Respostas a algumas questões controvertidas na Bíblia

Índice

A Arca de Noé………………………………………….. 53

A bênção do dízimo…………………………………… 72

A chamada de Paulo………………………………….. 17

A cor negra………………………………………………. 48

A criação dos anjos……………………………………. 18

A idade de Adão e Eva………………………………. 44

A interpretação do livro de Cantares……………. 61

A mulher que ungiu Jesus………………………….. 55

A opção de Davi……………………………………….. 13

A oração de Josué…………………………………….. 19

A origem da palavra Lúcifer………………………. 46

A origem dos calendários…………………………… 34

A parábola das dez virgens………………………… 33

A paz do Senhor……………………………………….. 49

A purificação de Jerusalém………………………… 36

A salvação de João Batista…………………………. 64

As duas testemunhas…………………………………. 37

As setenta semanas de Daniel…………………….. 28

Adoração a Maria……………………………………… 69

Águias ou abutres?……………………………………. 41

Aleluia…………………………………………………….. 25

Anjo da guarda…………………………………………. 31

Arrebatamento e revelação…………………………. 54

Batismo com o Espírito Santo…………………….. 68

Batizar-se pelos mortos……………………………… 36

Bíblia Católica ou Protestante?…………………… 48

Cabelo cortado nas mulheres……………………… 67

Casa em ordem……………………………………….. 46

"Causa mortis" de Jesus…………………………….. 30

Coliseu romano………………………………………… 45

Como devemos orar…………………………………… 64

Crianças condenadas?……………………………….. 58

Cristo inferior ao Pai?……………………………….. 11

Davi enumera o povo………………………………… 50

De Adão a Abraão…………………………………….. 44

De onde vieram os árabes………………………….. 50

Deve o crente mudar de profissão?……………… 72

Discos voadores………………………………………… 26

Dom de línguas…………………………………………. 71

Entregue a Satanás……………………………………. 52

Eternidade………………………………………………… 70

Festa do "Ágape"………………………………………. 32

Filho do homem………………………………………… 51

Fundo duma agulha…………………………………… 10

Genealogia de Jesus………………………………….. 16

Gogue e Magogue…………………………………….. 51

Homeopatia: divina ou diabólica?……………….. 56

Imagem e semelhança……………………………….. 62

Inscrição misteriosa…………………………………… 16

Irmãs podem ungir?…………………………………… 63

Jejum……………………………………………………….. 68

Jeremias ou Zacarias?………………………………… 22

Jerusalém ou Salém?…………………………………. 49

João Batista foi batizado com o Espírito Santo? 30

Máquinas………………………………………………….. 31

Meditação transcendental…………………………… 42

Mistério da iniqüidade……………………………….. 40

Morada de Satanás……………………………………. 21

Morte e hades…………………………………………… 19

Mulheres caladas………………………………………. 71

Namoro……………………………………………………. 66

Não passará esta geração……………………………. 51

Negócios na Casa de Deus…………………………. 70

Nicodemos foi salvo?………………………………… 57

O alimento de João Batista…………………………. 17

O autor do livro de Crônicas………………………. 44

O batismo de Paulo……………………………………. 50

O Céu é um lugar?…………………………………….. 40

O destino dos índios………………………………….. 42

O jovem fugitivo……………………………………….. 50

O livro de Ezequiel……………………………………. 51

O Milênio…………………………………………………. 38

O ministério de Isaías………………………………… 60

O nome da rainha de Sabá………………………….. 60

O número de promessas…………………………….. 61

O pecado de blasfêmia………………………………. 27

O peso da cruz………………………………………….. 52

O preguiçoso…………………………………………….. 47

O que é a alma?………………………………………… 43

O selo da promessa…………………………………… 33

O sermão de Estêvão………………………………….. 20

O significado da cruz…………………………………. 45

O significado do batismo……………………………. 60

O Templo de Salomão……………………………….. 23

O templo visto por Ezequiel……………………….. 52

Os dias. da criação…………………………………….. 14

Os dois malfeitores……………………………………. 23

Os doze…………………………………………………….. 22

Os filhos de Deus………………………………………. 39

Orar ao Espírito Santo……………………………….. 69

Ósculo santo…………………………………………….. 65

Predestinação……………………………………………. 07

Qual a igreja verdadeira?……………………………. 65

Qual o nome do sogro de Moisés?………………. 18

Quando Jesus morreu?………………………………. 55

Que é o homem?………………………………………. 40

Quem apareceu a Saul?……………………………… 08

Quem criou Satanás?………………………………… 20

Quem eram os saduceus?…………………………… 60

Quem será o Anticristo?……………………………. 38

Rainha dos céus………………………………………… 52

Reconheceremos nossos irmãos no Céu?……… 47

Respondendo ao tolo…………………………………. 10

Ressurreição dos mortos…………………………….. 14

Riquezas da injustiça…………………………………. 11

Sábado ou domingo?…………………………………. 45

Salvação eterna………………………………………… 66

Salvação nacional de Israel………………………… 53

Saul perante Samuel………………………………….. 21

Seol…………………………………………………………. 27

Sofrimentos incompreendidos…………………….. 24

Suprema preocupação……………………………….. 68

"Testemunhas-de-Jeová"……………………………. 40

Tipos de batismo……………………………………….. 29

Vida conjugai e salvação……………………………. 66

PREDESTINAÇÃO

"Na sua onisciência, Deus predestina­ria um número exato de pessoas para ser condenado e outro para descansar eterna • mente? Teria cada homem seu destino traçado?"

Acreditamos que Deus, na sua onis­ciência, por meio de leis científicas e matemáticas, sabe quantos vão vencer a bata­lha da fé e terminar triunfantes na eterna glória, porém, isso nada tem a ver com a predestinação fatalista: Jo 17.5.

No que tange à predestinação, ela se baseia, em essência, no "conhecimento anterior" de Deus, no sentido de que o seu "amor eterno" e preocupação e interesse pelos crentes é que está em foco. Aqueles sobre quem fixou seu coração de antemão, portanto, são aqueles que se tornaram o alvo de seu decreto determinador.

Esse decreto determinador não é um mero pronunciamento judicial, mas é, sem dúvida, acompanhado por um poder orien­tador e criador, através do Espírito Santo, que garante o cumprimento do propósito de Deus.

O grande alvo da predestinação é a chamada dos crentes dentro do tempo, e o resultado de ambas as coisas é a transfor­mação do crente segundo a imagem de Cristo, tanto moral (no que tange à partici­pação do crente na própria santidade de Deus, tal como Cristo dela participa), como metafísica (no que convence a natu­reza essencial de Cristo).

Não existe, portanto, predestinação para a condenação. Por exemplo: O caso do endurecimento do coração de Faraó, por dez vezes consecutivas, a Bíblia diz que ele mesmo se endureceu contra a ordem de Deus (Êx 7.13; 8.15,19,32; 9.7,34,35; 13.15; 14.22), e dez vezes lemos que Deus o endu­receu: Êx 4.21; 7.3; 9.12; 10.20,27; 11.10; 14.4,8,17.

Theodoret assim explica o caso: "O sol, pelo seu calor, torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um, amolecendo outro, produzindo pela mesma ação resultados contrários. Assim a longanimidade de Deus faz bem a alguns e mal a outros; al­guns são amolecidos e outros endurecidos". Contudo, cremos que esse amolecimento ou esse endurecimento vêm daquilo que o homem apresenta a Deus: um coração contrito, ou orgulhoso.

Deus não endurece o coração de um in­divíduo, necessariamente com uma inter­venção sobrenatural; o endurecimento pode ser produzido pelas experiências nor­mais da vida, operando através dos princí­pios e do caráter da natureza humana, que são determinados por Ele. Esta verdade é profundamente hebraica. Um exemplo se­melhante desta forma hebraica de pensa­mento encontra-se em Marcos 4.12, onde Jesus apresenta sua razão para ensinar a verdade sob a forma de parábola. –

Em outras palavras, apesar de a Bíblia declarar que Deus predestina para a vida, para a transformação segundo a imagem de Cristo e para a santidade, isso não quer dizer que Ele predestine algumas pessoas para a condenação conforme os teólogos calvinistas mais radicais têm imaginado. Deus predestina segundo a sua presciência: 1 Pe 1.2.

As Escrituras denominam tão-somente os crentes de eleitos, chamados, escolhidos e predestinados, mas sempre relacionados com a sua posição em Cristo, como as varas na videira. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo", 2 Co 5.17; "Todo aquele que crer em Jesus, e pela fé permanece nele tem a vida eterna e não entrará em condenação", Jo 15; Rm 8.28-30.

O fatalismo e a predestinação absoluta nunca fizeram parte da doutrina e tradição apostólica, e são comuns às seitas heréti­cas que se consideram favoritas da divin­dade e responsáveis pelo desinteresse, frus­tração e miséria de muitos indivíduos, po­vos e igrejas.

Analisando a idéia do destino na lin­guagem popular, vemos que significa uma forma sobrenatural, indomável e irresistí­vel, da qual não podemos fugir e que limita a nossa liberdade e vontade.

Por ser uma maneira muito cômoda de pensar e de agir, é ela perfilhada por várias religiões e filosofias (fatalismo) e até por confissões religiosas (predestinação abso­luta), mas sem base no ensino das Sagra­das Escrituras.

Desde épocas imemoriais o homem tem tido o hábito de acumular na lembrança, através da sua agitada existência, peque­nos fracassos, desventuras e fatalidades, e com elas construiu um monstro a que deu o nome de "destino", que compreende como uma determinação imutável, esquecendo as inúmeras bênçãos, vantagens e vitórias alcançadas sobre a adversidade.

Sendo o destino o fim para que tende qualquer ação, o lugar a que se dirige a pessoa ou objetivo em causa, está ele sujei­to às leis espirituais e materiais que regem o universo.

Assim, a vida é composta de bons e maus sucessos, em conformidade com o tempo, o local, o ambiente, a experiência e a atitude do indivíduo em relação a esses elementos. Cada homem tem, pois, que procurar, na prática de uma boa consciên­cia, o caminho da verdade e do dever, se­jam quais forem as conseqüências da sua determinação.

Está escrito na Bíblia que só Deus é realmente bom, não pode ser melhor do que é visto ser a personificação do Amor: Lc 18.19; 1 Jo 4.8. Como pessoa livre, per­feita e justa, criou o homem à sua imagem e tornou-se o alvo de toda a dedicação: Gn 1.26,27; SI 8. Como podia Deus fazer acep­ção dentre as suas criaturas e determinar-lhes destinos diferentes, senão aqueles que eles próprios como seres livres e feitos a se­melhança da mesma divindade, desejarem de "motu próprio" trilhar? Rm 2.11-16; 10.12-17.

Deus não apenas seria imperfeito, mas também a encarnação da matéria e malda­de, se nos induzisse a acreditar no Evangelho para nossa salvação, quando afinal já determinara que nos havíamos de perder ou salvar.

Portanto, nenhum homem, grupo ou organização tem privilégios diante de Deus, a não ser aquele que aceita Jesus como Salvador. Porque Deus não faz acep­ção de pessoas, e muito menos predetermi­na, para certos grupos, um juízo, um desti­no cruel na eternidade. Sobre o assunto a Bíblia diz: "Vivo eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio mas em que o ímpio se converta do seu ca­minho, e viva: convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis?" Ez 33.11a; "Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais", Jr 29.11.

QUEM APARECEU A SAUL?

"Quem foi que apareceu a Saul em 1 Samuel 28.7-25?"

Preliminarmente, ressaltamos, que o capítulo 28 de 1 Samuel, a começar do seu versículo 7 até o 25, foi escrito por uma tes­temunha ocular; logo, por um dos servos de Saul que o acompanhou à necromante: vv.7,8. Freqüentemente, esses servos eram estrangeiros e quase sempre supersticiosos, crentes no erro – razão por que o seu estilo é tão convincente. Esta crônica que é parte da história de Israel, pela determinação di­vina, entrou no Cânon assim como os dis­cursos dos amigos de Jó (42.7), as afirma­ções do autor de "debaixo do sol" (Ec 3.19) e a fala da mulher de Tecoa (2 Sm 12.2-21), que são palavras e conceitos mera­mente humanos. A confusão gerada pelo assunto exposto no texto é porque foi ana­lisado o ponto de vista do servo de Saul. Todavia, sobre a questão se Samuel falou ou não com Saul, a Bíblia é bem clara e tem argumentos definidos para desmentir todas e quaisquer afirmações hipotéticas e asseverações parapsicológicas a seu respei­to. Examinaremos alguns desses argumen­tos e veremos a impossibilidade de ter sido Samuel a pessoa com quem falou Saul:1

1. Argumento gramatical (v.6): "… o Senhor… não lhe respondeu". O verbo hebraico é completo e categórico. Na con­dição que Saul estava, Deus não lhe responderia e não lhe respondeu. O fato é con­firmado pela frase: "… Saul… interrogara e consultara uma necromante e não ao Se­nhor…", 1 Cr 10.13,14.

2. Argumento exegético: v.6. Nem por Urim – revelação sacerdotal (w.14,18), nem por sonhos – revelação pessoal, nem por profetas – revelação inspiracional da parte de Deus. Fosse Samuel o veículo transmissor, seria o próprio Deus respondendo, pois Samuel não podia falar senão por inspiração. E, se não foi o Senhor, não foi Samuel.

3. Argumento ontológico. Deus se iden­tifica como Deus dos vivos: de Abraão, de Isaque, de Jacó: Êx 3.15; Mt 22.32. Ne­nhum deles perdeu a sua personalidade e sua integridade. Seria Samuel o único a poluir-se, contra a natureza do seu ser, contra Deus e contra a doutrina que ele mesmo pregara (1 Sm 15.23), quando em vida nunca o fez? Impossível.

4. Argumento escatológico. O pecado de Samuel tomar-se-ia mais grave ainda, por ter ele estado no "seio de Abraão", ten­do recebido uma revelação superior e co­nhecimento mais exato das coisas encober­tas, e não tê-las considerado, nem obedeci­do às ordens de Deus: Lc 16.27-31. Mas Sa­muel nunca desobedeceu a Deus: 1 Sm 12.3,4.

5. Argumento doutrinário. Consultar os "espíritos familiares" é condenado pela Bíblia inteira. Logo, aceitando a profecia do pseudo-Samuel, cria-se uma nova dou­trina, que é a revelação divina mediante pessoas ímpias e polutas. E, além disso, para serem aceitas as afirmações proféti­cas como verdades divinas, é necessário que sejam de absoluta precisão; o que não acontece no caso presente.

6. Argumento profético: Dt 18.22. As profecias devem ser julgadas: 1 Co 14.29. E essas do pseudo-Samuel não resistem ao exame. São ambíguas, imprecisas e infun­dadas. Vejamos: a) Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus (1 Sm 28.19), mas se suicidou (1 Sm 31.4) e veio parar nas mãos dos homens de Jabes-Gileade: 1 Sm 31.11,13. Infelizmente, o pseudo-Samuel não podia prever este detalhe; b) não morreram todos os filhos de Saul ("… tu e teus filhos", 1 Sm 28.19) como insipua essa ou­tra profecia obscura. Ficaram vivos pelo menos três filhos de Saul: Isbosete (2 Sm 2.8-10), Armoni e Mefibosete: 2 Sm 21.8. Apenas três morreram, como anotam clara e objetivamente as passagens seguintes: 1 Sm 31.26 e 1 Cr 10.2-6; c) Saul não morreu no dia seguinte ("… amanhã… estareis co­migo", 1 Sm 28.19). Esta é uma profecia do tipo délfico, ambígua. Saul morreu cer­ca de dezoito dias depois: 1 Sm 30.1,10,13,17; 2 Sm 1.13. Afirmar que a pa­lavra hebraica "mahar" (amanhã), aqui, é de sentido indefinido, é torcer o hebraico e a sua exegese, pois todos vão morrer mes­mo, em "algum dia" no futuro, isto não é novidade; d) Saul não foi para o mesmo lugar que Samuel ("… estareis comigo", 1 Sm 28.19). Outra profecia inversossímil: interpretar o "comigo" por simples "além" (Sheol), é tergiversar. Samuel estava no "seio de Abraão", sentia isso e sabia a diferença que existe entre um salvo e um per­dido. Jesus também o sabia, e não disse ao ladrão que estava na cruz: "Hoje estarás comigo no além (Sheol)", mas sim no "Paraíso". Logo, Samuel não podia ter dito a Saul que este estaria no mesmo lugar que ele: no "seio de Abraão". Porque com o ato abominável e reprovado de Saul em con­sultar uma feiticeira e não ao Senhor, foi completamente anulada a sua possibilida­de de ir para o mesmo lugar de Samuel – o "seio de Abraão".

Ainda notamos este absurdo, analisan­do a palavra "médium" (heb), que é traduzida em outras versões por "espírito adivinhador" ou "espírito familiar" e no texto grego (LXX) por "engastrimuthos", que significa ventríloquo, isto é, um de fala diferente, palavra que indica a espécie de pessoa usada por um desses espíritos.

Assim concluímos que:

• Não foi Samuel quem apareceu e fa­lou com Saul, mas sim um espírito de­moníaco.

• Nenhum morto por invocação huma­na pode aparecer ou falar com alguém, e quanto mais Samuel.

• Todas as predições do pseudo-Samuel estavam deturpadas. Nada se cumpriu. Isto é um verdadeiro contra-senso, visto que, Samuel quando em vida, "nenhuma só das suas palavras caiu por terra". 1 Sm 3.19.

• Quem pratica tais coisas, a saber, in­voca os mortos, consulta necromantes, es­tá sendo logrado pelas artimanhas de Satanás.

• Deus é Deus dos vivos e não dos mor­tos: Mt 22.32. Assim, aqueles que invocam os mortos estão indo de encontro a essa lei básica e bíblica.

• Não existe, portanto, neste trecho ne­nhuma similaridade ou abertura para supostos fundamentos de doutrinas heréti­cas. Ademais, todos esses argumentos pro­vam categoricamente a impossibilidade de tais pensamentos. A Bíblia é a verdade.

RESPONDENDO AO TOLO

"Como entender o capítulo 26 de Pro­vérbios versículos 4 e 5?"

A aparente contradição existente nes­ses dois versículos é eliminada quando os analisamos global e minuciosamente.

Em primeiro lugar, este provérbio com seus afins, foi escrito para nos mostrar dois aspectos: a) o dilema daqueles que querem arrazoar com os que não são razoáveis; b) nós mesmos somos insensatos em poten­cial.

Em segundo lugar, o sentido basilar destes versículos é que nada se pode fazer com os insensatos, porque quem entra em diálogo com eles, isto é, no seu próprio nível, vai solidificá-los na sua ignorância e rebaixar-se por nada: v.4. E, quem tenta elevar o nível deles por esse meio, dar-lhes-á um falso conceito de si mesmo, sem alte­rar o seu caráter em nenhum pormenor: v.5.

FUNDO DUMA AGULHA

"A expressão de Mateus 19.24 ‘fundo duma agulha’ ou ‘buraco duma agulha’ é literal ou simbólica?"

O contexto desse passo bíblico trata de um jovem rico que amava tanto as suas ri­quezas que elas lhe serviam de impedi­mento. A mensagem é clara. Os indivíduos de mentalidade materialista que conso­mem a vida procurando adquirir bens ma­teriais, só encontram satisfação nas rique­zas ou na busca delas; e somente em casos raríssimos é que chegam a se importarem com as questões espirituais para encontrar a vida eterna. Porém, seria um erro apli­carmos o texto somente aos ricos, porquan­to o materialismo tem realizado a sua de­vastação moral até mesmo entre os pobres. Ao falar sobre a impossibilidade desse tipo de pessoas entrarem no reino de Deus, Je­sus pregou a ilustração que é a impossibi­lidade de um "camelo passar pelo buraco de uma agulha". Alguns têm imaginado que o buraco de agulha referido fosse uma portinhola, no muro de Jerusalém, através do qual pudesse passar finalmente um ca­melo, depois de muitos puxões e empurrões; outros admitem que a expressão camelo, que no grego representa uma pequena mo­dificação de "Kamelos" para "Kamilos", trata de uma corda grossa ou um cabo, mas isso só diminuiu a impossibilidade do ato. Todavia, o grego de Mateus 19.24 e de Marcos 10.25 fala de uma agulha usada com linha, enquanto que o de Lucas 18.25 usa o termo médico que indicava uma agu­lha usada nas operações cirúrgicas. É evi­dente que ali não é considerada nenhuma portinhola, mas sim, o pequenino buraco de uma agulha de costura. Provavelmente era um provérbio incomum para ilustrar coisas impossíveis. O Talmude fala por duas vezes de um elefante para o qual é impossível passar pelo buraco de uma agu­lha. Por conseguinte, quem quer que ame as riquezas, a ponto de isso impedi-lo de confiar em Jesus Cristo como Salvador, es­tá na impossibilidade de ser salvo.

Em resposta à pergunta feita pelos dis­cípulos: "Então quem pode ser salvo?" Jesus respondeu: "Os impossíveis dos ho­mens são possíveis para Deus", Lc 18.27. Nessa frase, as palavras "dos" e "para" são uma só no original, cujo sentido literal é "ao lado". Tome-se o lado do homem, na questão das riquezas, e torna-se-á impossí­vel a salvação. Porém,-tome-se o lado de Deus sobre a questão e a impossibilidade anterior se transformará em possibilidade.

CRISTO INFERIOR AO PAI?

"Se Jesus é Deus, como está escrito em João 14.28 por que o Pai é maior do que Ele?"

Esta aparente contradição não significa qualquer problema. A Bíblia afirma que Jesus é o verdadeiro Deus, na primeira epístola de João. E há muitas outras inferências e referências. Mas, também a Bíblia se refere expressamente às duas na­turezas de Cristo: a humana e a divina. É no tocante à natureza humana que Jesus disse ser o Pai maior do que Ele. Graças a Deus pela plena harmonia das Escrituras.

RIQUEZAS DA INJUSTIÇA

"Como se explica a expressão ‘Granjeai amigos com as riquezas da injustiça’, da parábola do mordomo infiel, de Lucas 16.1-12?"

Esse versículo é. sem dúvida, de difícil interpretação. Há pontos que não serão es­clarecidos antes que venha o Senhor pela segunda vez. É natural, que um livro como a Bíblia, escrita por inspiração, contenha coisas difíceis de se compreender. O defei­to, contudo, não está no livro, mas em nos­so limitado entendimento. Se não aprendemos outra coisa nesta parábola, ao me­nos, sejamos humildes. Devemos possuir, antes de mais nada, muito cuidado, para não deduzirmos do versículo citado, dou­trinas e preceitos que ele não ensina.

Em primeiro lugar, queremos salientar que o nosso Senhor não se refere ao mordo­mo como um modelo de probidade; de ou­tro modo, não lhe teria dado o epíteto de "mau". Jesus nunca autorizou a falta de honradez no comércio humano. O mordo­mo de que tratamos enganou o seu senhor, e quebrou, assim, o oitavo mandamento. Seu amo ficou admirado da astúcia do seu servidor, quando lhe chegou ao conheci­mento o que lhe havia feito, e louvou-o pela sua sagacidade e previsão. Porém, isso nada prova que o seu proceder lhe agradasse, e, de fato, não há uma palavra que indique a aprovação do Senhor Jesus, pois, com o vocábulo "amo" ou "senhor", a parábola não denota o Senhor Jesus, mas o amo do malfeitor. De fato, sob o ponto de vista moral cristão, o modo como agiu o mordomo não pode, de forma alguma, ser imitado por nós.

A advertência feita nesse caso é muito necessária. A má fé nos negócios é, desgra­çadamente, muito comum em nossos dias. A honradez nos contratos é coisa rara. Em transações comerciais muitos praticam atos que a Bíblia condena. Milhares de pessoas há que, para depressa ficarem ri­cas, cometem faltas que ofendem a equida­de: Pv 28.28. A astúcia, a destreza em comprar, a habilidade e esperteza em ven­der e realizar negócios de toda natureza, fazem passar despercebidas coisas que se não deveriam permitir. A classe a que per­tencia o mordomo infiel é, contudo, nume­rosa.

Não nos esqueçamos disto: sempre que fizermos aos outros, aquilo que não deseja­mos que nos façam, podemos estar certos de que procedemos mal aos olhos de Cris­to. Observa-se a lição principal que se nos prodigaliza nesta parábola: é prudente estarmos prevenidos para qualquer contra­tempo.

O modo como se portou o mordomo in­fiel, quando soube que seria prejudicado seu futuro, foi, indubitavelmente, hábil e sagaz. O diminuir partes das contas do que devia ao seu senhor, era um ato de má fé, mas, sem dúvida, com ele adquiriu muitos amigos. Pervertido como era, não descurou o futuro. Desonestas como eram as providências que tomou, não deixava, contudo, o mau servidor de atender às suas próprias necessidades. Não cruzou os braços, nem deixou que a pobreza fechasse as portas de sua casa, porém meditou, raciocinou, fez seus cálculos e pô-los em execução, sem receio algum. O resultado viu-se: não ficou desamparado.

Que contraste surpreendente observa­mos entre o proceder do mordomo infiel em referência aos interesses temporais e a maior parte dos homens a respeito das questões espirituais! É sob este ponto de vista, unicamente, que o mordomo infiel nos dá exemplo que devemos imitar. Como ele, é mister que cuidemos do nosso porvir. Como ele, é necessário que nos previnamos para o dia em que deixarmos a morada ter­rena para entrarmos na celestial; como ele, temos de construir "um edifício nos céus", onde fixaremos o nosso lugar, quando se desfizer o tabernáculo terrestre do nosso corpo: 2 Co 5.1. Realmente, é necessário empregar todos os meios válidos ao nosso alcance, para obtermos a morada celestial.

Sob este aspecto, a parábola é altamen­te instrutiva. A solicitude que os homens do mundo manifestam pelos interesses dessa vida, deverá provocar vergonha aos cristãos por sua frieza muitas vezes mani­festada para com as coisas eternas.

O zelo e a constância de que os homens negocistas dão provas, quando percorrem mar e terra para granjearem riquezas, são uma natural reprovação da indiferença e indolência que patenteiam muitos crentes a respeito dos tesouros celestiais. As pala­vras do Senhor são verdadeiramente profundas e solenes: "… os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz", Lc 16.8.

Nosso Senhor nos ensina, com essas pa­lavras, a sermos escrupulosos, fiéis em tu­do, e nos previne a não pensarmos que o procedimento, em assuntos pecuniários, de conformidade com o mordomo infiel, seja coisa insignificante. Jesus quer que não nos esqueçamos de que o modo como o homem procede em relação ao "muito pou­co", dará uma prova de sua índole e que a injustiça "no muito pouco" é grave sinto­ma do mau estado em que se encontra o co­ração. Sem dúvida, não nos dá a entender, nem por sombra, que a honradez em ques­tões pecuniárias pode tornar justas as nos­sas almas ou purificá-las dos nossos peca­dos, porém, ensina-nos, clara e positiva­mente, que a má fé nas transações é sinal de que o coração não é reto aos olhos de Deus.

O ensino que o Senhor nos dá há de me­recer consideração muito séria nos tempos que correm. Parece que existem pessoas que se persuadem da possibilidade de di­vorciar a religião verdadeira da honradez comum, e que se alguém é ortodoxo na doutrina, pouco importa que na prática use a trapaça ou o engano. As palavras de nosso Mestre são, de fato, um protesto so­lene contra essa perniciosa idéia. Destarte, devemos velar para não cairmos em seme­lhante erro. Defendamos com energia as doutrinas gloriosas da salvação pela graça e da justificação pela fé, porém, longe de nós supor que a verdadeira religião autori­za, de alguma forma, o menosprezo da se­gunda tábua da Lei. Não nos esqueçamos, nem por momentos, de que a verdadeira fé se conhece por seus frutos. Estejamos cer­tos de que quem não é honrado, não possui a graça divina.

Por outro lado. o leitor deve entender que essa parábola não foi dirigida aos escribas e fariseus, mas aos discípulos. Estes ouviram a lição que Jesus dera aos hipócri­tas, ouviram falar de um homem que malbaratou seu dinheiro e também de outro que havia empregado a má fé. Em sua pre­sença, tinha-se descrito com cores vivas o pecado da libertinagem; era coerente que se lhes oferecesse agora um quadro de uma falta menos chocante – a da fraude e enga­no.

Finalmente, podemos dizer ao leitor que três são, a nosso ver, as lições contidas nesta parábola:

• E prudente estarmos preparados para o futuro.

• É importante fazer bom uso do di­nheiro.

• Temos de ser fiéis, mesmo nas coisas menores.

A OPÇÃO DE DAVI

"Foram propostos a Davi sete anos de fome, conforme 2 Samuel 24.13, ou três anos, de acordo com 1 Crônicas 21.22?"

