Resumo – Teologia Sistemática. Wayne Grudem, Edições Vida Nova. Parte 7- A Doutrina do Futuro – p. 931 – 995

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Resumo – Teologia Sistemática. Wayne Grudem, Edições Vida Nova.

Parte 7- A Doutrina do Futuro – p. 931 – 995

 

A. Haverá uma volta súbita, pessoal, visível e corpórea de Cristo.. 3

B. Devemos ansiar pela volta de Cristo. 3

C. Não sabemos quando Cristo voltará. 4

D. Todos os evangélicos concordam quanto às conseqüências definitivas da volta de Cristo  4

E. Há discussão quanto aos pormenores dos eventos futuros. 4

F. Poderá Cristo voltar a qualquer momento?. 5

1. Versículos que predizem uma vinda repentina e inesperada de Cristo.5

2. Sinais que precedem a volta de Cristo.5

3. Soluções possíveis.6

 

O Milênio. 8

A. Uma explicação das três posições principais. 8

1. Amilenismo.8

2. Pós-milenismo.8

3. Pré-milenismo. 9

B. Considerações sobre os argumentos em favor do amilenismo. 9

C. Uma consideração de argumentos em favor do pós-milenismo. 10

<

p class=”MsoToc2″ style=”line-height: 150%; text-align: justify;”>D. Uma consideração dos argumentos em favor do pré-milenismo. 11

E. O tempo da grande tribulação. 12

 

O Juízo Final e o Castigo Eterno.. 13

A. O fato do juízo final. 13

1. Provas bíblicas de um juízo final.13

2. Haverá mais de um julgamento?. 13

B. O tempo do juízo final. 13

C. A natureza do juízo final. 14

<

p class=”MsoToc3″ style=”line-height: 150%; text-align: justify;”>1. Jesus Cristo será o juiz.14

2. Os incrédulos serão julgados.14

3. Os crentes serão julgados.14

4. Os anjos serão julgados.14

5. Ajudaremos no trabalho de julgamento.14

D. A necessidade do juízo final. 15

E. A justiça de Deus no juízo final. 15

F. Aplicação moral do juízo final. 15

1. A doutrina do juízo final satisfaz nosso senso interior de necessidade de justiça no mundo.15

2. A doutrina do ju
ízo final capacita-nos a perdoar aos outros livremente.15

3. A doutrina do juízo final constitui motivo para uma vida justa.16

4. A doutrina do juízo final constitui grande motivação para a evangelização.16

G. O inferno. 16

 

O Novo Céu e a Nova Terra.. 17

A. Viveremos eternamente com Deus no novo céu e na nova terra. 17

1. Que é o céu?. 17

2. O céu é um lugar, não apenas um estado mental.17

<

p class=”MsoToc3″ style=”line-height: 150%; text-align: justify;”>3. A criação física será renovada e continuaremos a existir e atuar nela.17

4. Nosso corpo ressurreto fará parte da nova criação.18

5. A nova criação não será “atemporal” mas incluirá uma sucessão infinita de momentos.18

B. A doutrina da nova criação dá grande motivação para acumular tesouros no céu e não na terra  18

C. A nova criação será um lugar de grande beleza, abundância e alegria na presença de Deus  18

 


Resumo

Teologia Sistemática. Wayne Grudem, Edições Vida Nova.

Parte 7- A Doutrina do Futuro – p. 931 – 995

Incrédulos podem fazer predições razoáveis de eventos futuros com base em padrões de ocorrências passadas, mas na natureza da experiência humana é evidente que os seres humanos, por si mesmos, não conseguem conhecer o futuro. Mas os cristãos que crêem na Bíblia vivem outra situação. Ainda que não possamos conhecer tudo acerca do futuro, Deus conhece todas as coisas futuras e, nas Escrituras, trata dos principais fatos ainda futuros na história do universo. Podemos ter absoluta certeza da ocorrência desses fatos porque Deus nunca erra e jamais mente.

 

A. Haverá uma volta súbita, pessoal, visível e corpórea de Cristo

Jesus falou muitas vezes de sua volta. “Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.44). Ele disse: “… quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.3). Imediatamente depois de Jesus ascender ao céu, dois anjos disseram aos discípulos: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (At 1.11). Paulo ensinou: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus” (1Ts 4.16). O autor de Hebreus escreveu que Cristo “aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9.28). Tiago escreveu: “… a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.8). Pedro disse: “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor” (2Pe 3.10). João escreveu: “… quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo 3.2). E o livro de Apocalipse traz freqüentes referências à volta de Cristo, terminando com a promessa de Jesus: “Certamente, venho sem demora”, e a resposta de João: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).

