fará. (1 Ts 5.23, 24.)

            Desde que eu vi que sem a santificação ninguém verá o Senhor, comecei a segui-la, concitando a fazê-lo também, todos com quem me relacionava. Dez anos depois Deus me deu uma visão mais clara, de como obtê-la: pela fé no Filho de Deus. E imediatamente declarei a todos: “Nós somos salvos do pecado e somos feitos santos, pela fé.” Disto testifiquei em particular, em público e por escrito, e Deus o confirmou por milhares de testemunhos. Venho continuando a declará-lo por mais de trinta anos, e Deus continua a confirmar a minha obra. —João Wesley em 1771

            Eu conhecia a Jesus, e Ele era muito precioso à minha alma; mas havia algo em mim que não se conservava suave, paciente e benigno. Eu fazia o que podia para sufocá-lo, mas lá estava. Busquei a Jesus para fazer alguma coisa por mim, e quando lhe entreguei minha vontade, Ele tirou do meu coração tudo o que não queria ser suave, tudo o que não queria ser paciente, e depois fechou a porta. — George Fox

            Neste momento o meu coração não tem um grão sequer de sede de aprovação. Sinto-me a sós com Deus; Ele enche o vazio; não tenho um só desejo, vontade ou aspiração, senão nEle; Ele me pôs livre num lugar espaçoso. Tenho ficado maravilhada e surpresa de que Deus pudesse dominar completamente tudo o que há em mim, pelo amor. — Lady Huntington

            “De repente senti como se uma mão — não fraca, mas onipotente, não de ira, mas de amor — estivesse sobre a minha fronte. Senti isto, não exteriormente, mas interiormente. Ela parecia pesar sobre todo o meu ser e difundir através de mim uma energia santa, que consumia o pecado. Enquanto descia pelo meu ser, meu coração e mente tiveram consciência desta energia purificadora da alma. Sob sua influência, prostrei-me até o chão e, na alegre surpresa do momento, dei exclamações em voz alta. Ainda a mão de poder continuava a operar, externa e internamente; e por onde se movia parecia deixar a gloriosa influência da imagem do Salvador. Por alguns minutos, o profundo oceano do amor de Deus tragou-me; todas as suas ondas e vagas passaram sobre mim. — Bispo Hamline

            A santidade — como então escrevi em algumas das minhas meditações sobre o assunto — afigurou-se-me como algo suave, calmo, agradável, encantador, de natureza serena, que trazia uma inexprimível pureza, claridade, paz, e arrebatamento à alma. Em outras palavras, algo que tornava a alma como um campo ou jardim de Deus, com todo tipo de preciosas flores e frutos, tudo muito agradável e tranqüilo, gozando de uma doce calma e da suave vivificação dos raios do sol. — Jonathan Edwards

 

18 de Dezembro

            Em todas as coisas somos mais do que vencedores por aquele que nos amou. (Rm 8.37.)

            O evangelho é preparado de tal forma e o dom de Deus é tão grande, que podemos encarar os inimigos que nos vêm ao encontro e as forças que nos são contrárias, e fazer deles degraus para as portas do céu e a presença de Deus.

            A águia que se assenta no rochedo e vê a tempestade se aproximar, contempla sossegada o céu que se enegrece e os coriscos ziguezagueando no espaço. Ela fica quieta até sentir o sopro da brisa e perceber que o furacão a alcançou. Então, com um grito, estende as asas para a tormenta e usa a própria tempestade para subir aos céus; e vai-se embora transportada por ela.

            É o que Deus quer de cada um de Seus filhos, que sejam mais do que vencedores, tornando a nuvem tempestuosa, num carro. Quando um exército é mais que vencedor, ele arranca o outro do campo de batalha, tira-lhe toda a munição, alimento e suprimento, e toma posse de tudo. Pois é isto exatamente o que o nosso texto quer dizer. Há despojos a serem tomados!

            Amado leitor, você já obteve os despojos? Quando passou por aquele terrível vale de sofrimento, saiu dele com despojos? Quando aquela ofensa o atingiu e você pensou que tudo estava acabado, confiou em Deus de tal forma que saiu mais rico do que entrou? Ser mais do que vencedor é tomar do inimigo os despojos e apropriar-se deles. A arma que ele havia preparado para sua derrota, tome-a para si, e use-a para o seu próprio bem.