Devemos, em princípio, notar que entre uma narrativa e outra, muito tempo decor­reu e que a semelhança entre as letras hebraicas "zain" e "vav" que correspon­dem aos números sete e três respectiva­mente, pode ter gerado uma discordância na tradução, tanto mais que as Crônicas podem ter sido baseadas em escritos ante­riores e não na redação de textos exclusi­vos. Essa observação, a nosso ver, não de­ve, contudo, ser tomada ao pé da letra para que não se incorra na negação da inspira­ção divina das Sagradas Escrituras e na sua autoridade. "O número sete tem uma posição eminente entre os números sagra­dos da Bíblia e está associado com algo completo, com cumprimento, com perfei­ção" (Novo Dicionário da Bíblia -Douglas). A sua citação em 2 Samuel, pa­rece incutir a idéia de que a escolha de Davi seria conclusiva, levada por Deus ao extremo e a sua responsabilidade seria tre­menda, por ter desagradado a Deus com um ato que até na opinião do seu general – Joabe – pareceu supérfluo, e abominável, a ponto de este omitir a contagem de duas facções: 1 Cr 21.3,6. A alma de Davi, porém, estava realmente atribulada e a sua experiência com Deus fê-lo preferir que o castigo viesse diretamente de Deus, "pois grandes são as suas misericórdias". Deve­mos aprender com esta sua decisão que por mais penosas que nos pareçam as tribulações, elas serão atenuadas pelas misericór­dias do Senhor. Seriam muitas as citações em que o número sete representa a perfei­ção dos atos divinos. Quanto ao número três, citado em 1 Crônicas 21.12, além da sua fortíssima alusão à Trindade, também é associado com poderosos atos de Deus e à presteza com que os realiza ou quer reali­zar. Aqui, o número três seria a confirma­ção de que não somente os atos de Deus são perfeitos, mas que são atos poderosos e que Deus tem mesmo poder para executá-los, além da autoridade que vem dele mes­mo e da sua natureza poderosa. A duplici­dade de termos, que nos parecem discrepantes, fortalece ainda mais a inspiração das Escrituras, que afirmam a perfeição dos atos divinos e o seu fiel cumprimento em 2 Samuel e os reafirma como atos pode­rosos e competentes nas Crônicas, escritas muitos anos depois. Embora não sendo co­nhecido o autor dos livros de Samuel, é aceito que ele mesmo os tenha escrito e que foram completados por Gade e Nata, os quais também teriam depois escrito os dois livros de Crônicas – que originalmente eram unificados – baseados nas anotações já existentes, revistas e aumentadas, ou, pelo menos, mais aclaradas. Podemos infe­rir do exposto que as duas citações são vá­lidas, observando-se o ponto de vista de quem possa ter escrito e o uso que faz dos números bíblicos e seus significados.

RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

"Como conciliar 1 Coríntios 15.20 com Mateus 27.52?"

Em 1 Coríntios 15.20 o apóstolo Paulo fala de Cristo como a garantia da nossa ressurreição, no futuro, na sua segunda vinda. Em Mateus 27.52, os santos ressuscitados, depois de Jesus, constituem um sinal da vida eterna e confirmação de que Deus, ao aceitar aqueles "santos" das mãos de seu Filho, estava aceitando todos os restantes. Este fato concorda com a oferta que o sacerdote fazia a Deus, por ocasião da festa das colheitas: "Então trareis um molho das primícias da vossa messe ao sacerdote: este moverá o molho pe­rante o Senhor, para que sejais aceitos", Lv 23.10,11. Jesus como nosso Sumo Sa­cerdote ofereceu, após a sua ressurreição, um "molho", que foi aceito pelo Pai, prova de que também nós fomos aceitos.

OS DIAS DA CRIAÇÃO

"Os dias da criação do mundo foram li­teralmente dias de vinte e quatro horas?"

Realmente, muito se tem discutido sobre o significado da palavra dia nos primeiros versículos do livro de Gênesis. Para muitos, os dias da criação (Gn 1.1,13) são longos períodos, que. inclusive, devem coincidir com as eras geológicas. Outros, no entanto, interpretam esses dias como períodos de vinte e quatro horas.

Os que advogam a palavra dia como significando um longo período, afirmam que até o 3" dia (Gn 1.1.13) não existiam o Sol e a Lua. para regerem o tempo, definindo o dia e a noite, à semelhança de ho­je. Os que declaram que os dias da criação compreendem um período de vinte e qua­tro horas apegam-se a Êxodo 20.11. Moisés se teria referido a dias de vinte e quatro ho­ras aplicando-os à criação.

Em muitas referências bíblicas, a pala­vra dia ou "Yom" (heb.). tem vários significados. Por exemplo, "dia" 1.181 ve­zes; "hoje" 87 vezes; "eternamente" 18 ve­zes; "continuamente" 10 vezes; "idade" 6 vezes; "vida" 4 vezes; "perpetuamente" 2 vezes. Além disso, às vezes parecem com­preender o período da criação, isto é, os seis dias (Gn 2.4), o que dificulta, de fato, a compreensão exata do assunto.

O que é mais aceito pelos estudiosos desse assunto é que aí se refere a dia solar.

As seguintes referências sustentam o princípio de que os dias da criação, mencionados em Gênesis capítulo 1 e 2, são dias solares: a) cento e cinqüenta dias do Dilúvio: Gn 8.3; b) quarenta dias (espias): Nm 13.25; c) três dias (Jonas): Jn 1.17; d) quarenta dias depois da ressurreição de Je­sus: At 1.3; e) seis dias (criação): Êx 20.9-11. Em todas as referências do Velho Tes­tamento aqui mencionadas, a palavra "dia", no original está "yom" (hb), que significa, neste caso, dia solar. Em Atos aparece a palavra "hemera" (gr), que tem o mesmo significado. Todavia, existem ou­tros importantes sentidos, como seja, um período de tempo que pode ser de curta ou de longa duração (Is 2 e 4), ou um tempo mesmo (Gn 4.3; 26.8; Nm 20,15) ou um período inclusivo e compreensivo: Gn cap. 2; Dt cap. 10.

Destarte, a fim de esclarecer esta ques­tão, apresentamos, ao caríssimo leitor, nove razões que levam alguns estudiosos da Bíblia a pensar que estes "yons", ou se­ja, dias, foram de 24 horas:

1. Cada um destes dias de Gênesis está dividido em períodos de luz e escuridão, exatamente como um dia solar. Alguns, entretanto, discutem baseados na convic­ção de que nos três primeiros dias da cria­ção não havia sol, e que, por isso, não po­deriam ser dias solares. Porém, existem dias no inverno em que não aparece a luz solar, e, além disso, há países onde a luz do

Sol não aparece por longos períodos, mas ainda assim dividem-se os dias em 24 ho­ras.

2. Notamos que no 3º dia o grande mundo botânico nasceu, sendo este tam­bém dividido como os outros; mas, se acre­ditarmos que este foi um período geológico, como alguns admitem, de 500.000 anos de luz e seguido por 250.000 anos de trevas; perguntamos: Seria possível o mundo bo­tânico sobreviver metade duma era geoló­gica sem os raios do Sol?

3. O texto hebraico implica numa es­pontaneidade de acontecimentos, que rejeitam, de fato. a necessidade duma era para representar a palavra dia. Disse Deus: "Haja luz", e a luz existiu. Será que o Deus onipotente e plenipotenciário iria precisar de tantos séculos para realizar essa obra? Pedro esclarece-nos isso quando diz que um dia. para o Senhor, é como mil anos e mil anos como um dia: 2 Pe 3.8. Deus. pela sua Palavra, poderia ter feito todas as coisas num só dia, pois, para Ele, tempo não é impedimento.

4. Temos de convir em que Moisés, quase com certeza, se está referindo a dias solares de 24 horas, e não a dias geológicos, que os cientistas com seus determinados cálculos pretendem provar. Moisés certa­mente não estava procurando expressar-se em termos científicos, mas usou uma lin­guagem acessível à época.

5. Nos manuscritos hebraicos, quando um número definido precede ou acompanha a palavra "yom". sempre indica um dia solar. Por que não aqui?

6. Está em evidência o relato da pró­pria Bíblia, especialmente tratando do estabelecimento do sábado, 7º dia: Êx 20. Portanto, se fôssemos dar crédito no que dizem alguns cientistas modernos, tería­mos, também, de crer no mesmo período geológico para a criação de Adão e ainda em que Deus continua descansando até ho­je. Impossível!

7. Se aceitarmos a teoria de que cada um destes "dias" representa uma era geo­lógica de 500.000 anos. como explicar, por exemplo, que Adão foi criado no sexto período e que Deus descansou no sétimo dia ou "era"? Adão estaria vivo depois ou foi expulso do jardim do Éden no oitavo dia? Que idade teria ele, então? a Bíblia declara-nos que Adão morreu com 930 anos. Porém, se seguirmos o raciocínio da geologia moderna ele teria 750.000 anos, quando foi expulso do jardim do Éden. Isto constitui um verdadeiro absurdo!

8. Não há razão de se exigir um período tão extenso para cada dia. A menos que acreditemos na teoria dos evolucionistas, porque somente deste modo precisaríamos crer nesses dias longos.

9. No versículo 3 de Gênesis não existe discrepância. Deus disse: "Haja luz" e a luz existiu. Ademais, o hebraico ajuda-nos a entender qual o significado dessa expressão. O termo vem de uma tradução do hebraico: "Wa ye hi or". que dá a entender que foi um ato instantâneo. A palavra luz, no versículo 3 é "or" fheb). e seu corres­pondente é "phos" (gr). Já no versículo 14, temos a expressão "luminares", "maior" fheb). que significa literalmente um can­deeiro, castiçal ou candelabro, ou seja, aquele que segura a luz ou depósito de luz.

Ademais, para provar a origem da luz no primeiro dia da criação (pois o Sol somente foi criado no quarto dia), temos, por exemplo, a "Aurora Boreal", do Pólo Nor­te; os "mares" que possuem elementos e minerais que dão brilho fosforescente, onde existem plantas, peixes, fungos mari­nhos, que têm este brilho. Um outro exem­plo não menos importante é o "vagalume" que. sem dúvida, quebra todos os argu­mentos da ciência moderna, quando diz não existir luz sem calor; porém, confes­sam os próprios cientistas, o inseto lumi­noso, joga por terra a exigência da ciência, pois há luz sem calor. E finalmente, a "luz cósmica", que era desconhecida e desacre­ditada até os homens explorarem o espaço.

O nosso Planeta e Vênus, quando contem­plados de longe, no espaço, parecem bolas de luz.

Do exposto, podemos dizer que essa in­certeza por parte da ciência, em relação à criação do universo em nada afeta a vera­cidade da Palavra de Deus. Ele é o Criador de todas as coisas.

INSCRIÇÃO MISTERIOSA

"Por que quando Daniel interpretou as palavras misteriosas escritas pelo dedo de Deus, omitiu a expressão ‘ufarsim’ colo­cando em seu lugar a palavra ‘peres’?"

Estas duas palavras são de origem aramaica e, sendo esta língua de fácil assimi­lação na Babilônia, podemos supor que a perplexidade do rei Belsazar e dos sábios foi devido, em parte, a alguma coisa desco­nhecida nos caracteres e também pela con­cisão inexplicável da mensagem.

O caro leitor tem de convir em que, quando Daniel foi inquirido a dar uma resposta ao enigma exposto na parede do pa­lácio real, não houve nenhuma tentativa da sua parte em traduzi-lo, mas simples­mente interpretá-lo, sendo conivente com a revelação que Deus lhe dera. Destarte, embora Daniel tenha trocado a palavra "Ufarsim" pela expressão peres quando in­terpretava a escritura misteriosa, não alterou de forma alguma a mensagem que Deus lhe entregara. Então podemos con­cluir que, o profeta usou a palavra peres, que é o singular de ufarsim, visto que, essa expressão sugere mais prontamente, por um terrível jogo de palavras, tratar-se dos persas que já estavam às portas da cidade para suceder ao império babilônico.

GENEALOGIA DE JESUS

"Descrevendo a genealogia de Jesus, Mateus escreve que Davi gerou a Salomão (Mt 1.6) e Lucas escreve que Davi gerou a Nata: Lc 3.31. Há contradição entre as duas passagens? Como se explica isso?"

São duas as correntes de interpretação mais aceitas entre os teólogos, mas a segunda nos apresenta mais detalhes proba­tórios. A primeira diz que Mateus dá a lis­ta dos antepassados de Jesus como filho adotivo de José, enquanto Lucas apresen­ta a sua lista dos antepassados de Ma­ria, a mãe de Jesus. Notemos alguns pontos que dão grande valor a tal su­posição: É certo que Maria foi da linhagem de Davi: At 2.30; Rm 1.3. Lucas, para acentuar a humanidade de Cristo, relata detalhadamente muitos dos eventos na vida de sua mãe, do seu nascimento, de sua meninice. É natural, portanto, supor que Lucas, para cumprir seu propósito de acentuar a humanidade de Jesus, desse a sua genealogia segundo a carne. O nome de Maria não aparece na genealogia de Lucas porque, conforme o costume dos judeus de não incluir os nomes de mulheres nas genealogias, foi necessário usar o nome de seu marido, em vez do nome dela. Apesar de Lucas dizer que José foi o "filho de He­li", Lc 3.23. Essas idéias parecem muito plausíveis, contudo nenhuma está fora de dúvida. Não podemos ter a certeza de que em Lucas 3.23 "o filho de Heli" que dizer "o genro de Heli".

A segunda corrente diz que as duas genealogias são, como consta, realmente de José, a descendência de Jesus, tanto em Lucas, como em Mateus, é considerada se­gundo o seu estado legal na família de Jo­sé.

O estado judicial de Jesus, como Filho de Davi, perante o mundo, dependia de sua genealogia como "filho de José". O único alvo de Mateus é o de demonstrar o direito legal de Jesus ao trono, enquanto o propósito de Lucas é o de dar a própria li­nha da qual José nascera. Examinando a genealogia de Mateus, observamos que a linha real de Judá rompeu-se em Jeconias. Pela boca de Jeremias, o Senhor ordenou que Jeconias fosse privado de filhos e que ninguém da sua semente se assentasse no trono de Davi, nem reinasse mais em Judá: Jr 22.30. Os homens depois de Jeconias desprovidos de filhos, são os herdeiros mais próximos, como também o são em 1 Crônicas 3.17. Olhando novamente para a lista em Mateus e Lucas ficamos certos desta conclusão. Os dois nomes que se­guem, o de Jeconias, Salatiel e Zorobabel estão realmente transferidos da outra ge-nealogia (de Lucas), na qual consta que o pai de Salatiel foi realmente Neri, da famí­lia de Nata. Tornou-se certo, portanto, que Salatiel, da família de Nata, irmão de Sa­lomão, tornou-se herdeiro do trono de Da­vi, quando falhou a linha de Salomão, na pessoa de Jeconias. Assim Salatiel e seus descendentes foram transferidos, como "fi­lhos de Jeconias" para a tábua genealógica real, segundo a lei judaica. (Vede Nm 27.8-11.) Depois as duas genealogias coincidem por duas, ou melhor, por quatro gerações. Então aparecem seis nomes em Mateus que não se acham em Lucas. A seguir as duas listas concordam no nome de Nata (Mt 1.15; Lc 3.24) a quem são atribuídos dois filhos diferentes, Jacó e Heli; mas so­mente um é o mesmo neto e herdeiro, José, o marido de Maria, o reputado pai de Je­sus, que se chama o Cristo.

A súmula do exposto é que tendo sido extinta a linha de Salomão em Jeconias, que morreu sem descendência, tornou-se Salatiel, da casa de Nata, herdeiro do trono de Davi, e desta forma entrou nas tá­buas genealógicas como "filho de Jeconias". Lucas escrevendo para os gentios dá a tábua genealógica de Jesus Cristo, como filho legal de José, segundo seu nascimen­to. Mas Mateus escrevendo para os judeus, dá a lista dos herdeiros ao trono.

O ALIMENTO DE JOÃO BATISTA

"O gafanhoto de que se alimentava João Batista era o inseto saltador que se conhece hoje ou alguma planta com aquele nome?"

De acordo com o conciso Dicionário Bíblico, há, pelo menos, nove termos nos originais da Bíblia como designativos des­se inseto. A passagem de Êxodo 10, refe­rente à praga que se abateu sobre o Egito, está corretamente traduzida por gafanhoto como nós o conhecemos, ou seja, inseto sal­tador. Não havia nenhuma proibição bíbli­ca de comê-los. (Conf. Lv 11.22.) Era ali­mento apreciado desde os primitivos tem­pos. Eram assados ou secos ao sol, depois eram comidos como grãos tostados. Afir­ma-se que têm sabor de camarão.

A CHAMADA DE PAULO

"Há alguma contradição entre os tex­tos de Atos 9.7 e 22.9? No primeiro temos que os acompanhantes de Saulo ‘ouviram a voz’, enquanto no segundo, referindo-se ao mesmo fato, está registrado que eles ‘não ouviram a voz’."

No momento em que Jesus apareceu a Saulo no caminho de Damasco, rodeando-o de uma luz e dizendo-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" os acompanhantes ouviram a voz mas não viram a pessoa de Jesus: At 9.7. O texto de Atos 22.9, segun­do as melhores traduções, afirma que eles ouviram a voz, porém sem entenderem o sentido das palavras, e que também viram a luz. Há, certamente, uma falha de tradu­ção na Almeida Simplificada, ao registrar em Atos 22.9: "… mas não ouviram a voz…". As principais traduções, como a Revisada da SBB, a Versão da Imprensa Bíblica Brasileira e a edição em espanhol de Casiodoro de Reina, 1569 (revisada em 1602, 1909 e 1960), registraram: "… mas não entenderam a voz…"; em vez de: "… não ouviram a voz…". Em 26.13,14 do mesmo livro temos ainda outras informações, a de que a luz envolveu também os companheiros de Saulo, que caíram por terra, e a língua usada por Jesus foi a hebraica. Como se vê, um texto completa o outro, não havendo qualquer contradição entre eles.

A CRIAÇÃO DOS ANJOS

"Quando os anjos foram criados, Deus tinha ciência de que um deles – Satanás -se rebelaria? Por que, então, criou os an­jos?"

Sim, tinha. Um dos atributos de Deus é onisciência. Seu conhecimento é perfeito, absoluto. Ele conhece o passado, o presen­te e o porvir. Conhece tão bem o eterno passado como o futuro eterno. Temos de nos conscientizar dessa verdade. Temos de nos conformar com ela, porque não a pode­mos negar. Se Deus não conhecesse o eter­no futuro, Ele não seria Deus. Só concebe­mos Deus como aquele ser que tem todo o poder’ no Céu, no Universo, e na Terra. Deus criou os anjos porque necessitava de­les para o servirem, para o glorificarem, para o adorarem. A previsão da rebeldia de um grupo não podia impedir que o Todo-poderoso deixasse de executar o que fora planejado. Como oportuna, incluamos na resposta a esta consulta a seguinte pergun­ta que constantemente nos é feita, e da qual muitos se valem para depreciar a obra de Deus: "Se Deus sabia que o homem ia pecar, por que o criou?" Respondemos – Deus apesar de saber disso, criou o ho­mem por causa do seu imensurável amor para com aqueles que haveriam de herdar a salvação: Hb 1.14. O plano divino é eternal e, por isso, nenhuma força no universo pode modificá-lo ou impedir que ele se rea­lize. Por causa dos que não quiseram no passado, dos que rejeitam no presente e dos que recusarão no futuro a graça ofere­cida por Deus, esse Deus de amor não po­deria deixar de mostrar a sua inefável bon­dade para com aqueles que no passado aceitaram, para com os que no presente es­tão recebendo, e para com os que no futuro aceitarão com corações transbordando de alegria o eternal plano de salvação. Essas verdades sublimes, que não podem ser contraditadas, estão reveladas na Palavra inspirada do apóstolo Pedro: "Eleitos se­gundo a presciência de Deus o Pai, em san­tificação do Espírito para a obediência", 1 Pe 1.2a. Não aceitamos uma predestinação arbitrária que permite uma vida desregra­da para os "contemplados" porque isso ofende a santidade de Deus. Mas cremos numa eleição em santificação do Espírito para a obediência. Foi para isso que Deus nos chamou, e isso glorifica o seu nome.

QUAL O NOME DO SOGRO DE MOI­SÉS?

"Qual é o nome do sogro de Moisés, o que se vê em Êxodo 2.18 ou o citado em Êxodo 3.1?"

Reuel, citado em Êxodo 2.18, e Jetro mencionado no capítulo 3, versículo do mesmo livro, são a mesma pessoa. Diz o Dicionário da Bíblia, de Davis, que Reuel significa amigo de Deus, e que seria real­mente o nome do sogro de Moisés. Jetro se­ria nome de um título honorário a ele per­tencente. O nome de Reuel, como sogro de Moisés, só aparece na passagem citada. O nome Jetro, no mesmo sentido, aparece nove vezes na Bíblia.

A ORAÇÃO DE JOSUÉ

"No livro de Josué (10.12-15) está escri­to que Josué mandou parar o Sol. Mas, se­gundo a Ciência, é a Terra que gira em tor­no do Sol. Como é que Josué mandou parar o Sol se o mesmo está parado segundo a nossa concepção?"

O Sol – centro do nosso sistema planetário – está apenas relativamente pa­rado, já que anda, em corrida veloz, rumo à estrela Vega, na constelação de Hércules, arrastando o sistema em causa. Este é, em certo aspecto, o seu movimento de translação. Quanto ao de rotação, o astro-rei leva 24 dias e 15 horas para completar uma vol­ta em torno do seu eixo. Pode-se dizer, por­tanto, que o Sol está parado, mas em rela­ção ao nosso sistema planetário. Apesar disso, ainda hoje os próprios cientistas usam as expressões: "pôr-do-sol" e "nascer do sol". O povo diz com freqüência: "O sol vai alto" ou "o sol vai para o sul". Con­tudo, nos dias de Josué e segundo a astronomia egípcia, eram o Sol e a Lua que an­davam ao redor da Terra. Claro que a Bíblia não é um compêndio de ciência, mas as suas assertivas são verdadeiras. Em­prega, porém, uma linguagem popular, a fim de as verdades divinas poderem ser as­similadas, mesmo pelas pessoas mais hu­mildes.

Josué, ao dirigir-se ao Sol, aplicou o termo "deman". exarado 21 vezes no Velho Testamento, significando, entre outras coisas, silencia-te. A palavra hebraica para detém-te é "amad". a qual ocorre centenas de vezes no Antigo Testamento, sendo ge­ralmente traduzida por ficar de pé ou de­ter.

Admite-se. nos meios científicos, que a revolução da Terra em torno do seu próprio eixo é motivada pela ação do Sol sobre o nosso planeta. Assim, quando Josué orde­nou: "Sol. aquieta-te" ou "detém-te", a rotação do Globo Terráqueo teria diminuí­do substancialmente por via de um tempo­rário enfraquecimento da ação solar sobre ele. Existem, como é óbvio, outras teorias para explicar a detenção do Sol narrada no livro de Josué, porém cremos na palavra bíblica.

Finalmente, os astrônomos modernos deram-se ao trabalho de buscar, no calendário astronômico, se de fato teria real­mente ocorrido o evento. Depois de buscas e fastidiosos estudos, concluíram que, efe­tivamente, falta um dia no calendário as­tronômico, concluindo então, que o quase um dia inteiro (Js 10.13b), correspondem a 11 horas e cinqüenta minutos, sendo assim provado que de fato a Terra esteve parada por todo um dia de Sol.

MORTE E HADES

"Na parábola de Lucas 16.23, diz que o rico foi para o ‘Hades’ e Lázaro para o ‘Seio de Abraão’. Gostaria de saber onde se si­tuava um e outro lugar."

Em primeira instância podemos decla­rar que é impossível situar a localização geográfica destes dois lugares, por se tratar da habitação dos espíritos. Todavia, apresentaremos a posição bíblica analisando ambos, dentro do parâmetro contextual divino "além-túmulo".

Primeiramente, a palavra "hades", no Novo Testamento, é a transliteração do vocábulo grego "Hades", expressão essa usada para indicar o lugar dos espíritos que se foram daqui, isto é, o submundo. Eqüivale ao termo "sheol".

Na tradução septuaginta ou LXX, ha­des é a tradução constante do termo hebraico "sheol". Essa dimensão é pintada como lugar que consiste de duas divisões, a saber: uma para os ímpios e outra para os justos. A divisão para os justos também é denominada nos escritos judaicos de "seio de Abraão" por conotar um lugar de des­canso e tranqüilidade. Equivale dizer que Jesus empregou os termos hebraicos nesta passagem. Assim, tanto faz dizer "seio de Abraão" (termo hebraico), como "Paraí­so" (termo grego), porque ambos são aná­logos.

O Paraíso foi arrebatado desde as par­tes inferiores da terra para um lugar situa­do perto do trono de Deus. Esta mudança produziu-se durante a ascensão de Cristo. Esta afirmativa está em concordância com as palavras de Paulo em Efésios 4.8-10, nas quais se refere à descida aos lugares mais baixos da terra, realizada por Cristo, que, na sua subida, "levou cativo o cativeiro". Os mortos em Cristo estão ausentes do cor­po e presentes com o Senhor: 2 Co 5.3. Paulo foi "arrebatado ao Paraíso" indica que o Paraíso foi mudado de lugar. O após­tolo desejava partir e estar com Cristo. Os que morreram em seus pecados estão nas regiões inferiores e somente depois do Mi­lênio eles ressuscitarão (Jo 5.29), a fim de comparecerem diante do Trono Branco, onde serão julgados e receberão a condena­ção eterna, sendo lançados na "Geena", isto é, no lago de fogo ardente, preparado para o Diabo e seus anjos.

Em segundo lugar concluímos que:

• A alma sobrevive à morte física.

• A alma, mesmo depois da morte, con­tinua dotada de consciência, memória e razão.

• Os justos entrarão em um estado infi­nitamente melhor do que este que ora vivem.

Finalmente, fazemos nossas as pala­vras do profeta Malaquias: "Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus, e o que não o serve", Ml 3.18.

O SERMÃO DE ESTÊVÃO

"Em Gênesis 46.27 e Deuteronômio 10.22, consta que 70 almas foram de Canaã ao Egito, mas em Atos 7.14 esse número é elevado a 75 almas. Como se explica?"

A tradução do Velho Testamento cha­mada Septuaginta (LXX) ou tradução dos setenta, por ter sido traduzida por cerca de setenta judeus, dá como sendo o número de 75 pessoas que foram de Canaã ao Egi­to, morar na terra de Gósen, no tempo de José. Esse é o número de que Estêvão, no seu sermão, falou em Atos 7.14. Essa dife­rença do texto hebraico talvez seja por ter a Septuaginta incluído os netos de José. Considere-se que a mencionada tradução era muito usada no tempo de Jesus e dos apóstolos, e foi ela que Estêvão tomou por base.

QUEM CRIOU SATANÁS?

"Satanás existe antes da criação do mundo? Quem o criou? Como ele veio a pecar?"

Reconhecemos, com humildade, que alguns assuntos envolvem em verdade pro­fundos segredos e ninguém tem o direito de conhecer qualquer coisa que porventura seja impenetrável: Dt 29.29. No nosso de­sejo de atender os leitores, somente deseja­mos esclarecer pelo Senhor e por sua Pala­vra. Efetivamente, Deus não criou Sata­nás. Deus criou os exércitos celestiais, os anjos e entre eles estava um chamado até de "Estrela da Alva". Os profetas Isaías e Ezequiel apresentam um quadro que ge­ralmente é aceito como sendo de dupla in­terpretação: refere-se parcialmente ao rei de Tiro no sentido histórico e, parcialmen­te a Satanás, num sentido profético mais extensivo. Esse anjo de luz, grandemente honrado nos céus, um dia intentou rebelar-se contra Deus, pelo que foi julgado, puni­do e expulso. A muitos perturba o fato de tal rebelião ter ocorrido no Céu, lugar de perfeição. No entanto, devemos reconhecer que não partiu de Deus. A rebelião origi­nou-se no coração de Lúcifer. A perfeição absoluta somente pertence â Deus e qual­quer criatura que dele se afaste pode vir a ser um terrível pecador. Por haver pecado sem tentação exterior, Satanás não tem di­reito ao perdão. Quanto à onisciência e à presciência de Deus, estes atributos não fo­ram atingidos porque Deus permanece o mesmo, Lúcifer foi quem mudou e mesmo para a rebelião de um anjo de luz Deus tem solução perfeita, pois embora a queda de Satanás tenha ocorrido antes dos dias da humanidade, vale lembrar que o Cordeiro de Deus também foi imolado "perante Jeo­vá" desde antes da fundação do mundo. Não desonra a Deus o pecado de Satanás. Desonra sim, a Satanás mesmo. Deus con­tinua sendo o sustentador do universo e um Ser de absoluta moral e perfeição. Qualquer que dele se aproxima alcançará sua bênção, seu refúgio e sua graça sem igual.

SAUL PERANTE SAMUEL

"Acaso há contradição entre 1 Samuel 15.35 e 1 Samuel 19.24? Na primeira passagem afirma-se que ‘nunca mais viu Sa­muel a Saul até ao dia da sua morte’, e, na segunda, que Saul profetizou diante de Sa­muel."

Note-se, no segundo texto, que é Saul que está diante de Samuel e não este diante daquele. Samuel, que já havia deixado Saul oito anos antes, presidia as assembléias de profetas, ou casa de profetas, espécie de escola ou seminário onde se ano­tavam e arquivavam os fatos notáveis da vida religiosa e nacional do povo, além de servirem de reunião de ensino e de louvor e adoração a Deus. O contexto revela que Davi, ao fugir de Saul, procura Samuel em Rama, de onde ambos seguem para a casa dos profetas. Então Saul, depois de enviar mensageiros em busca de Davi e de saber que eles, esquecidos de sua missão, esta­vam profetizando envolvidos pelo Espírito de Deus, foi ele mesmo à assembléia dos profetas e "profetizou diante de Samuel".

MORADA DE SATANÁS

"Muitos asseveram que o palácio do Diabo é no Inferno, mas em Efésios 6.12 in­dica ser nos ares. Explique, por favor!"