 

B. Devemos ansiar pela volta de Cristo

A resposta de João no final de Apocalipse deve caracterizar o coração dos cristãos em todas as épocas: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20). O verdadeiro cristianismo nos treina a viver “no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.12-13). Paulo diz: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). De modo semelhante, o termo “maranata” em 1Coríntios 16.22 (ara, arc) significa “vem, nosso Senhor” (blh).

 

C. Não sabemos quando Cristo voltará

Algumas passagens indicam que não sabemos, e não podemos saber, quando Cristo voltará. “À hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.44). “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25.13). Além disso, Jesus disse: “Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo” (Mc 13.32-33).

A conseqüência prática disso é que se deve considerar errado, de imediato, quem diz saber especificamente quando virá Jesus. Os testemunhas-de-jeová têm feito muitas predições de datas específicas da volta de Cristo, e todas elas provaram-se enganadas. Mas outros na história da igreja também fizeram tais predições, às vezes alegando novo entendimento de profecias bíblicas e às vezes alegando ter recebido revelações pessoais do próprio Jesus, indicando o momento de seu retorno.

 

D. Todos os evangélicos concordam quanto às conseqüências definitivas da volta de Cristo

Não importam as discórdias quanto aos detalhes, todos os cristãos que têm a Bíblia por autoridade final concordam que a conseqüência definitiva e última da volta de Cristo será o julgamento dos incrédulos e a recompensa final dos que crêem e que os que crêem viverão com Cristo, por toda a eternidade, num novo céu e numa nova terra. Deus Pai, Filho e Espírito Santo reinará e será cultuado num reino eterno em que já não haverá pecado, dor ou sofrimento. Vamos discutir melhor esses detalhes nos próximos capítulos.

 

E. Há discussão quanto aos pormenores dos eventos futuros

Entretanto, os cristãos discordam a respeito de pormenores específicos sobre o que acontecerá logo antes e logo depois da volta de Cristo. Especificamente, eles discordam quanto à natureza do milênio e da relação entre a vinda de Cristo e o milênio, quanto à seqüência da volta de Cristo e o período da grande tribulação que sobrevirá à terra e na questão da salvação do povo judeu (e a relação entre os judeus salvos e a igreja).

 

F. Poderá Cristo voltar a qualquer momento?

Uma das discussões significativas surge quando se debate se Cristo poderá voltar a qualquer momento. Por um lado, há muitas passagens que nos incentivam a estar prontos porque Cristo voltará em hora inesperada. Por outro lado, há algumas passagens que falam de certos eventos que ocorrerão antes da volta de Cristo. Há diferentes modos de resolver a aparente tensão entre esses dois conjuntos de passagens, e alguns cristãos concluem que Cristo ainda poderá voltar a qualquer momento e outros que ele não poderá voltar pelo menos antes de uma geração, já que seria preciso esse tempo para que se cumpram alguns eventos preditos que precisam ocorrer antes de sua volta.

1. Versículos que predizem uma vinda repentina e inesperada de Cristo.

Para sentir a força cumulativa das passagens que predizem que Cristo poderá voltar muito em breve: (Mt 24.42-44; cf. v. 36-39), (Mt 24.50), (Mt 25.13), (Mc 13.32-33), (Mc 13.34-37), (1Co 16.22), (Fp 3.20 blh), (1Ts 5.2), (Tt 2.12-13), (Hb 10.25), (Tg 5.7-9),  (1Pe 4.7) (2Pe 3.10), (Ap 1.3), (Ap 22.7), (Ap 22.12), (Ap 22.20).

Que dizer dessas passagens? Se o Novo Testamento não contivesse passagens sobre os sinais que precederão a volta de Cristo, é provável que concluíssemos pelas passagens que acabamos de citar que Jesus poderia vir a qualquer momento. Nesse sentido, podemos dizer que a volta de Cristo é iminente. Isso parece amortecer o impacto dos alertas a que estejamos prontos e vigilantes, caso haja motivos para crer que Cristo não voltará logo.

2. Sinais que precedem a volta de Cristo.

A outra série de textos a considerar trata de alguns sinais que as Escrituras dizem preceder a hora da volta de Cristo. De fato, Berkhof diz: “De acordo com as Escrituras alguns fatos importantes devem ocorrer antes da volta do Senhor e, assim, não se pode considerá-la iminente”.

