PARTE 12 – APOCALIPSE 4:1-11 – TEMA: O TRONO DE DEUS, A SALA DE COMANDO DO UNIVERSO

PARTE 12 – APOCALIPSE 4:1-11 – TEMA: O TRONO DE DEUS, A SALA DE COMANDO DO UNIVERSO

 

INTRODUÇÃO

1. A primeira visão foi do Cristo da glória no meio da sua igreja – Depois da primeira visão do Cristo exaltado que cuida de sua igreja e a protege, começa a revelação “do que acontecerá depois destas coisas”. Primeiro, Cristo revelou-se como aquele que conhece a sua noiva no íntimo. Ele conhece todas as virtudes e fraquezas da sua noiva. Nenhum defeito da sua noiva está oculto diante do seus olhos. Contudo, o Cristo exaltado aponta para a sua noiva o caminho de retorno e diz que ele é o remédio para a sua própria igreja. Ele não rejeita a sua noiva, mas é o remédio para ela.

2. Agora a visão que segue será das grandes tensões que a Noiva enfrentará até a segunda vinda do Noivo – Esta revelação inclui a destruição dos poderes do mal, de Satanás e da morte. Mas, antes de serem destruídas, estas forças más se empenharão num esforço desesperado de frustrar os planos de Deus, tentando destruir o povo de Deus. Essa é a grande tensão entre o Reino de Deus e o reino de Satanás.

3. A mensagem central do livro de Apocalipse é mostrar para a Noiva perseguida, que o seu Deus está no Trono do Universo – Antes do mundo perseguir a igreja (a abertura dos sete selos), e Deus visitar o mundo com o seu juízo parcial (sete trombetas) e o seu juízo final (sete taças) é revelado a João que Deus está entronizado e governando o seu universo. Não importa quão temíveis ou incontroláveis forças do mal pareçam ser na terra, elas não podem frustrar os desígnios de Deus nem vencer a igreja, pois Deus está governando o Universo, a partir do seu trono.

4. O destino da Noiva não está nas mãos dos homens, mas nas mãos de Deus -Quando o mundo está incendiado pelo ódio, guerras, conflitos; quando a terra está cambaleando, bêbada de sangue, precisamos levantar os nossos olhos e ver o nosso Deus assentado sobre um Alto e Sublime Trono (Is 6:1). Ele é quem governa o universo. No meio das provas e tribulações, precisamos fixar nossos olhos naquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Somente quando olhamos todas as coisas (inclusive nossas tribulações, capítulo 6, desde o aspecto do trono) é que alcançamos o verdadeiro discernimento da história.

I. APOCALIPSE É REVELAÇÃO DO CÉU, NÃO DESCOBRIMENTO DA TERRA – V. 1-2

1. Uma porta aberta no céu – O conhecimento do futuro não é alcançado mediante artes mágicas, ou leitura dos astros, nem mesmo por profecias humanas. Nós não podemos conhecer nada do futuro, a não ser que Deus revele para nós. O futuro estará coberto por um véu, até que Deus abra a porta do céu. O céu aberto não libera apenas acontecimentos, mas também entendimento, pois João contempla o trono, antes de contemplar os dramas da história. Muitas vezes, sentimos como se o céu estivesse fechado para nós: “Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu nome. Oh! se fendesses os céus e descesses! […] para fazeres notório o teu nome aos teus adversários” (Is 63:19-64:2). No começo de Apocalipse aparecem as 3 portas mais importantes da Vida: 1) A porta da oportunidade (3:8); 2) A porta do coração humano (3:20); 3) A porta da revelação (4:1).

2. Uma voz como de trombeta – Em (1:10), Jesus revelou-se a ele da mesma forma. Lá bastou João voltar-se para ver Jesus (1:11). Agora, João precisa subir ao céu. Não muda apenas de posição, mas de lugar, pois agora não se trata mais de vislumbrar o presente, mas o futuro e o futuro vem sobre nós a partir do Trono de Deus.

