Sermão: Mantendo o fervor espiritual

Palavra ministrada na Igreja Betel Geisel no culto de celebração.

MANTENDO O FERVOR ESPIRITUAL

“… Sede fervorosos de espírito…” (Rm 12:11)

19Animem uns aos outros com salmos, hinos e canções espirituais. Cantem, de todo o coração, hinos e salmos ao Senhor. 20Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, agradeçam sempre todas as coisas a Deus, o Pai (Efésios 5:19-20)

Introdução

O fervor espiritual foi a grande tônica da igreja primitiva. Este fervor espiritual foi resultado do compromisso com a palavra de Deus e sua obra. Mais do que nunca, os crentes da atualidade estão precisando urgentemente viver uma vida cristã fervorosa e compromissada com o Reino de Deus. Um dos grandes problemas da falta de fervor espiritual em muitos crentes, é a negligência da leitura da Bíblia e a prática da oração. A grande estratégia de Satanás é manter os crentes presos nos entretenimentos, em redes sociais, com a comunhão quebrada com os próprios irmãos em Cristo, desanimados e indiferentes ao plano de Deus.

Fervor em nosso relacionamento com Deus é algo que não deveríamos perder. Em Romanos 12:11, o apóstolo Paulo nos adverte declarando para manter esse fervor – “…Sede fervorosos de espírito…”.  A palavra fervor quer dizer: desejo muito intenso; entusiasmo; paixão. É por isso que, não podemos permitir que a chama do Espírito se apague, que percamos esse ponto de ebulição e fervura, pois o Senhor deseja que sejamos fervorosos e intensos, entusiasmados em nosso relacionamento com Ele. Nesse sentido, precisamos nos empenhar ao máximo para que a chama do Espírito Santo nos mantenha aquecidos.

Mas, o que é o que significa ser fervoroso?

Conceito de fervor. A palavra “fervor” significa: “ação de ferver, condição do que foi submetido à fervura; grande calor; ardência, brasa”. Figuradamente significa: “empenho com que se busca satisfazer ou realizar algum desejo; dedicação” (HOUAISS, 2001, p. 1332). A palavra usada por Paulo em Romanos 12.11 exorta-nos “a manter o zelo em ponto de ebulição” ou sermos “incandescentes”. A Enciclopédia de Champlin (2004, p. 718) diz que ser fervoroso é “ser intenso, zeloso e resoluto no propósito tomado. Uma pessoa fervorosa caracteriza-se por sentimentos e convicções profundas. Essa qualidade de espírito faz contraste com a atitude de superficialidade, fingimento e vacilação, tão comum em nossos dias”.

Ser fervoroso é um mandamento. Trazendo vários conselhos práticos da vida cristã aos cristãos de Roma, o apóstolo Paulo exorta-os dizendo: “sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11). A expressão paulina “sede” é um imperativo para a vida cristã, um mandamento que não pode ser negligenciado.

Ser fervoroso é uma necessidade. O fervor é necessário e vital ao cristão, relegar isso é cair num marasmo e decadência espiritual. O apóstolo Paulo diz que nós devemos buscar sempre uma renovação a fim de que nossa vida espiritual esteja sempre em dia (Rm 12.2; 2Co 4.16; Ef 4.23).

Ser fervoroso é uma parceria. É impossível uma vida de fervor sem o auxílio do Espírito Santo. É Ele que está ao nosso lado nos auxiliando na vida espiritual como prometeu Jesus. João 14.26 diz: “Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês”.

É sua habitação e constante renovação que torna a nossa vida dinâmica, por isso Paulo diz: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

Mas, o que diminui o fervor na vida do cristão?

O pecado, o orgulho e prepotência. Quando o crente negligencia sua vida de santidade e permite que o pecado reine em seu coração, o fervor começa a diminuir. E quando isso acontece, esfria também o amor por Jesus, o amor próprio, e o amor pelo semelhante, como previu Jesus (Mt 24.12).

A falta de dedicação. No AT o sacerdote tinha tarefas diárias, tais como: sacrificar, acender as lâmpadas do candelabro e ofertar incenso, diariamente. Tais atribuições apontam para a necessidade que temos, como sacerdotes de Deus (1Pd 2.9; Ap 1.6), de diariamente, apresentar a nossa vida em total consagração a Deus (Rm 12.1), se enchendo do Espírito (Ef 5.18), e ainda conservando uma vida de oração (Ef 6.18; 1Ts 5.17) e leitura da Bíblia (Sl 1.1-3).

Dedicar-se a obra do Senhor, além de nos fazer ocupar positivamente nosso tempo é algo que nos ajuda a nos mantermos mais fervorosos.

A negligência com o Espírito Santo. Paulo exortou a igreja de Éfeso que não entristecesse o Espírito Santo no qual eles foram selados (Ef 4.30). E aos crentes de Tessalônica Paulo diz também: “Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19). O verbo “extinguir” no original grego “sbennumi” significa: “apagar, extinguir” e figuradamente “suprimir”. Esse verbo era usado para dar a ideia de “apagar fogo” (CHAMPLIN, 2002, p. 219). A vinda e atuação do Espírito Santo com frequência metaforicamente ao fogo (Mt 3.11; Lc 3.16; At 2.3; Rm 12.11; 2Tm 1.6). Se não tivermos o devido cuidado, infelizmente, poderemos apagar o Espírito em nossa vida, pois foi assim com Saul (1Sm 16.14) e Sansão (Jz 16.20).