            Quando o servo de Deus, Dr. Moon, da Inglaterra, foi atingido pela cegueira, disse ele: “Senhor, eu aceito das Tuas mãos este talento da cegueira. Ajuda-me a usá-lo para a Tua glória, para que na Tua vinda possas receber com juros, o que é Teu.” Então Deus o capacitou a inventar o Alfabeto Moon, para cegos, por meio do qual milhares de cegos puderam ler a Palavra de Deus e muitos foram gloriosamente salvos. — Selecionado

            Deus não tirou o espinho de Paulo; fez coisa melhor: passou a dirigir aquele espinho e o fez servo de Paulo. Muitas vezes o ministério de espinhos tem sido muito mais útil aos homens do que o ministério de tronos. Selecionado

 

19 de Dezembro

            Isso vos acontecerá para que deis testemunho. (Lc 21.13.)

            A vida é uma subida íngreme, e quando alguém que já está mais no alto nos conforta lá de cima e nos anima a prosseguir na escalada isto faz bem ao nosso coração. Todos somos como um grupo de alpinistas, e precisamos ajudar-nos uns aos outros. Esta escalada em que estamos é um trabalho sério, mas glorioso. A chegada ao cimo requer força e passo decidido. À medida que subimos, a visão se amplia. Se algum de nós descobre alguma coisa que vale a pena, deve dizê-lo aos que estão mais em baixo.

Amigo! É dura a escalada…

Venha vindo!…

Eu quase não vejo nada, Há brumas, isto me assusta…

Amigo, venha subindo. Mais acima um pouco há luz!

Vou indo…

Amigo, a força me falta, o sol me queima!

Tome alento:

Mais um pouco, há um arvoredo.

Venha vindo…

Já passei esse momento!

Amigo, que bom ouvi-lo! Vou indo…

Amigo, sinto-me só!

Venha vindo…

Há outros um pouco acima.

Também passamos por isso, amigo!

Venha subindo…

Isso me anima! Vou indo…

E a sede? …

Há uma fonte fresca A direita, logo mais!

E a noite?!…

Há uma gruta nas pedreiras! Segura!

Você, que está mais acima,

Às vezes fale comigo!

Sim! Venha… Vamos subindo, amigo!

Vou indo…

Oh a Luz que encontrei em Cristo!

A Sombra que achei em Cristo,

O Amigo que achei em Cristo,

A Fonte que achei em Cristo,

O Abrigo que em Cristo achei!

Amigo, venha também!

 

            Vão indo de força em força; cada um deles aparece diante de Deus em Sião. (Sl 84.7.)

            O SENHOR é a minha força. (Sl 118.14.)

 

20 de Dezembro

            Mas não estou só, porque o Pai está comigo. (Jo 16.32.)

            Não é preciso dizer que, agir segundo convicções, é sacrifício custoso. Poderá significar renúncias e separações, que poderão nos deixar com um estranho sentimento de privação e solidão. Mas aquele que deseja voar como a águia, para as maiores alturas, acima das nuvens, e viver ao sol de Deus, precisa contentar-se em viver uma vida de certa forma solitária.

            Nenhum pássaro é tão solitário como a águia. A águia não vive em bandos. Quando muito se vêem duas de uma vez. Mas a vida vivida para Deus, embora desprovida de companhias humanas, conhece a comunhão com Deus.

            Deus procura homens semelhantes à águia. Ninguém chega a uma percepção das melhores coisas de Deus, sem que aprenda a andar a sós com Ele. Encontramos Abraão sozinho nas alturas de Horebe, mas Ló, habitando em Sodoma. Moisés, instruído em toda a ciência do Egito, precisa ficar quarenta anos no deserto a sós com Deus. Paulo, que era cheio da cultura grega e se havia sentado aos pés de Gamaliel, precisou ir para os desertos da Arábia e aprender a vida a sós com Deus.

