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ToggleUma vida de Liberdade em Cristo, mas com responsabilidades
I coríntios 10:23-24,31-33
23 Todas as coisas são permitidas, mas nem todas são proveitosas. Todas as coisas são permitidas, mas nem todas são edificantes. 24 Ninguém busque seu próprio bem, e sim o dos outros.
31 Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. 32 Não vos torneis motivo de tropeço nem para judeus, nem para gregos, nem à igreja de Deus, 33 assim como em tudo eu também procuro agradar a todos. Pois não busco meu próprio bem, mas o de muitos, para que sejam salvos.
Introdução
Paulo está dizendo que o crente é livre, mas não para fazer o que Deus condena e nem para promover atitudes que não edifiquem a igreja.
Ao falar sobre essa liberdade Paulo diz em Gálatas 5:13-16: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pela caridade. Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros. Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”.
O que Paulo está ensinando nestes versos?
- Que em Cristo fomos chamados para viver em liberdade.
- Não devemos usar essa liberdade para agir de forma carnal.
- Devemos exercer essa liberdade sempre em amor e através do Espírito.
Outra pergunta importante a ser feita é: Como balancear a liberdade cristã com a responsabilidade cristã? Paulo responde: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam” (10.23).
Paulo está dizendo para termos cuidado com a nossa liberdade, para que ela não venha ser motivo de tropeço na vida dos nossos irmãos. Você e eu podemos ter essa liberdade, mas se a sua liberdade for tropeço na vida do seu irmão, isso é pecado. Paulo já havia advertido: “Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos” (8.9). Paulo, agora, reforça: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam”.
Em momento algum, Paulo negou a liberdade do crente maduro para desfrutar seus privilégios em Cristo, mas Paulo enfatiza que o exercício de nossa liberdade só é eficaz quando agimos com responsabilidade pelos nossos irmãos.
Por isso, Paulo nos recomenda: Todas as coisas são lícitas, mas algumas atividades podem causar tropeço para os irmãos mais fracos. “E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais” (8.11,12). A maturidade equilibra a liberdade com a responsabilidade.
Paulo fala sobre três tipos de responsabilidades que o crente precisa ter:
Em primeiro lugar, temos uma vida de liberdade mas com a responsabilidade pelos irmãos da igreja (10.24-30).
A nossa liberdade precisa ter responsabilidade e a primeira responsabilidade que nós temos é para com os nossos irmãos: “Ninguém busque o seu próprio interesse e sim o de outrem” (10.24).
Temos a responsabilidade de edificar nossos irmãos na fé e procurar o bem deles. A nossa liberdade em Cristo não nos dá o direito de ferirmos os nossos irmãos.
Paulo ilustra isso, falando que comer carne é um assunto amoral, ou seja, não é virtude nem vício. Aquilo que é amoral, porém, dependendo do contexto, pode se tornar imoral. Paulo, entretanto, disse que comer carne poderia ser imoral e se tornar um ato prejudicial à consciência dos irmãos mais fracos em três circunstâncias: no templo do ídolo (8.10), no mercado (10.25) e na casa do incrédulo (10.27,28). Paulo com isso, ensina que temos de ter responsabilidade com a nossa liberdade cristã para que não seja um tropeço na vida dos irmãos. Pecar contra um irmão é o mesmo que pecar contra Cristo (8.12).
Se o que eu estou fazendo, se o comportamento que estou adotando, se o vestuário que estou usando, as palavras que estou empregando, as atitudes que estou tomando em minha vida são motivos de tropeço para o meu irmão, a minha liberdade está em desacordo com o ensino das Escrituras.
Lembremos que, a marca mais evidente de nossa época é o individualismo. A Bíblia, no entanto, ensina que os dois principais mandamentos são: amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos. Mas, se não amamos a Deus, como poderemos amar ao próximo? Se desconsiderarmos que Deus atua eficazmente em nossa vida, como poderemos imaginar que o próximo poderá nos ser útil em uma vida em sociedade? O que interessa para Deus é a proximidade de propósito e a unidade de vida.
Quantas vezes você já foi capaz de dizer “eu preciso de você!”. Qual foi a última vez que você disse isso para sua esposa, seu esposo, seus filhos, um irmão ou uma irmã na igreja? A quem você recorre nos momentos em que precisa de consolo?
Em segundo lugar, temos uma vida de liberdade, porém com a responsabilidade de glorificar a Deus em todas as coisas (10.31).