Distração! Você não consegue se concentrar? Outros pensamentos vêm à sua mente quando você quer orar? Durante a oração, de repente você percebe que seus pensamentos estão bem longe? Essas são armas do inimigo que você derrota orando em voz alta. Davi diz no Salmo 55.16-17: “Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará. À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz”. Ore com voz forte e audível, e as distrações não terão poder sobre você!

Cansaço! Como é paralisante o cansaço que o impede de perseverar na oração! Mas é justamente na oração que você supera esse estranho cansaço, pois a Bíblia diz: “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is 40.29,31). Entregue-se à oração, e você encontrará o descanso verdadeiro.

Inquietação interior. Uma inquietação inexplicável tomou conta de você? Justamente dessa inquietação é que você pode se livrar quando ora. Seja qual for a causa – pecado, nervosismo ou incredulidade – a Bíblia diz: “Confia os teus cuidados ao Senhor, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado” (Sl 55.22). E mais: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.11). Somente na oração você receberá ajuda para se libertar da inquietação de seu coração.

Desânimo. O desânimo é uma arma que neutraliza muitas pessoas que oram. Desânimo é começar e parar. Desanimar é não olhar para longe o suficiente. A Bíblia diz: “Olhando firmemente para Jesus”. Esse olhar para cima, para Jesus, é desviar o olhar das coisas visíveis ao nosso redor e voltá-lo para Jesus – voltar-se para Ele orando!

Você está desanimado por causa de sua fraqueza espiritual, desanimado por seus fracassos, desanimado pela dureza de coração das pessoas, desanimado pelas tristes circunstâncias em que vive? Paulo exclama em 2 Coríntios 4.8 que em tudo ficamos “perplexos, porém não desanimados”. Por quê? Porque ele era um homem de oração. Isaías conclama: “Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus. A vingança vem, a retribuição de Deus; ele vem e vos salvará” (Is 35.3-4). Existe apenas um meio de nos livrarmos do desânimo e do desalento em nosso coração: através da oração.

Sei que Satanás faz todo o possível para deixar você tão desanimado a ponto de não conseguir crer que a oração de fato lhe abre as fontes divinas. Mas em Nome de Jesus esses poderes estão derrotados! Suplico a você que está desanimado: Ore! Faça hoje um novo começo! Diga em voz alta: “Eu escolho a vontade de Deus e, em Nome de Jesus, rejeito a vontade de Satanás”. A vontade de Deus é que você ore. A vontade de Satanás é que você se cale.

Mas como manter-se fervoroso?

O inimigo sempre trabalhará para tentar esfriar a todo custo a temperatura do nosso relacionamento com Deus. Em Apocalipse 3:16-19, o Senhor Jesus faz uma advertência muito forte à igreja de Laodiceia, por não serem nem ‘frios’ nem ‘quentes’. Antes de haverem aceitado a fé, eram frios. Ao receberem a Jesus, haviam se tornado quentes – zelosos seguidores do Mestre. Agora, porém, encontravam-se num perigoso estado intermediário – a mornidão espiritual. Não estavam mais desejosos de corresponder ao movimento do Espírito nem estavam frios o suficiente para perceber quão grandes eram suas necessidades. Além de nada fazerem à obra de Deus, não respondiam ao seu chamado ao arrependimento. Por isso, Jesus deseja que fossem frios ou quentes, pois, assim, poderia fazer alguma coisa por eles. “A mornidão espiritual é o pior estado que se estabelece na vida de alguém que um dia teve um encontro pessoal e verdadeiro com Cristo”. A mornidão espiritual causa grande desgosto e pesar ao Senhor Jesus.

Como podemos então nos manter aquecidos pelo fogo do Espírito? Como não permitir que a mornidão nos atinja?

1. Mantendo-se constantemente na Presença de Deus

 Sabemos que se tiramos uma chaleira do fogo, durante um tempo ela fica aquecida, mas deixa imediatamente de ferver e começa a esfriar. Da mesma maneira, nossa vida, para permanecer fervorosa, incendiada, precisa manter-se em contato com sua fonte original de calor: a presença de Deus. É Ele que nos incendeia! Portanto, não pare de buscar a Deus, não saia da sua presença, cultive uma vida abundante de oração, adoração e leitura da Palavra.

2. Participe ativamente das atividades da igreja – Em Atos 1:12-14; 2:1-4

O grande dia de Pentecostes terminou com cento e vinte crentes incendiados, ardentes como labaredas de fogo! Mas, como é que isso se manteve? Eles permaneceram unânimes, juntos em oração. Todas aquelas pessoas estavam sedentas da presença de Deus e demonstraram isso mantendo-se unidas e buscando ao Pai. Por isso houve aquele grande “incêndio” espiritual que chamou a atenção de toda Jerusalém… É interessante notar que somente os discípulos que permanecerem juntos, foram cheios do fogo de Deus. Os que se dispersaram, não!