Em primeiro lugar deve ficar patente que o texto não fala de palácio nem de inferno, mas encerra um posicionamento psi­cológico. Metaforicamente, a armadura reveste o corpo, quando realmente deveria revestir o espírito, uma vez que "não temos de lutar contra a carne e o sangue", isto é, não vamos despender esforço físico, senão metafísico contra os principados, dando idéia de um batalhão, um agrupamento de autoridades; contra as potestades, ensejando personalidades dotadas de grande poder, e contra os príncipes, arrefecendo um pouco essa autoridade coercitiva, tor­nando essas personagens menos agressi­vas, porém, mais sugestivas, amorais e persuasivas e, por fim, contra as hostes es­pirituais da maldade, falanges destinadas a incutir a maldade no espírito do indiví­duo. Essas agressões podem estar nos luga­res celestiais, isto é, no nosso ambiente ce­leste. Na nossa disposição para as coisas de Deus. Essas agressões não são de corpo contra corpo, mas de espírito contra espíri­to tentando-nos a desistir do ideal a que nos propusemos. Essa luta demanda toda oração e súplica em todo o tempo, pois a batalha é contínua e incessante e estamos sempre sujeitos aos dardos inflamados. Traduz-se, normalmente, a palavra infer­no como "Sheol" (seol), Hades e Geena. A primeira poderia significar lugar de inqui­sição dando a idéia de alguém que esteja em determinado lugar aguardando um in­terrogatório. Pode ter também o significa­do de profundeza, lugar de mortos, sepul­tura, de onde é impossível sair, abismo. O vocábulo correspondente no grego é "ha­des", ou "haidês", com a mesma impres­são de inexpugnável, por cujas portas não se pode passar para fora. Uma vez ali colo­cada, a alma não poderá livrar-se. Jesus, porém, está de posse das chaves da morte e do Inferno (Ap 1.18), este último represen­tado também pelo termo hebraico "Gêhinnon", que designa um vale de proprie­dade de Hinom ou de seus filhos, situado, segundo historiadores, mas sem muita afirmação, a dois quilômetros de Jerusa­lém, próximo ao ribeiro de Cedrom. Nesse vale estava o "santuário" de Moloque, onde se ofereciam crianças em sacrifício, atirando-as a uma fogueira permanente­mente acesa. O rei Josias destruiu o "san­tuário" ( 1 Rs 11.7; 16.3; 23.10) e o local continuou a ser usado para a cremação de cadáveres de criminosos e de animais, como também de toda a espécie de lixo. O termo hebraico passou ao grego como Geena, simbolizando o Inferno, como lugar onde o fogo nunca se apaga: Is 66.24; Mc 9.43-48. A tradição judaica dizia que o vale de Hinom era a porta do Inferno, querendo aludir que se a porta era tão terrível, o que não seria o seu interior. Sua localização é muito discutida, como discutido é o local exato do Inferno, mas devemos estar certos de que se a Geena existiu, assim é claro que o Inferno existe também. Só que as suas portas não prevalecerão contra a Igre­ja de Deus.

OS DOZE

"Se Judas Iscariotes suicidou-se antes da morte e ressurreição de Jesus (Mt 27.5) e se Matias tomou o seu lugar como após­tolo, como se explica 1 Coríntios 15.5?"

A expressão "os doze" é designativa do colegiado inaugurado por Jesus, ao escolher os doze homens dentre os que se torna­ram seus discípulos. Jesus era seguido por grandes multidões, mas o apóstolo Paulo identifica 500 irmãos: v.6. Sabendo-se que a epístola foi escrita cerca de 57 anos de­pois da ascensão de Cristo, é lícito deduzir que a posição de Matias no colegiado se havia alicerçado o bastante para que a ex­pressão "os doze" o incluísse no lugar de Judas, há muito desaparecido. E essa ex­pressão era tão regular que o apóstolo Pau­lo a empregou sem ressentir-se de dar uma explicação maior do texto, quanto a ser Matias e não Judas o duodécimo apóstolo. A narração de Lucas em Atos 1.2, diz que Jesus deu mandamentos aos apóstolos que escolhera, sem dizer que Judas já não esta­va entre eles e que Matias não tinha sido ainda escolhido.

JEREMIAS OU ZACARIAS?

"Em Mateus 27.9, lê-se: ‘Então se cumpriu o que profetizou o profeta Jeremias…’, porém quem vaticinou realmente foi Zacarias. Pergunta-se: Como se explica esta contradição?"

Diversas teorias engenhosas têm surgi­do para solucionar o problema, e dentre elas, citemos algumas:

1. Alguns têm sugerido que o autor ci­tou de memória, e que por isso simplesmente incorreu em pequeno equívoco.

2. Orígenes, ao tentar solucionar o mis­tério, supôs que a passagem se encontra em algum livro apócrifo de Jeremias. Jerônimo chegou mesmo a encontrar uma refe­rência em certo livro apócrifo de Jeremias, mas pensou que esse versículo, na obra apócrifa, em realidade fosse uma citação tirada do livro original de Zacarias, pelo que o problema permanece até hoje.

3. Eusébio pensava que o livro original de Jeremias tivesse essa citação, mas que os judeus a apagaram de todas as cópias, por causa de sua conexão com a história de Jesus. Entretanto, disso não há prova al­guma.

Agostinho concorda com a primeira po­sição, dada acima, afirmando que o motivo foi um lapso de memória. Entre os teólogos modernos, Alford também concorda com isso, dizendo: "Provavelmente a citação foi feita de memória, sem exatidão". Essa explicação é, de fato, contrária e incom­patível com a inspiração divina da Escri­tura Sagrada.

Na realidade, após um estudo mais acurado do assunto, entendemos que no texto de Mateus, há, em verdade, uma alu­são a Zacarias 11.12,13, mas as palavras não concordam pormenorizadamente nem em hebraico, nem em grego (LXX). O acréscimo mais importante é a palavra "campo", sobre a qual depende o cumpri­mento da profecia citada pelo evangelista. Tanto esta palavra, como as idéias relacio­nadas a ela, são oriundas de Jeremias 32.6-9, onde ocorre a transação de um campo por tantas moedas de prata.

Gostaríamos de salientar também ao leitor que a relação entre a profecia e seu cumprimento, a que o evangelista chama a atenção, depende dos dois trechos do Ve­lho Testamento. É compreensível então que dos profetas, o evangelista escolhesse Jeremias, sendo até o maior e mais antigo dos dois e que também fornece a palavra essencial da citação. Segundo Champlin, teólogo norte-americano, a referência feita a Jeremias também se deve ao fato de que esse profeta aparecia em primeiro lugar entre os livros proféticos, e que ele fez a ci­tação sob o nome daquele que figurava em primeiro lugar entre esses livros, ao invés de identificar com mais exatidão o autor dessas palavras.

Já Meyer procurou resolver a dificulda­de explicando que não é provável que o au­tor do evangelho de Mateus incorresse em tão grande equívoco, porquanto em muitíssimas outras passagens ele demons­tra ter bom conhecimento do VT, e que é provável que tivesse usado o material bási­co de Jeremias 32.6,14, como vimos acima, e, mediante uma paráfrase, produziu a ci­tação que encontramos aqui. Essa paráfra­se teria a intenção de destacar o sentido original do autor, ou de explicar mais com­pletamente as implicações dessa profecia. Isto nos parece ser o mais provável, para explicar o texto de Mateus.

O TEMPLO DE SALOMÃO

"Há contradição entre os versículos de 1 Reis 6.38 e João 2.20? Nos quais se diz que o templo foi construído em sete anos e quarenta e seis anos respectivamente?"

O templo citado em 1 Reis 6.38 é o Templo de Salomão, e o mencionado em João 2.20, é o Templo construído por Herodes, o qual mandou edificar essa obra com muita suntuosidade, visando agradar os judeus, para firmar o reinado sobre eles, apesar de ser um edumeu.

OS DOIS MALFEITORES

"Como explicar Mateus 27.44 e Marcos 15.32, onde se diz que os dois malfeitores crucificados com Jesus o injuriavam, e blasfemavam contra Ele, com Lucas 23.39,40, que afirma ser um só o blasfemador, e o outro não, antes censurava seu companheiro em defesa do Senhor, a quem fez o célebre pedido: ‘Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino’?"

Não há dificuldade em conciliar estas passagens. Os evangelhos não foram escritos ao mesmo tempo, nem no mesmo local, nem destinados às mesmas pessoas: Ma­teus, por exemplo, apresenta Jesus como o Messias, e foi endereçado primeiramente aos judeus; Marcos apresenta o Senhor como Maravilhoso, e destinou-se aos gentios; Lucas mostra o Mestre como o F’lho do homem, e teve endereço pessoal a Teófilo; João mostra o Salvador como o Filho de Deus, e é o Evangelho Teológico destinado a todos os crentes. Mateus e João foram apóstolos e tiveram a oportunidade de ver e ouvir melhor tudo o que se passou com Jesus, pois conviveram com Ele por mais de três anos; Lucas e Marcos não foram apóstolos. Para escrever seu evangelho, Lucas só o fez depois de haver-se "infor­mado minuciosamente de tudo desde o princípio", 1.3. De Marcos, se diz que foi informado do que conhecera pelo apóstolo Pedro, talvez por não possuir conhecimen­to e instrução suficiente do que ocorrera. É uma verdade conhecida que duas ou mais pessoas, ao presenciarem o mesmo fato, di­vergem, ao descrevê-lo, mas essa divergência, quando não prometida, é benéfica, pois completa a descrição.

De fato, os Evangelhos foram escritos sem prévia combinação entre seus escritores. Desse modo, um descreve um fato que o outro não narra. Mateus e Marcos deram ênfase a que os dois ladrões que estavam sendo crucificados com Jesus blasfema­vam e zombavam. E isso foi verdade, por­que ambos estavam revoltados, pois julga­vam que a crucificação de Jesus apressara a própria crucificação deles. Lucas, por sua vez, relata o sucedido, ou seja, a con­versão de um dos malfeitores, enquanto o outro continuou com o coração endurecido e fechado para a grandiosidade da obra que presenciava. A descrição dessa minú­cia que completou o ocorrido no Calvário foi citado pelo médico amado, Lucas, visto que se informara "minuciosamente de tu­do". Desejamos enfatizar que esse comen­tário em nada contraria a inspiração divi­na das Escrituras. Na inspiração Deus usou também a ação dos escritores bíbli­cos. Uma prova irrefutável disso são as próprias palavras de Lucas já citadas: "Havendo-me já informado minuciosa­mente de tudo desde o princípio". Deus usou ainda a idéia do escritor, a sua instru­ção, os seus conhecimentos, etc. Pedro, o pescador, não poderia jamais ser usado para descrever a sublimidade do Evangelho e a sua eficácia, como o foi Paulo, o apóstolo. Mas Deus, pela inspiração, fez com que a ação, o pensamento, a instrução do escritor bíblico fossem adaptados a re­velar unicamente o plano divino, ao escoimá-lo de qualquer sombra de erro.

SOFRIMENTOS INCOMPREENDIDOS

"Por que o justo mesmo estando sobre a proteção de Deus sofre tribulação?"

O que devemos analisar de imediato é que a lei da semeadura e da colheita está em pleno vigor.

A Palavra de Deus preceitua que tudo quanto o homem semear, isso também ceifará. Não raro, sofremos apenas a conse­qüência de nossa imperícia.

Todavia, existem casos que desafiam e anulam essa justificativa. Então, surgem as perguntas: "Por que sofre o justo?"; "Por que o cristão, protegido pelo amor de Deus, padece tribulações?"; "Por que o ím­pio, que amaldiçoa e escarnece da divinda­de parece vencer e prosperar em todas as coisas?; "Como explicar que alguém no vértice de sua comunhão, com Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, se veja de repente soterrado pela adversida­de, pela tragédia e pela destruição?"

Estas perguntas não são novas. Foram sempre a arma maliciosa e cruel que os céticos e materialistas usaram, e ainda usam, para ridicularizar e pôr em dúvida a confiança e a firmeza dos fiéis, ao se encon­trarem falidos e desamparados. Estas per­guntas têm sido um dilema insolúvel até mesmo para os religiosos mais sinceros de todos os tempos. Nos dias de Jesus, após a realização de uma cura, indagaram-lhe os seus discípulos: "Mestre quem pecou para que este homem nascesse cego, ele ou seus pais?"

Ainda hoje prevalecem essas conjectu­ras. "Sofremos porque nossos pais pecaram" – dizem uns. "Sofremos – argumen­tam outros – porque nós mesmos pecamos em tempos remotos; pagamos dívidas anti­gas, a fim de evoluirmos espiritualmente." Pergunta-se então ao próprio Cristo: "Terá o sofrimento caráter tão-somente negati­vo?" Eis a resposta do Mestre Divino: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso aconteceu para que se revelasse a glória de Deus". E para que coisa mais positiva do que revelar-se a glória de Deus entre os ho­mens?

O grande enigma do sofrimento dos jus­tos é-nos impossível decifrar.

A par destas difíceis perguntas, há ain­da quebra-cabeças como "Por que o Céu, sendo um lugar onde não entra pecado, foi justamente o berço da iniqüidade, com a rebelião de Lúcifer?", ou dilemas semelhantes a "Como podia Deus ser eterno, em termos absolutos e ao mesmo tempo deixar-se subjugar pela morte no Calvá­rio?", ou ainda, "Como Deus, sendo um Deus de amor, permite um filho seu morrer incinerado num desastre aéreo, em plena viagem missionária?", são segredos que talvez nunca conseguiremos perscrutar nesta vida.

Entretanto, como a questão do sofri­mento dos justos afeta decididamente o nosso dia-a-dia, rogamos a Deus que, pelo poder do seu Espírito Santo, rasgue novas perspectivas e descortine novos horizontes na compreensão e no entendimento do amigo leitor, a fim de que vislumbre, bem mais e melhor, as razões por que Deus per­mite a provação.

De fato, temos de convir, quer queira­mos ou não, que Deus não procede, em geral, e também neste caso, como nós gos­taríamos que Ele agisse. Não é assim no mundo material, nem no espiritual. Os ter­remotos e os tufões não são os seus meios ordinários, mas extraordinários. A razão por que Deus permite certas coisas, encon­tra-se além das nossas conjeturas. Contu­do, poderemos estudar suas obras na natu­reza, e acharemos que concordam com as obras da sua providência: Mt 6.25-32. "Deus tem a eternidade perante si", diz santo Agostinho, e "pode esperar". O seu tempo não é limitado como o do homem, que, se tem alguma coisa a fazer, quer fa­zê-lo logo, pois a noite vem. Porém, não é assim com Deus: Ele opera, em nosso pen­sar, deliberada, segura e irresistivelmente.

Não devemos contar os anos de Deus como contaríamos os poucos dias a nós re­servados: "Não retarda o Senhor a sua pro­messa como alguns entendem". O nosso fraco alcance, a profundidade do infinito e a sua extensão, lembram que os juízos de Deus são muito profundos. Aprendamos, portanto, que quando Deus trabalha, nin­guém pode impedir; contudo, Ele trabalha como o eterno Deus: Jo 13.7.

ALELUIA

"Qual o significado da expressão ‘Ale­luia’?"

Com a grafia "allelujah", de origem aramaica e significando louvai ao Senhor, essa palavra passou à igreja cristã através da Versão dos Setenta. O termo original hebraico "hallelu-yahweh", louvai vós. "yah", forma abreviada de "yahweh", ocorre vinte e quatro vezes nos salmos e é variante de termos com a mesma significa­ção que não parecem pertencer ao mesmo texto, mas incursões alheias durante a lei­tura, por efusão da alegria espiritual do ouvinte, tanto quanto nos dias atuais se ouve em nossas reuniões. Por isso, ocorrem tan­to no início como no meio ou no fim dos salmos, dando a entender que o tradutor registrou na transição o fato de se ouvirem essa palavra por ocasião da leitura. Pode também ser uma conclamação – ainda alheia – para que os ouvintes glorifiquem a Deus enquanto se faz a leitura, tanto no templo, como nas sinagogas, ou na igreja cristã. Essa expressão de fervor e gratidão espiritual encontram-se nos salmos 104,105,106,111,112,113,114,115,116,117, 118,135,136,146 a 150. A sugestão dos sal­mos com a expressão Aleluia é que eram cantados em ocasiões especiais de adora­ção nas sinagogas. "Os salmos 113-118 eram cantados na festa da Páscoa, do Pentecoste, dos Tabernáculos e da Dedicação, sendo que na primeira delas, os salmos 113 e 114 eram entoados antes das refeições, enquanto que os 115 a 118, após o terceiro cálice. (Conferir Mc 14.26.) Os salmos 135 e 136 eram entoados no sábado e o Grande Halel (SI 146 a 150), juntamente com o SI 145, eram entoados nos cultos matutinos" – HLE, Douglas. Em nossas igrejas, embora a maioria dos irmãos desconheça a etimologia da expressão, ficam movidos pelo Espírito Santo ao exclamá-la em voz alta, sentindo um reforço espiritual avivalista que vivifica as reuniões. As igrejas onde o louvor de Deus é cultivado per­manecem ativas, enquanto que nos tem­plos onde se combate o entusiasmo do po­vo, há uma carência de vida espiritual. Portanto, louvai ao Senhor – Aleluia!

DISCOS VOADORES

"Os discos voadores existem?" O assunto é atual, embora seja inve­rossímil e incomprovada a sua existência. Esta expressão "discos voadores" foi cu­nhada há 31 anos pela imprensa ao noti­ciar a visão de nove objetos em forma de disco voando sobre Mount Kenneth Arnold, no dia 24 de junho de 1947. Mais tar­de criou-se uma expressão mais elástica -Objetos Voadores não Identificados ou OVNIs. Desde então várias pessoas come­çaram a ver estes objetos, sempre de forma misteriosa, nunca em lugares abertos ao grande público. No momento, de todas as partes do mundo, chegam inúmeros relatos da existência de objetos voadores não iden­tificados. Mas, 90 por cento destes relatos diários são imprestáveis por falta de con­sistência. Sobre este assunto é necessário considerar outros fatos de suma importân­cia.

1. Os simples enganos. O relatório de 1969 (8.400 páginas) da Força Aérea dos EUA, que analisou 12.618 visões de OVNIs, afirma que 95 por cento dos relatos devem-se a "simples enganos de identifi­cação de uma variedade incrível de fenômenos". Os tais objetos voadores foram confundidos com meteoros, relâmpagos em forma de bola, reflexões de holofotes nas nuvens, balões meteorológicos, foguetes e até com insetos que apresentam órgãos fosforescentes localizados na parte inferior dos segmentos abdominais (os pirilampos, também chamados vaga-lumes, as moscas de fogo).

2. Mistificações. Para ganhar dinheiro e notoriedade, ou para distrair a atenção da massa, milhares de pessoas estão pron­tas a abusar da credulidade alheia, com exageros ou mentiras bem elaboradas. Re­ligiosos, políticos, vendedores e até cientis­tas estão sempre prontos a explorar esta mina que é a credulidade humana.

3. Alucinações. O indivíduo alucinado, isto é, privado temporariamente da razão, pode não estar mentindo quando afirma sem sombra de dúvida ter visto objetos voadores não identificados e seus tripulan­tes, mas isto não quer dizer obrigatoria­mente que a visão seja real. Segundo o psi­quiatra Jean Rosembaum, este é o caso do lenhador Travis Walton, que em 1975 teria sido levado para o interior de um OVNI, no Arizona, e visto "seres semelhantes a fetos desenvolvidos, de 1,50 m de altura mais ou menos, com cabeças carecas e ovais, e enormes olhos castanhos". Walton era fã de discos voadores e, pouco antes do inci­dente, dissera à mãe que, se algum dia fos­se raptado por um aparelho destes, ela não se preocupasse, pois tudo terminaria bem. As alucinações podem ser provocadas por enfermidades mentais e por outros meios, inclusive a ingestão de drogas alucinóge­nas.

4. Projeções. O psicólogo suíço Kal Jung, falecido em 1961, acreditava que os OVNIs eram produtos da inteligência e imaginação do homem, "projeções do sub­consciente coletivo, trazidos à tona em tempo de "stress" ou coisa parecida". Aquilo que sempre foi história de quadri­nhos e ficção científica tornou-se na mente do povo, estranha realidade.

No que diz respeito a fotografias de OVNIs, um artigo de Seleções informa que elas "têm sido identificadas como discos plásticos de brinquedo atirados ao ar, fotomontagens, objetos pendentes de fios, su­jeira na lente da máquina e manchas de re­velação". Ninguém ignora as possibilida­des atuais da arte fotográfica, especial­mente na fotomontagem.

Finalmente, concluímos: se em cada 100 casos de visões de OVNIs 95 não passam de simples enganos de identificação de uma variedade incrível de fenômenos, seria razoável acreditar na existência de tais objetos?

O PECADO DE BLASFÊMIA

"O que significa blasfemar contra o Espírito Santo?"

A blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado singular e somente abrange aqueles que já experimentaram o poder do Espírito em suas vidas e depois por algum motivo o rejeitaram com escárnio e endu­recimento. Este ato não trata de blasfêmia contra a Palavra de Deus, ou contra qual­quer ministro da igreja, porque para tudo isto existe perdão, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado diferente dos demais; pois, para ele não há perdão. Os fariseus o cometeram quando, com intuito de afastar o povo de seguir a Jesus, afirma­ram que Ele havia expulsado demônios pelo espírito de Belzebu: Mtl2.24.Pecado contra o Espírito Santo é rejeitar as mais claras provas de que as obras de Jesus fo­ram feitas pelo poder do Espírito e alegar que estes milagres pertencem ao Diabo. Isso é sinal de endurecimento completo, a ponto de não existir nenhuma esperança de arrependimento e conversão: o pecador torna-se incapaz de conhecer ou distinguir o divino do diabólico. Aquele que comete pecado dessa natureza sofre um afasta­mento imediato do Espírito Santo da sua vida, o que ocasiona morte espiritual total. É necessário ressaltar que, às vezes, aparecem pessoas, até chorando, por acha­rem que pesa sobre elas este pecado e, jul­gam que nunca poderão ser perdoadas. Po­rém, só o fato de estarem arrependidos, desejosos de salvação ou perdão, prova que não blasfemaram contra o Espírito Santo; pois, o próprio Espírito os está chamando para o arrependimento.

SEOL

"Que significa a palavra Seol?"

A palavra Seol no AT eqüivale, em sen­tido, a Hades, no NT. Diferem na forma porque a primeira é hebraica e a segunda grega. Elas designam o lugar para onde iam todos após a morte: justos e injustos, havendo, no entanto, nessa região dos mor­tos uma divisão para os justos e outra para os injustos, separados por um abismo in­transponível. Todos estavam ali plena­mente conscientes. O lugar dos justos era de felicidade, prazer e segurança. Era cha­mado "Seio de Abraão" e "Paraíso". Já o lugar dos ímpios era medonho, ignífero, cheio de dores, sofrimentos. Conforme Efésios 4.8-10, parece que o Hades situa-se bem no profundo da terra. As referências à entrada de almas nesse lugar são sempre "desceu" (Cf. Jacó: Gn 37.35; Core: Nm 16.30-33; Jó: 17.16, etc.)

Em todas essas passagens a referência é ao Seol, e mostram um lugar situado nas profundezas da terra. É de lastimar o fato de que inúmeras referências ao Seol no AT certas versões em português traduzem por sepultura e outros termos afins, trazendo não pouca confusão ao leitor comum. As palavras Hades e Seol, aparecem, às vezes, também traduzidas por Inferno, como em Deuteronômio 32.22; 2 Samuel 22.6; Jó 11.8; 26.6; Salmos 16.10, e em muitos ou­tros lugares do AT, bem como no NT, em Mateus 16.18; Apocalipse 1.18. Um estu­dante menos avisado ou apressado pode partir daí para falsas interpretações. O In­ferno propriamente dito, isto é, o Inferno eterno como destino final dos ímpios é cha­mado Lago de Fogo e Enxofre, mencionado em Apocalipse 20.10,14.

O Hades é apenas um Inferno-prisão onde os ímpios permanecem entre sua morte e sua ressurreição que ocorrerá por ocasião do juízo do Grande Trono Branco, após o reino milenial de Cristo: Ap 20.7,11-15. Outras vezes, a palavra Hades, como já dissemos, é traduzida por sepultura, como em Gênesis 37.35; 42.38; 44.31; Jó 21.13, etc. É preciso muito cuidado para evitar ensino errôneo decorrente de imperfeições nas traduções. É preciso recorrer a obras de renome para consulta e referência, como a Concordância de Strong e léxicos bilingües das línguas originais, mesmo para os versados nessas línguas. Para citar só mais um exemplo deste problema, esta mesma palavra Hades é ainda traduzida por morte em 1 Coríntios 15.55b. Estas di­ferentes traduções de uma mesma palavra têm trazido muita confusão entre os menos avisados. Portanto, antes da vinda de Je­sus, a este mundo, todos desciam ao Seol justos e injustos, havendo uma separação intransponível entre as duas divisões desse lugar.

AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL

"Como se explicam as setenta semanas de Daniel?"

A expressão correspondente no origi­nal, significa "setenta setes". Como a mensagem do capítulo nove de Daniel abrange um longo espaço de tempo, enten­de-se que cada uma dessas semanas men­cionadas pelo anjo representa sete anos. A Bíblia usa linguagem semelhante em Levítico 25.8, onde a tradução é feita literal­mente como "semanas de anos". Em Ezequiel 4.5,6 ocorre o mesmo fato, já que es­tes versículos tratam também de anos e utilizam o mesmo método simbólico. Portanto, as setenta semanas de Daniel com­preendem 490 anos, ou seja, setenta vezes sete anos assim explicados, segundo as opi­niões mais abalizadas: v.25 – "Desde a saí­da da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, sete semanas e sessenta e duas semanas". Esta ordem foi dada por Artaxerxes em cerca de 445 a. C. (leia Neemias 2), sendo que as primeiras sete semanas correspondem aos 49 anos gastos na reedificação da cidade. As ses­senta e duas semanas seguintes compreen­dem 434 anos que, somados aos 49 anterio­res, totalizam 483 anos: v. 26 – "E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário". Assim sendo, estes 483 anos culminam com a crucificação de Cristo. O povo aqui mencionado são os romanos, que dominavam o mundo contemporâneo de Jesus, e foram os responsáveis pela des­truição de Jerusalém e do Templo, no ano 70 d.C. Cumprindo-se neste último caso as palavras do Mestre: "Não ficará aqui pe­dra sobre pedra que não seja derribada", Mt 24.2. "O príncipe que há de vir" é uma referência direta ao Anticristo, por diver­sas vezes aludido em outras passagens bíblicas, o qual se manifestará no fim dos tempos. V. 27 – "E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre as asas das abominações virá o assolador, e isso até a consuma­ção; e o que está determinado será derra­mado sobre o assolador". Neste versículo, chegamos à última fase da mensagem pro­fética, isto é, a septuagésima semana que começará após o arrebatamento da Igreja e o retorno geral dos judeus à Palestina, con­forme se observa no versículo 26. Convém salientar que este último fato já está ocor­rendo. Na ocasião, o Anticristo fará uma aliança por sete anos com Israel, e estabe­lecerá um governo mundial com base no seguimento do antigo império romano, sob a forma de uma confederação de dez na­ções: Dn 2.42,43; 7.7,8. Porém, na metade da semana, ou seja, após três anos e meio, ele quebrará o concerto, dando início à Grande Tribulação propriamente dita. "O príncipe que há de vir" então tripudiará sobre o povo israelita "até a consumação" da semana profética e, finalmente, "o que está determinado será derramado sobre o assolador": Cristo se manifestará, segundo o relato de Apocalipse 19, e começará uma era de paz sobre a terra, conhecida como o Milênio.

TIPOS DE BATISMO

"Quantas espécies de batismo existem na Bíblia?"

Preliminarmente, devemos, antes de qualquer explicação acerca do assunto em pauta, conhecer a palavra batismo, que é, sem dúvida, importante dentro do contex­to doutrinário neotestamentário. Esta ex­pressão se origina do vocábulo grego "baptizõ", que significa imersão, mergulho, submersão. Daí a razão de Paulo comparar esse ato a um sepultamento (Rm 6.4), pois é através desta ação que o novo convertido enterra para sempre o seu velho homem (na linguagem paulina), isto é, seu caráter inconverso, carnal, natural, pecaminoso, corrompido. Devemos salientar também que o batismo não salva o homem, mas é tão-somente uma confirmação daquilo que já lhe aconteceu, isto é, a conversão.

Não somos batizados para a salvação; ao contrário, somos batizados porque já so­mos salvos. Esclarecemos, também, por via de dúvidas, que o batismo por aspersão é uma incoerência. Isto eqüivale dizer: "imersão por aspersão". Faz sentido?

No que tange ao número de batismos existentes na Bíblia, o autor aos Hebreus parece fazer alusão ao assunto quando fala da "doutrina dos batismos", Hb 6.2. Entretanto, entendemos, pelo contexto do capítulo, que o escritor está apenas classificando este assunto no rol das doutrinas rudimentares para novos convertidos como o a-bê-ce- da vida cristã. Apesar da explicação acima, parece-nos viável salientar que as Escrituras Sagradas, mormente no Novo Testamento, apresentam algumas espécies de batismo.

Na tentativa de esclarecer a questão su­pra, o articulista Venâncio R. dos Santos, em artigo publicado num periódico evan­gélico, enumera, com muita propriedade, sete tipos de batismo:

1. O batismo de João, também chama­do de batismo do arrependimento: Lc 3.3; 7.28; At 18.25.

2. O batismo do sofrimento que é aque­le com que Cristo foi batizado; qualquer servo de Deus pode recebê-lo: Mc 10.38,39; Lc 2.50.

3. O batismo cristão-apostólico, que é ministrado em nome da Trindade: Mt 28.19,20; At 2.38; 19.5.

4. O batismo pelos mortos – uma here­sia muito difundida no tempo dos apóstolos; citada, mas não aprovada por Paulo: 1 Co 15.29.

5. O batismo de Moisés – na nuvem e no mar: Êx 14.15-25; 1 Co 10.2.

6. O batismo com o Espírito Santo que é efetuado por Jesus Cristo: Mt 3.11; At 2.1-4.

7. O batismo no corpo de Cristo. Este é realmente realizado pelo Espírito Santo imergindo o novo convertido no corpo mís­tico de Jesus, a Igreja.

Das sete espécies de batismo encontra­das no Novo Testamento – continua o articulista – três merecem destaque, por terem missão específica no âmbito da Igreja:

1. O batismo nas águas, que exterioriza a nova vida que o recém-convertido assu­me interiormente. Por esse batismo, o novo convertido é introduzido na igreja local: At 2.41.

2. O batismo com o Espírito Santo, que é a concessão do poder, manifesta-se em dons espirituais, visando à evangelização em todas as dimensões. É o mergulho do crente no poder do Espírito: At 1.8; 1 Co 12.7-11.

3. O batismo no corpo de Cristo, que é a imersão do novo convertido no corpo místi­co de Jesus (a Igreja), feito pelo Espírito Santo no ato da conversão.

