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TogglePalavra ministrada pelo Pr Josias Moura na igreja Betel Brasileiro do Geisel
Qual a nossa posição em Cristo?
Texto: Romanos 8.31-39
1.Introdução
Tudo que somos e temos é resultado de uma ação soberana de Deus em nosso favor, que nos confere a mais nobre e maravilhosa posição celestial em Cristo.
Mas afinal qual é a nossa posição em Cristo? Convêm aqui ressaltar que a expressão “…em Cristo..” ocorre 93 vezes no Novo Testamento. Em Cristo, significa estar em união com Ele ou estarmos intimamente unidos intimamente com Ele. A expressão em Cristo diz respeito a posição privilegiada nele.
Algo importante a dizer aqui é que Privilégios concedidos estabelecem responsabilidades e deveres. Assim, temos obrigações como se esforçar para que experimentemos uma vida de santificação e transformação progressiva dentro de nós.
Um segundo dever é o de andarmos na prática de boas obras. A verdade é que, embora sejamos justificados pela fé somente, a fé que nos justifica nunca está sozinha. Ela produz frutos morais, expressa-se ‘pelo amor’ (Gl 5.6), transforma o modo de viver da pessoa, gera a virtude. Isso não ocorre apenas porque a santidade é exigida, mas também porque o coração foi regenerado e a regeneração nos faz desejar uma vida mais abundante.
Uma terceira obrigação ou dever é o de buscarmos uma vida de maturidade. Precisamos evoluir espiritualmente, pelo esforço de sermos imitadores de Cristo. Isso quer dizer que é somente na pessoa de Jesus que se consegue obter a maturidade espiritual planejada por Deus (Ef 4.13) e é por isso que o próprio apóstolo reconhecia que o alvo de sua vida era obter o prêmio da carreira cristã (Fp 3.14), prêmio este obtido na dependência de Jesus.
Uma última obrigação ou dever que eu destacaria aqui é o procurarmos viver em gratidão. A Palavra de Deus exorta: “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1Ts 5.18). Se existe uma vontade “em Cristo” declarada literalmente nas escrituras é a de que os crentes em Jesus sejam agradecidos. Quando olhamos para a história do povo de Deus, vemos que um grande pecado que este cometia era o da ingratidão, demonstrada frequentemente por meio de sua murmuração (Êx 16.7-12; Nm 14.27), o povo não estava demonstrando contentamento em Deus e, vez por outra, olhava para trás e reclamava da “nova vida” no SENHOR. Nós cristãos devemos agradecer ao Senhor por tudo o que Ele já tem realizado, como vimos nos benefícios que estes possuem em Cristo Jesus. Olhar para tais benefícios já deve promover em seus corações uma vida de gratidão e contentamento.
2.Proposição:
Os que estão em Cristo Jesus desfrutam de uma posição espiritual extremamente privilegiada que estabelece deveres e obrigações.
Mas o texto que lemos também destaca alguns direitos ou benefícios que alcançam aqueles que estão em Cristo.
I. Deus é por nós – v. 31.
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
“Que diremos, pois, à vista destas coisas?” Que coisas? Paulo está fazendo referência a tudo quanto havia dito antes. O que foi descrito no contexto anterior? Que Cristo nos libertou (v. 2), que o Espírito de Deus habita em nós (v. 9), que nossos corpos serão vivificados, ressuscitados (v. 11), que somos filhos de Deus e portanto herdeiros (v. 14-17), que os sofrimentos do tempo presente não se podem comparar com a glória que desfrutaremos na eternidade (v. 18), que o Espírito Santo intercede por nós (v. 26), que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (v. 28) e que Deus nos elegeu para sermos conforme a imagem de Seu Filho (v. 29).
Diante de tantas bênçãos descritas, Paulo declara: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (v. 31).
No verso 32 ele acrescenta: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” Assim, se Deus se dispôs a ponto de nos dar o que tinha de mais precioso, ou seja, o seu Filho, não haverá de ser por nós? Não estará conosco? Não nos dará tudo o de que tivermos necessidade?
