Sermão: As marcas da Igreja Verdadeira

Palavra ministrada no culto de Santa de ceia

As marcas da Igreja Verdadeira

Efésios 2:19-22:

“19 Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, 20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; 21 no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo”

INTRODUÇÃO

Muitos evangélicos brasileiros não sabem bem qual é a sua identidade. Muitos acreditam ou achem que uma ou outra denominação espiritualizam mais ou menos que outras. Muitos vivem hoje numa fase de busca de identidade, e nesse contexto aparecem os verdadeiros e falsos cristianismos, neste contexto o joio e o trigo, as fontes de água doce e amargas.

Assim, quando se fala de igreja, especialmente na presente era, é extremamente necessário acrescentar um adjetivo que a qualifique como verdadeira ou falsa.

Para nossa alegria ou talvez tristeza e vergonha, há uma facilidade, sem precedentes, de se produzir e multiplicar igrejas, sem que isso esteja relacionado necessariamente ao avanço do reino de Deus na Terra. E aqui cabe a seguinte pergunta: Será que a multiplicação de igrejas tem gerado, talvez, mais confusão ou oportunidades? Como saber se uma determinada igreja é fiel aos princípios do cristianismo?

Antigamente, era costume dizer a um novo convertido para procurar a Igreja mais próxima de sua casa. Mas será que no mundo de hoje, é seguro recomendar a uma pessoa que procure a igreja evangélica mais próxima da casa dela, como era de praxe fazer?  Mas, o que acontece é que hoje muitas igrejas tem apenas a placa e o nome de evangélicos, mas as práticas não são cristãs e bíblicas.

Essa situação se reflete em muitos dos cristãos. As vezes me preocupo quando tomo conhecimento de cristãos que abrem seus corações a ouvir o sermão do domingo, mas que durante a semana abrem as portas de sua casa para receber influências de seitas e heresias destruidoras da fé.

Nesta semana comemoramos os 502 anos da reforma protestante. Mas será que no cenário atual não há a necessidade de uma nova reforma? De muitos voltarem seus corações ao evangelho?

Cada geração é responsável por detectar onde e como se manifesta o pseudo-cristianismo e combatê-lo com as armas do evangelho. E uma das formas é descobrir as marcas da igreja verdadeira e vivenciá-las na comunidade local.

Vejam a seguir algumas marcas da verdadeira igreja.

I.Cristo é o fundamento

Vejamos alguns textos:

Mateus 7.24: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha”.

I Coríntios 3.11: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”.

Efésios 2.20: “….edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina”.

O que é que os 03 textos acima estão nos dizendo? Eles revelam que a grande e maior marca da Verdadeira Igreja é Cristo como seu Fundamento.

E a pessoa de Cristo que define o verdadeiro cristianismo; não é uma filosofia, nem um conjunto de regras, natural ou sobrenaturalmente reveladas, não são os santos de uma Igreja ou suas imagens e rituais, não são suas festas e celebrações. O que define a verdadeira Igreja é o fato dela esta alicerçada na rocha, que é Cristo.

Ele manifestou Sua humanidade ao nascer, crescer, dormir, sentir fome, cansaço e morrer; manifestou Sua divindade ao andar sobre as águas, acalmar a tempestade, curar enfermos e expulsar demônios. Jesus é o único elo entre a Terra e o Céu, entre o homem e Deus.

Quanto engodo existe em matéria de religião! Quanto engano em nome de Deus! Muitas pessoas se dão por satisfeitas por fazerem parte de um grupo religioso, muitos se dão por satisfeitos por terem uma imagem, mas se esquecem de perguntar: qual é o fundamento? Os meus pés estão postos sobre o quê? É rocha ou areia que está sob meus pés?

Muitos dos mestres do nosso tempo nos ensinam a edificar nossa vida sobre os fundamentos da autoajuda. Afagam nosso ego ao soprar no nosso ouvido que a solução dos nossos males está na força dos nossos braços ou de nossa mente. Todavia, o Mestre dos mestres proclama que da força dos nossos braços o que parece remédio é veneno. Até quando nos demoraremos a entender que a solução dos nossos males não vem de dentro, mas do alto; que o fundamento que resiste a toda prova não é humano, mas é divino?

A verdade é que toda casa construída sobre outro fundamento que não seja a rocha, que é Cristo, desmoronará um dia como castelo de areia sob a tempestade e não resistirá diante do juízo de Deus.

II.Os membros são ovelhas regeneradas

Vejamos o texto de João 3.3,5; 10.27:

  • Jo 3:3 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
  • Jo 3:5 Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
  • Jo 10:27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

O que é que estes textos nos mostram?

Eles nos dizem que não adianta ter apenas pele de ovelha, ou ser apenas exteriormente parecido com uma ovelha. A verdadeira ovelha tem também coração de ovelha. O que estamos dizendo é que o verdadeiro crente não tem apenas aparência de crente, ele tem um coração transformado e regenerado.

Não há nenhum valor em ser descendente de Abraão (Mt 3.9-10). Revestir-se de roupagens ou aparências religiosas não nos transforma em filhos de Deus. Como Jesus asseverou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7.21).

A proposta do evangelho é de nos transformar em filhos de Deus, e não em lobos com pele de ovelhas.