Finalmente, para concluirmos o nosso pensamento sobre o assunto, evocamos aqui, a propósito, a opinião do renomado escritor J. Edwin Orr, que, em seu livro Plena Submissão, faz alusão ao assunto supracitado, dizendo: "No batismo com água, o agente é o ministro, o recipiente é o crente e o elemento a água. No batismo do crente no Corpo de Cristo, o agente é o Es­pírito Santo, o recipiente o novo converti­do e o elemento é o Corpo de Cristo: a Igre­ja. Na outorga de poder (o batismo com o Espírito Santo), o agente é Cristo, o recipiente é o crente e o elemento é o Espírito Santo."

Portanto, reiterando o que até agora foi visto, podemos declarar mais uma vez e, sem medo de errar, que a Bíblia Sagrada é a verdade de Deus revelada aos homens.

JOÃO BATISTA FOI BATIZADO COM O ESPÍRITO SANTO?

"Por que João Batista era cheio do Espírito e nunca falou em línguas?"

As línguas estranhas são um sinal ex­clusivo da operação do Espírito Santo du­rante a Dispensação da Graça, ou da Igre­ja. João Batista foi o último profeta vincu­lado à Dispensação da Lei, para a qual não havia o plano de línguas. Só quando os pri­meiros discípulos foram batizados com o Espírito Santo (At 2.1-6), então ocorreu o maravilhoso fenômeno de falar em línguas.

"CAUSA MORTIS" DE JESUS

Se, do ponto de vista espiritual, anali­sarmos a causa da morte de Cristo, ficaremos perfeitamente informados que: "Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados", Is 53.5; "Convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação. Ora, ele não disse isto de si mesmo, mas sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Je­sus deveria morrer pela nação. E não so­mente pela nação, mas também para reu­nir em um corpo os filhos de Deus, que an­davam dispersos", Jo 11.50-53; "Estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo, pois pode ser que pelo bom al­guém ouse morrer, mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores", Rm 5.6-8; "O qual [Jesus] por nossos pecados foi entregue", Rm 4.25; "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos amigos", Jo 15.13; "Quem os condenará? faos escolhidos] pois é Cris­to quem morreu [por eles]", Rm 8.34; "Foi para isto que morreu Cristo, e tornou a vi­ver: para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos", Rm 14.15.

Por outro lado a "causa mortis" de Je­sus, segundo o dr. R. W. Wynek, autor do livro intitulado paixão de Cristo estudada pela ciência médica moderna, a morte de quem quer que fosse crucificado "era pro­vocada por cãibras tetânicas e por sufocação, entre espasmos inenarráveis e em ple­na consciência. Dando uma visão geral da morte de um condenado diz ainda que a prolongada expansão dos braços que se ve­rifica na crucificação reduz gravemente a função respiratória, pela desusada tensão do diafragma, assim só isto basta para a sufocação. É preciso notar que as mãos dos crucificados não eram firmadas ao braço horizontal da cruz, atravessando as pal­mas com pregos, mas eram traspassados os pulsos onde a resistência era mais forte, pelas robustas formas palmares e dorsais, que unem solidariamente o conjunto ósseo da mão. O crucificado, fixo pelos pregos que traspassaram o pulso, ficava com o corpo completamente suspenso, e isto de­via produzir atrozes cãibras tetânicas…"

"Essas cãibras", continua Wynek, "tra­ziam uma dor muito atroz, provocada pela forte compressão das extremidades dos nervos, enquanto a circulação do sangue, devido às contrações que comprimiam os vasos, se tornava fatigante em plena posse da consciência, como uma agonia cruciante… À morte seguia imediatamente a rigidez cadavérica, conseqüência da ex­pressiva fadiga dos músculos."

ü evangelista João afirma que da ferida da lança saiu um fio de sangue e água. Ne­nhuma estranheza deve apresentar o fato de ter saído sangue ainda fluído, porque sabemos conservar-se o sangue na aurícula direita do coração dos cadáveres, mesmo depois de muitas horas após a morte. A saída da água foi explicada, por Barbet, como oriunda de líquido hidropericardíaco, de origem agônica. Judica, ao invés, defende que o cruel tratamento da flagelação deve ter causado uma pericardite, sen­do o líquido, neste caso, efeito de suor.

MÁQUINAS

"Que máquinas eram aquelas de 2 Crô­nicas 26.15?"

Como o próprio versículo indica, trata­va-se de armamentos bélicos rudimentares construídos para proteger Jerusalém e combater seus inimigos. É a primeira vez que a história bíblica registra a existência desses aparelhos, que eram acionados por cordas e colocados em lugares estratégicos, nas muralhas da cidade, a fim de que seus manejadores tivessem a mais ampla visão da área a ser defendida.

ANJO DA GUARDA

"É verdade que cada homem tem o seu anjo da guarda?"

Reconhecemos que os anjos são seres elevados, independentes. Existem, porém, anjos que não guardaram o seu principado, antes abandonaram o seu próprio domicí­lio e, por isso, o "Senhor os tem reservado em trevas, com cadeias eternas para o juí­zo do grande dia", Jd v.6.

Encontramos, também, outros lugares na Bíblia, em que se fala desse assunto.

Existem anjos que são maus e procuram prejudicar os homens; há, igualmente, hostes de anjos bons, criados por Deus e postos para o servir. Eles voluntariamente, servem a Deus e estão sempre juntos do seu trono, para fazerem a sua vontade.

Salientamos, que não nos é permitido adorar anjos. Está escrito, a respeito de João. que um dia se prostrou diante do anjo que lhe concedera a revelação maravi­lhosa. O anjo, porém, lhe disse: "Vê, não faças tal? Sou servo contigo e com os teus irmãos… adora a Deus". Os colossenses er­raram grandemente nesse assunto, pois prestaram culto aos anjos. Não podemos assim proceder. Todavia, não rejeitamos a verdade bíblica sobre as hostes do anjos com as quais os primeiros cristãos tiveram relação íntima.

De fato, Deus tem miríades de anjos, que incumbiu de trabalhos diversos, que têm a cumprir em relação a nós, os ho­mens. Portanto, não é extraordinário que Deus possa controlar tudo e cuidar dos nossos interesses, até do menor detalhe de nossa vida.

O mundo de Deus é como uma grande empresa. Existe um chefe, que entrega os detalhes para os muitos que são seus auxiliares. Deus tem de cuidar de um mundo imenso de anjos, que executam a sua von­tade. Na administração mundial de Deus, os seres celestiais ocupam um grande e im­portante lugar.

Sobre a questão, Jesus fala do grande perigo de seduzir alguns dos pequeninos, porque, diz Ele: "Os seus anjos, nos céus, vêem sempre a face de meu Pai celestial". O que queria salientar era: "Guarda-te para não te fazeres algum mal, pois os an­jos de Deus sempre se mantêm em íntima relação com o meu Pai, no Céu, e Ele te fará ajustar contas". Os anjos têm comunica­ção com o Céu, dando informações a Deus sobre o alguém que lhe foi entregue para seguir, guiar e auxiliar.

O ministério dos anjos

A Palavra de Deus diz especialmente que os anjos foram "enviados para exercer o ministério a favor dos que hão de herdar a salvação". Notamos que, quando se fala da salvação do homem, geralmente os an­jos estão incluídos.

Podemos ainda observar, pela Bíblia, a presença de anjos em relação à manifesta­ção de Jesus na Terra! Eles anunciaram o seu nascimento; estiveram presentes quando Ele nasceu; entregaram a mensa­gem aos pastores, e uma multidão do seu exército louvou a Deus nos campos de Be­lém. Os anjos revelaram-se no tempo da meninice de Jesus e instruíram seus pais como deviam fazer para escapar dos seus inimigos. Nas ocasiões importantes da vida de Jesus, como na tentação no deser­to, durante a luta no Getsêmane, na res­surreição e na ascensão, Ele foi servido pe­los anjos. E o próprio Jesus, falando a Natanael, disse que assim aconteceria: "Vereis o céu aberto e anjos de Deus, subindo e descendo sobre o Filho de Deus". No mi­nistério terreno de Jesus, estava o Céu aberto e os anjos em atividade; por ocasião do seu aparecimento e durante a sua vida.

Quando os discípulos estavam encarce­rados, vieram os anjos e os libertaram. Paulo, certa ocasião, sofreu um naufrágio, e um anjo, que estava ao seu lado, à noite, disse que Deus salvaria tanto a sua vida como a dos seus companheiros.

O trabalho dos anjos visa, de fato, aju­dar, proteger e guardar aqueles que têm suas vidas nas mãos de Deus.

Tratando-se da salvação, vemos que os anjos, vez após outra, aparecem. Quando o Evangelho foi pregado pela primeira vez aos gentios, os anjos lá estavam. Veio um anjo à casa de Cornélio e disse-lhe a quem deveria chamar e onde, a fim de ouvir o Evangelho vivo. No tempo em que Filipe estava em Samaria, veio um anjo a ele e disse: "Levanta-te a vai em direção sul, ao caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto". Filipe creu e deixou-se guiar pela mensagem do arauto celeste, e, assim, tornou-se instrumento para a sal­vação do tesoureiro da corte etíope. Ao fin­dar a sua luta pela fé, Lázaro, segundo as palavras de Jesus, foi conduzido pelos an­jos ao seio de Abraão. Ao ser redimida a alma do corpo, pertence aos anjos a tarefa da sua condução até o Céu.

Jesus diz, no capítulo 15 de Lucas, que haverá alegria entre os anjos de Deus por um pecador que se converter. Eles são os fiéis da Casa do Senhor, e acompanham os filhos de Deus com muito interesse.

Nossos primeiros passos, no caminho da salvação, são observados pelos anjos, pois foram incumbidos de seguir-nos até chegarmos ao fim. O dever das hostes angelicais, em relação aos salvos, é o de pro­teger, guardar, acompanhar e conduzi-los, por fim, ao Céu.

FESTA DO "ÁGAPE"

"O que era a festa do ‘Ágape’?" O Novo Testamento refere-se a esta festa em 2 Pedro 2.13 e Judas v.12. Consis­tia numa refeição em comum, geralmente ligada à celebração da Ceia do Senhor, imitando o exemplo de Jesus e seus discí­pulos, que participaram da Ceia Pascal, imediatamente antes da instituição da Santa Ceia.

A festa de amor ou Ágape, usualmente formava parte do festim por ocasião de batismo ou casamento, e também era obser­vada em enterros. No decurso dos tempos cometeram-se excessos, que degeneraram em abusos, até que a festa foi banida de várias igrejas e finalmente abolida na Eu­ropa.

Nas eras primitivas da igreja estas fes­tas promoviam sem dúvida, relações de amizade cristã e amor fraternal. Tertuliano, na sua apologia, dá-nos uma descrição muito elogiosa delas. Descreve-nos como se realizava a refeição modesta: a conversação era produzida sob a convicção de que Deus estava presente; fazia-se oração, e eram lidas e explicadas as Escrituras, e cantados hinos; a cerimônia incluía o ósculo de paz e uma coleta para os pobres. (É provável que o costume de velar cadáveres, como ainda hoje é usado em alguns luga­res, tenha tido origem nesta festa.)

Algumas igrejas cristãs, particular­mente as metodistas, reviveram, nestes últimos dias o costume de celebrar ágapes ou festas de caridade; e como a água é o copo que anima mas não embriaga, tem substi­tuído o vinho. Assim, os excessos são evita­dos e a prática não fica exposta aos perigos a que antes estava sujeita.

O SELO DA PROMESSA

"O batismo com o Espírito Santo é o selo da promessa?"

Uma das muitas obras do Espírito San­to é a de selar. Este serviço Ele o faz no momento em que a pessoa aceita Cristo como Salvador: "E tendo nele crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança", Ef 1.13,14. É oportuno dizer algo sobre o selo do Espírito Santo nesta dispensação. Mui­tos confundem selo com batismo, dizendo serem ambos uma mesma coisa. Não. O selo do Espírito é a garantia de que somos, a partir da nossa conversão, propriedade exclusiva do Senhor nosso Deus; e, como afirma Norman Harrison em Efésio, o Evangelho das Regiões Celestes, comen­tando Efésios 1.13 e 14: "Quando cremos, o Espírito procura assegurar o seu direito em nós. Este é o seu trabalho selador. A pala­vra selar tem três significados:

1. Uma transação terminada. É imutá­vel o selo de autoridade, é como quando o tabelião sela um feito ou qualquer docu­mento com selo governamental.

2. Marca da posse. É como quando o gado ou as ovelhas na fazenda são marcadas, estabelecendo-se o direito de proprie­dade.

3. Garantia de entrega segura. É como quando um pacote ou um carro é selado pela companhia transportadora. Isso proí­be qualquer embaraço que impeça o objeto de chegar ao seu destino. Em cada um e em todos esses sentidos, são os salvos do Se­nhor Jesus selados com o selo do Espírito. Quando Paulo fala do selo referindo-se à pessoa que crer no Senhor, ele evoca os costumes daquelas terras de os negociantes de madeira marcarem com o seu nome (se­lo) as toras; e quando os servos iam buscá-las não tinham dificuldade no reconheci­mento, por estar nelas gravado o selo do seu proprietário. O gado marcado com a marca do nome de seu senhor não podia de modo nenhum misturar-se com outro ga­do. Também o Espírito de Deus sela os crentes para não se misturarem com os mundanos: 2 Tm 2.19. Sendo ele o penhor da nossa herança, no dia da redenção sere­mos conhecidos pela marca que nos carac­teriza: 2 Co 1.22; 5.5. Precisamos da assis­tência do Paracleto celeste até o dia da nossa completa redenção. Nesse dia, o nos­so corpo será libertado de todos os males que ainda o afligem: Rm 8.23.

A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS

"Como se explica a parábola das dez virgens?"

As dez virgens da parábola proposta por Jesus em Mateus 25.1-13, representam duas fases da nossa vida espiritual. A fase da vigilância, da preparação, da esperança e até mesmo da ansiedade pelas coisas es­pirituais, e a fase da dormência, do despreparo, do descaso e até do abandono, que caracterizam um estado espiritual deca­dente. Dessas fases podem decorrer o al­cance da glória de Deus ou a rejeição final: Ap 20.15. Com este mesmo ensino há ou­tras parábolas que devem ser observada. Necessário se faz notar que havia nas dez uma "semelhança" com o reino de Deus. As prudentes se assemelhavam mais do que as néscias. Todavia as prudentes al­cançaram o prêmio da sua dedicação e pre­paração, entrando para as bodas.

As outras foram rejeitadas. Embora fossem assim todas virgens, todas damas de honra, as néscias não valorizaram o convite a ponto de prever uma "demora" do noivo e a necessidade de levar bastante azeite para as lâmpadas, isto é, de manter a perseverança e a fidelidade doutrinária (2 Pe 3.4)’, igrejas há que continuam pre­gando o Evangelho, promovendo estudos bíblicos, realizando congressos de mocidade, mas estão inteiramente afastadas das doutrinas básicas que demonstram a real transformação que o crente recebe ao acei­tar a Cristo. Já não praticam as "primeiras obras", Ap 2.3-5. As lâmpadas estão "ace­sas", mas as vasilhas estão vazias.

Muitos perguntam se haverá arrepen­dimento depois do arrebatamento da Igre­ja. Acreditamos que sim, mas mesmo que haja, ele será tardio com relação à participação das bodas, pois, a nosso ver, a porta estará fechada: 1 Co 15.51-54; 1 Ts 4.15-17. Alguns comentadores acham que era cos­tume ter-se moças durante um casamento que seguravam lâmpadas e cuidavam para que estivessem sempre acesas, provindo daí o maior brilho da festa. A maior alegria da igreja deve provir também do seu maior brilho espiritual.

Sobre o noivo tardar, acreditamos que a longanimidade de Deus espera que cada um se prepare em tempo e não na última hora. Ouviu-se um grito: é a trombeta de Deus que soará ajuntando o povo, seguida do alarido que caracterizará a alegria das bodas: 1 Co 15.52; 1 Ts 4.16. Lembremo-nos de que esse grito – essa trombeta – não é para preparação, mas para sair ao encon­tro do noivo, num abrir e fechar de olhos. Tentar "comprar azeite" depois disso será pura perda de tempo. Voltando à questão da semelhança com o reino, queremos lembrar que há igrejas muito "semelhan­tes" com a Igreja de Deus. Fazem tudo muito parecido, e quem olha de fora não percebe a disparidade entre ambos, não vê a diferença entre a verdadeira igreja e as apenas semelhantes. Isto tem levado mui­tas pessoas a perder tempo em igrejas que não produzem o novo nascimento de seus seguidores. Não os ensina a deixar o peca­do, a vaidade, os maus costumes. Durante anos a fio, essas pessoas continuam enga­nadas, pensando que o "azeite" é suficien­te e a sua decepção será horrível, quando constatarem o engano. A cena será indes­critível.

Após o sumiço dos que foram com o noivo, pelo arrebatamento, muitos procurarão examinar as Escrituras na tentativa de encontrar apoio para novamente fazerem parte do reino de Deus e poderão até provocar a própria morte pela pregação os­tensiva do Evangelho. A agonia será tre­menda, por constatarem que a oportunida­de passou. A lição final é que devemos es­tar, não somente preparados mas aviva­dos, esperançados, cheios do Espírito San­to, aguardando a vinda do Senhor.

A ORIGEM DOS CALENDÁRIOS

"Quando teve início a Era Cristã? E qual a origem dos calendários, mormente do nosso?"

"Era" é um acontecimento marcante, que serve de partida de um sistema cronológico. No que tange à Era Cristã, ela teve início no nascimento de Jesus Cristo. É comumente escrita em forma abreviada "AD"do latim "Anno Domini" que signifi­ca Ano do Senhor. Para as datas antes do nascimento de Jesus, usa-se a abreviatura "AC" que se refere às palavras Antes de Cristo. A contagem do tempo que vai de Adão a Cristo é feita no sentido regressivo, isto é, o cômputo de Cristo para Adão. Noutras palavras, partindo de Adão para Cristo, os anos diminuem até chegar à Era Cristã, portanto de Cristo para Adão (o normal), os anos aumentam. É que Jesus é o centro de tudo, e também do marco divi­sório e central do tempo.

Quando Jesus nasceu, o Império Roma­no dominava o mundo. Os romanos datavam seus acontecimentos tomando por base o ano da fundação de Roma: o ano 753 antes de Cristo. Para os romanos, esse ano era o "1 AUC". As iniciais "AUC" são três palavras latinas "Anno Urbis Conditae" que significam: "O ano em que a cida­de foi fundada". A alusão é à cidade de Ro­ma. A era romana começa em 1 AUC.

A palavra calendário vem do latim "calenda" primeiro dia de cada mês entre os romanos. Seu uso é tão antigo quanto a própria humanidade. Ao que se sabe, os primeiros povos a usarem calendário foram os egípcios. Há calendários diversos.

O Calendário romano. Foi organizado por Rômulo, que, segundo a história, foi o primeiro rei de Roma, então cidade-reino. Reinou em 753-715 a.C. Esse calendário tinha dez meses de trinta dias. Numa Pompílio, o sucessor de Rômulo, reformou-o, acrescentando-lhe dois meses, passando o a-no então a ter 355 dias.

O Calendário Juliano. Júlio César refor­mou o Calendário romano em 46 a.C. atra­vés de seu astrônomo, Sosignes de Alexan­dria. A partir de então, esse calendário passou a chamar-se juliano. César come­teu um pequeno erro, ao considerar o ano solar como tendo 365 dias e 6 horas, quan­do ele tem 365 dias, 5 horas e 49 minutos. Esses minutos acumulados anualmente, somaram 10 dias em 1582, o que motivou o papa Gregório XII a reformar outra vez o calendário. Falaremos desse calendário mais adiante.

O Calendário de Dionísio. Em 526 d.C, o imperador romano do Oriente, Justiano I, decidiu organizar um calendário original partindo do ano do nascimento de Jesus. A tarefa foi entregue ao abade dominicano Dionysius Exigiuus, que fixou o ano 1 d.C, isto é, o ano 1 da Era Cristã. Como mais tarde ficou comprovado, ele devia ter fixado o ano 1 d.C. cinco anos antes, isto é, em 749 AUC, e não 753. Seu erro foi um atraso de 5 anos na fixação do ano 1 da Era Cris­tã. Uma vez concluído, esse calendário passou a ser adotado em todo o mundo onde quer que o cristianismo se pregava.

Tempos depois, os doutos na matéria encontraram erros no calendário de Dionísio. Davis, citando o historiador judeu Flávio Josefo, mostra que Herodes mor­reu depois do nascimento de Jesus, logo o calendário de Dionísio está errado quan­do afirma que Jesus nasceu em 753 ÂUC. Se Herodes morreu em 750, então Jesus nasceu em 749 AUC, isto é, quatro a-nos antes do ano 1 da Era Cristã (?). No­temos que de 753 a 749 há quatro anos, e não cinco como parece à primeira vista, por causa dos meses que ultrapassaram de quatro anos. Conforme os estudos dos eru­ditos, arrendonda-se o número de anos para cinco, para facilidade de cálculo.

Eis aí a razão por que livros e publica­ções em geral afirmam que Jesus nasceu em "5 a.C", isto é, 5 anos antes da Era Cristã, o que é um contra-senso se não houver uma explicação. Como poderia Je­sus nascer 5 anos antes do seu nascimento? A explicação já demos acima. E, por qual razão perpetuou-se o erro em vez de corri­gi-lo? É que uma vez descoberto o erro (um atraso de cinco anos), sua correção no ca­lendário acarretaria problemas seríssimos nas atividades humanas. Portanto, as da­tas atuais estão atrasadas quase 5 anos.

O Calendário gregoriano. Em 1582 o papa Gregório XIII aconselhado pelo astrô­nomo Calabrês Líbio, alterou num ponto o calendário de Dionísio. Gregório tirou 10 dias do ano 1582 a fim de corrigir a diferen­ça de dias devido ao acúmulo de minutos a partir de 46 a.C. quando César reformulou o calendário. Por causa dessa pequena alteração o calendário atual é denominado gregoriano. A Grécia e a Turquia ainda observam o Calendário juliano, o qual está 13 dias adiante em relação ao nosso.

As datas exatas do nascimento e morte de Jesus não se sabe com precisão. O que se tem é apenas uma idéia aproximada. A primeira comemoração do Natal de Jesus em 25 de dezembro deu-se em 325, em Ro­ma, mediante o imperador Constantino. Até hoje a Igreja Ortodoxa observa o Natal em 6 de janeiro, e os armenianos em 19 de janeiro. A data não importa muito, e sim o propósito e o espírito da comemoração.

As divisões do tempo:

1. O dia. Entre os judeus, o dia ia de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos, ia de uma meia-noite a outra. As horas do dia e da noite eram computadas separadamente, isto é, doze e doze, isto entre os ro­manos: Jo 11.9; At 23.23. Entre os judeus, no entanto, a hora primeira do dia era às seis da manhã. O mesmo ocorria em rela­ção à noite.

2. A semana. Entre os hebreus, os dias da semana não tinham nomes e sim núme­ros, com exceção do 6? e 79 dias, que tam­bém tinham nomes: Lc 23.54. (Trad. Brás.)

3. Os meses. Eram lunares. A lua nova marcava o início de cada mês, sendo esse dia festivo e santificado: Nm 28.11-15; 1 Cr 23.31. Tinham 29 e 30 dias, alternadamente. Antes do exílio babilônico eram desig­nados por números. Depois disso, passa­ram a ter nomes e números.

4. Os anos. Tinham 12 meses de 29 e 30 dias. Os judeus observavam dois diferentes anos: o religioso, que começava em Abibe (mais ou menos o nosso abril), e o civil, que começava em Tisri (mais ou menos o nosso outubro).

5. Os séculos. Sua computação: Século I. Compreende os anos 1 a 100

d.C.

Século II. Compreende os anos 101 a 200 d.C.

Século III. Compreende os anos 201 a 300 d.C, e assim por diante.

BATIZAR-SE PELOS MORTOS

"Existia na igreja de Corinto a doutri­na de batizar-se pelos mortos? Como entender 1 Coríntios 15.29?"

Sempre houve os que deram ao batismo nas águas valor sacramentai, valor que transmite graça ao que recebe o ato. Há igrejas que julgam ser o batismo indispen­sável à salvação, e, por isso, batizam até crianças. Nos dias de Paulo," houve os que levaram esse assunto a tal ponto que julga­ram necessário batizar pessoas vivas em lugar de outras que haviam morrido sem terem oportunidade de receber o batismo.

O texto está indeterminado: "Que farão os que se batizam", parecendo que tal doutri­na existia na igreja local. Tratava-se de um ensinamento estranho, chegado aciden­talmente ao conhecimento da igreja. Pau­lo, é claro, não estava apoiando essa doutrina errada, nem podia apoiá-la, pois não encontra base no Novo Testamento.

A PURIFICAÇÃO DE JERUSALÉM

"Como entender o capítulo quatro do livro de Isaías. É literal ou figurado?"

Este capítulo se refere ao dia do Senhor (Grande Tribulação) e à purificação de Je­rusalém. O versículo primeiro fala-nos do castigo das filhas de Sião, conforme registro em Isaías 3.16-25. Elas, como os ho­mens, serão humilhadas (vv. 16,17); o vi­gor do quadro aqui apresentado é realçado pelo contraste com o luxo a que estavam habituadas: 3.18-24. Assim como Amos de­nunciou as mulheres de Samaria pela sua desalmada opressão dos pobres e pela sua conduta subseqüente (Am 4.1-3), do mes­mo modo Isaías ataca a altivez e o desdém das mulheres de Jerusalém: 3.16. Elas se­rão incluídas no castigo que se avizinha, e sobre as tais cairá uma terrível praga: 3.17. Não só serão vítimas de uma doença re­pugnante, mas sobre elas virá a maldição do Oriente – não se casarão: 4.1.

O restante do capítulo inclui, como su­cede tão freqüentemente no sumário, e coroamento das grandes mensagens do profe­ta, uma visão de conforto e paz. Temos nesta passagem a promessa de uma consu­mação e vida magnífica (w. 2,3), ou seja, a resposta divina às queixas do homem. A terra cobrir-se-á de frutos e de vegetação para o remanescente eleito no Senhor: v.2. A justiça e a verdade reinarão no país; o povo será purificado e a coluna de fogo e de nuvem será, mais uma vez, a glória de Is­rael e a sua defesa segura: 4.3-5.

É evidente, nessa passagem, que o au­tor se refere a alguém que governará em justiça, um descendente de Davi, um servo de Deus. Não pode ser outro, senão o Messias que distribuirá para todo o país um dia de alta e graciosa bênção. Como diz G. A. Smith: "Do pessimismo mais negro sur­girá nova esperança de fé, assim como dos versículos mais sombrios de Isaías irrompe subitamente esta passagem, qual fonte irreprimível que jorra aos pés do inverno". Portanto, concluímos tratar-se da vida material e não da espiritual, conforme muitos afirmam.

AS DUAS TESTEMUNHAS

"Quem são as duas testemunhas de Apocalipse 11.3?"

Há uma infinidade de suposições em torno deste assunto. Até mesmo as escolas de interpretação desse polêmico problema escatológico (estudos sobre as últimas coisas), têm entrado em várias contradições em suas assertivas.

Os pressupostos nomes apresentados por elas são diversos, como seguem: Moi­sés e Elias, Elias e Enoque, Jeremias e João Batista, as duas últimas igrejas da Ásia Menor, o Velho e o Novo Testamento, etc. Todas afirmam que têm tido "revela­ção" divina e que estão certas em seus pon­tos de vista. Algumas baseiam-se, inclusi­ve, em Malaquias 4.5: "Enviarei o profeta Elias". Mas, quando lemos em Lucas 1.17, com referência a João Batista, observamos que ele veio no espírito e no poder de Elias, isto é, na virtude ministerial daquele pro­feta. Temos muitos casos na Bíblia, tanto no Velho como no Novo Testamento, de uma pessoa sendo representada por outra.

No caso das duas testemunhas, elas têm idêntico poder ao de Elias para fazer descer fogo dos céus: 2 Rs 1.10. E também se assemelham a Moisés, que fez as águas se transformarem em sangue: Êx 7.20. Po­rém, temos de admitir que tudo isso foi realizado pelo poder de Deus e não dos ho­mens.

Portanto, quem são as duas testemu­nhas ninguém sabe porque este assunto não foi revelado. Entretanto, elas repre­sentam o governo civil e religioso de Israel, pois são semelhantes às duas oliveiras do tempo da volta do cativeiro babilônico: Zc 4.12-14.

Reiterando-se o que foi dito, afirmamos que o homem pode operar maravilhas pelo poder de Deus. Porém, Ele não necessita necessariamente de homens como Elias ou como Moisés, para operar aqui na terra. Ele pode operar por qualquer um, do contrário seria uma operação humana e não divina. Portanto, ninguém sabe os nomes das duas testemunhas.

Assim todas e quaisquer afirmações sobre o assunto esposado não passam de suposições.

QUEM SERÁ O ANTICRISTO?

"Como podemos interpretar Apocalip­se 13? A besta será um homem, um animal ou um símbolo?"

Esta forma de revelação de Deus, biblicamente falando, feras ou aves de rapina, são símbolos do verdadeiro caráter do im­pério mundial gentílico, guerreiro e agres­sor, estabelecido pela força: Dn 7.7. Daniel tinha visto o reino da Babilônia, o Medo-Persa, e o Greco-Macedônio, sob a figura de um leão, um urso e um leopardo: Dn 7.3-6; mas João o vê semelhante ao leopardo, com os pés de urso e boca de leão, isto tipificando o reino da besta à semelhança daqueles reinos nos seus diferentes aspec­tos de governo.

Finalmente, este capítulo prenuncia o Anticristo, na época da Grande Tribulação que precede à segunda vinda de Cristo (a revelação): Mt 24.15-31.

Assim, acreditamos que a besta seja um homem.

O MILÊNIO

"Gostaria de saber, com precisão, o que significa o Milênio."

O Milênio é, sem dúvida, o maravilho­so reinado de Cristo na Terra por mil anos. Há aqueles que totalmente o mate­rializam, ou o espiritualizam demais. Evi­temos tais extremos. Esse período áureo é ansiosamente esperado pelo povo israelita. Podemos dizer também que, na verdade, o Milênio não deixa de ser um assunto con­trovertido, como as profecias acerca dos úl­timos dias. Exatamente por isso, o nosso interesse por ele aumenta, ao examiná-lo à luz das Escrituras.