            Deixemos que Deus nos isole. Não me refiro ao isolamento de um mosteiro. Nessa experiência de isolamento de que falo, Ele desenvolve em nós independência de fé e vida; de modo que a alma não precise mais da constante ajuda, oração, fé ou atenção do próximo. Essa assistência e inspiração de outros membros é necessá­ria e tem o seu lugar no desenvolvimento cristão, mas chega um tempo em que os outros são um direto empecilho à fé e ao bem do indivíduo. Deus sabe mudar as circunstâncias a fim de nos dar uma experiência a sós. Um dia nós nos pomos nas mãos de Deus, submissos; e eis que Ele nos conduz através de alguma coisa. Porém, quando isso passa, embora continuemos a amar do mesmo modo os que nos cercam, não dependemos mais deles. Percebemos que Ele fez alguma coisa em nós e que as asas da nossa alma aprenderam a sobrevoar alturas maiores.

            Precisamos atrever-nos a ficar sós. Jacó precisou ser deixado só, para que o Anjo de Deus segredasse ao seu ouvido o místico nome de Silo; Daniel precisou ser deixado a sós, para que tivesse visões celestiais; João precisou ser exilado em Patmos, para que pudesse receber e reter firmemente “as impressões do céu”.

            Ele atravessou o vale da dor sozinho. Estamos preparados para um “glorioso isolamento”, a fim de sermos leais a Ele?

 

21 de Dezembro

            A terra que pisou darei a ele e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao Senhor. (Dt 1.36.)

            Todo dever difícil que estiver no seu caminho, e que você preferiria não cumprir porque lhe custará penoso esforço e luta, encerra uma bênção. Custe o que custar, você deve cumpri-lo, ou perderá a bênção nele contida.

            Todo trecho difícil do caminho, em que você vê as pegadas de sangue do Mestre e pelo qual Ele lhe ordena que O siga, conduz seguramente à bênção; bênção que você não obterá se não atravessar a vereda íngreme e espinhosa.

            Todo ponto de combate em que você precisar desembainhar a espada e lutar contra o inimigo, encerra uma perspectiva de vitória, que resultará em ricas bênçãos para a sua vida. Todo fardo pesado que você for chamado a erguer encerra algum estranho segredo de força. — J. R. Miller

 

22 de Dezembro

            Eis que lhe sobreveio um horror de grandes trevas. (Gn 15.12.)

            Finalmente o sol se pôs e a rápida noite oriental cobriu a cena. Cansado pelo conflito mental, pelo estado de alerta e pelo desgaste do dia, Abraão caiu em profundo sono, e naquele sono sua alma foi oprimida por uma densa e terrível escuridão que quase o sufocou, e que pairou sobre o seu coração como um pesadelo. Você conhece um pouco do horror daquela escuridão?

            Quando algum terrível sofri­mento, que parece difícil de ser conciliado com o perfeito amor, desaba sobre a alma, sacudindo dela todo o seu calmo repouso na misericórdia de Deus e lançando-a num mar escuro, sem um raio de esperança; quando mãos impiedosas e cruéis maltratam o coração confiante a um ponto em que ele começa a duvidar se há um Deus em cima, que vê aquilo e o permite — esse coração conhece o “horror de grandes trevas”. É disto que é feita a vida humana.      

            De brilho e penumbra; sol e sombra; cadeias de nuvens, seguidas de aberturas luminosas; e no meio de tudo, a justiça de Deus está executando os seus próprios traçados, afetando outros e ao mesmo tempo afetando aquela alma, a qual parece estar sendo alvo de uma disciplina especial. Você que está cheio do horror de grandes trevas por causa das maneiras de Deus para com a humanidade, aprenda a confiar naquela sabedoria infalível, que trabalha junto com imutável justiça.

            E saiba que Aquele que passou pelos horrores do Calvário com o grito de desamparo, está pronto a lhe fazer companhia pelo vale da sombra da morte até que você veja o sol do outro lado. Que nós, através do nosso Precursor, lancemos a nossa âncora, a Espe­rança, além do véu que nos separa do invisível; ali ela se firmará em terreno que não cede, mas que resistirá até o raiar do dia; e, seguindo-a, nós entraremos naquele céu que nos está garantido pelo imutá­vel conselho de Deus. — F. B. Meyer

            Os discípulos pensavam que aquele mar enfurecido os separava de Jesus. E mais! Alguns deles pensaram algo ainda pior: pensaram que aquela dificuldade era sinal de que Jesus os tinha esquecido e não Se importava com eles. O meu amigo, é aí que está o ferrão das tribulações: quando o diabo segreda: “Deus Se esqueceu de você!” Quando o seu coração incrédulo exclama como Gideão:”Se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio?”