Aqui vale alistar as passagens que fazem referência mais direta aos sinais que devem ocorrer antes da volta de Cristo.

a. A pregação do evangelho a todas as nações. É necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações (Mc 13.10; cf. Mt 24.14).

b. A grande tribulação. Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino, contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Estas coisas são o princípio das dores (Mc 13.7-8; cf. 24.15-22; Lc 21.20-24).

c. Falsos profetas realizando sinais e maravilhas

Surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos (Mc 13.22; cf. 24.23-24).

d. Sinais no céu. Mas, naqueles dias, após a referida tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, verão o Filho do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória (Mc 13.24-26; cf. Mt 24.29-30; Lc 21.25-27).

e. A vinda do homem da iniqüidade e a rebelião. Paulo escreve aos tessalonicenses que Cristo não virá, a menos que o homem da iniqüidade seja antes revelado, e depois o Senhor Jesus, em sua vinda, o destruirá. Esse “homem da iniqüidade” é às vezes identificado com a besta em Apocalipse 13 e às vezes chamado anticristo, o último e pior da série de “anticristos” mencionados em 1João 2.18.

f. A salvação de Israel. Paulo fala do fato de que muitos judeus não creram em Cristo, mas diz que em algum ponto do futuro um número maior será salvo: (Rm 11.12), (Rm 11.25-26).

g. Conclusões a partir desses sinais que precedem a volta de Cristo. O impacto dessas passagens parece tão claro que, conforme mencionamos acima, muitos cristãos sentem que Cristo simplesmente não pode voltar a qualquer momento.

3. Soluções possíveis.

Como harmonizar passagens que nos parecem aconselhar a estar prontos porque Cristo pode voltar logo com passagens que indicam que alguns eventos importantes e visíveis devem ocorrer antes que ele possa voltar? É possível propor algumas soluções.

a. A pregação do evangelho a todas as nações. O evangelho foi pregado a todas as nações? É provável que não, já que há vários grupos lingüísticos e étnicos que ainda não ouviram o evangelho. É improvável, portanto, que esse sinal tenha se cumprido. Entretanto, Paulo fala em Colossenses sobre a propagação mundial do evangelho: “… a palavra da verdade do evangelho, que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo” (Cl 1.5-6).

b. A grande tribulação. Mais uma vez, parece provável que a linguagem das Escrituras indique que haverá na terra um período de sofrimento muito maior que tudo que se tenha experimentado. Mas deve-se notar que muitas pessoas entenderam que os alertas de Jesus quanto à grande tribulação referem-se ao cerco romano a Jerusalém na guerra judaica de 66-70 d.C.  O sofrimento durante essa guerra foi mesmo terrível e pode ser o que Jesus descreveu ao predizer essa tribulação.

c. Falsos cristos e falsos profetas. Com respeito a falsos cristos e falsos profetas que operarão sinais e maravilhas, qualquer missionário que tenha trabalhado com povos entre os quais proliferem a feitiçaria e as atividades demoníacas logo testemunharão que aparentes “sinais e maravilhas” têm sido realizados com freqüência pelo poder demoníaco em oposição à difusão do evangelho. Com certeza os milagres demoníacos na corte do faraó produziram sinais falsos em oposição aos milagres de Moisés (Êx 7.11; 8.7; cf. a atividade de Simão, o mago, em At 8.9-11).

d. Sinais portentosos no céu. A ocorrência de sinais nos céus é o sinal que quase certament
e ainda não aconteceu. Obviamente, tem havido eclipses do sol e da lua e aparecido cometas desde que começou o mundo. Mas Jesus fala de algo muito maior: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados” (Mt 24.29).

e. A manifestação do homem da iniqüidade. Tem havido muitas tentativas ao longo da história para identificar o homem da iniqüidade (o “anticristo”) com personagens históricos que exerceram grande autoridade e trouxeram danos e devastação às pessoas sobre a terra. Muitos pensaram que os antigos imperadores romanos, Nero e Domiciano, que perseguiram severamente os cristãos, seriam o anticristo. (Muitos imperadores romanos, inclusive esses dois, auto proclamaram-se Deus e exigiram culto.).

f. A salvação de Israel. Com respeito à salvação da plenitude de Israel, mais uma vez deve-se dizer que Romanos 9–11 parece indicar que ainda haverá uma grande reunião futura dos judeus, quando eles aceitarem Jesus como seu Messias. Mas não é certo que Romanos 9–11 prediga isso, e muitos alegam que não ocorrerá nenhuma outra reunião de judeus, diferente da que já temos visto ao longo da história da igreja, uma vez que Paulo se apresenta como um exemplo básico dessa reunião (Rm 11.1-2). Mais uma vez, é improvável, mas possível que esse sinal já se tenha cumprido.

g. Conclusão. Exceto pelos sinais espetaculares nos céus, é improvável, mas possível que esses sinais já se tenham cumprido. Além disso, o único sinal que parece certamente não ter ocorrido, o escurecimento do sol e da lua e a queda das estrelas, poderia ocorrer num período de poucos minutos e, assim, parece adequado dizer que Cristo pode voltar agora a qualquer hora do dia ou da noite. É portanto, improvável mas certamente possível que Cristo possa voltar a qualquer momento.

