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ToggleExpondo o livro de I Timóteo – Capitulo 01
A primeira preocupação de Paulo era encorajar Timóteo a ficar em Éfeso e terminar sua tarefa, pois ele queria desistir. Em um momento ou outro, quase todos os trabalhadores cristãos quiseram desistir, mas como costumava dizer o dr. V. Raymond Edman, ex-presidente da Faculdade Wheaton: “É sempre muito cedo para desistir!”.
Nesse capítulo, Paulo encoraja o jovem Timóteo ao lembrá-lo de sua posição diante de Deus e de que o Senhor o ajudaria a vencer.
Deus encarregou-o de um ministério (1:1-11)
Timóteo não era efésio, pois Paulo levou-o para lá. Deus encarregou-o de um ministério nessa importante cidade. Deus entregou um ministério de confiança a Paulo (1:11), deu um serviço cristão especial a Timóteo e esperava que este fosse fiel. No versículo 4, o termo “o serviço de Deus” (NVI) deveria ser traduzido por “o serviço cristão de Deus”. Em Éfeso, os falsos mestres ministravam seus próprios programas, não o serviço cristão que Deus lhes dera. A primeira obrigação do servo cristão é ser fiel ao seu senhor (1 Co 4:1 -7). Em Éfeso, havia falsos mestres que queriam se promover como mestres da Lei, porém não sabiam do que falavam. Eles afastaram-se da verdade da Palavra e ouviam “fábulas” (v. 4; “mitos”, NVI) e genealogias sem-fim que levantavam mais questões que as que eles conseguiam responder. Que belo retrato de alguns mestres de hoje! Os “ministros” deles fomentavam discussões e divisões, em vez de edificar os cristãos e a igreja local. No versículo 5, Paulo contrasta os falsos mestres e seus ministérios com o ministério da graça de Deus dos verdadeiros servos cristãos. O objetivo dos servos do Senhor é que as pessoas amem umas às outras com o amor que vem do coração puro, da consciência boa e da fé sem hipocrisia. Todavia, esses falsos mestres promoviam divisões sem-fim e falas vãs!
Paulo explica a Timóteo a importância da Lei. Ele menciona que Deus não fez a Lei para salvar as pessoas, mas para que percebessem que todos precisam ser salvos. Há uma forma legítima de se usar a Lei (veja Rm 7:16). Nos versículos 9-10, Paulo enumera os pecadores condenados pela Lei, e vemos que essa lista inclui praticamente todos os dez mandamentos quando a comparamos com Êxodo 20.
Deus encarregou Paulo e Timóteo de um evangelho glorioso, não de um sistema de leis (2 Co 3—4). O significado literal de “sã doutrina” (v. 10) é “ensino saudável”, quer dizer, o ensino que promove a saúde espiritual. A palavra “higiene” origina-se dessa palavra grega. Leia 2 Timóteo 1:13 e 4:3, como também Tito 1:9,13 e 2:1 -2,8. Segunda a Timóteo 2:1 7 adverte que os falsos ensinamentos “corroem como câncer”. (O dr. Lucas deve ter gostado das muitas referências à ciência médica feitas por Paulo.)
Deus capacita-o para fazer seu trabalho (1:12-17)
Paulo dá a si mesmo como exemplo de uma pessoa que Deus, pela graça, capacitou para servir com eficiência. A palavra grega para “ministério” (v. 12) é diakonia, da qual se origina a palavra “diácono”, que significa “servo”.
Timóteo estava preocupado por achar-se muito jovem e sem a qualificação necessária para o ministério. O apóstolo diz a Timóteo: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna” (vv.15-16). Ele queria dizer que, se o Senhor transformou-o dessa maneira, imagine o que não faria com Timóteo! Paulo sempre tinha o cuidado de dar toda a glória de sua vida e de seu ministério a Deus (1 Co 15:10). Todos os que servem a Deus (e todos os crentes devem ser servos) têm de depender da graça do Senhor. Somos salvos pela graça (Ef 2:8-9) e também servimos por intermédio dela (Rm 12:3-6). No versículo 14, Paulo cita as três forças motrizes de sua vida: a graça, a fé e o amor. Seu amor por Cristo e pelo pecador perdido compelem-no ao trabalho (2 Co 5:14ss), a fé em Cristo capacita-o para o serviço (Ef 1:19), e a graça de Deus opera na vida dele tornando-o apto a servir ao Senhor (Hb 12:28).