            O mal veio até você para aproximá-lo mais do Senhor. Não para separá-lo de Jesus, mas para levá-lo a depender dEle mais fielmente, mais confiadamente, mais simplesmente. — F. S. Webster. M. A.

            Quando parece que o Senhor nos abandonou, então é que deve­mos abandonar-nos mais ainda em Suas mãos. Gozemos a luz e o consolo que Ele tem prazer em nos dar; mas não fiquemos ligados aos Seus dons, e sim a Ele mesmo. E quando Ele nos mergulhar na noite da pura fé, avancemos ainda, através da angustiosa escuridão.

            “Porque tu estás comigo.” (Sl 23.4.)

 

23 de Dezembro

            A viagem é demasiado longa para ti. (1 Rs 19.7.)

            E o que fez Deus com o servo cansado? Deu-lhe algo para comer e o pôs a dormir. Elias tinha feito uma excelente obra, e em seu entusiasmo havia corrido adiante do carro de Acabe. Tudo isto fora demais para as suas forças físicas; a reação veio, e ele ficou deprimido.

            O físico precisava ser atendido. Muitas pessoas estão precisan­do é de sono, e do atendimento de suas necessidades físicas. Há grandes homens e mulheres que têm chegado ao ponto em que Elias chegou — debaixo de um zimbro! Vem mesmo adequada, a estes, a suave palavra do Senhor: “A viagem é demasiado longa para ti”, e eu quero renovar-te. — Não confundamos cansaço físico com fraqueza espiritual. Às vezes estamos desgastados física ou mental­mente, e não temos forças para exercícios de fé e oração, embora o nosso espírito esteja orando e confiante.

“Estou tão cansado pra crer e pra orar…

Assim disse alguém cuja força faltava.

“Um só pensamento na mente me paira:

Poder largar tudo; parar, descansar.

“Você acha que Deus me perdoa, se eu for

Direto dormir, qual criança pequena,

Sem mesmo parar perguntando se posso,

Sem mesmo tentar crer e orar com fervor?”

 

“Se Deus o perdoa? Mas pense você:

No tempo em que a fala era estranha a seus lábios,

A mãe lhe negava repouso em seu colo?

Ou se recusava a embalar o bebê?

“Será que deixava o pequeno sofrer

Sem trato ou cuidado porque não pedia?

Será que exigia do infante um dever?

Ou, terna, velava-o enquanto dormia?

 

“Meu bem, pense um pouco: movida de amor

A mãe lhe entendia o suspiro mais leve!

Se, pois, o seu corpo se sente esgotado

E a mente, cansada, para orar com fervor,

“Então deixe tudo, e vá já descansar,

Tal como fazia quando era pequeno!

Seu Deus o conhece, e ama tanto a esse filho

Que está mui cansado pra crer e pra orar!

 

“A sua estrutura Ele sabe que é pó;

Que o seu coração ora, sim, e confia.

Oh, como Jesus demonstrou simpatia

A Seus escolhidos, quando Ele, tão só,

“Levou sobre Si todo o mal, toda a dor,

Deixando-os dormir por estarem tão tristes.

 Você já se pôs aos cuidados do Mestre;

Vá, filho, direto dormir, sem temor!”

Adaptado

 

24 de Dezembro

            Saíra Isaque a meditar no campo, ao cair da tarde. (Gn 24.63.)

            Seríamos melhores crentes se ficássemos mais a sós; faríamos mais, se nos movimentássemos menos e passássemos mais tempo a sós, esperando quietamente em Deus. Temos o mundo por demais conosco; se não estivermos correndo daqui para ali somos afligidos pela idéia de que não estamos fazendo nada; não acreditamos no repouso e no sossego. Há pessoas que são essencialmente práticas. Como disse alguém: “Há pessoas que acham que devemos pôr todo o ferro no fogo de uma vez; e que o tempo que não é gasto entre o fogo e a bigorna é tempo perdido”.

            Entretanto, nenhum tempo é tão bem aproveitado como o que separamos para estar a sós, em quieta meditação, a fim de conversarmos com Deus e olharmos para o Céu. Nunca será demais termos esses momentos à parte, na vida; horas em que a alma está aberta a qualquer toque suave de pensamento ou influência que Deus nos queira mandar.