 

O Milênio

A palavra milênio significa “mil anos” (do lat. millennium, “mil anos”). O termo vem de Apocalipse 20.4-5, onde se diz que “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. Pouco antes dessa declaração, lemos que um anjo desceu do céu, agarrou o diabo “e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos” (Ap 20.2-3).

Ao longo da história da igreja tem havido três visões principais sobre a época e a natureza desse “milênio”.

 

A. Uma explicação das três posições principais

1. Amilenismo.

A primeira posição aqui explicada, o amilenismo, é realmente a mais simples. Segundo essa posição, a passagem de Apocalipse 20.1-10 descreve a presente era da igreja. Trata-se de uma era em que a influência de Satanás sobre as nações sofre grande redução de modo que o evangelho pode ser pregado por todo o mundo. Aqueles que reinam com Cristo por mil anos são os cristãos que morreram e já estão reinando com Cristo no céu. O reino de Cristo no milênio, segundo esse ponto de vista, não é um reino físico aqui na terra, mas sim o reino celestial sobre o qual ele falou ao declarar: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18).

2. Pós-milenismo.

O prefixo pós significa “depois”. Segundo esse ponto de vista, Cristo voltará após o milênio. Segundo esse ponto de vista, o avanço do evangelho e o crescimento da igreja se acentuarão de forma gradativa, de tal modo que uma proporção cada vez maior da população mundial se tornará cristã. Como conseqüência, haverá influências cristãs significativas na sociedade, esta funcionará mais e mais de acordo com os padrões de Deus e gradualmente virá uma “era milenar” de paz e justiça sobre a terra. Esse “milênio” durará um longo período (não necessariamente de mil anos literais) e, por fim, ao final desse período, Cristo voltará à terra, crentes e incrédulos serão ressuscitados, ocorrerá o juízo final e haverá um novo céu e uma nova terra. Entraremos então no estado eterno.

3. Pré-milenismo

a. Pré-milenismo clássico ou histórico. O prefixo “pré” significa “antes” e a posição pré-milenista diz que Cristo irá voltar antes do milênio. Esse ponto de vista é defendido desde os primeiros séculos do cristianismo. Segundo esse ponto de vista, a presente era da igreja continuará até que, com a proximidade do fim, venha sobre a terra um período de grande tribulação e sofrimento (T na figura acima indica tribulação). Depois desse período de tribulação no final da era da igreja, Cristo voltará à terra para estabelecer um reino milenar.

b. Pré-milenismo pré-tribulacionista (ou pré-milenismo dispensacionalista). Outra variedade de pré-milenismo conquistou ampla popularidade nos séculos XIX e XX, em especial no Reino Unido e nos Estados Unidos. Segundo essa posição, Cristo voltará não só antes do milênio (a volta de Cristo é pré-milenar), mas também ocorrerá antes da grande tribulação (a volta de Cristo é pré-tribulacional). Esse ponto de vista é semelhante à posição pré-milenista clássica mencionada acima, mas com uma importante diferença: acrescenta outra volta de Cristo antes de sua vinda para reinar sobre a terra no milênio. Essa volta é vista como um retorno secreto de Cristo para tirar os crentes do mundo.

 

B. Considerações sobre os argumentos em favor do amilenismo

Em favor da postura amilenista, apresentam-se os seguintes argumentos:

1. Quando olhamos através de toda a Bíblia, dirão os amilenistas, apenas uma passagem (Ap 20.1-6) parece ensinar um futuro domínio milenar de Cristo aqui na terra, e essa passagem em si é obscura. Não é sábio basear uma doutrina tão importante em uma passagem de interpretação incerta e amplamente contestada.

Mas como os amilenistas entendem Apocalipse 20.1-6? Segundo a interpretação amilenista, essa passagem refere-se à presente era da igreja.

2. Um segundo argumento que se apresenta muitas vezes em favor do amilenismo é o fato de que as Escrituras ensinam apenas uma ressurreição, em que tanto os crentes como os incrédulos serão ressuscitados, e não duas ressurreições (uma ressurreição dos crentes antes do início do milênio e uma ressurreição dos incrédulos para o julgamento depois do fim do milênio). Este é um argumento importante, pois o ponto de vista pré-milenista exige duas ressurreições distintas, separadas por mil anos.