Paulo considerava sua salvação um modelo (exemplo) do que Deus faz pelo perdido, principalmente para seu amado Israel. Os descrentes de hoje não são salvos da mesma forma que Paulo foi, ou seja, não vêem uma luz nem ouvem uma voz; todavia, apesar de nossos pecados, somos salvos pela graça, por intermédio da fé. Em um dia futuro, o povo de Israel será salvo como Paulo o foi a caminho de Damasco: os judeus verão Cristo, se arrependerão, crerão e serão transformados.
O versículo 15 apresenta o primeiro de diversos “ditos fiéis” que Paulo menciona (veja 3:1; 4:9; 2 Tm 2:11; Tt 3:8). Pensa-se que sejam ditos dos profetas do Novo Testamento da igreja primitiva que resumem ensinamentos importantes. Os cristãos primitivos não tinham a Bíblia escrita, por isso citavam esses “ditos” como afirmações autorizadas de fé.
Deus equipa-o para a batalha (1:18-20)
A vida cristã não é um “parque de diversões”, mas um campo de batalha. Deus recrutou Timóteo como soldado cristão (2 Tm 2:3-4). Paulo lembra o jovem pastor de sua ordenação anos atrás. Aparentemente, o Espírito instruiu alguns profetas da igreja local para separar Timóteo para um serviço especial (veja At 13:1-3; 1 Tm 4:14; 2 Tm 1:6). Paulo encoraja-o: “Ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate”. Veja Filipenses 1:6. Ele devia usar a Palavra de Deus como uma espada cortante de dois gumes para derrotar Satanás (Ef 6:1 7; Hb 4:12).
O soldado cristão também deve viver de forma correta (“fé e boa consciência”; v. 19), não basta apenas ter a doutrina certa. Em suas cartas pastorais para Timóteo e Tito, Paulo menciona diversas vezes a palavra consciência (veja 1 Tm 1:5,19; 3:9; 4:2; 2 Tm 1:3; Tt 1:15). A palavra “consciência” é de origem latina e significa “conhecimento”. A consciência é o juiz interior que testemunha nossos atos (veja Rm 2:15). O crente pode seguir a doutrina ortodoxa e viver em pecado secreto, e isso é o naufrágio espiritual. “Crer sem consciência” é o mesmo que abrir a porta para Satanás e para o pecado. A “consciência pura” se corrompe e, no fim, fica cauterizada, sem qualquer sensibilidade espiritual.
Paulo menciona dois homens de Éfeso que trarão problemas para Timóteo: Himeneu (2 Tm 2:17) e Alexandre (2 Tm 4:14). Esses dois homens pertenceram à igreja efésia, e Paulo disciplinou-os porque blasfemaram, provavelmente por ensinar doutrinas falsas. O versículo 20 sugere que eles aprenderão a “não mais blasfemarem”, porque Satanás lidaria com eles lançando mão de circunstâncias adversas na vida deles. Timóteo tinha de enfrentar esses dois homens com a verdade de Deus a fim de preservar a pureza e o poder da igreja, embora isso não fosse fácil para ele. Se, ontem, os cristãos tivessem feito oposição aos falsos mestres, haveria, hoje, menos doutrinas falsas.
Conclusão
A relação entre Paulo e Timóteo constitui um exemplo daquelas belas amizades entre um homem mais velho e um jovem, em que um é o complemento do outro (1 Co 4.17; Fp 2.22). Timóteo era um rapaz de quinze anos de idade quando se converteu em Listra, e provavelmente estaria com trinta e cinco anos quando essa carta lhe foi enviada. Era entusiasta e dedicado, mas, por vezes, mostrou sinais de timidez, e o apóstolo cuidava dele com afetuoso interesse.
Vimos nesse capítulo que Paulo adverte o jovem ministro contra a heresia gnóstica. Seus ensinos levavam os homens ao erro, começando pelo orgulho espiritual, até a sensualidade, pois consideravam o corpo inerentemente mau.
Tudo isso era contrário à “sã” doutrina. Isso sugere que devemos submeter a um certo teste os vários mestres que cruzam nosso caminho. A pergunta a ser feita é a seguinte: as palavras deles promovem o bem da alma, e, acima de tudo, “o amor que procede de coração puro e de consciência boa”?
Na próxima semana continuaremos nosso estudo nesta importante carta.
Estes estudos estão disponíveis na página de nossa Igreja. Site: http://igrejabetelgeisel.hospedanet.info/