            Nestes dias difíceis, formemos o hábito de dar “domingos” à nossa mente; momentos nos quais ela não faça trabalho algum, mas simplesmente esteja quieta, olhe para cima e se estenda diante do Senhor como o velo de Gideão — para ficar embebida do orvalho do Céu. Oh, que haja intervalos em que não estejamos fazendo coisa alguma, pensando em coisa alguma ou planejando coisa alguma, mas simplesmente nos deitemos no colo verde da natureza e descansemos um pouco.

            O tempo passado assim não é tempo perdido. Não podemos dizer que o pescador está perdendo tempo, quando está consertando as redes; nem tampouco o ceifeiro, quando emprega alguns minutos em afiar a segadeira. Os homens da cidade não terão coisa melhor a fazer do que seguir o exemplo de Isaque e, sempre que possível, sair da febre e correria da vida e ir ao campo. Para quem está cansado no meio do calor e ruído, barulho e correria, comunhão com a natureza é uma coisa muito boa; exercerá uma influência calmante e revigorante. Uma caminhada pelo campo, um passeio pela praia ou pela campina florida purgará da fuligem a sua vida e lhe fará o coração bater com nova alegria e esperança.

 

25 de Dezembro

            E ele será chamado Emanuel … Deus conosco. (Mt 1.23.)

            Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu… (Is 9.6.)

            Há alguns anos foi publicado um curioso cartão de Natal, com os dizeres: “Se Cristo não tivesse vindo”. Falava de um pastor que adormeceu em seu escritório numa manhã de Natal e sonhou com um mundo para o qual Jesus nunca tinha vindo.

            Em seu sonho, viu-se andando pela casa: mas lá não havia presentes no canto da lareira, nem árvore de Natal, nem coroas enfeitadas; e não havia Cristo para confortar, alegrar e salvar. Andou pelas ruas, mas não havia igrejas com suas torres agudas apontando para o Céu. Voltou para casa e sentou-se na biblioteca, mas todos os livros sobre o Salvador tinham desaparecido.

            Alguém bateu-lhe à porta, e um mensageiro pediu-lhe que fosse visitar sua pobre mãe à morte. Ele apressou-se a acompanhar o filho choroso; chegou àquela casa e disse: “Eu tenho aqui alguma coisa que a confortará.” Abriu a Bíblia, procurando alguma promessa bem conhecida, mas viu que ela terminava em Malaquias. E não havia evangelho, nem promessa de esperança e salvação. E ele só pôde abaixar a cabeça e chorar com a enferma, em angústia e desespero.

            Não muito depois, estava ao lado de seu esquife, dirigindo o ofício fúnebre, mas não havia mensagem de consolação, nem palavra de ressurreição gloriosa, nem Céu aberto; mas somente “cinza a cinza e pó ao pó”, e um longo e eterno adeus. O pastor per­cebeu, afinal, que “ELE não tinha vindo”. E rompeu em lágrimas e amargo pranto, em seu triste sonho.

            De repente, acordou ao som de um acorde. E um grande brado de júbilo saiu-lhe dos lábios, ao ouvir, em sua igreja ao lado, o coro a cantar:

Ó vinde, fiéis, triunfantes, alegres,

Sim, vinde a Belém, já movidos de amor.

Nasceu vosso Rei, o Cristo prometido!

Oh, vinde, adoremos ao nosso Senhor!

 

            Regozijemo-nos e alegremo-nos hoje, porque “ELE VEIO”!          

            Lembremo-nos da palavra do anjo: “Eis aqui vos trago novas de grande alegria que será para todo o povo: pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10,11).

 

Se é grande a maldição que vem pelo pecado

Maior é a profundeza

Do amor e da riqueza

Que Deus tem para ti no Filho muito amado!

Alegra-te, ELE VEIO!

E para ti foi dado!

Exulta no Senhor!

É vindo o Salvador!

 

            Que nosso coração possa se derramar em compaixão pelos povos pagãos, que não têm o dia bendito do Natal de Cristo. “Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e ENVIAI PORÇÕES AOS QUE NÃO TÊM NADA PREPARADO PARA SI” (Ne 8.10).

 

26 de Dezembro

            Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. (Mt 26.36.)