3. A idéia de crentes glorificados e pecadores vivendo juntos sobre a terra é difícil demais de aceitar. Berkhof diz: “É impossível entender como parte da velha terra e da humanidade pecadora pode existir lado a lado com parte da nova terra e da humanidade glorificada. Como podem santos perfeitos, em corpo glorificado, ter comunhão com pecadores na carne? Como podem pecadores glorificados viver nessa atmosfera sobrecarregada de pecado e em meio a cenas de morte e decadência?”

4. Se Cristo vem em glória para reinar sobre a terra, como as pessoas ainda conseguiriam persistir no pecado? Se Jesus vai estar realmente presente em seu corpo ressurreto e governar como Rei sobre a terra, não seria bem improvável que as pessoas ainda o rejeitem e que o mal e a rebelião prosperem sobre a terra até que no final Satanás consiga reunir as nações para a batalha contra Cristo? 

5. Parece não haver nenhum propósito convincente para esse milênio. Uma vez que a era da igreja tenha chegado ao fim e Cristo tenha voltado, qual a razão para atrasar o início do estado eterno?

6. Para terminar, os amilenistas dizem que as Escrituras parecem indicar que todos os principais eventos que ainda estão por vir antes do estado eterno ocorrerão de uma só vez. Cristo voltará, haverá uma ressurreição de crentes e incrédulos, virá o julgamento final e um novo céu e uma nova terra serão estabelecidos. E então entraremos imediatamente no estado eterno, sem nenhum milênio futuro.

 

C. Uma consideração de argumentos em favor do pós-milenismo

Os argumentos em favor do pós-milenismo são os seguintes:

1. A Grande Comissão leva-nos a esperar que o evangelho se propague com poder e acabe por fim resultando num mundo em boa parte cristão.

2. Parábolas sobre o crescimento gradual do reino indicam que, por fim, sua influência cobrirá a terra.

3. Os pós-milenistas também diriam que o mundo está se tornando mais cristão.

Em resposta aos argumentos pós-milenistas, é possível levantar os seguintes pontos:

1. A Grande Comissão de fato fala da autoridade colocada nas mãos dos cristãos, mas isso não implica necessariamente que Cristo usará essa autoridade para provocar a conversão da maioria da população do mundo.

2. As parábolas da semente de mostarda e do fermento de fato nos falam que o reino de Deus crescerá gradualmente de algo bem pequeno para algo muito grande, mas não falam da dimensão do crescimento do reino.

3. Em resposta ao argumento de que o mundo está-se tornando mais cristão, deve-se dizer que o mundo também está piorando.

4. Por fim, devemos observar que algumas passagens do Novo Testamento parecem negar explicitamente a posição pós-milenista.

 

D. Uma consideração dos argumentos em favor do pré-milenismo

A posição defendida neste livro é o pré-milenismo histórico. Os argumentos contra a posição pré-milenista foram apresentados em sua essência nos argumentos em favor do amilenismo e do pós-milenismo, e assim não serão repetidos numa divisão separada, mas se considerarão as objeções incidentais ao longo da discussão.

1. Algumas passagens do Antigo Testamento não parecem caber nem na presente era nem no estado eterno. Essas passagens indicam algum estágio futuro na história da redenção, muito mais grandioso que a presente era da igreja, mas que ainda não parece remover de sobre a terra todo o pecado, rebelião e morte.

2. Também há passagens do Novo Testamento além de Apocalipse 20 que indicam um futuro milênio. Quando o Senhor Jesus ressurreto fala à igreja de Tiatira, diz: “Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; assim como também eu recebi de meu Pai” (Ap 2.26-27).

3. Convém reexaminar Apocalipse 20 tendo por base algumas outras passagens que insinuam ou indicam claramente um período futuro muito mais grandioso que a era presente, mas inferior ao estado eterno. Algumas declarações aqui são mais bem entendidas como referências a um reinado terreno futuro de Cristo anterior ao julgamento por vir.

 

E. O tempo da grande tribulação

A expressão “grande tribulação” vem de Mateus 24.21 (e paralelos), onde Jesus diz: “… porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais”. O pré-milenismo histórico crê que Cristo voltará depois dessa tribulação, pois a passagem continua: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá […] Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24.29-30). Os argumentos em favor de tal arrebatamento pré-tribulacional são os seguintes:

1. Todo o período da tribulação será um tempo de derramamento da ira de Deus sobre toda a terra. Assim, não seria apropriado os cristãos estarem sobre a terra nessa ocasião.