3. Sobe para aqui e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas -João é chamado ao céu para ver não o aspecto cíclico da história, não a história sem freios e sem rumo, não a história dirigida pelos homens, mas para ver o que deve acontecer. O Deus que está no trono é quem determina tudo o que acontece. Não há acaso nem falta de controle. O futuro está nas mãos de Deus. Não precisamos temer. Tudo o que acontece sobre a terra resulta de algo que sucederá no céu. A causa está no céu, e o efeito se verifica sobre a terra.

4. Imediatamente, eu me achei em espírito – João já não vê com os olhos físicos nem escuta com os ouvidos físicos. Ninguém jamais viu a Deus. Ele habita em luz imarcessível. Em carne e sangue João não suportaria contemplar o esplendor da glória. Então, ele tem uma visão.

II. DEUS ESTÁ ASSENTADO NO TRONO DO UNIVERSO V. 2-7

1. João viu um Trono no céu – v. 2

•     O trono é um lugar de honra, autoridade e julgamento. Todos os tronos da terra estão sob a jurisdição desse trono do céu. O livro de Apocalipse é o livro da Soberania de Deus, da vitória de Deus. Aquele que criou todas as coisas, está no controle de tudo e levará a história para uma consumação final, onde ele sairá vitorioso. A essência desta revelação é mostrar que todas as coisas são governadas por aquele que está assentado no Trono.

• Das 67 passagens do NT que aparece “TRONO” 47 estão no livro de Apocalipse e 12 vezes só neste capítulo 4. Todos os detalhes estão orientados com vistas ao trono: sobre o trono, em redor do trono, a partir do trono, diante do trono, no meio do trono. O trono é um símbolo da soberania inabalável de Deus.

• O Trono é o verdadeiro centro do universo. Esse trono não está na terra, mas no céu. O universo na Bíblia não é geocêntrico, nem hiliocêntrico, mas teocêntrico. Aqui temos a verdadeira filosofia da história.

2. João viu o glorioso Deus assentado sobre o Trono – v. 2

• Para uma igreja perseguida, torturada, martirizada (Roma, perseguições ao longo da história e Anticristo) esta é uma mensagem consoladora: saber que o seu Deus está no trono (Is 6:1; SI 99:1).

•     O que João descreve não é Deus mesmo, mas o seu fulgor, seu esplendor, porque a ele não se pode descrever (Ex 20:4). Não há descrição do trono nem da pessoa que está assentado nele. O que João viu quando olhou para o trono só pode ser descrito em termos de brilho de pedras preciosas. João descreve a Deus como um ser absolutamente misterioso, único, singular, o totalmente outro. João diz que ele é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe (a mais cristalina, a mais pura, sem nenhuma poluição). É o nosso diamante. Há uma abundância de luz que emana dessa pedra. E de sardônio (cor vermelha, a mais translúcida que existe). João vê beleza, riqueza, abundância de luz. Deus é luz e ele habita em luz inacessível. • A pedra de jaspe (branca) descreve a santidade de Deus e o sardônio (vermelho) o seu juízo. Tal é Deus, santo e justo!

Quais são as características do Trono de Deus – v. 3-7

A. O Trono de Deus é um trono de Graça e Misericórdia v.

3 y Ao redor do trono há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. O arco-íris é o símbolo da Graça e Misericórdia de Deus, da sua aliança com o seu povo, de que não mais o destruiria. Normalmente o arco-íris aparece depois da tempestade, mas aqui, ele aparece antes dela.

> Para os filhos de Deus a tempestade já passou, porque Cristo já se deu a si mesmo para nos resgatar do dilúvio do juízo. Agora, temos o sol da justiça brilhando sobre nós. Ainda que o juízo venha sobre os homens, a igreja de Cristo será poupada. O que foi redimido não pode ser destruído. Ainda que o mal nos alcance, Deus fará com que todas as coisas aconteçam para o nosso bem.

> Antes de Deus derramar o seu juízo sobre a terra, ele oferece a sua misericórdia. Antes das taças do juízo, ele envia as trombetas de alerta.