O apóstolo acentua: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (10.31).
Quando lemos os versos 24 a 30 percebemos que alguns crentes de Corinto estavam pensando assim: “Ah eu poderia desfrutar tranquilamente da comida que eu compro nos mercados, mesmo que tenha sido oferecida a ídolos já que dou graças. Ora, eu estou comendo comida sacrificada ao ídolo, mas eu dei graças. E tudo o que é santificado pode ser recebido. Por que minha liberdade seria limitada pela consciência do irmão mais fraco?” A resposta de Paulo é que não podemos glorificar a Deus sendo um tropeço para os nossos irmãos.
Então, Paulo lança o seguinte princípio: Fazei tudo para a glória de Deus. “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (10.31). O primeiro princípio é não escandalizar o irmão. O segundo é que Deus seja glorificado. Deus nunca é glorificado se com a minha liberdade eu estou causando escândalo e tropeço para o meu irmão.
A glória de Deus não é promovida onde uso minha liberdade para fazer o irmão tropeçar e cair. Não temos o direito de usar nossa liberdade cristã para ferir a comunhão fraternal.
Lembremos do que diz Jesus: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (João 15:8). Não basta apenas reconhecer a grandeza de Deus; agradecê-lo pelas benesses pertinentes a esta vida; realizar, em nome de Deus, ações louváveis do ponto de vista humano, ou dizer palavras que, segundo a concepção humana, demonstram devoção extrema e incondicional, antes é necessário sermos verdadeiras testemunhas e apresentarmos frutos, é isto o que torna possível ao homem glorificá-Lo.
Em terceiro lugar, nós temos uma vida de liberdade mas com a responsabilidade de procurar ganhar os perdidos (10.32,33).
O apóstolo Paulo acentua: “Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja’ de Deus” (10.32,33). Os judeus e gentios mencionados por Paulo aqui são os judeus e gentios convertidos.
Além de não sermos motivo de tropeço para os salvos, devemos, também, nos esforçar para ganhar os perdidos para Cristo. Não devemos ser uma pedra de tropeço para que aqueles que estão distantes da graça de Deus, mas uma pedra de passagem; não um abismo, mas uma ponte. Não podemos estorvar ou atrapalhar as pessoas de entrarem no Reino de Deus.
Jesus falou a respeito dos fariseus que ficavam à porta do Reino de Deus, e não entravam nem deixavam as outras pessoas entrarem.
Há sempre o perigo de uma pessoa ser um entrave na conversão de outras pessoas por causa das suas atitudes e do mau uso da sua liberdade.
Nós não devemos viver para satisfazer os nossos interesses, mas buscar o interesse e a salvação dos outros. Paulo dá o próprio testemunho: “[…] assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos” (10.33).
Como temos usado nossa liberdade cristã? Há pessoas que estão defendendo a sua liberdade, mas na verdade são escravas dos próprios vícios agem de maneira que o evangelho é escandalizado, espantam a muitos do caminho da salvação. São pedra de tropeço (8.13); destroem em vez de edificar (10.23); agradam a si mesmas em vez de glorificar a Deus (10.31), afastam as pessoas de Cristo em vez de ganhá-las para Cristo (10.33).
Conclusão
David Prior diz que exercemos a liberdade cristã em sua verdadeira criatividade e plenitude, quando seguimos as cinco regras fundamentais de Paulo para a convivência entre os cristãos:
- Façam tudo para a glória de Deus (10.31) – em vez de impor a sua liberdade.
- Procurem em tudo ser agradável a todos (10.33) – sem viver reclamando os seus direitos.
- Busquem o interesse de muitos (10.33) – não o seu bem-estar ou a sua satisfação pessoal.
- Busquem a salvação de muitos (10.33) – sem ficar preocupado apenas com a sua salvação pessoal.
- Sejam imitadores de Cristo (11.1) – sem promover o próprio eu e egos individuais.
John MacArthur diz que, “liberdade em Cristo não é liberdade para o pecado, mas liberdade do pecado”.
Nossa liberdade em Cristo deve nos levar a amar a Deus e ao próximo, e a agir com uma maturidade e equilíbrio nos faça enxergar que nem tudo que é permitido necessariamente convém ou edifica a nossos irmãos.
Que Deus nos ajude a com sabedoria sabermos desfrutar dessa liberdade concedida.