O Milênio é um período de mil anos em que Jesus, juntamente com a sua Igreja glorificada, governará a Terra. Esse gover­no, porém, não será alegórico nem simbóli­co, mas real, concreto, visível: Ap 20.4,6.

Terá início no fim da Grande Tribulação, quando o Anticristo e o falso Profeta tiverem sido vencidos, e Satanás estiver preso; mas depois que Jesus tiver julgado as nações.

Os diferentes nomes aplicados ao Milê­nio, fazem-nos compreender o significado desse período:

1. "Mil anos" (Ap 20.4,6), expressão que define a extensão do tempo.

2. "Regeneração da Terra" (Mt 19.27,28), mostra-nos a origem do novo tempo de bênção para o mundo.

3. "Consolação de Israel" e "Redenção de Israel" (Lc 2.25,38), isso fala daquilo que Israel esperava: a plenitude na mani­festação do Messias.

4. "Reino de Cristo e de Deus" (Ef 5.5), revela-nos Cristo como governante: Ele re­ceberá o poder e o reino, de Deus, seu Pai: Is 9.7; Dn 7.13,14; Lc 1.32,33.

5. "Dispensação da plenitude dos tem­pos", Ef 1.10. As Escrituras mostram-nos que o Milênio será o último dos grandes períodos históricos, antes do raiar da eter­nidade.

Afirmamos ainda que o Milênio é um tempo de extrema felicidade: Jesus gover­nará, e o Diabo estará preso. Os homens, nesse tempo, gozarão bênçãos riquíssimas na vida material. Haverá condições favo­ráveis à abolição do álcool, dos entorpecen­tes e do fumo, que causam danos a saúde; isso fará os homens alcançarem idade avançada, o que era comum no início da criação: Is 65.20,23; Zc 8.3,4. As bênçãos de Deus operarão saúde para os povos: Is 35.5,6; Ml 4.2.

No que tange ao desenvolvimento tec­nológico e econômico – neste período será surpreendente. Haverá um tempo de re­construção como nunca houve na terra. Não haverá administradores desonestos no governo de Jesus: Is 58.12; 61.4. As possibilidades de aquisição de casa própria serão ampliadas: Is 65.21,22. O bem-estar so­cial alcançará progressivamente a todos: SI 72.1,7; 1.3,6. Também a tecnologia será posta a serviço do bem comum. Atualmen­te o objetivo da Ciência é a guerra, o aper­feiçoamento bélico, mas no Milênio ela es­tará a serviço da paz e do bem.

A natureza florescerá no Milênio. Nesse período áureo a vegetação estará liberta da maldição do dia da queda: Gn 3.17,19. Toda criação será liberta da escra­vidão (Rm 8.18,22) e a terra será fértil, de modo que os lugares secos se tornarão em jardins verdejantes: SI 67.6; Jl 2.19,24; 3. 18; Am 9.13.

Ademais, a fauna será alcançada pelas bênçãos do Milênio. Por ter sido abolida a maldição original, nenhum animal causará mal ao homem (Is 11.6,7,8; 65.25) e também, nesse tempo, os homens estarão li­vres dos insetos.

Ainda no plano político, haverá durante o Milênio paz e compreensão como nunca antes: o povo judeu, em cuia terra será cen­tralizada a administração universal de Je­sus, terá alcançado a glória perfeita anun­ciada nas profecias. Quando Jesus vier em glória dará ordens aos seus anjos para que ajuntem todos os judeus dos quatro cantos da terra, para trazê-los à Palestina, para que ali se tornem, de fato, numa única na­ção.

A Palestina terá todo o território que Deus prometeu a Abraão: Gn 15.14,18; 32.41,46. Os judeus alcançarão também a paz e o sossego que atualmente lhes é tão difícil conseguir: Ez 28.15; Zc 10.10,11. Vi­verão a plenitude da promessa feita a Abraão: "Em ti serão benditas todas as famílias da terra", Gn 12.1,2. Serão cabeça entre as nações: Dt 28.13. Destarte, haverá completa harmonia entre as nações, Dt 28. 13. Haverá também harmonia entre os is­raelitas: Is 11.13. Nenhuma forma de men­tira condicionará as relações internacio­nais: Sf 3.9. Os povos viverão felizes (Is 66.18,19) e a glória habitará na terra: SI 85. 9.

Queremos salientar ainda que, se algu­ma dúvida ficou a ser esclarecida, propo­mos ao amigo leitor a leitura do livro O Milênio, de autoria do pastor João de Oliveira (de saudosa memória), que, exaustiva­mente, discorre sobre este tema, elucidan­do, com muita precisão e firmeza, os pon­tos conflitantes.

OS FILHOS DE DEUS

"Quem são os ‘filhos de Deus’ e as ‘fi­lhas dos homens’ de Gênesis 6.2-4?"

Estes versículos, sem dúvida, têm sus­citado polêmicas e interpretações das mais variadas. Uma delas, sem nenhum emba­samento bíblico, interpreta que as "filhas dos homens" eram a descendência de Adão e Eva e que os "filhos de Deus" eram os an­jos que entraram em conúbio com a raça humana. Destarte, tomam como argumen­to provativo o versículo 6 do livro de Judas. Entretanto, este versículo refere-se aos an­jos que não guardaram sua própria habita­ção, isto é, que não ficaram fiéis à sua mis­são, ficando por isso reservados, para o dia do juízo. O versículo 7 é uma analogia ou explicação do versículo 6. Assim como os sodomitas tinham fornicado, desviando-se das normas naturais, semelhantemente, os anjos se tinham desviado da sua posição.

Realmente, os "filhos de Deus são os descendentes de Sete, ou seja, a linhagem piedosa e obediente a Deus, e as "filhas dos homens", representam as mulheres da descendência de Caim, isto é, a linhagem da desobediência e rebelião. Com isto está de acordo Gênesis 4.26: "Então começa­ram os homens a invocar o nome do Se­nhor", ou como seria melhor traduzido: "então começaram os homens a ser cha­mados pelo nome do Senhor". Estas duas correntes humanas são claras através de toda a história da humanidade. O fato de Moisés mencionar estes casamentos e dá-los mesmo como causa da corrupção que se seguiu, não nos deve surpreender, porque o Novo e o Velho Testamento proíbem casa­mento de pessoas de condições espirituais diferentes: 2 Co 6.14-16.

O CÉU É UM LUGAR?

"O Céu é um lugar ou um estado?" A Bíblia ensina claramente que o Céu é um lugar. É um lugar de descanso, de delí­cias, de atividade. Jesus subiu ao Céu corporalmente. Ele nos falou do Céu como um lar: Jo 14.1-5. Existem lugares preparados no Céu. A descrição do Céu em Apocalipse não comporta imaginações estranhas: o Céu é um lugar. Graças a Deus!

MISTÉRIO DA INIQÜIDADE

"Que significa a expressão ‘mistério da iniqüidade’?"

A expressão "mistério da iniqüidade", usada por Paulo em 2 Tessalonicenses 2, relaciona-se diretamente com a pessoa de Satanás e de seu Anticristo. Trata-se das manifestações de Satanás na época que precede a vinda do Senhor Jesus. De certa forma, atualmente Satanás ainda tenta ocultar sua verdadeira face, mas, após o arrebatamento da Igreja, revelar-se-á em sua plenitude a natureza iníqua de suas obras e o agente principal dessa manifesta­ção será o Anticristo, que é chamado de "homem do pecado", o revelador da ini­qüidade.

QUE É O HOMEM?

"O homem, especialmente o homem de Deus, pode ser classificado como animal racional?"

Os cientistas agruparam todos os seres da natureza em três grandes divisões: reino animal, reino vegetal, e reino mineral. No reino animal incluíram o homem. Com esse ato o homem rebaixou-se a si mesmo. Deus não fez assim. Ele deu a honra devi­da ao homem: "Tu o fizeste um pouco me­nor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituíste sobre as obras das tuas mãos. Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés", Hb 2.7,8.

"TESTEMUNHAS DE JEOVÁ"

"As ‘testemunhas de Jeová’ dizem que é pecado prestar serviço militar; é isso ver­dade, de acordo com a Bíblia?"

Não é necessário comentar o assunto no período do Velho Testamento, na Dispensação da Lei, de vez que nesse tempo gran­des homens de guerra foram também gran­des homens de Deus. Atenhamo-nos, as­sim, à Dispensação da Graça: "E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A nin­guém trateis mal nem defraudeis, e con­tentai-vos com o vosso soldo", Lc 3.14; "E o centurião respondendo disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize uma palavra e meu criado há de sarar. E maravilhou-se Jesus ouvindo isto e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Is­rael encontrei tanta fé", Mt 8.8,10; "E ha­via em Cesaréia um varão de nome Cornélio, centurião da corte chamada italiana, piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus", At 10.1,2.

Quando os soldados foram a João Ba­tista, ele não os censurou por serem soldados, nem os aconselhou a deixarem a pro­fissão, disse-lhes, apenas, que deveriam exercê-la de modo digno. Ao centurião ro­mano, que era homem de guerra, Jesus não mandou que abandonasse o cargo, antes louvou-o pela fé viva que nele encontrou. A Cornélio, homem piedoso e temente a Deus, e que foi salvo e batizado com o Espírito Santo, o apóstolo Pedro igual­mente não o aconselhou a deixar o serviço militar.

Em Romanos 13.1-7 lemos do respeito e submissão que o crente deve ter às autori­dades. Em 1 Pedro 2.13, a Escritura nos aconselha que nos sujeitemos a toda a or­dem humana (às autoridades). Vivemos em um mundo de pecado e o pecado provo­ca a guerra. Nestas condições, um país precisa do apoio das "Forças Armadas" (Exército, Marinha e Aeronáutica), para ser respeitado, para manter a ordem inter­na. Do exposto, fica esclarecido, de acordo com a Bíblia, que o crente não se pode ne­gar ao serviço militar. Os "estudantes da Bíblia" ou "testemunhas de Jeová" têm, além do exposto, muitos outros ensina­mentos errados. É digno de nota que seus erros são sempre, ou por torcerem a verda­de bíblica ou por ignorarem propositada­mente essa verdade.

ÁGUIAS OU ABUTRES?

"Como se explica a expressão ‘onde es­tiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres’, de Mateus 24.28?"

Acreditamos que o texto em epígrafe • está correlacionado com os últimos aconte­cimentos escatológicos. Trata-se, aqui, de fatos que sobrevirão, no tempo do fim, a Israel e aos gentios. Mas é preciso salientar, a título de estudo, que este versículo, embora muito breve, tem sido motivo de inú­meras interpretações, algumas das quais inteiramente equívocas. Observemos as opiniões de algumas das correntes sobre o texto:

1. Cristo seria o alimento (a carcaça), e os crentes seriam os abutres. Assim pensa­ram Teofilacto, Calvino, Colávio, e Jerônimo, que encontraram na palavra "cadáver" até mesmo uma referência à morte de Cristo. Crisóstomo também defendia essa interpretação, chamando os participantes da assembléia de santos de águias. Alguns intérpretes modernos, como Wordsworth, têm-se lançado na defesa dessa interpreta­ção. Porém a simples leitura do contexto basta para mostrar a qualquer um que no versículo não há intenção de transmitir tal idéia, porquanto o tema do texto é julga­mento.

2. Tão inocente quanto essa é a inter­pretação que diz que o cadáver significa aqueles que morrerem para si mesmos (a crucificação espiritual) e que as águias são os dons do Espírito Santo. Isso está com­pletamente fora do sentido do texto.

3. Jerusalém e os judeus seriam os ca­dáveres que teriam atraído as águias roma­nas (assim pensam Lightfood, Wolf, e De Wette).

4. O cadáver representaria os indiví­duos espiritualmente mortos, e as águias seriam os anjos vingadores enviados por Cristo, visto que, a expressão "cadáver" se deriva do verbo grego que significa "cair", e fala de um "corpo caído". O vocábulo português "cadáver", vem do vocábulo la­tino "cado" cair.

5. Que o versículo em apreço está liga­do à batalha do Armagedom, por ocasião da revelação de Jesus em glória: Ap 19.11,12.

A par de todas essas correntes que fo­ram analisadas, existem, ainda, algumas considerações a ser ponderadas sobre o texto em pauta, com vistas a um maior esclarecimento.

No que tange à expressão "abutre" no versículo em apreço, algumas traduções dizem águias – expressão grega "aethos" que significa águia. Na realidade, nesse caso as "águias" são abutres, que os anti­gos aceitavam como uma raça de águias: Jó 39.30; Os 8.1. Trata-se do abutre que ul­trapassava a águia em tamanho e poder.

A águia representa símbolos diversos: de nação, de força, de poderio, etc. Segun­do alguns, o seu masculino (aguilão) quer dizer vento do norte. Esse mesmo vocábulo quer dizer trapaceiro, tratante, covarde. Esta ave é considerada pelos zoologistas como a rainha das aves, em razão de sua força e destreza, pelo seu domínio nas mai­ores alturas. Somente se lhe iguala o condor dos Andes. A águia pode ver a presa até 3 km de distância, como atestam os cientistas. A Bíblia se refere a esta ave (Dt 28.49,50; Jó 39.30), dando-lhe uma consi­deração especial, como é o caso do versí­culo em apreço. A águia tem todas as ca­racterísticas das aves que podem levantar vôo sem bater asas. É símbolo de auto-suficiência.

Alguns estudiosos crêem que o versícu­lo pode referir-se a uma poderosa nação (Dt 28.49,50) que virá contra o povo de Jacó: "O Senhor levantará contra ti [Israel], uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás, nação feroz de ros­to, nem se apiedará do moço". Já em Ezequiel 38, se nos diz que ela (uma poderosa nação) virá com os seus aliados, "e muitos povos virão contigo", v.6.

Outros teólogos concluem que o versí­culo em pauta tem duas interpretações: a literal e a simbólica. Diz literalmente, crendo na mortalidade que haverá nas ter­ras da Palestina, segundo Ezequiel 38. Diz simbolicamente, referindo-se às nações que virão para invadir a Palestina, com o fim de varrê-la da face da terra.

Outra forte corrente diz que na antigüi­dade os países e impérios consideravam-se fortes e usavam esta ave como insígnia; hoje muitos países ainda a usam como símbolo e sinal de poderio. Os Impérios Romano, Russo, Austríaco, e da França, adotaram a águia como símbolo heráldico. Damos a seguir alguns exemplos:

1. Napoleão Bonaparte, que usou o símbolo da águia, disse ao referir-se a Is­rael: "quem ficar com essa terra governará o mundo".

2. Império Romano Redivivo, que tam­bém adotou a águia como símbolo, marchará contra Israel, a fim de destruí-lo.

3. A U.R.S.S., que tem como insígnia esta ave, virá do Norte com o objetivo de tomar os despojos e de arrebatar a presa (Ez 30.1-12) -sabe-se que de longe a águia avista sua presa – Assim a única terra a ser contemplada é a Palestina, não só pela poderosíssima nação, mas também pelos outros povos que estão ligados a ela: "Seus filhos, chupam o sangue e onde há mortos, aí ela está", Jó 39.30; Ez 38.6.

De todas essas correntes e declarações estudadas, o mais provável e o que mais se coaduna com o contexto bíblico, é que este texto se refere a um provérbio secular, usa­do por Jesus, dando-lhe uma nova aplica­ção. Esse provérbio significa algo como "onde houver motivos para julgamento, aí haverá julgamento". A declaração, portan­to, seria uma afirmação geral, acerca da inevitabilidade do julgamento que se tor­nava necessário e imperioso. No caso da volta de Cristo, Ele (Jesus) atacará os poderes do mal neste mundo, tanto indivi­duais como das nações. Ele destruirá o Anticristo com o resplendor de sua vinda. É uma lei geral que o julgamento cai onde deve, tal como os abutres se reúnem onde jazem os cadáveres.

O DESTINO DOS ÍNDIOS

"Qual será o futuro espiritual dos índios?"

Quando Jesus ordenou: "Ide por todo o mundo, e pregai a toda criatura", Ele esta­va incluindo naturalmente os índios, cuja alma é igualmente preciosa aos olhos do Senhor. Cremos que as pessoas que nunca ouviram o Evangelho de Cristo aqui na ter­ra serão julgadas no último dia de acordo com o almejo de seus corações, e descanse­mos nisso, pois sabemos que o nosso Deus de modo algum fará injustiça: Rm 2.14-16.

MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL

"O que vem a ser meditação transcen­dental?"

A meditação é tão antiga como o ho­mem e sua consciência. Porém salienta­mos que a meditação transcendental, par­ticularmente, está por detrás de todos os tipos de "vogas", "filosofias orientais", "gurismos". "sistema de meditação" e "comunidades" que oferecem equilibrantes descobrimentos interiores, seja de uma velha escola monástica ou de uma renova­da vestidura; tem ela o objetivo comum de esvaziar da mente do homem toda a crença e pensamento, com o alvo de conseguir que o ser humano esqueça a sua situação posi­cionai e até um Deus que tem uma vontade para cada homem.

Nada de transcendental pode surgir de uma consciência em intranscendência na vida do homem. O desaparecimento de ob­jetivos concretos no ser humano necessariamente conduz a uma vivência existen­cial muito subjetiva. E semelhante atitude, longe de possibilitar uma vida mais "humana", mais "tolerante" amarra, implacavelmente, o homem e a sociedade com férrea ditadura do dogmatismo relativista e irresponsável.

Quando consideramos o verbo hebraico "hâgâh", que as versões da Bíblia traduzem no português por meditar, verifi­camos que na sua raiz está implícita a idéia de murmurar ou sussurrar. Psicolingüisticamente falando, o aludido verbo produz em cada uma subjetiva mentalida­de a imagem de um homem "falando só".

Esse foi o mandamento de Deus a Jo­sué, segundo se depreende do texto bíblico:

"Não se afaste da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite para que te­nhas cuidado de fazer tudo quanto nele es­tá escrito: porque, então, farás prosperar o teu caminho e prudentemente te conduzirás", Js 1.8.

Quando chegamos às páginas do Novo Testamento, Paulo é quem transmite a luz que ele recebeu do Espírito Santo, exor­tando Timóteo e a todos nós a meditar na Palavra de Deus: "Medita nestas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveita­mento seja manifesto a todos", 1 Tm 4.15. Aqui, a versão espanhola de Reina-Valera traduz o verbo grego "meleto" por "ocu­par-se", ainda que na sua raiz básica está o significado de "resolver em nossa mente", "imaginar", "dar interesse absorvente a alguém ou algo".

Frente à meditação transcendental que parte da intranscendência humana, a Bíblia Sagrada apresenta e propõe a supre­macia da meditação bíblica, isto é, faz com que a palavra vinda do Deus vivo se torne o nosso interesse absorvente, com o singular propósito de conhecermos a Deus, sermos cheios do Espírito Santo e vivermos essa experiência traduzida em atos quoti­dianos.

O QUE É A ALMA?

"Gostaria de saber se o vocábulo "aima" significa: sopro, vida, sangue ou personalidade?"

A alma é distinta entre o corpo e o espí­rito, sendo imortal e imaterial. O vocábulo "nephesh" (Heb) é traduzido alma mais de 500 vezes no Antigo Testamento e "psy-chê" (Gr) mais de 30 vezes no Novo Testa­mento. Assim, a palavra alma aparece com vários sentidos nas Santas Escrituras tan­to figurativo como por Sinédoque. É nesse particular que se precisa muito cuidado, pois muitas falsas interpretações resultam daí, originando destarte falsos ensinos. É imperioso conhecer o sentido estrito e teo­lógico da palavra "alma", bem como os fi­gurados do mesmo vocábulo, como aparece no texto bíblico. Os animais também têm alma, mas muito inferior à do homem: Gn 1.20,21,24,28; SI 8.5-8; Mt 6.26; 1 Co 15.39-41. Note-se que a mesma palavra original "nephesh" é usada em Gênesis capítulo primeiro, concernente ao homem e aos ani­mais. A alma dos animais além das muitas inferioridades, acaba com a morte do bru­to, já a alma do homem é eterna. Além dis­so, Deus, ao criar os animais disse: "faça-se", mas quanto aos homens, disse: "faça­mos o homem segundo a nossa imagem e semelhança".

O nosso corpo é a "bainha" da alma; ela explora o ambiente ao nosso redor e recebe as impressões do mundo exterior por meio dos sentidos corporais: vista, ouvido, olfato. etc. A alma é a sede das emoções, paixões, desejos e sentimentos. A alma, por meio do espírito, põe-nos em contato com Deus e por meio do corpo põe-nos em contato com o mundo.

A alma é o ser social do homem. Por meio dela ele tem consciência de si mesmo. Sabe que é uma personalidade. Resta-nos saber que este vocábulo tem seis sentidos diferentes nas Escrituras, sendo um real e cinco figurados. São eles:

1. 0 sentido real. Isto é, "alma" signifi­cando alma mesmo.

2. A alma significando o sangue: Lv 17.14; Dt 12.23. Isto apenas ressalta o valor do sangue, sem o qual o homem não pode viver. Quando se faz transfusão de sangue, não se diz que estão fazendo transfusão de alma, nem injetando alma.

3. "Alma" significando o corpo, a pes­soa física: Gn 12.5; 46.27; Êx 1.5; 12.4; Lv 21.11; Nm 6.6; Rm 13.1. •

4. "Alma" significando animal: Gn 1.20. Aí, no original a palavra empregada é "nephesh". Se o sentido não fosse figura­do, entenderíamos por exemplo: "produ­zam as águas pessoa vivente", o que seria um contra-senso.

5. "Alma" significando vida: Lv 22.3. Trata-se de sinédoque, figura de linguagem literária, em que a parte é tomada pelo todo. Alma é também chamada vida, porque é ela a parte mais importante do ser. Ela transmite vida ao corpo mediante o espírito.

6. "Alma" significando coração: Dt 2.30. Ora, sabemos que o coração é um órgão como os demais, de carne, que bom­beia o sangue através do corpo. Tudo o que se atribui ao coração o é figuradamente. A referência mesmo é a alma: 1 Rs 8.17; SI 14.1; Mt 9.14; 1 Co 7.37.

A IDADE DE ADÃO E EVA

"Quanto tempo Adão e Eva viveram no Éden antes do pecado?"

Não existe qualquer possibilidade de sabermos pela Bíblia, quantos foram os anos de inocência vividos por Adão e Eva. E, fora da Bíblia, ainda seria mais difícil. É um segredo que Deus guardou para si mesmo: Dt 29.29.

DE ADÃO A ABRAÃO

"Quantos anos se passaram de Adão a Noé, e de Noé a Abraão?"

"As datas que se vêem às margens de algumas Bíblias não fazem parte do texto da Escritura. Foram calculadas pelo Arce­bispo Usher, em 1650 d.C. A criação de Adão, de acordo com o que ele diz, data de 4004 a.C. O dilúvio de 2348 a.C, o nascimento de Abraão, de 1996 a.C. Há diver­gências de opiniões entre os eruditos, espe­cialmente quanto às datas mais remotas" (Manual Bíblico, edição de 1971, pág. 32).

O AUTOR DO LIVRO DE CRÔNICAS

"Quem escreveu o livro de Crônicas dos reis de Israel?"

A Bíblia menciona vários livros, que, com seus nomes primitivos, não constam entre os livros canônicos. Não está claro se a pergunta se refere a um desses livros (1 Cr 9.1) ou aos livros canônicos de 1 e 2 Crô­nicas. Nos reinos de Judá e Israel havia cronistas: 2 Sm 8.16; 2 Rs 18.18, etc. Esses oficiais do rei registravam os acontecimen­tos tanto no reino do Norte como no do Sul. Cremos que seus registros constam consolidados nos livros históricos da nossa Bíblia.

COLISEU ROMANO

"O Coliseu foi construído antes ou de­pois de Cristo?"

O Coliseu, o maior anfiteatro romano, foi inaugurado pelo imperador Vespasiano em 79 d.C, com o sacrifício de cinco mil animais mansos. Foi posteriormente am­pliado por Tito. Este lugar, onde, no dizer do poeta, "sacrificavam pobres seres hu­manos para dar um feriado aos romanos", foi palco de cenas sanguinárias onde ho­mens se transformavam em verdadeiros animais, extrapolando impulsos selvagens e desapiedosos; onde cristãos eram lança­dos impiedosamente às feras, na mais de­sumana de todas as crueldades, ante a vi­são de 45 mil espectadores sedentos de sangue. Com a promoção desses massa­cres, a popularidade dos governos da capi­tal e das províncias era alimentada.

O SIGNIFICADO DA CRUZ

"A cruz tinha algum significado religio­so antes da crucificação de Cristo?"

A cruz era um instrumento de suplício conhecido desde os tempos dos assírios e outras nações para ser usado na punição de crimes ou para atormentar os que eram contrários ao regime. A cruz era usada também entre os persas, fenícios, gregos, egípcios e romanos. Jesus tinha conheci­mento desse instrumento de castigo, inclu­sive usava o seu simbolismo para a vida de abnegação e sacrifício que seus discípulos deviam levar: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me", Mt 16.24.

Não há indignação de que a cruz tenha tido significação religiosa nem mesmo que alguns nela supliciados fossem religiosos. O suplício da cruz tinha sempre caráter de punição e não de martírio, nem era assim considerado.

SÁBADO OU DOMINGO?

"Qual o dia verdadeiro de descanso, o sábado ou o domingo?"

O observador mais acurado vai perce­ber que o sábado não é um mandamento originado na lei mosaica (Gn 2.3), ainda que mais tarde a ela foi incorporado. Verá, inclusive, que o sábado não é nome do séti­mo dia da semana, mas a designação da sua funcionalidade. O termo em hebraico "shabbath" da raiz "shãbhath" supõe ces­sar, deixar de fazer, parar de fazer e até de­sistir. Em nenhum dicionário a palavra significa descansar. A idéia de que Deus descansou no dia sétimo só pode ser inter­pretada antropomorficamente, uma vez que Deus não pode cansar-se, sendo Ele o sustentador de toda a criação. Além do mais, devemos notar ainda o tempo em que o Gênesis foi escrito e a utilização de vocábulos babilônicos na sua composição sendo "shabbatum" o que mais correspon­de à intenção judaica de significar que Deus completou a sua obra no sétimo dia. E se completou, trabalhou, o que tiraria a validade do sábado judaico como lei. Esta parece ser a idéia de que Jesus quis mos­trar aos escribas e fariseus quando disse: "Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também", Jo 5.17. A lei judaica posterior definiu 39 tipos separados de ações que constituem infração ao sábado. No entanto, as mesmas escrituras prescreviam oferen­das de sacrifício no Templo, no sábado, ainda que isso fizesse o ofertante incorrer em esforços físicos: Nm 28.9,10. Os princí­pios rabínicos prescreviam que se uma vida humana estivesse em perigo no sábado, tudo o que fosse possível devia ser feito para salvá-la. Jesus foi mais adiante quan­do argüiu: "E qual de vós que se a sua ove­lha num sábado cair num buraco não a pe­gará e tirará dali?" Mt 12.11. Quando Deus diz: "Lembra-te do dia do sábado para o santificar" (Êx 20.8), poderia estar dizendo: "Lembra-te de honrar-me com teu louvor e ações de graça no dia do teu descanso". É notório que nem todos po­dem descansar no atual sábado, ou seja, no sétimo dia da semana. Principalmente nas cidades grandes. Essa imposição da vida cotidiana poria milhões de crentes em de­sobediência contra Deus e passíveis de morte: Nm 15.32-36. Felizmente, não esta­mos debaixo da Lei e podemos santificar todos os dias da semana ao Senhor. E como foi no primeiro dia da semana que o Senhor Jesus ressuscitou (Mt 28.1; Mc 16.2; Lc 24.1; Jo 20.1), nesse dia denomi­nado domingo, do latim "dies dominicu", dia do Senhor, procuramos nele servir mais demoradamente à obra de Deus. Ago­ra, quanto à santificação, não temos de es­colher esse ou aquele dia, mas vivê-la a todo o momento, pois, sem ela, "ninguém verá o Senhor".

A ORIGEM DA PALAVRA LÚCIFER

"Como surgiu a palavra Lúcifer?" Lúcifer, do latim "lúcifer", vem do hebraico "hêlêl", e significa brilhante, esplendoroso, e tem sido traduzido por por­tador de luz, o que leva o archote, filho da alva, estrela da manhã. É o nome que os latinos davam ao planeta Vênus, que tam­bém chamavam "estrela da alva", "estrela da manhã", "estrela vespertina", por ser o mais brilhante astro (depois do Sol e da Lua) que, à nossa vista, aparece na abóboda celeste. O profeta Isaías aplicou esse termo ao rei da Babilônia, certamente pela grandeza e esplendor em que vivia o mo­narca, do que é exemplo a suntuosa obra "Os jardins suspensos da Babilônia" -uma das sete maravilhas do Mundo Anti­go. Essa palavra aparece no Velho Testa­mento, em Isaías 14.12. Na Bíblia traduzida ao português na forma latina: "Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?" Isaías tam­bém apresentou o rei da Babilônia, que se considerava um deus, como inimigo de Deus: "E tu que dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei… subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo", w.13,14. Por esse motivo, pelo desafio à autoridade de Deus, pela pretendida usurpação, foi sendo, pelos comentadores das Escrituras, gradativamente, aplicado o nome "Lúcifer" a Satanás, que também lhe assentava, visto que fora "anjo de luz" e "querubim ungido", Ez 28.13-15.

CASA EM ORDEM

"Qual o significado de 2 Reis 20.1, quando Isaías diz a Ezequias: ‘Põe em or­dem a tua casa, porque morrerás e não vi-verás’?"

O fato está registrado também em 2 Cr 32.24 e Isaías 38.1, afirmando-se que o rei sofria de uma chaga exposta que a medici­na da época não poderia curar, possivelmente, um câncer. 0 mal já estaria tão adiantado, que Deus, na sua infinita misericórdia, achou por bem adverti-lo da bre­vidade de seus dias.