B. O Trono de Deus é um trono de Juízo — v. 5

> Os relâmpagos, as vozes e os trovões são evidências de juízo e ira. O arco-íris foi visto antes dos relâmpagos. A graça sempre antecede ao julgamento. Aqueles que recusaram a misericórdia terão que suportar o juízo. Quem não foi purificado pelo sangue, terá que suportar o fogo do juízo divino.

> Hoje os homens escarnecem de Deus. Cospem no seu rosto. Zombam da sua Palavra. A mídia diz que Deus está errado. Mas Deus está no trono e derramará o seu juízo. Precisamos tomar posição. Arco-íris vem antes dos relâmpagos e trovões. A graça vem antes do juízo. Compare Is 61:1-2 com Lucas 4:17-21. Na primeira vinda Jesus veio em graça, na segunda vinda virá em juízo.

> O trono de Deus se manifesta em juízo contra os homens ímpios (Dilúvio, Sodoma, Egito, Babilônia, Jerusalém).

> Esse juízo de Deus muitas vezes é em resposta às orações da igreja (8:3-5).

> O trono de Deus não é passivo. O cálice da ira de Deus está se enchendo. O juiz de toda a terra fará justiça. Ninguém escapará!

> O Espírito de Deus aqui não se manifesta como pomba, mas como sete tochas de fogo (símbolo de combate – Gideão).

C. O Trono de Deus é um trono de santidade e transparência v.6

> Esse mar de vidro está em contraste com o mar de sujeira e poluição do pecado (Is 57:20). Para estar diante do trono de Deus é preciso ser purificado, estar limpo. Não há sujeira diante do trono de Deus. Não há corrupção. Tudo é transparente, limpo, puro. Deus é santo. No céu não entra nada contaminado. Deus não se associa com o mal. Ele abomina o mal. Embora ele ame a todos, ele não ama a tudo.

III. A IGREJA GLORICADA PARTICIPA DO REINADO E DO JULGAMENTO DO MUNDO – V. 4

1. Ao redor do Trono, há também, vinte e quatro tronos

• Esses tronos estão ao redor e não no centro. Deus está no alto e sublime trono. Ele reina sobre todos os outros tronos.

2. Assentados neles, vinte e quatro anciãos

• Assentado fala de uma posição de autoridade e poder. A igreja tem a honra não apenas de ser salva, mas também de reinar no céu e ser assistente de Deus no seu julgamento (Mt 19:27-29; 1 Co 6:2).

• Fomos constituídos reinos e sacerdotes (Ap 1:6). Os sacerdotes estavam divididos em 24 turnos (1 Cr 24:7-18). Aqui somos divididos em igrejas, denominações. Mas no céu seremos uma só igreja: os que foram lavados no sangue do Cordeiro. Ilustração: O Sonho de João Wesley.

• Fomos constituídos. Nós julgaremos o mundo e os anjos (1 Co 6:2-3).

• Os 24 anciãos representam o povo fiel de Deus, a igreja do Velho e do Testamento. A igreja dos Patriarcas e Apóstolos. A totalidade da igreja de Deus na história. Esses vinte e quatro anciãos são identificados por suas roupas (brancas), incumbência (assentam-se em tronos para reinar e julgar) e posição (coroas de vencedores).

3. Os 24 anciãos estão vestidos de branco, e usando coroas de ouro

• As vestiduras brancas falam da justificação. A vestiduras brancas são as vestimentas que se prometem aos fiéis (3:4). Não há redenção para os anjos e sim para os homens. Portanto, os 24 anciãos não são anjos, mas homens remidos.

• H. B. Swete afirma que o número vinte e quatro representa a igreja na sua totalidade. É uma visão não do que é, mas do que há de ser. A igreja plena, como será na glória, adorando e louvando a Deus diante do trono, nos céus.

• As coroas de ouro falam da posição de honra, autoridade e prestígio dos remidos no céu. Essas coroas de vitória prometidas aos que permanecem fiéis mesmo diante da morte (2:10; 3:11).