2. Jesus promete em Apocalipse 3.10: “… eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra”. Essa passagem indica que a igreja será tirada do mundo antes que chegue a hora da provação.

3. Se Cristo retornará após a tribulação e derrotará todos os inimigos, de onde virão os incrédulos necessários para povoar o reino milenar? A posição pré-tribulacionista, porém, imagina milhares de crentes judeus que se tornarão cristãos durante a tribulação e entrarão no reino milenar em corpos não glorificados.

4. Essa posição permite crer que Cristo pode vir a qualquer momento (sua vinda antes da tribulação) e ainda que muitos sinais devem ser cumpridos antes de sua vinda (sua vinda após a tribulação, quando os sinais serão cumpridos).

Em resposta a esses argumentos, é possível levantar os seguintes pontos:

1. Não é coerente com as descrições neotestamentárias da tribulação dizer que todo o sofrimento que ocorre durante esse período é especificamente conseqüência da ira de Deus. Boa parte do sofrimento deve-se ao fato de “se multiplicar a iniqüidade” (Mt 24.12) e ao fato de a perseguição contra a igreja e a oposição promovida por Satanás crescerem muito durante esse período.

2. O fato de Jesus dizer aos crentes fiéis da igreja de Filadélfia (Ap 3.10) que os livrará da hora de provação que recairá sobre todo o mundo não é indício suficientemente forte para dizer que a igreja inteira será tirada do mundo antes da tribulação.

3. Não se pode defender o pré-tribulacionismo dizendo que deve haver algumas pessoas em corpos não glorificados entrando no milênio, porque (segundo a concepção pós-tribulacionista), quando Cristo vier no final
da tribulação derrotará todas as forças dispostas contra ele, mas isso não significa que matará ou aniquilará todos eles.

4. A posição pré-tribulacionista não é a única que se harmoniza com as idéias de que Cristo pode voltar a qualquer momento e de que há sinais que precedem seu retorno. A posição apresentada no capítulo anterior – que é improvável mas possível que os sinais tenham-se cumprido – é também coerente com essas idéias.

 

O Juízo Final e o Castigo Eterno

A. O fato do juízo final

1. Provas bíblicas de um juízo final.

As Escrituras afirmam o fato de que haverá um grande julgamento final de crentes e incrédulos. Eles ficarão de pé diante do trono de julgamento de Cristo em seu corpo ressurreto e ouvirão a proclamação do seu destino eterno.

2. Haverá mais de um julgamento?

De acordo com a posição dispensacionalista, há mais de um julgamento que está por vir.Da perspectiva dispensacionalista, essa passagem não se refere ao juízo final (o “grande trono branco” mencionado em Ap 20.11-15), mas sim a um julgamento posterior à tribulação e anterior ao início do milênio. Dizem que este será um “julgamento das nações” em que elas serão julgadas de acordo com o modo pelo qual tiverem tratado o povo judeu durante a tribulação. As que tiverem tratado bem os judeus e estiverem dispostas a se submeterem a Cristo entrarão no milênio, e as que não tiverem terão negada a entrada.

 

B. O tempo do juízo final

O juízo final ocorrerá depois do milênio e da rebelião que ocorre no final desse período. Em Apocalipse 20.1-6 João descreve o reino milenar e a retirada de Satanás da posição em que pode exercer influência sobre a terra (veja a discussão nos dois capítulos anteriores) e então diz: “Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações […] a fim de reuni-las para a peleja” (Ap 20.7-8). João diz que, depois de Deus vencer essa rebelião final de maneira decisiva (Ap 20.9-10), virá o julgamento: “Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta” (v. 11).

 

C. A natureza do juízo final

1. Jesus Cristo será o juiz.

Paulo fala de “Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos” (2Tm 4.1). Pedro diz que Jesus Cristo “é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos” (At 10.42; compare 17.31; Mt 25.31-33). Esse direito de agir como juiz sobre todo o universo é algo que o Pai deu ao Filho: “o Pai […] lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem” (Jo 5.26-27).

2. Os incrédulos serão julgados.

É evidente que todos os incrédulos ficarão de pé diante de Cristo para serem julgados, pois esse julgamento inclui “os mortos, os grandes e os pequenos” (Ap 20.12), e Paulo diz que no “dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus”, este “retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: […] ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça” (Rm 2.5-8).