Ezequias era um rei empreendedor, trabalhador, que pensava no bem do seu povo e na prosperidade do reino, conforme se vê em 2 Crônicas 32.27-30. Os seus muitos negócios talvez tivessem agravado a sua enfermidade e o levassem a abandonar os seus projetos e propósitos, sua dedica­ção, de modo que a sua casa estava em de­sordem, isto é, ninguém fora nomeado para continuar a sua obra.

Há certos lares assim. O chefe de famí­lia mete-se em muitos negócios, muitas despesas e, quando acontece uma enfermi­dade ou um desenlace, a família fica desamparada: 2 Rs 4.1. Igualmente, algumas igrejas estão em mãos de dirigentes que trabalham sozinhos e ninguém toma co­nhecimento dos muitos negócios em que eles se arriscam. Por isso o trabalho não progride, não se estabiliza. Quando ele é removido, ou se afasta, ou morre, o seu su­cessor terá problemas para reorganizar as coisas na igreja.

Ezequias, entretanto, humilhou-se, orou ao Senhor e foi atendido. Deus concedeu-lhe mais quinze anos de vida e ele pô­de assim concretizar os seus empreendimentos.

O PREGUIÇOSO

"A Bíblia condena o preguiçoso?" A preguiça é um mal social. O pregui­çoso é um desajustado na sociedade. O de­samor ao trabalho só se justifica por doen­ça grave que tire da pessoa o desejo de trabalhar. Fora desse caso é reprovável. Jesus disse: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também", Jo 5.17. A Bíblia con­tém vinte referências a respeito do pregui­çoso e da preguiça, e sempre se refere a isso censurando, condenando, aconselhando. É no livro de Provérbios que encontramos: "Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, olha para os seus caminhos e sé sábio" (6.6); "ó preguiçoso, até quanto ficarás deitado? quando te levantarás do teu sono?" (6.9); "A alma do preguiçoso deseja e coisa ne­nhuma alcança" (13.4); "O caminho do pre­guiçoso é como a sebe de espinhos" (15. 19); "O desejo do preguiçoso o mata, por­que as suas mãos recusam-se a traba­lhar", 21.25. O preguiçoso tem as suas desculpas: "Diz o preguiçoso: um leão está lá fora; serei morto no meio da rua", Pv 22.13. Também na obra de Deus a pre­guiça causa muitos males. A igreja de um pastor preguiçoso estaciona. A vida do crente que, por preguiça, não ora, não lê a Palavra de Deus, é sem frutos. Paulo, o maior dos apóstolos, afirma: "Mas pela graça de Deus sou o que sou, e sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles", 1 Co 15.10. Jesus muitas vezes chamou seus discípulos a trabalhar. Essa ordem chega até nós. Trabalhemos, pois, lançando fora a pregui­ça!

RECONHECEREMOS NOSSOS IR­MÃOS NO CÉU?

"Quando o crente chegar ao Céu irá re­conhecer parentes e irmãos em Cristo?"

Naturalmente que sim. Dentre muitos outros textos que afirmam esta verdade, citaremos: "Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugar à mesa, com Abraão, Isaque e Jacó no reino, dos céus" (Mt 8.11); "E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com Ele" (Mt 17.3); "E quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos de­clarou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó; Ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos", Mt 22.31-33. "No Hades ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio", Lc 16.23. Abraão, Isaque e Ja­có estarão em pessoa no reino dos céus e serão por nós reconhecidos. Moisés e Elias foram reconhecidos no monte da transfigu­ração pelos apóstolos. Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, o que indica que es­taremos no Céu em nossos corpos glorificados. Ressurreição significa reviver o mes­mo corpo, embora glorificado. O rico reco­nheceu Abraão e Lázaro. Se não nos reco­nhecêssemos no Céu, isto seria para nós contraproducente, pois o que almejamos é vermo-nos na Glória. Se no Céu houvesse inconsciência do passado, parece-nos que pouco adiantaria estar ali. O grandioso, o sublime é estarmos ali conhecendo o plano de Deus e vendo o cumprimento dele. Lá, sem dúvida, haveremos de conhecer em pessoa todos os heróis da fé que hoje co­nhecemos pela Bíblia. Lá veremos os nos­sos irmãos junto aos quais lutamos neste mundo a boa peleja da fé.

BÍBLIA CATÓLICA OU PROTESTAN­TE?

"Por que razão a Bíblia católica tem 73 livros, quando a protestante tem apenas 66? Qual delas é a certa?"

O Novo Testamento, tanto nas bíblias católicas como nas protestantes, não apre­senta qualquer diferença quanto à quanti­dade de livros. Todavia, o mesmo não ocorre com o Velho Testamento, pelas ra­zões seguintes:

a) Segundo o concilio de Rabinos de Jâmnia, realizado entre 90 e 100 d.C, o V. T. constitui-se apenas de 39 livros constantes das bíblias evangélicas, mas a Igreja Católica Romana, no Concilio de Trento (1546) resolveu afirmar solenemente a canonicidade dos apócrifos (livros completos e adi­tamentos), b) Em virtude de ter aceito muitas inovações doutrinárias, o catolicis­mo romano foi obrigado afastar-se da Bíblia. O rompimento não foi imediato, mas gradativo: Jerônimo e Crisóstomo in­sistiram na leitura da Bíblia. Agostinho considerava as traduções dela um meio abençoado de pregar a Palavra de Deus en­tre as nações. Gregório I recomendou a sua leitura. As restrições começaram com Hildebrando, que proibiu aos boêmios a leitu­ra da Bíblia. Inocêncio III, em 1215, impe­diu o povo de ler a Palavra de Deus em sua língua materna, mas somente em latim, língua conhecida apenas por alguns erudi­tos. Clemente XI condenou a leitura da Bíblia pelos leigos, etc. c) O Concilio Tridetino foi um dos pontos salientes da Contra-Reforma Católica. Com o progresso do protestantismo, a Bíblia foi colocada nas mãos do povo. que percebia claramente, na sua leitura, o quanto o romanismo afas­tara-se da sã doutrina apostólica. O clero romano pressionado e desafiado a susten­tar na Palavra de Deus suas doutrinas foi forçado a aceitar uma autoridade religiosa – a tradição – e canonizar os apócrifos, nos quais muitos dos falsos dogmas poderiam ser sustentados, d) A própria canonização constitui a maior prova de que tais livros, até o Concilio de Trento (1546) não eram considerados, mesmo pelos católicos, como escritos sob inspiração divina. Os motivos da rejeição de tais livros por parte dos rabi­nos judeus, são: porque tinham sido escritos depois de Esdras e Neemias (Eclesiás­tico e I Macabeus). quando se cria que a inspiração havia cessado; porque foram es­critos em grego ou. pelo menos, por se des­conhecer seu possível original hebraico (Sabedoria e 2 Macabeus); porque seu tex­to hebraico (ou aramaico) estava perdido na ocasião do Concilio (Judite, Tobias, Baruc). e) Em conclusão, a Bíblia certa é aquela traduzida por entidades fiéis ao texto sagrado, descomprometidas com o falso ecumenismo ou seitas heréticas; é aquela que não apresenta livros e adita­mentos espúrios, e nem mesmo anotações capciosas tendentes a desviar o leitor da sã doutrina da Palavra de Deus. Contudo, muitos católicos sinceros, ao examinarem humildemente o texto sagrado de suas pró­prias Bíblias, encontraram nele a orienta­ção segura para o único caminho de salva­ção, Jesus Cristo, e hoje servem ao Mestre nas diversas denominações evangélicas.

A COR NEGRA

"Como se explica a existência das raças em todo o mundo, mormente no que tange à cor preta da pele?"

Sobre a origem das raças, existem inú­meras opiniões de escritores, antropólogos, sociólogos e biólogos, tentando responder a estas perguntas, mas preferimos ficar com a Bíblia, que ensina que todos os homens são descendentes de um casal único. Depois do Dilúvio havia só uma família sobrevivente – a de Noé, o qual teve filhos: Sem, Cão e Jafé. Os filhos, netos e bisnetos do patriarca bíblico constam dos capítulos 10 e 11 de Gênesis, sendo, portanto, os nossos ances­trais: At 17.26.

A divisão nas Escrituras é esta: de Sem derivam os semitas, dos quais o Senhor Je­sus, segundo a carne, descende. Eles habi­tavam na Ásia e são conhecidos pelo zelo religioso que possuíam; os cananitas (pro­venientes de Cão) viviam, via de regra, no continente africano, e distinguem-se pela sua pujança física; os descendentes de Ja­fé, que, após a confusão das línguas (Gn 11.1-9), emigraram para a Europa. Esta raça é caracterizada pela atividade inte­lectual.

Quanto à diferença de cor, todos somos seres humanos, criados por Deus, descen­dentes de Adão e Eva, mas existem pig­meus e gigantes, negros, brancos e amare­los. Portanto, tentar explicar esta colora­ção, por especulações antropológicas e bio­lógicas, não passa de uma tentativa infun­dada.

Ressaltamos, ainda, que, para explicar a cor dos homens pela maldição de Noé, proferida sobre Canaã, ou pelo sinal que Deus colocou em Caim, não passam essas teorias de hipóteses inócuas, sem nenhuma concordância com o ensino das Escrituras Sagradas.

Alguns tomam outra posição, afirman­do que o clima, o ambiente, a alimentação, a educação e outros fatores, influenciaram no aspecto da cor. Mas a Bíblia Sagrada no seu escopo global mantém a divisão de Gê­nesis, não entrando no mérito da questão nem no âmbito discriminativo dela. Com efeito. lemos no Novo Testamento de um descendente de Cão. salvo e batizado (At 8.26-40); de um semita de nome Saulo (At 9) e de um descendente de Jafé. todos con­vertidos e batizados. O prezado leitor tem de convir em que. se invertêssemos a per­gunta sobre a coloração branca, teríamos os mesmos problemas, as mesmas interro­gações e especulações. O jornalista e escri­tor Miguel Vaz, no seu livro Um caminho para ns jovens, analisa o assunto dizendo:

"Não há, de fato, uma opinião firmada, quanto à cor da pele dos homens, nas Escrituras, mesmo porque a Bíblia não cita textualmente pessoas de pele clara ou escura, a não ser em Cantares de Salomão, onde aparece a morena, e isso metaforicamente. Mas moreno não é preto. A sabedo­ria de Deus não revela esse assunto, justa­mente para evitar polêmicas sobre a cor da pele dos seus servos e para mostrar que em Deus não há acepções de pessoas."

A PAZ DO SENHOR

"Saudar com ‘a paz do Senhor’ está certo? Desde quando é usada essa sauda­ção?"

A origem dessa saudação é bíblica. Re­monta ao Antigo Testamento, quando os judeus se diziam: "Shalon". Com o adven­to do Cristianismo. Jesus nos deu a "sua paz". (Leia-se João 20.15,21,26.) Paulo adotou essa saudação em suas epístolas: Rm 1.7: 1 Co 1.3, etc. Quanto ao uso es­pecífico da saudação "A paz do Senhor", as Assembléias de Deus usam-na, e ela pode ser usada por qualquer denominação ortodoxa reconhecidamente evangélica. Cada pastor local nesse assunto tem o di­reito de agir segundo a sua própria cons­ciência ministerial.

JERUSALÉM OU SALÉM?

"Onde está escrito na Bíblia que Jeru­salém chamava-se Salém?"

Em Gênesis 14.18. ocorre a primeira re­ferência bíblica à cidade de Jerusalém, quando esta ainda se chamava Salém. Ou­tros nomes de Jerusalém são: Jebus: Js 18.28; Sião: 1 Rs 8.1; Ariel: Is 29.1; Cidade de Davi: Is 22.9, etc. Para uma compreen­são mais definida, recomendamos a leitu­ra do Salmo 76.1,2.

DE ONDE VIERAM OS ÁRABES?

"Os árabes são descendentes de Esaú?" Sim. Esaú, filho de Isaque e Rebeca, casou-se com Malate ou Basemate, filha de Ismael. Este, por sua vez, era filho de Abraão e Hagar: Gn 28.9; 36.3. Os descen­dentes dos doze filhos de Ismael formavam doze tribos de árabes, das quais subsis­tem algumas ainda. Os árabes modernos afirmam que sua nação é predominante­mente ismaelita. A Arábia ocidental, que inclui a península do Sinai, foi povoada pelos descendentes de Esaú. Era geral­mente conhecida por terra de Edom ou I-duméia, bem como pelos seus antigos no­mes: deserto de Seir ou monte Seir.

O BATISMO DE PAULO

"Quem batizou o apóstolo Paulo? Ananias ou outro?

Em Damasco havia discípulos, como vemos de Atos 9.19. Ananias era ali um crente de projeção. Talvez fosse o dirigente do trabalho cristão na cidade. Ele foi escolhido por Jesus para encontrar-se com Saulo. Desse modo, bem pode ser que ti­vesse batizado o recém-convertido, mas não há registro a respeito.

O JOVEM FUGITIVO

"Quem é o mancebo de que nos fala Marcos 14.51,52?

Acreditam os estudiosos da Palavra de Deus que o mancebo referido no texto aci­ma seria o próprio Marcos, autor do Evan­gelho que leva o seu nome. aliás o único a narrar este fato. Jesus teria escolhido a re­sidência desse jovem para comer a páscoa com seus apóstolos. Foi dessa casa que o traidor saiu. depois de denunciado por Cristo. Judas Iscariotes. esperando ainda encontrar o Mestre na casa de Marcos, para lá se dirigiu, acompanhado da turba. O moço. acordado depressa e sem tempo de vertir-se. os teria acompanhado até o iardim. correndo o risco de ser preso. (Veja estas passagens: At 12.12.25; 13.13; 15.17-39; Cl 4.10; 2 Tm 4.11.)

DAVI ENUMERA O POVO

"Por que Deus não gostou que Davi nu­merasse o povo?"

O fato é contado de maneira judicial em 2 Samuel 24.1, e de maneira pragmáti­ca (segundo o pensamento religioso), em 1 Crônicas 21.1. No primeiro caso, o ato seria uma permissividade de Deus para dar oportunidade a Davi de retroceder do seu intento, mas sem interromper a sua deci­são, ainda que tivesse depois que puni-lo. No segundo caso, o ato é tido como indu­ção de força maior, alheia à vontade de Davi. O rei estaria sendo coagido por uma tentação irresistível, mas também passível de punição. Em ambos os contextos tería­mos o orgulho de Davi em querer conhecer o poderio militar de que poderia dispor e tranqüilizar-se quanto aos efetivos, em caso de guerra contra outras nações. A idéia subjetiva é que Davi fugiu da depen­dência divina, tentando resolver os casos do povo pela confiança em carros e cavalos (SI 20.7), deixando de honrar a Jeová como "socorro bem presente na angústia", SI 46.1. Dessa forma ele teria mudado "a ver­dade de Deus em mentira e honrado mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém", Rm 1.25. Se a pri­meira citação em 2 Samuel 24.1 é uma transigência do texto, Davi se torna desculpável era 1 Crônicas 21.1, pois estaria sendo tentado. De qualquer modo ele in­correria no castigo, porque "ceder é pe­car". Ainda mais quando admoestado pelo seu próprio general, Joabe, de que o seu es­forço era supérfluo, senão desnecessário. O oficial fêz-lhe ver que todo o acervo mate­rial e humano da nação havia sido coloca­do por Deus ao seu dispor, como a um despenseiro fiel, para os casos de necessidade e não de usufruto e vaidade. Na sua mise­ricórdia, Deus lhe deu três opções, numa das quais o rei se incluiu como culpado principal, disposto a sofrer sozinho o casti­go: 1 Cr 21.17. Mas o povo era também co­nivente com ele, pois aceitou passivamente que Deus fosse como que posto de lado. De qualquer maneira, a escolha de Davi foi sábia: "Fiquemos debaixo da mão de Deus. pois são grandes as suas misericór­dias". 1 Pe 5.6.

O LIVRO DE EZEQUIEL

"Quem escreveu o livro de Ezequiel?" Os livros proféticos da Bíblia (AT) trazem os nomes de seus próprios escritores. Isto significa que Ezequiel, um provável discípulo de Jeremias, foi o escritor do li­vro que traz o seu nome e é chamado de profeta maior, devido à quantidade de mensagens que o livro apresenta. Embora pouco se saiba a respeito de Ezequiel, vale a pena estudar detidamente o que se en­contra escrito em 1.1-3 do seu livro.

GOGUE E MAGOGUE

"Como entender Apocalipse 20.8?" Satanás instigará uma rebelião final contra Deus. Muita gente o seguirá nessa ocasião. Gogue e Magogue, na passagem em apreço, são as nações rebeladas, que conduzirão furioso ataque contra os san­tos. É oportuno esclarecer que Gogue aqui não é o mesmo de Ezequiel 38, porque a Bíblia é enfática nesta distinção. Em Eze­quiel, (Gogue é uma pessoa) (v.2), vem do Norte (v.6Xe age por ato divino: "Hei de trazer-te". Em Apocalipse, Gogue repre­senta as nações (v.8), engloba toda a terra (v.8), é movido pelo Diabo: vv.7,8. Portan­to, Ezequiel trata de um evento e Apoca­lipse de outro.

FILHO DO HOMEM

"Por que Jesus é chamado Filho do homem”

De acordo com o hebraico, a expressão "filho de" denota relação e participação. Por exemplo: "Os filhos do reino" (Mt 8.12) são aqueles que hão de participar De suas verdades e bênçãos. "Os filhos da res­surreição" (Lc 20.36), participarão da vida ressuscitada. Um "filho da paz" (Lc 10.6), é um que possui caráter pacífico. Dessa maneira, "filho do homem" vem a ser uma designação para o homem em seu estado de debilidade e impotência. Refere-se à condição humana de Jesus. Neste sentido, o título é aplicado 80 vezes a Ezequiel.

NÃO PASSARÁ ESTA GERAÇÃO

"Como entender Mc 13.30?" Este texto afirma o seguinte: "Na ver­dade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam". Trata-se da indestrutibilidade do povo is­raelita. A palavra geração vem do grego "genea", que significa raça, tipo de povo.

Uma promessa maravilhosamente cumpri­da até os nossos dias.

Aí está o povo israelita, atravessando os séculos e fazendo história, apesar dos mas­sacres e guerras de extermínio, que lhe têm movido muitos povos.

ENTREGUE A SATANÁS

"Como entender 1 Co 5.5?"

"Entregue a Satanás". Esta frase pa­rece ter-se originado das fórmulas judaicas de excomunhão, porque a pessoa banida da assembléia teocrática era considerada privada da proteção de Deus e entregue ao poder do Diabo. Era a exclusão dos falto­sos da comunhão com a igreja, da partici­pação de suas bênçãos, seus privilégios, sua proteção. Era a devolução do infiel ao reino das trevas onde Satanás cruelmente reina: Ef 2.12; Cl 1.13; 1 Jo 5.19. A senten­ça incluiria, provavelmente, sofrimento e doença física. A exclusão tem a finalidade de produzir arrependimento. Não é puniti­va, mas corretiva.

O PESO DA CRUZ

"Quantos quilos aproximadamente pe­sava a cruz que Cristo carregou e na qual foi crucificado?"

A Bíblia não menciona o peso da cruz, mas dá a entender que ela era demasiado pesada para uma só pessoa carregar, principalmente morro acima. Acredita-se que Jesus foi crucificado numa cruz latina, em forma de "T", onde a peça vertical era mais cumprida que a horizontal, embora existissem outros tipos, como na forma de "X". A cruz era a maneira mais cruel e vergonhosa de inflingir a morte. Foi usada pelos fenícios, assírios, gregos, persas, egípcios e romanos.

RAINHA DOS CÉUS

"Quem era a ‘rainha dos céu é mencio­nada em Jeremias 7.17,18?"

A opinião mais coerente é a de que o profeta se está referindo à deusa Astarote, também chamada Astarte. Era a deusa que os sidônios relacionavam com o amor e a guerra.

O TEMPLO VISTO POR EZEQUIEL

"O templo mostrado a Ezequiel, em vi­são, refere-se a algum outro posteriormen­te edificado ou à Nova Jerusalém?"

Ezequiel, cativo em Babilônia, teve a visão do templo no ano 25 de cativeiro de Joaquim, cerca de 13 anos após a des­truição de Jerusalém por Nabucodonosor. Numa alta montanha, Ezequiel viu a cons­trução de um novo santuário, que, embora tendo por modelo o templo de Salomão, conhecido do profeta na sua mocidade, possuía, linhas mais arrojadas e uma série de câmaras ao redor das portas. As medi­das mais arrojadas e uma série de câmaras ao redor das portas. As medidas descritas por Ezequiel não são geográficas, mas geo­métricas, não obedecendo a um projeto li­teral que se deseja ver realizado no futuro, mas constituem um simbolismo com lições espirituais: as disposições das câmaras ser­vem para o amparo da santidade de Jeová, que dentre em pouco ali habitaria com o seu povo, separando-o de todas as impure­zas morais e cerimonias vãs. Na primeira parte da visão (40-42), está revelado o tem­plo ideal, cuja arquitetura simboliza as as­pirações espirituais do povo. Na segunda parte (43-46), o culto ideal é constituído da glória de Deus, do ministério sacerdotal, das contribuições do povo, etc, e, final­mente, na terceira parte, a nação ideal (47-48)que tem sua vida ao redor do templo, de onde extrai sua alimentação, seu refrigério e sua inspiração. Trata-se de uma mensa­gem de restauração, santificação e glorificação, em que a nova ordem é revelada mediante verdadeiro arrependimento da parte do povo.

A ARCA DE NOÉ

"Quantos anos Noé levou para cons­truir a arca?"

Ao lermos a citação bíblica em Gênesis 6.3, deparamos com a seguinte afirmação: "Então disse o Senhor: não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos".

Ao lermos a citação bíblica em Gênesis 6.3, deparamos com a seguinte afirmação: "Então disse o Senhor: não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos".

De imediato, julgamos tratar-se de um limite de idade, preestabelecida para cada um, individualmente, desde que muitos deles atingiram a cifra de quase um milê­nio de anos, conforme viveram Adão, Sete, Enos, Quenã, Jarede e Metuselá, o que mais viveu. (No entanto, se meditarmos sobre o versículo supracitado, chegaremos à conclusão de que a palavra homem foi to­mada como um coletivo generalizado de toda a raça humana. Entendemos, portan­to, que os 120 anos eqüivalem à duração daquela dispensação antediluviana, após o julgamento divino.

Noé estava com 480 anos, quando Deus lhe ordenou a construção da arca. Vinte anos após já com 500 anos de idade, é que lhe nasceu o seu filho primogênito, confor­me Gênesis 5.32. Seus três filhos vieram ao mundo e já encontraram o pai em plena atividade, ocupado na construção da arca. Cem anos após o nascimento de Sem, contando Noé 600 anos, veio o dilúvio que fez chover 40 dias e 40 noites, permanecendo Noé, esposa, filhos, noras e os animais, na arca, um ano e 17 dias: Gn 7.10,11; 8.14.

Deus concedeu um prazo de 120 anos para que a humanidade se arrependesse. Mas como não deram crédito à mensagem do pregoeiro da verdade sucumbiram pelas águas do dilúvio.

A prova de que os 120 anos eqüivalem ao fim de uma dispensação, após o juízo de Deus, é ter Noé vivido, após o dilúvio, 350 anos: Gn 9.28.

SALVAÇÃO NACIONAL DE ISRAEL

"A Bíblia diz, em Romanos 11.26, que todo Israel será salvo. Pergunto: até os que morreram em pecado?"

Não podemos analisar um texto bíblico sem primeiro estudar o contexto, nem tampouco interpretar a parte de um versí­culo pelo todo.

Lendo o capítulo 11, versículos 1-32 de Romanos, entendemos estar o apóstolo exortando os gentios, ao se presumirem sal­vos e os judeus condenados.

Paulo descreve não ter Deus nunca re­jeitado o povo de Israel, pois sendo ele próprio da tribo de Benjamim, era um apóstolo de Cristo. Entendemos, no entan­to, estar Israel sob um profundo sono, para que, vendo, não vissem, nem ouvissem ou­vindo. Tal fato aconteceu e acontece, para que, por meio desse endurecimento, viesse a salvação dos gentios.

O apóstolo reconhece que, na verdade, alguns dos ramos (Israel) foram quebrados, a fim de que fôssemos, como zambujeiros, enxertados em lugar deles e feitos participantes da raiz e da seiva da oliveira. Não devemos nos gloriar contra os ramos, pois não somos nós quem sustentamos a raiz, mas a raiz que nos sustenta. Se, con­tra a natureza (pois somos ramos dos zambujeiros), fomos enxertados na boa oliveira, quanto mais Israel (oliveira natural) será reenxertado em sua própria oliveira.

Este profundo sono, no qual se encon­tra (em parte) imerso Israel, perdurará até que os gentios entrem em sua plenitude. Então, "todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará a Jacó as impiedades", Rm 11.26.

Isto não significa dizer que todo o Israel / será salvo, pois teríamos de incluir nesta afirmação o próprio Judas Iscariotes, o traidor. O texto explica que Israel será salvo, na Grande Tribulação, quando invocar o Messias prometido e quando Jesus se manifestar com a sua Igreja (inclusive muitos judeus), para estabelecer o Milê­nio.

A fim de comprovar a nossa afirmação, observemos o emprego da palavra grega "houtos" (assim, desta forma)’ em sentido temporal. Todo Israel é expressão que apa­rece repetidamente na literatura judaica, onde não significa necessariamente todos os judeus, sem uma única exceção, mas Is­rael como um todo.

Em Romanos 9.27, Paulo faz alusão a uma profecia de Isaías, referente à salva­ção nacional de Israel: "Ainda que o núme­ro dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo." Za­carias, acerca do assunto diz: "E acontece­rá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes serão extirpadas e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a pu­rificarei, como se purifica a prata, e a pro­varei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu po­vo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus", Zc 13.8,9.

ARREBATAMENTO E REVELAÇÃO

"Como será a segunda vinda de Cris­to?"

A segunda vinda de Cristo se verificará em duas fases. A primeira é o Arrebatamento da Igreja. Será em segredo "num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombe-ta soará, e os mortos ressuscitarão incor­ruptíveis, e nós seremos transformados", 1 Co 15.52. Nesta primeira fase, Jesus virá somente até as nuvens. Nesse dia solene, "estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; estando duas moendo no moinho, será levada uma e deixada a ou­tra" (Mt 24.40,41); "estarão dois numa ca­ma; um será tomado, e o outro será deixa­do", Lc 17.34. Nesse dia se manifestará "o homem do pecado, o filho da perdição". "Já o mistério da injustiça opera: somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; então será revelado o iníquo…", 2 Ts 2.6,7. Esse "um que agora resiste" é a Igreja, o povo de Deus. A sua resistência está nas orações cheias de fé e poder que milhões de crentes fazem conti­nuamente subir ao Céu. Essa igreja, esse povo santo, será tirado, então não haverá mais empecilho e o "homem do pecado se manifestará". Aí principia a Grande Tribulação, sob o reinado pessoal do Anticristo, que durará sete anos. Desses momentos indescritíveis, quando a ira de Deus cair sobre a humanidade que rejeitou o Salva­dor, a "Igreja Filadélfia" será guardada: "Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na ter­ra". Ap 3.10.

A segunda fase é a chamada revelação de Jesus em glória: "E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os san­tos anjos com Ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele", Mt 25.31,32. Nesse dia, sim, "aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e glória", Ap 1.7. É nesta fase que Jesus se ma­nifestará a Israel, que estará a ponto de sucumbir sob os exércitos confederados do Anticristo. Nesse soleníssimo dia, os israe­litas, já quase na sua totalidade na Palesti­na, ao olharem para as mãos do Messias, que surge, perguntarão: "Que feridas são essas nas tuas mãos?" O meigo nazareno responderá: "São as feridas com que fui ferido em casa de meus amigos!" Então, "olharão para mim a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito e chorarão amargamente por Ele. Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém", Zc 13.6; 12.10,11. (Se os leito­res estiverem interessados em conhecer mais sobre o assunto, indicamos "Escatologia Bíblica", do professor Antônio Gil­berto.)

A MULHER QUE UNGIU JESUS.

"A mulher que ungiu Jesus em casa de Simão, seria Maria, irmã de Lázaro?"

A passagem em João 11.12 dá a idéia de um acontecimento anterior (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Lc 7.37), nos moldes em que é contado no capítulo 12, versículo 3, com igual reação dos discípulos e também igual ao comentário de Jesus, o que deixa transparecer que o fato é o mesmo e as mesmas as pessoas, sendo apenas uma recapitulação. Pela ordem natural, podemos inferir que depois do jantar em casa de Simão o (que fora) leproso (Espada Cortante, O. S. Boyer, pg. 783), Jesus se tornou amigo da família, por meio de Maria, sendo depois recebido muitas vezes nessa casa: Lc 10.38. Numa dessas vezes, Lucas estabele­ce (v.40) a intimidade que se vê em João 11.5. Os detalhes da murmuração dos discípulos em Mateus e Marcos, que em João é atribuída somente a Judas, não aparecem em Lucas, bem como o diálogo entre Jesus e Simão, narrado por Lucas, não aparece nas demais narrativas, mas nada impede que tenham acontecido na mesma ocasião. É de se esperar que fatos narrados 20 ou 30 anos depois de aconteci­dos possam ter tido algumas omissões por esquecimento, sem que isso invalide a sua inspiração e até mesmo que assim sucedeu por força dessa inspiração divina, para que o observador atento pudesse tirar delas as lições de que viesse a precisar. Há, porém, quem advogue a possibilidade de terem ocorrido até três casos em que Jesus seria ungido por mulheres diferentes, mas as coincidências não reforçam a afirmação. Nossa opinião é a mesma do Novo Dicio­nário da Bíblia de Douglas, pág. 1.007, de que a mulher que ungiu a Jesus em casa de Simão foi Maria, irmã de Marta e de Lázaro e que o próprio Simão tinha parentesco com os três. "Mateus, Marcos e João con­cordam em que o Senhor Jesus foi ungido em Betânia e Mateus e Marcos especifi­cam que isso aconteceu em casa de Simão" (Douglas). Quanto ao pejorativo "hamartoulos" – pecadora, que Lucas insere, não é obrigatório julgar-se que Maria – a Maria piedosa de Betânia – fosse uma mulher de moral duvidosa, como alguns comentaris­tas sugerem, mas que ela, em presença de Jesus, sentira as suas próprias carências e buscara abrigo na honraria que achou por bem fazer-lhe. Mesmo porque não se ad­mite que a honradez encontrada em Marta e Lázaro, a ponto de Jesus chegar a amá-los e a comover-se diante do fato fúnebre que os envolveu, encontrasse tolerância numa atitude menos conveniente da parte da irmã sob o mesmo teto.