            É uma experiência difícil ser conservado no fundo da cena numa hora de crise. No jardim do Getsêmani, oito dos onze discípulos foram deixados sem fazer nada. Jesus foi adiante orar; Pedro, Tiago e João foram junto para velar; os demais ficaram sentados na retaguarda, à espera. Penso comigo que aquele grupo na retaguarda se queixou.       Estavam no jardim, só isto. Eram como quem está num jardim mas não pode ajudar no cultivo de suas flores. Era um tempo de crise, um tempo de tempestade e angústia; mas não lhes era permitido cooperar em nada.

            Nós já temos passado por essa experiência de desapontamento. Surgiu, quem sabe, uma grande oportunidade para servir a Cristo. Alguns foram mandados para a frente da batalha; alguns foram mandados para o meio. Mas fomos postos na retaguarda. Quem sabe se por uma doença que veio; quem sabe se por uma questão de necessidade financeira; quem sabe se por maledicência; o fato é que fomos deixados para trás, e nos sentimos tristes. Não enxergamos por que razão teremos sido excluídos dessa participação na vida cristã. Parece-nos injusto que, se nos foi permitido entrar no jardim, não nos seja apontada ali uma tarefa.

            Aquiete-se, minha alma, as coisas não são como você supõe! Você não está excluída de participação na vida cristã. Pensa que o jardim do Senhor tem lugar só para os que estão em pé ou andando? Não! Ele tem um lugar reservado aos que são levados a sentar-se.

            Quando passar por essa experiência, lembre-se de que não está posto de lado! Lembre-se de que é Cristo quem diz: o seu lugar no jardim também foi consagrado a você. Ele tem um nome especial. Não é o lugar do combate nem o lugar da vigília, mas o lugar da espera.

            Há vidas que vêm a este mundo, não para fazer grandes obras ou suportar grandes fardos, mas simplesmente para ser. São como as flores do jardim do Getsêmani que não tiveram missão ativa: nunca fizeram parte de uma grinalda; nunca ornaram uma mesa; nem foram notadas por Pedro, Tiago ou João. Mas alegraram os olhos do Senhor Jesus. Por seu simples perfume, por sua simples beleza, trouxeram-Lhe alegria; simplesmente por sua presença fragrante ali no vale, animaram o coração do Mestre. Você não tem que murmurar, se é uma dessas flores. — Selecionado

 

27 de Dezembro

            Sua alma entrou em ferro. (Sl 105.16 — Trad. Inglesa.)

            Invertamos a ordem, e teremos em linguagem nossa: “Ferro entrou em sua alma”. E não é isto uma verdade? Que o sofrimento e a provação, o jugo suportado na mocidade, a repressão forçada da alma, todas essas coisas conduzem a uma tenacidade férrea e a firmeza de propósito? Sim, e também a fortaleza e a capacidade de suportar as dificuldades — qualidades essas que são o indispensável alicerce e a estrutura de um caráter nobre.

            Não se retraia ao sofrimento; aceite-o, suporte-o silenciosa e pacientemente; e esteja certo de que é a maneira de Deus infundir ferro na sua vida espiritual. O mundo quer punhos de ferro, energias de ferro, nervos de ferro e músculos de ferro. Deus quer santos de ferro. E como não há outra maneira de introduzir ferro em nossa natureza senão através do sofrimento, Ele nos deixa sofrer.

            Será que os melhores anos da sua vida estão-se passando em forçada monotonia? Você é assediado por oposições, mal-entendidos e zombaria, que estorvam o progresso, como o pioneiro na mata virgem é embaraçado pelos cipós à sua frente? Então tome alento. O tempo não é perdido. Deus o está colocando no regime do ferro. A coroa de ferro do sofrimento precede a coroa de ouro da glória. E o ferro está entrando em sua alma para fazê-la forte e corajosa. — F. B. Meyer

            Com Tua mão segura bem a minha, Pois eu tão frágil sou, ó Salvador, Que não me atrevo a dar nem um só passo Sem Teu amparo, meu Jesus, Senhor! – H. M. Wright

 

28 de Dezembro

            Regozijai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, regozijai-vos. (Fp 4.4.)