A igreja é composta por pessoas que nasceram de novo; por vidas que carregam na bagagem a experiência do novo nascimento. Uma pessoa pode até frequentar uma igreja assiduamente, entoar os louvores, participar do coral, ministrar aulas na escola bíblica, orar em voz alta no templo, contribuir com dízimos e ofertas, pregar de forma entusiasmada, fazer evangelismo ou mesmo escrever uma lição sobre tudo isso, mas, se não tiver a experiência do novo nascimento, não faz parte da igreja do Senhor, não entrará no reino de Deus.

Então é necessário que tenhamos a convicção do novo nascimento.

III.Fé, esperança e amor: são algumas de suas principais virtudes e mensagens para o mundo em crise.

(Jo 13.35; Rm 5.1 -5; 1 Co 13.13; Gl 5.5-6; Cl 1.3-5; 1 Jo 2.6)

Essas três palavras – fé, esperança e amor – traduzem as principais virtudes da igreja do Senhor na terra. Vejamos cada uma delas separadamente.

  1. A fé. Em IPe 1.1-9 vemos a função, o valor e o objetivo da fé.

a.Sua função no v.5: “Essas bênçãos são para vocês que, por meio da fé, são guardados pelo poder de Deus para a salvação que está pronta para ser revelada no fim dos tempos.”

Este versículo deixa claro que a função da fé é nos guardar para a salvação que esta preparada por Deus. Vivemos em dias difíceis, onde o relacionamento de muitos com Deus esfriará. Guarde a sua fé em Cristo, para que você tenha forças.

b.Seu valor no v.7: “Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no dia em que Jesus Cristo for revelado”.

O ouro, que é considerado a posse mais preciosa, é perecível, mesmo depois de passar pelo fogo, processo usado para purificá-lo das impurezas que o acompanham. O valor da fé supera o desse metal precioso. Os benefícios da fé são eternos enquanto os do ouro são temporais. Somente uma cegueira espiritual profunda pode explicar por que os homens correm avidamente à busca do que o ouro oferece na mesma proporção em que abandonam os benefícios da fé.

c.Seu objetivo no v.9: “Vocês têm essa alegria porque estão recebendo a sua salvação, que é o resultado da fé que possuem”.

A fé tem uma finalidade definida: a salvação da alma. A fé tem um tempo de validade. Não haverá necessidade de termos fé quando estivermos no céu. Portanto, o tempo em que a fé é necessária vai desde o dia da nossa conversão até o dia quando nos encontrarmos com o nosso Senhor Jesus Cristo. Quando esse dia chegar, em meio a muito regozijo, o objetivo da fé estará concretizado.

2.A esperança.

Vejamos o que diz: Rm 8.24-25: “24 Pois foi por meio da esperança que fomos salvos. Mas, se já estamos vendo aquilo que esperamos, então isso não é mais uma esperança. Pois quem é que fica esperando por alguma coisa que está vendo? 25 Porém, se estamos esperando alguma coisa que ainda não podemos ver, então esperamos com paciência.”

Howard Marshall define esperança como “a expectativa confiante de que Deus continuará a cuidar do Seu povo e que o fará vencer as provações e os sofrimentos até chegar à bem-aventurança futura na Sua presença”.

“Nessa esperança fomos salvos”, diz Paulo em Romanos 8.24. A respeito desse versículo, a Bíblia Shedd observa de forma apropriada que “somos salvos na esperança, não por esperança. A salvação é pela fé”. Há uma expectativa que atravessa o coração da igreja de que todas as promessas de Jesus se concretizarão em breve. Essa sensação nos mantém confiantes enquanto vivemos em um mundo hostil e mau.

Uma vez que a esperança está baseada nas promessas registradas nas Sagradas Escrituras torna-se um poderoso combustível para a igreja em sua peregrinação na terra. Quem pode nos desanimar se o que nos espera é um futuro glorioso? Nada do que os nossos olhos já viram se compara com aquilo que Deus tem reservado para os seus. Essa é a nossa bendita esperança, razão pela qual devemos enfrentar as adversidades confiantemente.

3.O amor

Lembremos do que diz Paulo em 1Co 13:1: “Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino”.

Vimos que a fé e a esperança têm um raio de ação dentro da linha do tempo. Chegará um momento em que ambas perderão o sentido de existência. Chegará um dia em que não necessitamos mais nem da fé e nem da esperança. Esse dia se concretizara quando a Igreja e todos estivermos com Cristo na Glória.

Mas, o amor, todavia, é eterno, portanto jamais acabará (1 Co 13.8). Dada sua extensão de existência e valor intrínseco o amor é superior à fé e à esperança.

Sem o amor não há significado em nada do que fazemos nem mesmo no mais alto grau de doação e sacrifício (1Co13.3).

Sem o amor, o exercício das nossas capacidades especiais, dons e talentos recebidas de Deus fracassa no cumprimento de suas funções (lCo 13.1-2).

Não obstante, é o amor que deve coordenar nossos relacionamentos (Rm 12.9-21).

A fonte do amor é Deus Pai e o Espírito Santo o derrama em nosso coração (Rm 5.5). Por isso, ao falarmos sobre o amor, temos a sensação de termos em nossas mãos sujas e imperfeitas uma joia de rara beleza e profundo valor.

Conclusão

Relembremos aqui as principais marcas da Igreja. : 1)Cristo é o fundamento, 2) Os membros são regenerados  3) Fé, esperança e amor são suas grandes virtudes.

São estas marcas meus irmãos, que revelam ao mundo quem é a verdadeira Igreja do Senhor aqui na terra. Elas devem ser referências para que nós também nos auto avaliemos.

Que Deus nos ajude a nos mantermos firmes nestas marcas referencias da Igreja.

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