3. Os crentes serão julgados.

Escrevendo para cristãos, Paulo diz: “Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. […] Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14.10, 12). Também diz aos cristãos: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co 5.10; cf. Rm 2.6-11; Ap 20.12, 15). Além disso, o quadro do julgamento final em Mateus 25.31-46 inclui Cristo separando as ovelhas dos cabritos e recompensando aqueles que recebem sua bênção.

4. Os anjos serão julgados.

Pedro diz que os anjos rebeldes foram recolhidos ao inferno, no abismo de trevas, para esperar o juízo (2Pe 2.4), e Judas afirma que eles estão guardados por Deus “para o juízo do grande Dia” (Jd 6). Isso significa que pelo men
os os anjos rebeldes ou os demônios também serão submetidos ao julgamento no último dia.

5. Ajudaremos no trabalho de julgamento.

Um aspecto bastante surpreendente do ensino do Novo Testamento é que nós (crentes) tomaremos parte no processo de julgamento.

 

D. A necessidade do juízo final

Já que ao morrer os crentes passam imediatamente para a presença de Deus, e os incrédulos para o estado em que são separados de Deus e submetidos ao castigo, podemos perguntar por que Deus estabeleceu um momento de juízo final. Berkhof observa de maneira sábia que o juízo final não tem o propósito de permitir que Deus descubra a condição de nosso coração ou o padrão de conduta de nossa vida, pois ele já os conhece nos mínimos detalhes.

 

E. A justiça de Deus no juízo final

As Escrituras afirmam de modo claro que Deus será inteiramente justo e ninguém será capaz de reclamar contra ele naquele dia. Deus é “aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um” (1Pe 1.17), e para ele “não há acepção de pessoas” (Rm 2.11; compare Cl 3.25). Por essa razão, no último dia “toda boca” se calará e todo o mundo será “culpável perante Deus” (Rm 3.19), sem que ninguém seja capaz de reclamar que Deus o tratou de maneira injusta.

 

F. Aplicação moral do juízo final

A doutrina do juízo final exerce várias influências morais positivas sobre nossa vida.

1. A doutrina do juízo final satisfaz nosso senso interior de necessidade de justiça no mundo.

O fato de que haverá um juízo final assegura-nos que em última análise o universo de Deus é justo, pois Deus está no controle, mantém registros precisos e administra julgamento justo. Quando Paulo diz a escravos que sejam submissos aos seus senhores, assegura-lhes: “… pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas” (Cl 3.25).

2. A doutrina do juízo final capacita-nos a perdoar aos outros livremente.

Percebemos que não cabe a nós vingar-nos dos que nos ofenderam, ou mesmo desejar fazê-lo, porque Deus reservou esse direito para si mesmo. “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19). Dessa maneira, sempre que formos ofendidos, podemos entregar nas mãos de Deus qualquer desejo de causar dano ou de pagar com a mesma moeda à pessoa que nos ofendeu, sabendo que toda ofensa no universo terá retribuição no final — ou ela acabará sendo considerada paga por Cristo quando ele morreu na cruz (se o ofensor tornar-se cristão) ou será paga no juízo final (no caso daqueles que não aceitarem Cristo).

3. A doutrina do juízo final constitui motivo para uma vida justa.

Para os cristãos, o juízo final é um incentivo para fidelidade e boas obras, não como meio de conseguir o perdão dos pecados, mas como meio de alcançar maior galardão eterno. Este é um motivo saudável e bom para nós — Jesus nos diz: “ajuntai para vós outros tesouros no céu” (Mt 6.20) — embora isso vá contra o pensamento popular de nossa cultura secular, cultura que não acredita realmente no céu nem em recompensas eternas.

4. A doutrina do juízo final constitui grande motivação para a evangelização.

As decisões tomadas por pessoas nesta vida afetarão seu destino por toda a eternidade, e é justo que nosso coração sinta e nossa boca ecoe a emoção com que de Deus lança o apelo por intermédio de Ezequiel: “Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33.11). Na verdade, Pedro indica que a demora na volta do Senhor deve-se ao fato de que Deus está sendo paciente conosco, “não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3.9).

 

G. O inferno

É apropriado discutir a doutrina do inferno juntamente com a doutrina do juízo final. Podemos definir o inferno como segue: O inferno é lugar de castigo eterno e consciente para o ímpio. As Escrituras ensinam em várias passagens que existe tal lugar. No final da parábola dos talentos, o senhor diz: “E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 25.30). Esta é uma das várias indicações de que haverá consciência do castigo após o juízo final. De modo semelhante, o rei dirá a alguns no julga-mento: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41), e Jesus diz que essas pessoas assim condenadas irão “para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46).  Nesse texto, o paralelo entre “vida eterna” e “castigo eterno” indica que ambos os estados não terão fim.