            Alegre-se, minha alma, você tem um grande Salvador! Ele é JEOVÁ EL SHADDAI, o Senhor todo-poderoso e todo-suficiente!

 

Que, pois, É Jeová El Shaddai, para mim?

É Ele o meu Deus, o Princípio e o Fim;

Profeta e meu Rei, Sacerdote sem par;

O meu Sacrifício, Cordeiro e Altar;

Juiz, Advogado, Testemunha fiel,

O meu Fundamento, e Amigo, e Emanuel;

Ele é o meu Resgate e o meu Redentor;

A minha Esperança e o meu Salvador;

Meu Guia e meu Mestre; Ele É minha Paz,

E Luz, e Caminho, e Expiação veraz!

 

Sim, mais é Jeová El Shaddai, muito além

Meu Guarda e Pastor, Vingador meu, também;

É meu Conselheiro, meu Sol, Capitão,

É Rocha bem firme, e é meu Galardão;

Farol pela noite, e é Sombra de dia;

Tesouro, Verdade e Sabedoria;

É o meu Lugar Forte, Repouso e Abrigo,

Meu alto Refúgio de todo perigo;

Ele é minha Força, momento a momento,

E dia por dia Ele é o meu Sustento.

 

E mais é Jeová El Shaddai, Ele é tudo

 Ele é o meu Descanso, Ele é o meu Escudo;

Meu Pão e minha Água; Porta, Habitação;

Ele é a Estrela d’Alva e a Ressurreição;

É minha Videira, Rosa de Sarom,

Meu Lírio do Vale e Irmão terno e bom;

É o Homem na Glória, meu Intercessor;

O meu Bem-Amado, e Esposo, e Senhor!

Sim, tudo acho em Cristo Jesus, e sem fim,

Pois Deus O fez ser tudo em tudo pra mim!

Traduzido

 

29 de Dezembro

            Levantai-vos, … porque vimos a terra, e ela é muito fértil. Vós estais quietos! não vos demoreis em irdes ocupar a terra. … pois Deus vo-la entregou nas mãos, lugar em que não há falta de cousa alguma que há na terra (Jz 18.9,10.)

            Levantai-vos! Então, há algo bem definido para fazermos. Nada é nosso enquanto não o tomamos para nós. “Assim alcançaram a sua herança os filhos de José, Manassés e Efraim” (Js 16.14). “Os da casa de Jacó possuirão as suas herdades” (Ob 17).

            É preciso que a nossa fé se aproprie das promessas de Deus. Precisamos fazer da Palavra de Deus nossa possessão pessoal. Certa vez perguntaram a uma criança o que significava apossar-se das coisas pela fé, e a resposta foi: “É a gente pegar um lápis e passar um risco embaixo de todos os meus e minhas da Bíblia.”

            Tome qualquer palavra que Ele tenha dito, e diga: “Essa palavra é para mim.” Ponha o seu dedo numa promessa, e diga: “Ela é minha.” Quanto da Palavra tem sido posto à prova e recebido, podendo-se dizer dela: “Foi feito!” Quantas promessas podemos sublinhar e dizer delas: “Cumprida para mim!”

            “Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas.” (Lc 15.21.) Não deixe a sua herança perder-se por negligência.

           

            Quando a fé vai ao mercado, sempre leva uma cesta.

 

30 de Dezembro

            Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele. (At 12.5.)

            Pedro estava preso aguardando a execução. A Igreja não tinha nem poder humano nem influência, para livrá-lo. Não havia auxílio terreno, mas havia socorro a ser obtido do Céu. Ela se entregou à oração, fervente e insistente. Deus mandou Seu anjo, que acordou a Pedro e o levou para fora, passando pela primeira e segunda sentinelas da prisão; e quando chegaram à porta de ferro, ela se abriu diante deles por si mesma e Pedro ficou livre.

            Pode haver na sua vida algum portão de ferro que esteja barrando a sua passagem. Como um pássaro engaiolado, você muitas vezes tem-se debatido contra as suas grades, mas em vez de melhorar a situação, você tem apenas ficado exausto e deprimido. Há um segredo para você aprender, e é o da oração de fé e quando chegar à porta de ferro, ela se abrirá por si mesma.