QUANDO JESUS MORREU?

"Segundo Mateus 12. v.40: ‘Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ven­tre da baleia, assim estará o Filho do ho­mem três dias e três noites no seio da ter­ra’, qual foi o dia da morte de Jesus?"

O dia da crucificação de Jesus tem sido por alguns situado na quarta-feira, e pela maioria dos eruditos na sexta-feira. Mas qualquer dessas datas conta com algumas dificuldades. No entanto, a questão tem provocado muitos debates, e muito tempo tem sido desperdiçado, e imensas energias têm sido concentradas nessa discussão. Para alguns, o conhecimento e a declara­ção do dia certo parecem ter a importância de uma convicção religiosa.

Russel em seu comentário do Novo Testamento, diz: "Algumas pessoas por desconhecerem a índole das línguas anti­gas, como o grego e o hebraico, insistem que tais palavras devem indicar três dias e três noites completos; porem [apresenta grande número de citações extraídas do hebraico, do grego e do latim] tal expres­são era usada, nos dias antigos, para signi­ficar parte de três dias e noites, e que uma parte era usada para expressar a totalida­de". A seguinte citação de Jerônimo ilus­tra esta idéia: "Tenho abordado mais com­pletamente o trecho sobre o profeta Jonas (isto é, o livro do V.T.) em meu comentá­rio. Direi agora somente que isto [esta passagem ] deve ser explicada como modo de falar chamado sinédoque, quando uma porção representa a totalidade. Não signi­fica que nosso Senhor esteve três dias e três noites inteiros no sepulcro, mas sim, parte da sexta-feira, parte do domingo e todo o dia de sábado o que é apresentado como três dias". Assim também esclarecem os pais da Igreja em geral. Na linguagem po­pular, "três dias e três noites" significa, figuradamente, não mais do que três dias, o que, na linguagem antiga, podia ser calcu­lado incluindo-se o primeiro dia, aquele em que algo acontecia. Nesse caso, o dia de crucificação teria sido o primeiro dia, e o dia da ressurreição o terceiro. O segundo dia teria sido o sábado, ficando assim com­pletados os três dias. O próprio Jesus decla­rou isso por diversas vezes, e a expressão foi repetida por Paulo, afirmando que Je­sus declarara que ressuscitaria ao terceiro dia: Mt 16.21; 17.23; Mc 9.31; 10.34; Lc 9.22; 18.33; 24.17; 1 Co 15.4.

HOMEOPATIA: DIVINA OU DIABÓLI­CA?

"Desejo saber se é lícito o crente consultar-se com médicos homeopatas."

Doutrina proposta pelo médico alemão Cristiano Frederico Samuel Hahnemann, em 1789, cujos pais pertenciam à Igreja Eyangélica Luterana, a homeopatia tem por lema a expressão latina: "Similia similibus curantur" que significa – as doenças são curadas pelos remédios que poderiam provocá-las. Isto quer dizer que a homeo­patia é o recurso pelo qual, quando enfer­mos, tomarmos o tipo de remédio que to­mado, provocasse a mesma enfermidade nas pessoas sãs, ficaremos automatica­mente curados.

Samuel, como religioso, acreditava que as curas que realizava pela sua medicina eram de procedência divina. Guilherme Gustavo Gross (alemão), médico homeopata, era filho de um pastor protestante. Casou-se com a filha de um pastor evangé­lico. Hartmann, amigo de Gross, pastor, tornou-se médico homeopata. É bem pro­vável que deixou o pastorado pela profis­são homeopática, não deixando, contudo, o Evangelho.

Vejamos o exemplo do medicamento homeopático por nome Berberis, o qual sendo tomado por quem não sofresse do fígado, causaria danos a este aparelho do organismo humano. Esse remédio é indica­do pelos homeopatas, em pequenas doses, para a cura das doenças do fígado, com re­sultados satisfatórios.

Além dos muitos tratados de literatura homeopática, temos a obra intitulada Iniciação Homeopática, escrita pelo professor Emydio Rodrigues Galhardo, catedrático da Escola de Medicina e Cirurgia do Insti­tuto Hanemanniano. Afirma o autor do li­vro que o espiritismo tem, na verdade, fei­to a propaganda da homeopatia no Brasil, mas que essa intromissão é uma deturpa­ção.

O Dr. Samuel Pfeifer afirma: "Um anti­go ex-curandeiro e um praticante do magnetismo escreveu-me: "Satanás tem um ca­tálogo gigantesco de métodos, pelos quais quer separar a nós homens, aberta e veladamente de Jesus Cristo. Disso faz parte também a oferta de diversos métodos de cura. que pretendem ser um auxílio para o doente. Certamente é verdade que muitos cristãos não sabem discernir se esses méto­dos de cura estão solapados pelo inimigo, tornando-se também vítimas de charlatões, principalmente quando se quer ficar curado a qualquer preço, ao invés de per­guntar, a qualquer custo, pela vontade de Deus".

Devemos ter cuidado, portanto, para não consultarmos os curandeiros que não têm conhecimento de medicina. Eles apro­veitam a boa fé da população menos esclarecida e receitam medicamentos que po­dem causar danos à saúde, por sua excessi­va dose e pelos componentes que os inte­gram.

Seitas religiosas, especialmente as de origem afro-brasileiras, apresentam-se Domo salvadoras da humanidade, indican­do medicamentos nocivos ao organismo humano.

Um novo convertido que sofria de bronquite desde os nove anos de idade, tendo tomado diversos medicamentos e não ob­tendo resultado, achou por bem, às escon­didas, visitar uma curandeira que lhe pas­sou a seguinte receita:

"Compre uma panela de barro baiana que nunca foi usada e um prato de porcelana. Coloque uma camada de folhas Je agrião no fundo da panela e outra de açúcar em cima, até encher o recipiente. Em seguida, coloque nove pingos de limão galego, sem deixar cair a semente dentro da panela. Tampe a boca da panela com um prato de porcelana que nunca foi usado. Faça uma cova de três palmos. Coloque a panela e feche buraco sobre ela. Retire-se sete dias após e tome o suco que você fica­rá curado".

Esse irmão saiu daquela casa e dirigiu-se à igreja, onde as irmãs estavam reunidas em oração; chorou copiosamente, pedindo perdão a Jesus pelo que fizera. O Senhor usou um presbítero que participava do círculo de oração, o qual lhe disse em pro­fecia: "Agora mesmo te curei. Testifica en­tre teus irmãos o que eu fiz por ti neste dia". Passaram-se quase dez anos e esse ir­mão nunca mais foi acometido daquela doença.

Finalmente, dizemos: Desde que a homeopatia seja aplicada por um médico, que é responsável perante a lei pela pro­fissão que exerce, não há nada de mais em servimo-nos dela. No entanto, o melhor mesmo é confiar no Médico dos médicos – Jesus Nazareno.

NICODEMOS FOI SALVO?

"Nicodemos foi salvo?"

"Nicodemos" significa vitorioso sobre o povo; é o nome de um fariseu membro do Sinédrio, e príncipe dos judeus, que visitou Jesus, à noite (talvez por lhe ser mais con­veniente), por ocasião da Páscoa, quando também o Nazareno se encontrava em Je­rusalém. Registramos o advérbio talvez no período anterior, pelo fato de que se encon­travam na capital da Palestina judeus de todo o mundo, e o Filho de Deus aproveita­ra o ensejo para falar-lhes da vida eterna; não tendo o tempo necessário para dialo­gar com o componente do Sinédrio durante o dia.

Nicodemos tinha a convicção de que Jesus viera da parte de Deus, conforme de­clarou em João 3.2: "Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque nin­guém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele". Chegamos tam­bém à sublime conclusão de que Nicodemos não fora por conta própria manter o diálogo com o Nazareno, quando declara "sabemos", significando ele e quem o en­viou, que pode ter sido um grupo de zelosos judeus que aguardavam a remissão de Is­rael por intermédio do Messias. Ele era o porta-voz daqueles que desejavam dirimir as suas dúvidas.

Causa estranheza a resposta de Nicodemos no versículo quatro: "Como pode um homem nascer, sendo velho? porventu­ra pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?" No entanto, quando anali­samos a sua posição de fariseu e mestre em Israel, concluímos estar ele duvidando des­ta transformação, comparando Jeremias 13.23: "Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? nesse caso, vós também podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal".

Jesus explicou-lhe, detalhadamente, o processo do novo nascimento, comparando-o ao fenômeno do vento: "assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai, assim é todo aquele que é nascido do Espírito".

Nicodemos deixou bem claro que se convertera ao Evangelho, mesmo perten­cendo ao Sinédrio, quando interpelou em favor de Jesus, ao lhe chamarem de impostor: "Porventura condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conheci­mento do que faz?", Jo 7.51.

Por ocasião da morte de Jesus, enquan­to os seus discípulos fugiam do compro­misso de sepultarem o corpo do Mestre com medo dos judeus, Nicodemos e José de Arimatéia, enfrentando o risco de per­der a própria vida, tiraram o corpo de Cris­to do madeiro, ungiram-no com ungüento caríssimo e o sepultaram.

Após este ato de solidariedade e amor para com o Mestre, dizer que Nicodemos não foi salvo é mesmo que afirmar não ter o ladrão da cruz alcançado a misericórdia de Deus, quando Jesus lhe disse: "Em verda­de te digo que hoje estarás comigo no Pa­raíso". E o malfeitor nada fez de bom que merecesse a salvação. Ele só contou com a benevolência de Jesus.

CRIANÇAS CONDENADAS?

"As crianças de pais não-crentes serão salvas?"

Ao analisarmos este complexo assunto, devemos, de pronto, entender o seguinte:

• A criança não tem condições de arre­pendimento.

• A criança não pode ser batizada.

• A criança está livre de qualquer res­ponsabilidade.

Alguns alegam, contrariando o ponto de vista bíblico, dizer a Escritura que "to­dos pecaram e destituídos estão da glória de Deus", Rm 3.23. Se afirmamos que essa condenação abrange também as crianças dos descrentes, pois que estão incluídas em "todos", estaremos condenando as crian­ças dos próprios crentes, de vez que, forço­samente, estarão elas igualmente incluídas nesse coletivo.

Se admitirmos que as crianças filhos de não-crentes estão condenadas, então te­mos de considerar que agem acertadamente as igrejas que batizam crianças, visando a prepará-las para a eternidade. O "cate-cismo da Doutrina Cristã da Igreja Roma­na ", diz: "os pais e as mães que, por negli­gência, deixam seus filhos sem o batismo, pecam gravemente, porque privam essas criancinhas da felicidade eterna". Mas nós não cremos que o batismo de crianças seja bíblico, nem que o batismo em si seja um meio de graça. (Sobre o assunto, leia o li­vro da CPAD – As Crianças e seu Destino Eterno.)

Sob expiação A expiação estende-se a todos os ho­mens e opera sobre todos os homens que aceitam o sacrifício de Cristo os que não têm qualquer condição de aceitá-la, estão nela incluídos. Seu paralelismo com os efeitos do pecado de Adão é visto no fato de que as crianças e outras pessoas irrespon­sáveis, incapazes de rejeitá-la são salvas, sem o próprio consentimento. Se nasceram debaixo da maldição, semelhantemente, nasceram sob a expiação, que é designada para remover a maldição. Ás crianças per­manecem ao abrigo da expiação até atingi­rem a idade suficiente para repudiá-la ou aceitá-la.

A expiação estende-se a todos os ho­mens e opera sobre todos os homens que crêem.

Se as criancinhas nascerem debaixo da maldição, semelhantemente, nasceram sob a expiação que é designada para remo­ver a maldição, e isso tem valor até que elas possam aceitar ou rejeitar a salvação.

Só por uma predestinação autocrata e injusta poderiam as crianças ser condena­das pelo simples fato de nascerem de pais descrentes.

É incorreto dizer que o reino dos céus é somente para as crianças que vem a Jesus, pois como podemos admitir que crianças inocentes e irresponsáveis possam vir a Je­sus?

Alguém poderia indagar porque está es­crito em Apocalipse 20.12 de "pequenos e grandes" diante do trono de juízo. Como pode ser isso?

A palavra que aparece nesse texto como "pequenos" não se trata da expressão grega "Teknos" ou "Phaidion", que significa criança ou menino. Mas "Mikros", que quer dizer pequeno no sentido de posição, isto é, serão julgados tanto os grandes (os reis ou príncipes, etc.) como os pequenos (os pobres). Além do mais, é bom lembrar que está escrito que cada um foi julgado segundo as suas obras. Onde estão as obras de uma criança? Podem elas ser justifica­das por suas obras? Ap 20.13. Afirmamos que a criança, embora pecadora por ori­gem, não tem cometido pecado, pela ino­cência.

Surgirá, então, outra pergunta: Como Paulo falou dos "filhos imundos" e dos "filhos santos"?

O que realmente o apóstolo asseverou sobre este assunto nada tem a ver com a salvação ou com o castigo eterno da crian­ça, mas simplesmente com a limpeza ceri­monial dos cônjuges, em concordarem em vi­ver sob disciplina evangélica, fora das con­taminações de prostituições idolátricas. Assim, ao nascerem, os filhos seriam lim­pos ou santos ( no original é "ÁGIOS"), se­parados de atos profanos, puros socialmen­te, castos, etc. Um crente casado com des­crente vivendo evangelicamente, seus fi­lhos seriam isentos da impureza venérica das prostituições religiosas, muito comuns naqueles dias: 1 Co 6.18,19. Também foi neste sentido que Paulo ensinou que os cônjuges incrédulos seriam santificados pelos crentes, isto é, vivendo a pureza evangélica, embora não sejam salvos: 1 Co 7.13.

Logo, as crianças, ao morrerem sem os pais se converterem, estão debaixo da obra do Grande Fiador e Advogado – Cristo, nosso Senhor: Hb 7.22; 1 Jo 2.2. E as que vivem sob um lar ímpio, estão sob a prote­ção da obra redentora até o tempo de sabe­rem escolher entre o bem e o mal e terem a faculdade exercitada pela razão para crerem e serem salvas pela graça de Deus: Tt 2.11.

Diante disso, fica bem claro que o peca­do original das crianças em idade de não compreensão, não é levado em considera­ção por Deus, pois elas estão incluídas na redenção, e esse pecado original delas é, pelo eterno plano divino, lavado pelo pre­cioso sangue de Cristo.

Finalmente, devemos fazer, ainda, al­gumas ponderações:

1. Os maridos ou as esposas descrentes não serão salvos só por ser o seu cônjuge crente.

2. Os filhos (na idade da razão) dos crentes não serão salvos por causa da condição de santificação de seus pais.

3. Nas crianças, o pecado congênito é eliminado, é apagado, através da obra expiatória de Cristo.

4. Uma criança não tem capacidade para crer.

5. Uma criança não pode ser convenci­da do pecado, porque não praticou pecado algum, ela é, diante de Deus, irresponsá­vel.

6. As criancinhas não podem ser julga­das, porque jamais se aperceberam de quaisquer leis. A única lei (se assim pode ser chamada) que predomina sobre elas é a da inocência. Elas ignoram tudo e Deus não leva em consideração o tempo da ino­cência: At 17.30.

Acerca das crianças do Dilúvio, não pe­receram por serem pecadoras, mas por uma circunstância eventual. O mesmo aconteceu com as crianças em Nobe (1 Sm 22.11), que foram mortas "desde os meni­nos até os de mama", e com as de Belém (Mt 2.16), onde Herodes mandou matar todos os meninos que ali havia e em todos os contornos, de dois anos para baixo.

Também nas cidades de Sodoma e Gomorra, as crianças foram destruídas pelo juízo dos pecadores; entretanto, devemos notar que esses juízos foram materiais e temporais e não constituíam o castigo eter­no. Pois, segundo as nossas leis e as leis divinas, as crianças não podem sofrer pena de condenação.

O SIGNIFICADO DO BATISMO

"O que é batismo?"

Noé e sua família, seguros na arca, fo­ram postos em um mundo novo pelas águas que afogaram os ímpios. Assim o crente, simbolicamente, passa pelo julgamento contra o pecado, seguro em Cristo, pelo ba­tismo. O dilúvio foi o tipo; o batismo é o antítipo. Aqui temos a passagem do crente para a nova vida, mas não pelo batismo como tal, que é impotente para lavar a imundície da carne. O poder reside na morte e na ressurreição de Cristo, apro­priado por um apelo pessoal a Deus. O ba­tismo, por conseguinte, representa para nós o estabelecimento do novo pacto e de nossa entrada pessoal nos seus benefícios.

Pedro apresenta o batismo também simbolicamente como o escape do crente do julgamento e a transição para o reino de Deus. O batismo significa também uma fi­liação, mediante a remissão dos pecados e o novo nascimento.

A imersão total é reputada como a mais correta, pois está de acordo com a etimolo­gia do verbo "baptizõ". Por outro lado, en­tendem alguns que qualquer que seja a eti­mologia conforme é empregada no Novo Testamento, a palavra "baptizõ" não exi­ge imersão, como o batismo com o Espí­rito Santo que é descrito como derramamento, adotando, portanto, a efusão ou a aspersão. No entando, julgamos ser a pri­meira forma a mais correta, conforme nos diz o significado da palavra. O batismo deve ser ministrado em nome da Trindade: Mt 28.19.

O MINISTÉRIO DE ISAIAS

"Quantos anos durou o ministério do profeta Isaías?"

Isaías, que é chamado o profeta messiâ­nico, ou o evangelista do Velho Testamen­to, em virtude do grande número de profe­cias que tem a respeito de Jesus, profetizou durante um longo período. A maioria dos estudantes e comentadores bíblicos crê que Isaías profetizou pelos menos durante qua­renta anos, ou seja, do último ano do reina­do de Uzias até o décimo quarto do reinado de Ezequias. O nome "Isaías" significa sal­vação de Jeová.

O NOME DA RAINHA DE SABÁ

"Podemos saber o nome da rainha de Sabá que visitou Salomão?"

Não existe uma opinião unânime quan­to ao nome pessoal da rainha de Sabá. A Bíblia omite este detalhe. Os historiadores têm opiniões distintas a respeito. Uns afirmam que o nome dela era Makida, outros Balkis.

QUEM ERAM OS SADUCEUS?

"Quem eram os saduceus tão mencio­nados nos Evangelhos?"

Os saduceus eram um dos grupos em que se dividiam os judeus no tempo de Je­sus. Eles eram adversários doutrinários dos fariseus. Não criam na ressurreição dos mortos nem na vida futura. Eles alcança­ram grande prestígio com a ascensão de Herodes ao trono. Sua oposição a Jesus era mais forte que a de qualquer outro grupo. Os principais dignatários do sacerdócio mosaico eram os saduceus. Por várias ve­zes Jesus os repreendeu.

A INTERPRETAÇÃO DO LIVRO DE CANTARES

"Como se interpreta o livro de Cantares?"

Trata-se de um livro poético que, se­gundo os eruditos da língua hebraica, utili­zase de uma linguagem soberba para des­crever as peculiaridades do amor puro en­tre o casal. Sua autoria geralmente é atri­buída a Salomão, além de Sulamita e das filhas de Jerusalém. Alguns vêem, ainda, outro personagem, provavelmente um pastor apaixonado, de que a Sulamita se­ria noiva, razão pela qual ela teria resistido aos galanteios de Salomão para atraí-la. As intepretações judaica e cristã são consentâneas com a realidade espiritual, já que a inclusão do "Cântico dos Cânticos" no cânon sagrado o identifica com a inspiração plenária da Bíblia. No primeiro caso, "o amado representa Deus, e Sulamita, a noi­va, Israel. O rei é o símbolo da tentação mundana, que procura atraí-la afastando-a do fiel amado, porém sem êxito. Assim, conta a alegoria o profundo amor de Deus por Israel, da fidelidade de Israel a Deus, exaltando o poder do verdadeiro amor em resistir à tentação do esplendor do mun­do". No segundo caso, todo o desenrolar de Cantares reflete o relacionamento entre Cristo e a Igreja, que assumem a posição anteriormente ocupada por Deus a Israel.

O NÚMERO DE PROMESSAS

"Qual o número de promessas na Bíblia Sagrada?"

Torna-se muito difícil dizer com preci­são o número de promessas contidas em toda a Bíblia, visto que as opiniões acerca do assunto divergem muitíssimo. Todavia, por fonte abalaizada de pesquisas, pode­mos afirmar que, no Velho e Novo Testa­mento há 8.810 promessas. Um número aparentemente irrisório, comparado aos 1.189 capítulos e 31.173 versículos existen­tes nas Escrituras Sagradas. Mas esta é a fonte mais acurada que temos no momen­to.

Ademais, continuando a analisar o âm­bito do assunto, descobrimos que existem oito tipos de promessas em toda a Bíblia. Deus fez ao homem 7.487 promessas, cerca de 85% de todas.

Em quase 1.000 exemplos anotados (991) uma pessoa faz promessa a outra pessoa. Isto dá cerca de 11% das promessas da Bíblia. Por exemplo, a promessa dos caldeus ao rei Nabucodonosor: "Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a interpretação", Dn 2.7.

Há ainda 290 promessas feitas pelo ho­mem a Deus. A maior parte 235 – encontra-se nos Salmos. Exemplo: "Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifesta­rá os teus louvores", SI 51.15.

Vinte e oito promessas foram feitas pe­los anjos, estando 23 delas no Evangelho de Lucas. Como exemplo, citamos a pro­messa feita pelo anjo às mulheres junto ao túmulo de Jesus: "Ide depressa e dizei aos discípulos que Ele ressurgiu dos mortos, e vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. É como vos digo", Mt 28.7.

Existem ainda duas promessas de Satanás. E esta é uma delas: "Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares", Mt 4.9.

Um espírito maligno fez duas promes­sas: "Então saiu um espírito e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o enga­narei. Perguntou-lhe o Senhor: Com quê?

Respondeu ele: Sairei, e serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profe­tas", 2 Cr 18.20-21.

Dos 66 livros da Bíblia, só a Epístola de Paulo a Ti to não tem promessas. Dezessete outros livros contêm menos de dez promes­sas em cada um. Mesmo um livro impor­tante como Efésios só tem 6 promessas.

O Novo Testamento tem 1.104 promes­sas; o Velho Testamento, 7.706. Isto signi­fica que sete em cada oito promessas são encontradas no Antigo Testamento. Ade­mais, Isaías, Jeremias, e Ezequiel têm mais de 1.000 promessas cada um, ou 3.086 nos três, e, ou, mais de 1/3 (35%) das pro­messas da Bíblia. A maioria delas é de na­tureza profética. Exemplo: "Eis que a vir­gem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel", Is 7.14.

Muitos versículos têm mais de uma promessa. Este aqui tem quatro: Os que esperam no Senhor 1) renovarão as suas forças; 2) sobem como asas como águias; 3) correm e não se cansam; 4) caminham e não se fatigam: Is 40.31. Este outro tem cinco promessas: Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque 1) os céus desaparecerão como fu­mo; 2) e a terra envelhecerá como um vesti­do; 3) e os seus moradores morrerão como mosquitos; 4) mas a minha salvação durará para sempre; 5) e a minha justiça não será anulada: Is 51.6.

O capítulo com maior número de pro­messas é Deuteronômio 28. As 133 promes­sas ali contidas referem-se às bênçãos e maldições que Deus prometeu aos israeli­tas em Canaã, dependendo da obediência ou desobediência às suas ordens.

Outro capítulo semelhante é Levítico 26, que contém 94 promessas, 3/4 de todas

as promesas do livro.

No que diz respeito a promessas, o Salmo 37 é o mais importante capítulo da Bíblia. Praticamente cada versículo é uma preciosa promessa. A Bíblia é um livro de infalíveis promessas.

Finalmente, fazemos nossas as pala­vras do sábio Salomão, rei de Israel, dizen­do: "… nem uma só palavra falhou de to­das as suas boas promessas, feitas por in­termédio de Moisés, seu servo", 1 Rs 8.56.

IMAGEM E SEMELHANÇA

"Como explicar a expressão "imagem e semelhança de Deus, em Gn 1.27?"

Inicialmente, temos de entender que se trata da parte imaterial, e não material. "Imagem e semelhança" se manifesta no ser imaterial (espiritual), através da parte material. Lembremos o seguinte: a repre­sentação da parte imaterial do homem representa a parte espiritual.

A Bíblia declara que o corpo (parte ma­terial) do homem foi feito pelo ato direto e imediato de Deus, como o próprio texto alude em Gênesis 2.7: "então Deus formou o homem do pó da terra". Entretanto, no texto anterior (Gn 1.26,27), a Bíblia diz que Deus o criou "à sua imagem e seme­lhança; à imagem de Deus o criou". Este texto não declara que a parte imaterial foi criada, pois a parte espiritual foi outorga­da ao homem através do sopro divino, tor­nando a parte criada em "alma vivente". A parte imaterial se originou do homem mediante um "ato de transmissão", e não, por um "ato de criação".

É esta parte imaterial que dignifica o homem e o torna superior no universo. Quando a Bíblia declara: "Façamos o ho­mem à nossa imagem e semelhança", a colocação plural do verbo indica o nome do Criador, que no original hebraico aparece como "Elohim" e significa literalmente "deuses". Mas como a Trindade celestial não se apresenta no plural, mas no singu­lar, entendemos que "Elohim” indica a Trindade em ação, isto é, os três em um só. As três pessoas da Trindade não são três deuses, mas um só Deus em três pes­soas. As três pessoas da Trindade toma­ram parte da criação do homem, e cada uma das pessoas, suficientemente em si mesma, deu a sua parte nessa criação. Por isso, Deus Pai é "Elohim" e Deus Espírito Santo é "Elohim" e Deus Filho (Jesus) é "Elohim".

A criação do homem é o apogeu da obra criadora. É a Trindade quem declara, sem qualquer intervenção ou consulta feita aos anjos: "a nossa imagem, conforme a nossa semelhança: v.26. São sinônimos os subs­tantivos, e se compreendem em face do pa­ralelismo da poesia hebraica. Trata-se de uma semelhança natural e moral, "e domine…", v.26. É desta semelhança com Deus que deriva todo o domínio do homem sobre as criaturas.

O pecado manchou essa imagem no ho­mem. Somente a obra expiatória de Cristo pode recuperá-la mediante arrependimen­to dos pecados e a aceitação da obra expia­tória de Cristo. Assim, quando o homem se torna "uma nova criatura em Cristo", pelo arrependimento (2 Co 5.7), essa "imagem e semelhança divina", que estava manchada pelo pecado (1 Jo 1.7), é recuperada integralmente em Cristo Jesus, mediante a obra remidora do Calvário.

IRMÃS PODEM UNGIR?

"É bíblico irmãs ungirem enfermos e darem óleo para eles beberem?"

A Concordância Bíblica aponta 24 cita­ções onde aparece a palavra unção e 83 com o verbo ungir. Há nas Escrituras so­mente um caso em que a unção foi feita por uma mulher e este aconteceu quando Ma­ria ungiu Jesus com ungüento de nardo pu­ro, trazido num vaso de alabastro. Esta unção não parece terapêutica, senão de honraria e não consta que Jesus estivesse enfermo.

A unção era efetuada não somente sobre pessoas (1 Sm 10.1; SI 23.5; SI 133.2); mas também sobre utensílios (Êx 30.26,30); e até sobre animais: "Os pasto­res da Palestina compunham em ungüento de azeite de oliveira que esfregavam nos focinhos feridos das ovelhas" (cf. SI 23.5 -Douglas). Quando João diz que "vós ten­des a unção do Santo" (1 Jo 2.20-27), ele fala em termos de discernimento entre o que é proveitoso à fé e o que se demonstra como armadilha: v.26. Por meio desta "unção", isto é, pela operação do Espírito, o crente discerne a heresia, da boa doutri­na, e é exortado a aderir à mensagem apos­tólica.

Pessoas ou coisas eram ungidas no AT, a fim de significar santidade ou separação para Deus. Desse modo podiam ser ungi­das pedras, ou montes de pedras (Gn 28.18); peças do templo, etc: Ex 30.26,27. Certo tipo de unção era tido como especial, a ponto de ser proibido o seu uso em outras circunstâncias: Êx 30.31-33,37,38. A unção conferia poder e autoridade ao ungido: 1 Sm 10.1; 16.12,13. A unção era feita com azeite composto de uma mistura de perfu­maria (Êx 30.34-38), que, de acordo com a idade de sua composição, aumentava de preço: Mt 26.7.

O termo "Mirgahath Shemen", em gre­go "Myron", designa ungüentos de várias espécies largamente empregadas no Orien­te, primariamente como cosméticos. Os egípcios serviam-se do ungüento para uso medicinal, mas o empregavam também para abluções em casos onde a água para o banho era escassa. Os hospedeiros coloca­vam sobre a testa do visitante cones pro­vidos de ungüento que diluía ao calor do corpo, atingindo o rosto e até as vestes. Es­se costume foi assimilado pelos sionistas e de­mais povos do Oriente. Nos tempos neo-testamentários, os enfermos eram freqüente­mente ungidos (Lc 10.34; Tg 5.14), e essa atribuição na igreja era um privilégio dos anciãos (presbíteros e pastores), não cons­tando qualquer permissão para as irmãs ou demais irmãos, nem mesmo para os diáconos, ungirem enfermos. Assim, o atual cos­tume das irmãs ungirem enfermos não en­contra apoio bíblico.

A SALVAÇÃO DE JOÃO BATISTA?

"Onde estava João Batista durante a matança dos inocentes?"