 

O Novo Céu e a Nova Terra

A. Viveremos eternamente com Deus no novo céu e na nova terra

Após o juízo final, os crentes entrarão para sempre no pleno gozo da vida na presença de Deus. Jesus nos dirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Entraremos em um reino onde “nunca mais haverá qualquer maldição. Nela [na nova Jerusalém], estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão” (Ap 22.3).

1. Que é o céu?

Na era presente, o lugar em que Deus habita é freqüentemente chamado “céu” nas Escrituras. O Senhor diz “o céu é o meu trono” (Is 66.1) e Jesus nos ensina a orar “Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6.9). Jesus agora, “depois de ir para o céu, está à destra de Deus” (1Pe 3.22). De fato, o céu pode ser definido da seguinte maneira: Céu é o lugar em que Deus torna conhecida da forma mais completa a sua presença para abençoar.

Discutimos anteriormente como Deus está presente em todos os lugares,  mas como ele manifesta sua presença de maneira especial em certos lugares para abençoar. A maior manifestação da presença de Deus para abençoar é vista no céu, onde ele faz sua glória conhecida e é adorado pelos anjos, por outras criaturas celestiais e pelos santos redimidos.

2. O céu é um lugar, não apenas um estado mental.

Mas talvez alguém fique tentando imaginar como o céu poderia ser unido à terra. Sem dúvida, a terra é um lugar que existe em certo local em nosso universo situado no espaço e no tempo, mas pode-se pensar também no céu como um lugar passível de ser ligado à terra?

Fora do mundo evangélico, em geral nega-se a idéia do céu como um lugar, principalmente porque sua existência pode ser conhecida apenas a partir do testemunho das Escrituras. Recentemente, mesmo alguns estudiosos evangélicos têm hesitado em afirmar o fato de que o céu é um lugar. Será que o fato de sabermos do céu apenas pela Bíblia e de não podermos dar nenhuma prova empírica dele deve ser razão para não acreditar que o céu é um lugar real?

3. A criação física será renovada e continuaremos a existir e atuar nela.

Além de um céu renovado, Deus fará uma “nova terra” (2Pe 3.13; Ap 21.1). Várias passagens indicam que a criação física será renovada de forma expressiva. “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.19-21).

4. Nosso corpo ressurreto fará parte da nova criação.

No novo céu e na nova terra, haverá lugar e atividades para nosso corpo ressurreto, que nunca envelhecerá nem se enfraquecerá nem adoecerá. Uma forte consideração a favor desse ponto de vista é o fato de que Deus fez a criação física original muito boa (Gn 1.31). Não há, portanto, nada inerentemente pecaminoso ou mau ou “não espiritual” no mundo físico que Deus fez ou nas criaturas que colocou nele, ou ainda no corpo físico que nos deu na criação. Embora todas essas coisas tenham sido desfiguradas e distorcidas pelo pecado, Deus não destruirá o mundo físico por completo (o que seria reconhecimento de que o pecado frustrou e venceu os propósitos de Deus); antes, aperfeiçoará toda a criação e a colocará em harmonia com os propósitos para os quais ele a criou originariamente.

5. A nova criação não será “atemporal” mas incluirá uma sucessão infinita de momentos.

Embora certo hino popular fale da hora em que “a trombeta do Senhor soará e não existirá mais tempo”, as Escrituras não dá apoio a essa idéia. Certamente a cidade celestial que recebe sua luz da glória de Deus
(Ap 21.23) nunca experimentará escuridão ou noite: “… nela não haverá noite” (Ap 21.25). Mas isso não significa que o céu será um lugar em que o tempo será desconhecido, ou onde as coisas não possam ser feitas uma após outra.

 

B. A doutrina da nova criação dá grande motivação para acumular tesouros no céu e não na terra

Quando consideramos o fato de que a presente criação é temporária e que nossa vida na nova criação durará por toda a eternidade, temos uma forte motivação para viver de maneira piedosa, acumulando tesouros no céu. Refletindo sobre o fato de que o céu e a terra serão destruídos,

 

C. A nova criação será um lugar de grande beleza, abundância e alegria na presença de Deus

Em meio a todas as perguntas que fazemos naturalmente a respeito do novo céu e da nova terra, não devemos perder de vista o fato de que as Escrituras retratam de maneira coerente essa nova criação como lugar de grande beleza e alegria. Na descrição do céu em Apocalipse 21 e 22, esse tema é afirmado repetidas vezes. É a “cidade santa” (21.2), um lugar preparado “como noiva adornada para o seu esposo” (21.2). 

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