3. Não apague o Espírito – I Tessalonicenses 5:19 

Quando nos abrimos para a Presença de Deus e permitimos que Ele se tornasse o Senhor das nossas vidas, uma chama do primeiro amor ardeu em nossos corações. Essa presença deve ser cultivada e respeitada por nós, através de uma vida consagrada. Se desobedecermos a Deus, formos insubmissos ou escolhermos voltar a pecar, entristecemos e afastamos o Espírito de Deus de nossas vidas (extinguimos o seu fogo em nós). Não permita que isso aconteça com você. 

4. Deixe de lado tudo aquilo que quer trazer frieza em tua vida – Zacarias 3:1-7

Neste texto, um sacerdote chamado Josué é descrito como “um tição tirado do fogo”. Ele estava apagando espiritualmente e, ao investigarmos os motivos, vemos pecado (suas vestes estavam sujas), isolamento (ele era um tição fora do braseiro) e falta de autoridade espiritual (Satanás conseguia resisti-lo).  Quando permitimos estas coisas em nossas vidas, o que colhemos é frieza e morte.

Portanto, oremos e clamemos ao Pai para que possamos viver em boa temperatura espiritual. Busquemos o aquecer espiritual com: vida intensa de oração, envolvimento com a palavra de Deus e intimidade com a Sua Presença. Agindo assim, no dia final ouviremos de Cristo: “Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim também como eu venci, e me sentei com meu Pai no seu Trono”. Ap. 3.21.

Conclusão

Veja o que diz Isaías 6:6-7: “Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do Altar com uma tenaz; e com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.”

Nossa vida espiritual pode ser comparada a situação do carvão, da brasa e da cinza. A cinza é o que sobra das brasas. A cinza era retirada do altar pelos sacerdotes e jogada fora. Para nada mais servia. Não podemos viver nossa vida como cinzas, que estão mortas e não possuem qualquer serventia.

Quando o carvão está na fogueira, como é que fica? Em brasa, num fogo abrasador e incandescente… e quem seria capaz de pegar numa brasa? Absolutamente NINGUÉM!

O Altar é esta fogueira, onde está o Fogo do Altíssimo, porém, este Fogo só se manifesta quando há brasas, que é o sacrifício. Quando a pessoa sacrifica para Deus as suas vontades, manias, orgulho, fantasias, perdoando, sendo verdadeira, obediente… isso prova que está no Altar, no fogo do sacrifício. Não existem problemas, tentações, oposição, etc…, que toquem ou destruam esta pessoa. Podem vir situações, palavras, decepções, problemas que tentem desanimar, mas nunca o poderão fazer.

Porém, ninguém é uma brasa viva por ser “bonzinho”, crer em Deus, vir à Igreja, e sim porque sacrifica-voluntariamente para Deus. E quando a pessoa é tocada pela sua fé a fazer um sacrifício para Deus, então, fica completamente na Sua dependência, como uma brasa na fogueira.

Se a brasa que é você decide sair da fogueira que é a presença de Deus, por se achar auto-suficiente, como é que fica? Apaga-se, fica fria e torna-se carvão. O carvão, depois, torna-se pó, não há como voltar a acendê-lo, mesmo pondo-o de novo no fogo, porque agora é apenas cinza.

Muitos que estavam no Altar e decidiram sair, deixando de sacrificar para Deus, não conseguiram mais voltar. Estão espalhados por aí, como o carvão que se desfaz em pó e o vento leva.

E assim como a brasa, fora do Altar, se torna carvão, e o carvão se torna pó, perdendo a sua forma, a vida das pessoas também perde a sua forma, perde a sua consistência.

Ninguém tira alguém do Altar, pois, como tocar numa brasa? Esta decisão é da própria pessoa. Pode-se tirar o título, mas não a liberdade de sacrificar-voluntariamente para o Deus-Vivo. Jesus disse que o que é de Deus, o diabo não toca, mas ele tenta induzir, distrair a pessoa para ela não sacrificar. O que Deus pede que façamos é para o nosso bem, para que não nos falte absolutamente nada e sim tenhamos tudo. Se tem faltado tudo para a pessoa, então, é porque ela não é “brasa” e sim carvão, é porque não está na fogueira-Altar.

Quando se é brasa viva, a saúde fica viva, a família fica viva, a economia fica viva, a vida sentimental fica viva, a vida espiritual fica viva. E o vento-dificuldades não pode apagar a brasa que está na fogueira, pelo contrário, quanto mais forte for o vento, mais forte, viva, fica a brasa. Muitos estão a ser chutados pela vida, por estarem apagados, até que chega o dia em que serão pisados e reduzidos a pó, sendo espalhados pelos ventos desta vida, perdendo, assim, a esperança, confiança, e crença em si próprios e em Deus.

Como está a sua vida? Sente o calor, pouco a pouco, a esvair-se? Ou sente-se vibrante, incandescente, mais vivo do que nunca? Lembre-se, qualquer que seja o caminho, a escolha será sempre e apenas sua!

Um grande abraço, e que Deus te abençoe.

Pr Josias Moura

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