IV. A DOXOLOGIA DOS QUATRO SERES VIVENTES AO QUE ESTÁ ASSENTADO NO TRONO – V. 6-8

1. Quem são esses quatro seres viventes que estão no meio e ao redor do Trono?

•    Arthur Bloomfield pensa que eles representam os quatro Evangelhos – O leão mostra Jesus como Rei (Mateus). O novilho mostra Jesus como servo (Marcos). O homem mostra Jesus como o homem perfeito (Lucas) e a Águia mostra Jesus como aquele que veio do céu e volta ao céu (João).

•    H. B. Swete e William Barclay pensam que eles representam a totalidade da natureza – Os quatro seres viventes representam todo o nobre, forte, sábio e rápido da natureza. Cada figura têm preeminência em sua própria esfera. O leão é supremo entre os animais selvagens. O boi entre os animais domésticos. A águia é o rei das aves. O homem o supremo entre todas as criaturas viventes. Os quatro seres viventes, representam toda a grandeza, poder e beleza da natureza. Aqui vemos o mundo natural trazendo sua doxologia ao que está no trono. A natureza louva ao Criador (SI 19:1-2; SI 103:22; Sal 148).

William Hendriksen pensa que eles representam seres angelicais -Esses quatro seres viventes são querubins (Ez 10:20), anjos de uma ordem superior. Os querubins guardam as coisas santas de Deus (Gn 3:24; Ex 25:20). A canção deles é a canção dos anjos (Is 6:1-4). Eles são descritos como leão, novilho, homem e águia (fortaleza, capacidade para servir, inteligência, rapidez). Essas são características dos anjos (SI 103:20,21; Hb 1:14; Dn 9:21; Lc 12:8; 15:10). Quando a Bíblia quer usar a linguagem de toda criatura, o faz com precisão em (5:13).

2. O que esses quatro seres viventes fazem? – v. 8-

• Eles proclamam sem cessar. O livro de Apocalipse está cheio de cânticos de exaltação a Deus (4:8,11; 5:9-13; 7:12-17; 11:15-18; 12:10-12; 15:3-4; 16:5-7; 18:2-8; 19;2-6).

a) A santidade de Deus – Santo (descrição). Santo, Santo (ênfase). Santo, Santo, Santo (plenitude de santidade).

b) A onipotência de Deus – O Todo-poderoso. As pessoas para quem se escreveu o Apocalipse estavam sob ameaça de morte. Saber que Deus é soberano implica confiança no triunfo final.

c) A eternidade de Deus – Aquele que era, que é e que há de vir. Os impérios podem levantar-se e cair, mas Deus permanece para sempre.

• Eles dão a Deus glória, honra e ação de graças.

•     O céu é lugar de celebração, louvor, glorificação ao nome de Deus. Veia que eles não cessam de proclamar!

V. A DOXOLOGIA DA IGREJA AO QUE ESTÁ ASSENTADO NO TRONO – V.

10-11

1. O objeto da Adoração

•     Os remidos adorarão àquele que vive pelo século dos séculos. Também adoram o Espírito Santo (1:4-5; 4:5). Igualmente adoram o Cordeiro

(5:12,13).

2. Os atos de Adoração

A igreja se prostra diante daquele que está assentado no Trono. A

glória deles é glorificar ao que está assentado no Trono.

Depositarão suas coroas diante do Trono – Sinal de total submissão e rendição.

3. As palavras da Adoração

•     O que está assentado no Trono é Senhor e Deus – “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder”. Ele é digno de receber a glória, eles não são dignos de glorificar, por isso, se prostram e depositam suas coroas diante do Trono. A visão do Trono de Deus levou Haendel a escrever a sua obra maior “Aleluia”.

•     O que está assentado no Trono é o Criador de todas as coisas – O mesmo Deus que criou tudo, sustenta tudo, levará o mundo, a história e a igreja à consumação final.

CONCLUSÃO

1.     João é chamado ao céu para ver o Trono e o Entronizado. O Trono de Deus está no centro do Universo. Tudo acontece a partir do Trono. Tudo está ao redor do Trono. Graça e Juízo emanam do Trono. Todo o louvor e glória são dirigidos àquele que está assentado no Trono. A ele seja a glória para sempre, Amém!

 
 

 

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