            Quanta energia desperdiçada e quanto desapontamento amargo serão poupados, se você aprender a orar como orava a Igreja no Cenáculo! As dificulda­des intransponíveis desaparecerão; as circunstâncias adversas provar-se-ão favoráveis; se você aprender a orar, não com a sua própria fé, mas com a fé que provém de Deus. Há almas aprisionadas que estão esperando há anos que as portas se abram; há entes queridos, sem Cristo, amarrados por Satanás, que serão libertos quando você orar e crer definidamente em Deus. — C. H. P.

            As emergências nos chamam à oração intensa. Quando o próprio homem se torna a sua oração, nada pode resistir ao seu toque. Elias no Carmelo prostrou-se em terra com o rosto entre os joelhos; isso era oração — o próprio homem era oração. Não conhecemos as palavras que disse. A oração pode ser intensa demais para palavras. Todo o seu ser estava tocando a Deus, e estava em posição com Deus contra os poderes do mal. E estes não puderam resistir a tal oração. Há necessidade de mais dessa oração, oração que envolve o próprio homem. — The Bent-knee Time

            “Gemidos inexprimíveis são, muitas vezes, orações que não podem ser recusadas.”

 

31 de Dezembro

            Até aqui nos ajudou o Senhor. (1 Sm 7.12.)

            A expressão: “Até aqui” parece-nos um marco referente ao passado. Cinqüenta, setenta anos se passaram, e “até aqui nos ajudou o Senhor!” Por meio de pobreza e riqueza, doença e saúde, em casa ou fora, em terra ou mar, em honra ou desonra, em oração ou tentação — “até aqui nos ajudou o Senhor”!

            É agradável olhar para trás contemplando uma longa alameda de árvores. É bonito vê-las erguendo-se como colunas de um templo, fechando a abóbada com seu arco de ramos. Da mesma forma, contemple as alamedas de seus anos passados e veja-os cobertos pelos ramos verdes da misericórdia de Deus, e os troncos, como os fortes pilares da Sua fidelidade e amor que sustentam as suas alegrias.

            Não há aves cantando nas ramagens? Certo que haverá muitas, e todas elas cantam a misericórdia recebida “até aqui”.

            Mas esta expressão aponta também para diante. Pois quando alguém chega a um certo marco e escreve: “Até aqui”, ele ainda não chegou ao fim; ainda há distâncias a percorrer. Mais provas, mais alegrias, mais tentações, mais triunfos; mais orações, mais respos­tas; mais labores, mais vigor, mais lutas, mais vitórias; e então vem a doença, idade, enfermidade e morte.

            E agora, é o fim? Não! Há mais ainda — acordar semelhante a Jesus, tronos, harpas, cânticos, vestes brancas, a face do Salvador, a companhia dos santos, a glória de Deus, a plenitude da eternidade, a sempiterna bem-aventurança. O crente, tenha bom ânimo, e com grata confiança erija o seu “Ebenézer”, pois Quem te ajudou até aqui, Te ajudará até ao fim.

            Quando lido lá na plena luz do Céu, que visão gloriosa e maravilhosa não desenrolará ante os seus olhos agradecidos, o seu “até aqui”.

            Os pastores dos Alpes têm o bonito costume de terminar o dia cantando uns para os outros uma canção de despedida. O ar é tão cristalino, que a canção ecoa por longas distâncias. Quando a noite começa a cair, eles tomam as ovelhas e as vão conduzindo montanha abaixo, cantando: “Até aqui nos ajudou o Senhor. Louvemos o Seu nome!”

            Finalmente, como suave cortesia, cantam um ao outro a amistosa despedida: “Boa-noite! Boa-noite!” As palavras são leva­das pelo eco, e de lado a lado vão repercutindo mansa e docemente, até morrer a música à distância.

            Assim também, falemos um com o outro dentro da noite, até que as sombras fiquem cheias de muitas vozes, encorajando a hoste de peregrinos. Que os ecos se ajuntem, até que uma verdadeira massa sonora de “aleluias” chegue em ondas até ao trono de Safira. E quando romper a manhã, nos encontraremos ante o mar de vidro, cantando com a hoste dos remidos: “Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos”!

            “E outra vez disseram: Aleluia.” (Ap 19.3.)

 

            Será meu canto eterno ali: “Jesus guiou-me até aqui.”

Compatilhe esta informação:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Email
WhatsApp
Telegram
Imprimir

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *