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ToggleA Ceia do Senhor, o banquete da Graça
I coríntios 11: 23-28
23 Pois recebi do Senhor o que também vos entreguei: o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, depois de ter dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim. 25 Do mesmo modo, depois de comer, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.
26 Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do Senhor, até que ele venha.
27 Por essa razão, quem comer do pão ou beber do cálice do Senhor de maneira indigna será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. 28 Examine, pois, o homem a si mesmo, e dessa forma coma do pão e beba do cálice. (I coríntios 11: 23-28)
Introdução
O apóstolo Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, tratou de maneira objetiva sobre a Ceia do Senhor que anteriormente fora instituía por Cristo. Jesus havia instituído esse sacramento como um meio de graça para sua igreja.
E somente aqueles que foram remidos e lavados no sangue do Cordeiro, e que confessam o nome do Senhor Jesus devem participar desse banquete da graça. Só aqueles que discernem o que Cristo fez na cruz são chamados para participar desse sacramento.
Nos evangelhos, vemos que Jesus estava reunido com seus discípulos no cenáculo e a sua alma estava profundamente triste. Judas Iscariotes já havia vendido Jesus por trinta moedas de pratas e os discípulos falavam entre si quem deles era o maior. Jesus surpreende esses homens, pegando uma bacia, cingiu-se com uma toalha e começou a lavar os pés dos discípulos ensinando-lhes que o serviço no reino de Deus, só pode ser feito com humildade.
Depois Jesus institui a Ceia do Senhor que é um sacramento e uma ordenança à sua Igreja. Jesus Cristo toma um pão e o parte e diz, “isto é o meu corpo que é partido por amor de vós; tomai e comei, fazei isto em memória de mim”. Depois tomou um cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, tomai e bebei dele todos”.
Mais tarde o apostolo Paulo escrevendo à igreja de Corinto vai normatizar e estabelecer alguns princípios que devem reger a prática deste sacramento na vida da Igreja. Ele ensina algumas coisas muito importantes para participarmos da Ceia do Senhor.
I – Neste banquete, somos convidados a ter um olhar voltado para a história.
O verso 24 nos nos recomenda: “Fazei isso em memória de mim”.
A Ceia é um banquete que deve levar os membros da Igreja a relembrar o significado da cruz. De modo geral, a cruz representa morte. Durante muito tempo (entre séculos 6 a.C e 4 d.C) a cruz era onde havia morte, tortura, dor.
No processo da crucificação, a pessoa era amarrada ou pregada, e, ficava ali, sendo torturada muitas vezes ou, lentamente esperava a morte chegar. A cruz tinha o propósito de eliminar os inimigos de Roma e, sendo assim, era um instrumento de tortura. Era, portanto, usada para castigar escravos e pessoas que causavam agitação.
Mas, por causa de Cristo a cruz ganhou outro significado, e como símbolo cristão, é a representação da vitória de Jesus Cristo sobre a morte e o pecado, pois Ele venceu a morte, ressuscitou para trazer redenção à humanidade. Quando lembramos da cruz de Cristo, nossa fé e esperança centram-se em Jesus, Aquele que ressuscitou. Por isso, para o apóstolo Paulo a cruz era motivo de glória (Gálatas 6:14).
Paulo no verso 26 diz: “…todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do Senhor…”. Assim todas vezes que comemos o pão e bebemos do cálice estamos anunciando a morte do Senhor; estamos testemunhando acerca do evangelho da cruz, e aqui alguns pontos vale destacar:
Primeiro, a Ceia fala do grande amor de Jesus. Ele institui a Ceia na noite em que foi traído. Mesmo sendo traído, alvo da perseguição, da maldade, da crueldade mais extrema, Jesus demonstra seu amor mais profundo. Ao fazer uma entrega pessoal e sem reservas à morte para nos redimir do pecado.
A segunda coisa importante a destacar é que a Ceia não é um funeral – é uma festa. Jesus tomou o pão e deu graças ao Pai. Ele celebra, com ações de graças. Jesus não foi para a cruz murmurando, lamentando ou esperneando, mas como ovelha muda vai para o matadouro. Jesus vai para a cruz como um rei caminha para a coroação. Ele não levou em conta a ingnomia da cruz por causa da alegria que lhe estava proposta. Alegria de nos comprar com o seu amor. A Ceia revela a alegria do Salvador de nos redimir do pecado.
A terceira verdade que precisamos entender é que Cristo morreu não apenas para possibilitar a nossa salvação, mas também para assumir a nossa culpa, por isso, morreu em nosso lugar. O seu corpo foi dado a favor de nós. Ele verteu o seu sangue por nós. “O castigo que era para nós caiu sobre Ele”. Ele morreu a nossa morte. Ele carregou no seu corpo sobre o madeiro os nossos pecados. Ele foi transpassado pelas nossas iniqüidades, foi moído pelos nossos pecados. O castigo que nos trás a paz estava sobre Ele; e sobre as suas pisaduras nós fomos sarados. De maneira que a pessoa por quem Cristo morreu, agora pode estar consciente do perdão e da redenção.
Precisamos olhar para o passado para entender o que Cristo fez por nós lá na cruz. Jesus operou milagres e maravilhosos, ensinou verdades. No entanto Ele quer ser lembrado pela sua morte que trouxe vida eterna aos que crêem.
II – Neste banquete, somos lembramos da importância de olhar para frente
Veja o que diz o verso 26: “Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do Senhor, até que ele venha”.
Paulo diz que quando celebramos a Ceia anunciamos a morte do Senhor até que Ele venha. Portanto, precisamos olhar para frente. A Ceia do Senhor é uma celebração de esperança. Nós aguardamos a volta de Jesus para buscar a sua Igreja e reinar com ela para sempre. JESUS VAI VOLTAR! Os sinais são evidentes. O mundo está sendo preparado como um palco para presenciar a volta gloriosa de Jesus.
E vem a ser esta mensagem de esperança que vemos em Atos 1:10,11. Veja o que diz o texto: “10Enquanto olhavam atentamente para o céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos de branco. 11Eles disseram: varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, voltará do mesmo modo como o viram subir ao céu”.
Ali estavam os discípulos, olhando para o céu e com os corações cheio de emoção, produzida pela partida de Cristo. Talvez achassem que não veriam mais a Cristo.
Então naquele lugar aparecem anjos enviados por Deus com o objetivo de consola-los e lhes trazer esperança. Os anjos vieram para: 1 – Transformar a possível tristeza em alegria; 2 – Assegurar aos discípulos o fato de que, mesmo que Jesus tenha subido, do céu ele conduzirá os seus discípulos a fim de cumprirem sua tarefa; e 3 – Garantir-lhes a volta de Cristo no tempo determinado. Os anjos colocam em equilíbrio a ascensão de Jesus e sua volta. Assim como subiu, também voltará. Jesus retornará fisicamente, no mesmo corpo glorificado com que subiu ao céu.
A vinda de Cristo deve nos estimular a fazer pelo menos 03 coisas:
1.Deve nos Estimular a Ação. “Por que ficais aí, olhando para o céu?”. Ou seja, se ajudem, trabalhem. Não fiquem parados aí, simplesmente olhando para o céu. Hoje, nós temos a presença do Espírito Santo e precisamos fazer o trabalho que o Senhor nos ordenou. Vamos viver o evangelho na prática.
2.Deve Nos Estimular a Aguardar a Sua Vinda Gloriosa em serviço e santificação. “Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará do mesmo modo como o viram subir”. Porque Jesus vai voltar, precisamos viver de maneira agradável e Ele, nos esforçando para servi-lo e testemunharmos de seu reino. Sempre que a Bíblia fala do retorno glorioso do Senhor, ela nos manda vigiar e orar. É assim que deve ser, não podemos assimilar um estilo de vida mundano, materialista, hedonista, egoísta, etc.
3.Deve Nos Estimular a Confiar no Seu Governo Soberano. O fato de agora Jesus Cristo está assentado a destra do Pai, é um símbolo de sua entronização real. De seu trono, Jesus governa este mundo. Mesmo em tempos como este, de crise, ou ainda que o mundo não esteja disposto a reconhecer a soberania de Cristo. Nós devemos confiar no Senhor.
III – Neste banquete somos convidados a olhar para dentro de nós fazendo um auto exame.
Veja o que diz o verso 28: “Examine, pois, o homem a si mesmo, e dessa forma coma do pão e beba do cálice”.
Paulo afirma que não podemos ser apressados em participar da Ceia do Senhor. Primeiro, façamos um auto exame. Eis o motivo: “…porque quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si”. Quem não discerne o sangue e o corpo de Jesus, come e bebe para a sua própria condenação.
Ao fazer esta recomendação certamente Paulo estava pensando na Igreja de Corinto, onde ocorria uma situação que o preocupava. Alí, muitos cristãos estavam ceiando de forma errada. No momento da ceia, uns comiam antes dos outros, sem esperar pelos irmãos, sem dividir o alimento com as famílias que tinham pouco. E para estes vem esta repreensão, de que deviam se corrigir, pensando de forma coletiva, agindo com mais comunhão de uns para com os outros, esperando uns pelos outros. Nesse contexto, entendemos melhor o que Paulo quer recomendar a estes cristãos quando lhe pede celebrem a ceia comendo do pão ou bebendo do cálice indignamente.
Aqui faço uma pergunta: Será que somos dignos de alguma coisa perante Deus? Nós não somos dignos, não temos virtudes em nós mesmos suficientes para participarmos de forma digna deste banquete. João Calvino, um dos historiadores da Igreja sabiamente disse que: “A nossa dignidade é a consciência da nossa indignidade”.
Por sermos pecadores, nós não somos dignos, mas por causa do sacrifício de Jesus em nos perdoar do pecado é que podemos participar da Ceia de forma digna. Por isso, devemos examinar a nós mesmos não para fugir da ceia, mas para participarmos da Ceia com consciência do que somos. Não devemos fugir da Ceia por causa do pecado, mas devemos fugir do pecado por causa da condenação que ele pode nos trazer. A Ceia do Senhor é um momento de olhar para dentro de nós, é momento de arrependimento e de volta para Deus.
Precisamos entender que a Ceia do Senhor é símbolo do verdadeiro alimento espiritual, que é Cristo. O pão continua pão, o vinho continua vinho, não há nenhuma mudança de substancia nestes elementos. Mas estes elementos “pão e vinho” são símbolos espirituais do corpo e do sangue de Cristo, e nos fazem lembrar que sobrevivemos, nos fortalecemos e nos alimentamos da palavra de revelada do cordeiro.
Assim meus amados, tenhamos cuidado, reverencia e preparo para participarmos de modo digno da Ceia do Senhor.
IV – Neste banquete somos convidados a pensar coletivamente no corpo de Cristo.
Veja o que diz o verso 27: “…Quem comer do pão ou beber do cálice do Senhor de maneira indigna será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor”.
Ao fazer esta declaração Paulo está preocupado com pecados que estavam sendo praticados pelos crentes de Corinto contra o corpo de Cristo no ato da ceia. Mas que pecados eram estes? Nos versos de coríntios 11:17-33, vamos encontrar uma relação de pecados que estavam sendo praticados por aqueles cristãos contra o corpo de Cristo:
v.17: Nas reuniões dos corintos, o resultado daqueles encontros era as vezes mais prejudicial que benéfico.
v.18: Paulo menciona pecados contra o corpo de Cristo, causados por divisões e discussões na Igreja.
v.20: Paulo menciona pecados praticados no ato da ceia, por irmãos que comiam apressadamente, sem esperar pelos outros, e assim enquanto alguns ficavam fartos, outros ficavam com fome.
V33,34: Paulo novamente os orienta a esperarem uns pelos outros, para que não atraíssem condenação.
Os crentes da Igreja de Corinto pecavam uns contra os outros por celebrarem a ceia sem a preocupação com a comunhão, pecavam contra o corpo por comerem sem esperar uns pelos outros.
Quando nós participamos da Ceia, somos um só corpo, um só rebanho, uma só família, uma só igreja. Em outras palavras, eu não posso assentar a mesa do Senhor com mágoas no coração, com reservas em relação ao meu irmão, nutrindo ressentimento na minha alma. Eu preciso perdoar para ser perdoado. Eu preciso amar para ser amado. Eu preciso estender os meus braços ao meu irmão que está ao meu lado quando ele precisa. E entender que a mesa do Senhor, não é da igreja A ou B.
Jesus é o banquete da Igreja. Onde o povo de Deus se reúne para reconhecer o sacrifício de Cristo, para aguardar a volta de Cristo, para nos arrependermos de nossos pecados e para demonstrar o seu amor e a comunhão com nossos irmãos.
Conclusão
Concluo essa reflexão, destacando que o banquete da santa ceia revela a graça de Deus, mas os seus participantes são pecadores.
Por isso, um pecado ocasional não deve ser um empecilho para que você deixe de participar da ceia. Mas ao contrário, que cada um de nós após o auto exame, tenha o coração disposto a confessar pecados a Deus, e após a evidenciação de verdadeiro arrependimento participar da ceia.
A ceia é momento de reforçarmos a necessidade de união do povo de Deus e de relembrar o sacrifício do nosso Salvador, bem como, de avaliação interior e fortalecimento espiritual de cada um de nós e da igreja como um todo.
Por isso, devemos refletir, tomar decisões para reparar nossos possíveis erros e participar dela, se fortalecendo como indivíduos e como igreja do Senhor, e isso é comer a ceia dignamente.
Que Deus nos ajude, em nome de Jesus.