A matança dos inocentes, relatada em Mateus 2.16-18, e relacionada com Jeremias 31.15, não é contada por qualquer ou­tra fonte. Segundo a descrição bíblica, aconteceu num raio de oito quilômetros em volta de Belém, como recurso de Herodes para livrar-se de um futuro concorrente. É de se estranhar que, já velho, Herodes acreditasse que uma criança recém-nascida pudesse prejudicar o seu reinado, mas o fato é que não somente ele pertur­bou-se, mas "toda a Jerusalém com ele", Mt 2.3. E mais estranho ainda é que inten­tasse um recurso que, embora tenha causa­do a morte de muitas crianças, não poderia garantir que nesse meio estaria também aquela visada por ele.

Acreditamos que o infanticídio profeti­zado por Jeremias, inclusive com a designação da cidade de Rama, situada a oito quilômetros de Belém onde se achava o tú­mulo de Raquel (Gn 35.19), teve também apiedados que pouparam da espada a vida de não poucos meninos, como fizeram as parteiras tementes a Deus nos dias do nas­cimento de Moisés: Êx 1.16,17.

Hoje temos notícias provindas da Chi­na de que alguns casais são forçados ao controle da natalidade que os restringe a um único filho; dessa maneira; um chinês matou a filha de 11 meses quando lhe foi dito por uma curandeira que o filho próximo a nascer sena um menino; e como as leis tradicionais da religião chinesa favore­cem o filho homem, o pai achou melhor sa­crificar a filha. Outra notícia do mesmo país, diz que um outro homem foi conde­nado e executado por atender a 80 mulhe­res desejosas de ter outro filho e que a ele re­correram para que lhes removesse o apare­lho anticoncepcional (DIU), imposto pelo Estado. Há sempre alguém disposto a sal­var vidas, mesmo com o sacrifício de si próprio.

No caso de Jesus, o próprio Deus se en­carregou de livrá-lo, fazendo com que fosse levado ao Egito, também em cumprimento das profecias: Os 11.1. E João Batista não parece ter sido atingido pela matança, uma vez que seus pais moravam nas montanhas, fora dos contornos de Belém, em lugar considerado deserto: Lc 1.80. Se hou­vesse um critério na verificação das idades das crianças, ainda assim ele teria ficado fora do morticínio, pois nessa época teria mais de dois e quase três anos: Mt 2.11,16; Lc 1.36. Cremos que se a mortandade ti­vesse de atingi-lo, Deus proveria para ele e para seus pais um meio de escape.

COMO DEVEMOS ORAR?

"Nossas orações devem ser dirigidas a Deus Pai, ou a Jesus? Queira explicar João 16.26 e Efésios 2.18."

Devemos orar em nome de Jesus, por­que o pecador não se pode aproximar de Deus em seu próprio nome. Não temos me­recimento para chegarmos à presença divi­na: Jesus é o nosso mediador, "porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Tm 2.5), por isso é por Ele que nos devemos chegar a Deus, pois "… pode salvar perfei­tamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles", Hb 7.25. João, o apóstolo, narra que Jesus por várias vezes se referiu a isso: "E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei", 14.13; "Se pedirdes alguma coisa em meu nome eu o farei", 14.14; "a fim de que tudo quanto, em meu nome, pedirdes ao Pai Ele vo-lo conceda", 15.16b. "Na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, Ele vo-lo há de dar", 16.23b.

Isso não importa em que as nossas ora­ções não possam ser dirigidas diretamente a Jesus, em seu próprio nome. Paulo diz que os santos em todo o lugar invocam o nome do Senhor Jesus: 1 Co 1.2. Estêvão orou a Jesus: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito"; "Senhor, não lhes imputes este pecado". Paulo também orou a Jesus para que desviasse dele o mensageiro de Satanás. Efésios 2.18 afirma que os judeus e gentios têm acesso ao Pai por meio de Jesus. A dificuldade que há em João 16.26 é: "… não vos digo que rogarei ao Pai por vós", no entanto, o porquê dessa afirmação está no versículo 27: "Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e crido que eu vim da parte de Deus". O versí­culo 26 afirma que isso será naquele dia. Talvez fosse o dia quando os discípulos se­riam revestidos de poder, seriam batizados com o Espírito Santo, então eles teriam uma tal comunhão com Jesus, e um tão profundo amor à sua divina pessoa que le­variam o Pai a amá-los com aquele amor (v.27), "philei", no grego, que significa ter afeição, ser amigo. Essa situação especial dos discípulos perante o Pai complementa­ria a oração deles, não se fazendo, no caso, imprescindível a intercessão do Filho. Note-se, porém, que mesmo nessa conjun­tura, não foi dispensado o modo de pedir a Deus em nome de Jesus: v.26.

ÓSCULO SANTO

"Por que não usamos o ósculo em nos­sas saudações?"

O ósculo santo, como o chama Paulo, ou ósculo de caridade, como o denominou posteriormente Pedro; era uma saudação de trato ou hábito puramente social, que teve lugar entre os irmãos componentes de algumas igrejas nos dias apostólicos, mas sem finalidade religiosa, sem que se consti­tuísse doutrina nem meio de santificação, pois quem santifica a Igreja é Jesus, pelo Espírito Santo.

Sendo o ósculo, apenas, uma forma de trato social, passou com o tempo e ficou sujeito a mudanças como mudam os costu­mes regionais, que ora são abolidos, ora transformados, ora substituídos. Os hábi­tos morais são os que mais se arraigam à sociedade, e, mesmo assim, sofrem trans­formações ou são esquecidos.

Destarte, reiterando o que foi dito algures, o ósculo, como todos os costumes so­ciais era periódico, sujeito a mutações com o passar do tempo. Assim aconteceu, e dizemos que caiu em desuso.

Também se deve levar em conta o sen­tido higiênico, pois o beijo pode até transmitir doenças. Devemos também conside­rar o desenvolvimento da maldade do cora­ção humano. Ademais, "A paz do Senhor" quando dada com sinceridade, traduz todo o amor e apreço cristão.

QUAL A IGREJA VERDADEIRA?

"Qual a igreja que Jesus vai levar para a sua glória?"

Ele vai levar a sua Igreja (Mt 16. 18), "igreja gloriosa, sem mácula, mas santa e irrepreensível", Ef 5.27. Os que se sentem vinculados genuinamente a essa Igreja, estejam seguros de que subirão com Cristo, respeitando o constante em Mateus 24.13.

SALVAÇÃO ETERNA

"É verdade que a salvação é eterna?" Sim, a salvação conduz à vida eterna. É uma provisão da graça de Deus: Jo 5.24. O que merece nossa especial atenção é o seguinte: embora a salvação seja eterna em Deus, pode não ser eterna no crente. Enquanto o crente vive neste mundo, sua sal­vação é legítima, porém condicional. Os salvos têm seus nomes escritos no livro da vida e precisam viver de tal maneira que de lá não sejam tirados (riscados): Êx 32.32,33; SI 69.28; Ap 20.15.

NAMORO

"Como deve ser o namoro cristão?" O namoro é o período em que o rapaz e a moça estabelecem uma aproximação mais afetiva com a pretensão de um com­promisso mútuo de companheirismo ex­clusivo. Começa, geralmente, com uma palavra, uma frase, um gesto, que demons­tra a atração de um pelo outro e que vai se expandindo com o passar dos dias. Os en­contros vão se sucedendo e a afinidade se desenhando, passando o jovem par a se preferirem aos demais colegas e companheiros, renunciando cada um a seus próprios interesses em favor do seu escolhido(a) e a dedicar-lhe mais tempo do que o usual. Nesses encontros, os jovens vão sentindo o real liame que os prende e passam então a reconhecer no companheiro as qualidades e a desculpar-lhe os defeitos, havendo uma aceitação maior de um pelo outro, a ponto de sentirem a ausência um do outro, mes­mo rodeados de outras pessoas. Outras ve­zes deixam o grupo de amigos para se sen­tarem isolados em outro local, onde pos­sam desfrutar a mútua companhia sem a presença de terceiros. Nos crentes, essa afeição, esse apego é muitas vezes reforça­do ou diluído pela revelação divina, atra­vés da oração, em que cada um pergunta ao Senhor se é realmente aquele ou aquela que lhe tem destinado. E a confirmação pode vir, como também pode acontecer um descarte, indo cada um para o seu próprio caminho para fazer nova escolha. Quando o namoro persiste, a afetividade, a aproxi­mação se acimenta e ambos estão já cien­tes de que aquela escolha é permanente; começam então a faturar seus passos em conjunto. Passam a sentir a necessidade de um respeito maior, de um compromisso mais sincero, de atitudes mais corretas e de um reconhecimento dos deveres recí­procos, para que a união venha a concreti­zar-se.

No período do namoro é que os jovens precisam cuidar de não magoar o seu com­panheiro (a), pois mesmo que não venham a perdurar este estado especial de preferên­cia, a amizade desinteressada deve perdu­rar sem ficar abalada. Quando descobrem que estão namorando, os jovens devem fa­zer o possível para agradar-se um ao ou­tro, sem ferir as susceptibilidades um do outro, o respeito que vai marcar as suas vi­das para sempre. Devem evitar contatos menos puros, atitudes sem decoro e com prometedoras, cismas desnecessárias, ciú­mes infundados, uma vez que esse período é que vai alicerçar as opiniões favoráveis de um para com o outro. Se um jovem se porta mal com uma moça no período do namoro, é de se esperar que seus atos se­jam lembrados por ela mais tarde, quando casados. E a imagem não será boa para ambos, pois ele terá também a lembrança de uma jovem que lhe permitiu todas as investidas.

VIDA CONJUGAL E SALVAÇÃO

"Uma pessoa convertida que não se tor­na membro da igreja, por viver maritalmente com alguém, alcança a salvação?"

Resumindo: o batismo é a confirmação do que já aconteceu. Fala de arrependi­mento, de novo nascimento, de pacto de uma nova vida com Deus. Só os salvos po­dem ser batizados com eficácia. Se um não-salvo chegar a ser batizado, isso nada significará para ele; nenhum valor espiri­tual terá. Batismo é uma ordenança bíbli­ca. A pessoa passa a pertencer à Igreja de Cristo no instante em que é salva. Pela sal­vação, ela se torna filho de Deus, e um fi­lho de Deus pertence à Igreja de Cristo. A essa Igreja pertencem todos os salvos de to­das as línguas, povos e nações. O batismo é a confirmação de que a pessoa está salva. Ao batizar-se, o convertido testemunha diante da igreja local que morreu para o mundo e que deseja viver para Cristo, numa vida de acordo com os preceitos bíblicos; que deseja cooperar nos trabalhos da igreja, na disseminação do Evangelho. A pessoa é batizada, não para ser salva, mas porque é salva. Para ser membro da igreja local, no entanto, a pessoa tem de ter sua vida regularizada de conformidade com as leis do país. A igreja tem o dever de respeitar as leis, como ensina a Bíblia. Por isso não pode receber como membro da igreja local, no entanto, a pessoa tem de ter sua vida regularizada de conformidade com as leis do país. A igreja tem o dever de respeitar as leis, como ensina a Bíblia. Por isso não pode receber como membro uma pessoa que viva maritalmente (no sentido que dá a essa palavra a linguagem coloquial), isto é, sem estar legalmente casada. Desse modo, a pessoa que, ao ser salva, se encontrar nesse estado precisa casar-se ou deixar o(a) companheiro (a), e nesse senti­do, tudo deve fazer; até ir ao sacrifício deve estar disposta, para que não perca a bên­ção de cumprir em si a ordem de Jesus: "… batizando-os em nome do Pai; do Filho e do Espírito Santo". Ninguém deve acomo­dar-se nessa situação. Acomodar-se é estar fora da "boa, agradável e perfeita vontade de Deus", Rm 12.2.

No entanto, se a separação for impossí­vel por causa dos filhos (os filhos não po­dem ser abandonados pelos pais, isso pode levar a maior mal), então o caso só pode ser resolvido por Deus. O que a pessoa deve fa­zer, nessa circunstância, é tomar o conse­lho do salmista: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará". Queremos acentuar porém, que Deus não faz as coisas que o homem pode fazer. Ele só faz o que é impossível ao homem. Jesus não tirou a pedra do túmulo de Lázaro, nem desatou as suas mãos. Eram coisas que o homem podia fazer. Também Deus não concede a quem não pede: "Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á", Lc 11.9.

CABELO CORTADO NAS MULHERES

"Deve a mulher crente cortar o cabe­lo?"

Não, não deve. U ensino bíblico é que a mulher deve ter o cabelo crescido. Vejamos o texto em 1 Coríntios 11.15: "Mas ter a mulher o cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu". Ora, se é honroso tê-los crescidos, é, conseqüentemente, desonroso tê-los corta­dos.

Muitos pensam, como o irmão diz em sua carta, que a mulher pode cortar, con­tanto que não seja muito curto. Mas o apóstolo Paulo compara esse tipo de corte a tosquiar-se ou rapar-se e pergunta se a igreja acha decente que a mulher ore a Deus com a cabeça raspada. Além do mais, o rosto feminino fica sem estética. Algumas até parecem homens.

Na igreja de Corinto parecia haver uma reivindicação feminina de equiparação aos homens e algumas se manifestavam tosquiando o cabelo e abolindo o véu, como para se manifestarem livres do "poderio" do homem. Alguma corrente masculina as apoiava e causava dissensão entre os ir­mãos e Paulo fez-lhes ver que as igrejas de Deus não tinham esse costumes e nem se debatiam em lutas de classe.

Em conclusão, desejamos que os ir­mãos reparem que os cabelos compridos nas moças e senhoras crentes dão um to­que de reverência e obediência, mostrando a santidade que exercem diante de Deus.

JEJUM

"Qual a relação entre o jejum e a pará­bola proferida por Jesus, segundo Lucas 5.33-39?"

A relação da parábola com o jejum está nos versículos 29 e 30 do contexto. Os fari­seus, através de seus escribas, repreende­ram indiretamente a Jesus e seus discípu­los por não jejuarem. Jesus percebeu seus propósitos hipócritas e ministrou-lhes o ensino contido nos versículos 34 e 35, onde compara a comunhão que mantinha com seus apóstolos com a alegria festiva de um casamento, quando é inadmissível o jejum. Em seguida Jesus repreendeu os fariseus, condenando-lhes a hipocrisia.

BATISMO COM O ESPIRITO SANTO

"O crente que não recebe o batismo no Espírito Santo subirá ao Céu, ou Jesus o batizará no arrebatamento da Igreja?"

Nenhuma pessoa pode ser crente sem o Espírito Santo. A Bíblia afirma que a rege­neração é "pela água e pelo Espírito". So­mente Ele pode convencer o homem do pe­cado, da justiça e do juízo. Assim sendo, o ser humano é salvo através da obra que o Espírito Santo realiza no seu coração. Quanto ao batismo com o Espírito Santo, ele não é um passaporte para a entrada no Céu, mas um revestimento de poder para o crente viver vitoriosamente na terra. Se o crente já é batizado, deve desfrutar dessa bênção. Se ainda não, deve buscá-la de todo o coração, aproveitando-a no período anterior ao arrebatamento.

SUPREMA PREOCUPAÇÃO

"Mediante a expectativa da vinda de Jesus, acredito que o jovem salvo devia preocupar-se mais com a obra missionária do que com a efêmera cultura em faculda­de. Estou certo ou errado?"

A obra missionária está esperando jo­vens corajosos e decididos que se disponham a atravessar as fronteiras do seu país e cruzar os mares em busca de almas. Há obreiros que estão no campo há muitos anos e o cabedal da obra que realizam, confirma a sua chamada por Deus e a sua disposição para trabalhar. Não seria pedir muito se motivássemos mais jovens para o campo missionário e se as igrejas lhes dessem condições de atender essa carência na seara do Senhor. Cremos que dentre os jo­vens vocacionados, cheios do Espírito San­to, libertos da carne, da vaidade e cônscios de que as pessoas devem ser encaradas como almas carentes de salvação, bem se poderia aproveitar muitos deles para a obra de missões.

Sabemos, porém, que ninguém deve lançar-se a essa obra sem o devido preparo, uma vez que vai encontrar gente diferente, com costumes diferentes, com gênios dife­rentes e com intenções diferentes. É neces­sário que o candidato seja antes adestrado. Falando sobre os diáconos, Paulo diz que eles não podem ser escolhidos entre os neófitos, ou seja, entre os de pouca vivência na igreja e pouco conhecimento da Escritura. Se para o trabalho na sua congregação o obreiro precisa ser maduro e experimenta­do, o que vai fazer um jovem em terra es­tranha sem conhecer o idioma, os costu­mes e as disponibilidades daquele povo? Se ele não adquiriu os conhecimentos sufi­cientes para fazer-se entender na sua pró­pria terra, como vai enfrentar gente completamente oposta? Aí é que o estudo faz falta e não deve ser abandonado nem desestimulado.

Além dessas considerações temos o fa­tor chamada. Nem todos os que querem ir são realmente chamados. Acresce ainda a receptividade do povo a ser evangelizado. Temos conhecimento de regiões onde o Evangelho não encontra pronta aceitação, mas que precisam ser evangelizadas tam­bém. Faz-se necessário que jovens e adul­tos, idosos mesmo, que se sintam realmen­te chamados apresentem-se para esta im­portante tarefa. Mas só os realmente cha­mados.

ADORAÇÃO A MARIA

"Estou certo de que as Assembléias de Deus não veneram Maria, mas gostaria de saber qual a posição dessa denominação, em relação aos que agem de tal maneira, extrapolando os mandamentos de Cristo."

Maria, o mesmo que Miriam ou "ama­da", deve ser respeitada e, por ser a mãe do Senhor Jesus, não podemos dizer dela me­nos que Isabel: "Bendita és tu entre as mulheres… E de onde me provém que me ve­nha visitar a mãe do meu Senhor?" Em seu "Magnificat", Maria demonstra a sua humildade e, aí, vemos o porquê da sua es­colha por Deus. De fato, ela é venturosa entre as mulheres, por ser a escolhida para mãe do Salvador. Mas, de modo nenhum, devemos fazê-la motivo de adoração. É pe­cado adorar, não somente a Maria, mas a qualquer outro nome que não seja o do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Ela mesma, em seu cântico (Lucas 1.47), afirma: "E o meu espírito se alegra em Deus, meu Sal­vador". Este versículo bíblico é uma con­firmação de que ela necessitava também da salvação. Ora, como alguém que carece de salvação pode salvar outros? Além do mais, só os cegos espirituais,não vêem a grande diferença entre o Senhor Jesus e Maria. E quem a ela rende culto prova a sua total ignorância das Sagradas Escritu­ras.

A história tem mostrado quantas aber­rações têm sido cometidas, quanto a esses fatos. A adoração a Maria e a inúmeros ou­tros santos, como é sabido de todos, foi uma coisa forjada pelo romanismo. Sem ir muito longe, é digno de registro o fato, e até dispensa comentários, de que o papa Paulo VI ofereceu uma rosa de ouro ao Brasil, e ao benzê-la na Capela Sistina em 5 de março de 1967, perante uma represen­tação brasileira, expressou: "No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ela (a rosa) dará testemunho de nossa constante ora­ção à Virgem santíssima para que interce­da junto de seu Filho… Vamos a Maria para chegar a Jesus. Amando desse modo Nossa Senhora… chegaremos a Cristo, o Filho de Deus". Qualquer novo convertido ao Evangelho sabe que em nenhum outro nome há salvação, a não ser no nome de Jesus.

Quanto à salvação, o próprio Jesus dis­se: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim", Jo 14.6; "… tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vô-lo concederá", Jo 15.16b; "… Eu sou a porta das ovelhas", Jo 10.7.

– Que disse o apóstolo Pedro, acerca de Jesus? – Ele disse "e não há salvação em nenhum outro nome, dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos", At 4.12.

ORAR AO ESPÍRITO SANTO

"É lícito orar ao Espírito Santo?"

O maior exemplo de como se deve orar está no ensino de Jesus a respeito desse im­portante ministério (Mt 6.7-15), onde está implícito que a oração deve ser feita ao Pai, a quem pertence o reino, o poder e a glória: "E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus", Ne 4.9; "Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor", Is 38.2; "orai pelos que vos perseguem", Mt 5.44. Até mesmo Je­sus dirigiu ao Pai as suas orações: Mt 26.33,42; Lc 22.42; Jo 17.1.

Todavia, a oração, embora feita ao Pai, deve ser em nome de Jesus: "Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei", Jo 14.14; "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles", Mt 18.20. Escritores eruditos concordam em que a oração deve ser feita a Deus Pai, em nome de Jesus.

Para que se tenha certeza de que se está orando a Deus é necessário uma experiên­cia de suã proximidade, de sua atenção para com o que lhe pedimos. Há possibili­dade de estarmos orando sobre um assunto e pensando noutro. Nessa oração não há poder. Somente quando nos colocamos face a face com Deus, sentimos a virtude da sua presença.

Orar direto e especificamente ao Espí­rito Santo não tem princípio bíblico, pois o Espírito Santo não toma para si a glória do que recebemos por meio de oração. Ele não fala de si mesmo, antes glorifica a Jesus: Jo 16.14. Logicamente, uma oração dirigi­da ao Espírito Santo não se justifica. Ve­mos, contudo, que nem sempre sabemos pedir o que nos convém e nem temos con­dições de chegar à presença de Deus. Neste sentido, é lícito esperarmos numa atuação voluntária do Espírito Santo a nosso favor: "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza, porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis", Rm 8.26. Essa intercessão pode nos comunicar uma intensidade de oração que nos tornará agradáveis a Deus e capazes de alcançar a sua resposta.

NEGÓCIOS NA CASA DE DEUS

"É lícito vender e comprar no interior do templo?"

A pergunta responde-se a si mesma, uma vez que o próprio Jesus denominou o templo Casa de oração. Na ocasião em que os vendedores de aves e animais para o sacrifício o faziam no interior do Templo, Jesus os reprovou e alicerçou a sua repro­vação virando as mesas dos cambiadores. Embora a venda fosse lícita e a troca de moeda estrangeira pela nacional fosse jus­ta, o local é que não era apropriado. Sabia­mente, nossos templos têm lugares espe­ciais para a venda de livros, discos, objetos úteis aos irmãos e cantina onde os que mo­ram mais longe e permanecem mais tem­po a serviço da Casa de Deus possam fazer lanches, sendo também essa uma forma de contribuir para a obra do Senhor, quando essas vendas não se transformam em usura e proveito próprio de quem as faz.

ETERNIDADE

"Quanto tempo iremos viver com Cris­to no Céu?"

Esta pergunta se responderia com 1 Tessalonicenses 4.16-17. Todavia, nos per­mitimos estender um pouco mais a respos­ta, para melhor entendimento do leitor. O termo sempre tem a significação de perma­nência, continuidade, sem um espaço de tempo demarcado. Eternidade não tem princípio nem fim. Quando o apóstolo diz que "estaremos sempre com o Senhor", ele está falando de um estado e de uma posi­ção sem interrupção, a eternidade, na qual nós vamos entrar a partir da ressurreição e do arrebatamento. Isso exclui a idéia de di­as, meses e anos. Esta significação é muito adequada para a nossa idéia de uma "eter­nidade com Deus", pois qualquer determi­nação de temporalidade faria deixar de ser um estado permanente de graça, uma vez que o beneficiado com esta etapa de satis­fação espiritual sofreria com a expectativa do seu término. A total felicidade da vida com Deus ou da vida eterna, será, pois, a ciência de que ela não terá fim, de que es­taremos sempre com o Senhor. Nesse caso ainda, o termo sempre com o Senhor signi­fica estar a igreja permanentemente na sua presença, não havendo ocasião em que Ele possa estar num lugar e a Igreja em outro, ou que Ele esteja querendo alguma coisa que não a queira também a Igreja. Será uma compreensão total de Cristo e a Igre­ja, uma simbiose, de acordo com sua pró­pria vontade, conforme o seu próprio dese­jo: Jo 14.1-3,24.

Esta ciência ainda mais nos encherá de gozo, se acompanharmos no Apocalipse os movimentos de louvor e glória que os cren­tes hão de presenciar e deles tomar parte: Ap 7.15-17: "Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nun­ca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima". Quem pensará em medir tempo para tais acontecimento e aventar uma interrup­ção desse estado de gozo? Repete-se o ter­mo para todo o sempre em Apocalipse 5.14, como forma positiva, com igual valor de forma negativa em 7.16: "Nunca mais terão fome e nunca mais terão sede, nem o sol nem calma alguma cairá sobre eles". Esta posição de delícias será o estado eter­no daqueles que servem ao Senhor e aguar­dam a sua vinda.

DOM DE LÍMGUAS

"Tenho dúvidas sobre o significado do "dom de línguas". Poderiam ajudar-me?

Para os crentes batizados com o Espíri­to Santo nesta maravilhosa Dispensação da Graça, o Senhor oferece nove dons espi­rituais, mencionados em 1 Coríntios 12. Destes nove, um é o dom de línguas. Tra­ta-se de faculdade sobrenatural de falar em línguas desconhecidas, não aprendi­das, não identificadas por processos huma­nos. Não se deve confundir as primeiras palavras que um crente profere em línguas estranhas (que são o sinal do batismo com o Espírito Santo) com o dom de línguas. A diferença consiste em que o dom de línguas significa uma variedade de línguas. Quan­do as línguas estranhas são imediatamente interpretadas (também sobrenaturalmente) e contêm uma mensagem para a igreja, isto significa que Deus acrescentou um ter­ceiro dom à manifestação: o dom de pro­fecia. Com o dom de línguas também se adora a Deus de uma forma muito maravilhosa, secreta e direta. É lícito bus­car a manifestação do dom de línguas. Se o recebemos, devemos ter sabedoria em sua utilização.

MULHERES CALADAS

"As mulheres devem manter-se caladas na igreja de acordo com 1 Co 14.34,35?"

A lei mosaica e a opinião pública entre os judeus assegurava à mulher o gozo de muitos direitos. Ela devia ser tratada com honra e distinção: Pv 5.18; 18.22. A mãe era digna de honra e suas palavras tinham força de lei: Êx 20.12; Pv 1.8. O espírito do Novo Testamento é igualmente hostil à de­gradação da mulher. Ensina que o homem e a mulher devem ocupar suas respectivas esferas como são indicadas pelo Criador, respeitando-se mutuamente e reconhecen­do sua mútua dependência: Mc 10.6; Ef 5.31; 1 Tm 2.12-15. A mulher participa das mesmas graças que o homem e é a herdeira das mesmas promessas (Gl 3.28) e ocupa lugar de honra na igreja, à qual presta ser­viços apreciáveis: Rm 16.1-4,6,12. Os pre­ceitos que as epístolas contêm, quer dirigi­dos aos santos em geral, quer às mulheres em particular, tinham por fim pôr em evi­dência as nobres qualidades de ambos os sexos, e bem assim exercitá-los no serviço de Deus: 1 Tm 2.9; 3.11.

Não é costume em nossas igrejas admi­tir que as mulheres doutrinem, entretanto tais restrições não as privam do direito e do dever de darem um testemunho autêntico e pessoal, "… a fim de instruírem as jo­vens…" (Tt 2.4), nem de serem professoras de uma Escola Dominical, ou de um Insti­tuto Bíblico, já que nesse exercício trans­mitem apenas o ensino previamente esta­belecido pelos pastores e presbíteros da igreja.

A BÊNÇÃO DO DÍZIMO

"O dízimo é uma obrigação do crente, ou pode ser substituído por qualquer im­portância que o crente quiser dar?"

A palavra dízimo já estabelece uma quantidade, dez, décimo, o todo dividido por dez. De acordo com Malaquias 3.10, o crente deve trazer o dízimo, isto é, 10% de sua renda. Uma quantidade maior, seria uma bênção, porém, menor, poderá carac­terizar desobediência ao que Deus deter­minou.

"Honra ao Senhor…" Podemos ver em Provérbios 3.9, que o dízimo é uma forma de honrar ao Senhor. 0 crente que real­mente compreende a Palavra de Deus, como diz o leitor, sente prazer em trazer a importância certa para a igreja. Muitos acham pesado pagar o dízimo, mas fazem grandes crediários, que mais tarde os fará cair em desonra, por não poderem pagar.

O dízimo é de Deus. A ordenança do dízimo vem de Deus. Ele mesmo o estabe­leceu e falou ao povo que, em parte esque­cido e em parte ganancioso, estava deixan­do a casa de Deus sem provimento. Alguns até roubavam para gastar nos seus pró­prios negócios. Muitos crentes não se inco­modam com a calçada do templo rachada, com as paredes manchadas, a luz deficien­te e as contas vencidas.

Jesus afirmou o dízimo. "Deveis fazer estas coisas", Mt 23.23. Jesus não disse que os fariseus estavam errados em dar o dízimo. Ele os recriminou por negligencia­rem a outra parte da justiça. O escritor aos Hebreus registrou que a igreja pagava dízi­mo, tanto quanto os sacerdotes: Hb 7.5,8. Portanto, o dízimo não pode ser uma im­portância arbitrária e ocasional, mas uma contribuição correta e sistemática para a casa de Deus. Pagar o dízimo é uma forma de alcançar maior prosperidade.

DEVE O CRENTE MUDAR DE PROFISSÃO?

"Aceitando o Evangelho, deve o crente mudar de profissão?"

Certamente, o prezado amigo se está referindo aos que exercem profissões in­compatíveis com a vida cristã, como can­tor de rádio e televisão, artista de cinema, teatro e televisão, além de outras diversões mundanas, em cujo exercício o recém-convertido não se sentirá bem, uma vez que isso implica em atitudes e vícios perni­ciosos à vida espiritual. Deduzimos que ali não terá oportunidade de demonstrar a transformação recebida de Jesus. É duvi­dosa a afirmação de que alguém possa ter-se convertido a Cristo, se continua gravan­do música profana. Há pouco, tivemos notícia de que um grande lutador de box, mundialmente conhecido, aceitou o Evan­gelho e abandonou a carreira, pois, como ele mesmo confessou, não poderia demons­trar o amor de Deus esmurrando o seu semelhante.

1 Bíblia Vida Nova, pp. 323 e 324.

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