Por vezes, lamentamos como Jacó: “Todas estas coisas me sobrevêm” (Gn 42:36), quando, na verdade, tudo está trabalhando em nosso favor. A conclusão é óbvia: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Brunner diz que “..nada pode prevalecer contra a salvação que nos foi concedida em Cristo.” Esta deve ser uma certeza interior para cada um de nós, a de que toda acusação foi removida na cruz, e que fomos alcançados pela graça de Deus, e assim somos novas criaturas em Cristo. Deus é por nós em sua Pessoa e em sua providência.
II. Cristo morreu por nós (v. 32).
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará g
raciosamente com ele todas as coisas?
Vemos aqui uma argumentação importante: Se, quando éramos pecadores, Deus nos deu seu melhor, agora que somos filhos de Deus, acaso ele não nos dará tudo de que precisamos?
Jesus empregou essa mesma argumentação quando tentou convencer as pessoas de que era inútil se preocupar e temer. Ele nos ensinou que se Deus cuida dos pássaros e das ovelhas, e até mesmo dos lírios, certamente cuidará de nós! Deus se relaciona com seus filhos com base na graça do Calvário, não com base na Lei.
Deus concede todas as coisas em abundância aos que lhe pertencem!
III. Deus nos justificou (v. 33).
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
Isso significa que nos declarou justos em Cristo.
Satanás deseja nos acusar (Zc 3:1-7; Ap 12:10), mas, em Cristo Jesus, somos justos diante de Deus. Somos os eleitos de Deus – escolhidos em Cristo e aceitos em Cristo. Uma vez que é Deus quem nos justifica, por certo não nos acusa. Para ele, acusar os seus seria o mesmo que dizer que sua salvação falhou e que continuamos vivendo em nossos pecados.
Podemos experimentar paz no coração quando entendemos o significado da justificação. Quando Deus declara que o pecador que crê foi justificado em Cristo, trata-se de uma declaração inalterável.
Nossas experiências com Cristo mudam cada dia, mas a justificação é sempre a mesma. Podemos nos acusar a nós mesmos ou sofrer a acusação de outros, mas Deus jamais nos acusa. Jesus já pagou o castigo, e estamos seguros nele.
IV. Cristo intercede por nós (v. 34).
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
A segurança do que crê em Cristo se deve a uma intercessão dupla: o Espírito intercede (Rm 8:26, 27) e o Filho de Deus intercede (Rm 8:34).
O mesmo Salvador que morreu por nós intercede por nós no céu. Como nosso Sumo Sacerdote, pode nos dar a graça de que precisamos para superar a tentação e derrotar o inimigo (Hb 4:14-16). Como nosso Advogado, pode perdoar nossos pecados e restaurar nossa comunhão com Deus (1 Jo 1:9 – 2:2).
Essa intercessão significa que Jesus Cristo nos representa diante do trono de Deus e que não precisamos nos defender.
Paulo deixa esse ministério de intercessão subentendido em Romanos 5:9, 10: Não apenas somos salvos por sua morte, mas também por sua vida. “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25).
Pedro pecou contra o Senhor, mas foi perdoado e restaurado à comunhão por causa de Jesus Cristo, que intercedeu em seu favor: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lc 22:31, 32).
Ele está rogando por todos nós, e esse ministério garante que estamos seguros. É a intercessão de Cristo em nosso favor que nos da forças e resistência.
V. Cristo nos ama (w. 35-39).
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Em Romanos 8:31-34, Paulo prova que Deus não falha conosco; mas será que podemos falhar com ele? E se vacilarmos em meio a alguma grande provação ou tentação? O que será de nós?
Em primeiro lugar, Deus não falhará, porque seu amor é a maior prova disso e Ele não mudará. Mesmo que falhemos com
Ele, Ele não falhará com nós. Mesmo que sejamos infiéis, Ele continuará fiel para conosco.
Em segundo lugar, observamos aqui que Deus não ira simplesmente acabar com todas as dificuldades da nossa vida, porque precisamos delas para nosso crescimento espiritual (Rm 5:3-5).
Mas convêm aqui lembrar que em Romanos 8:28, Deus garante que as dificuldades da vida trabalham a nosso favor, não contra nós. Deus permite que venham as provações, a fim de usá-las para nosso bem e para a sua glória. Uma vez que suportamos as provações por amor a ele (Rm 8:36), é possível nos abandonar? De modo algum! Antes, quando passamos pelas dificuldades da vida, ele está mais próximo de nós.
Além disso, ele nos dá o poder de conquistar a vitória (Rm 8:37). Somos “mais que vencedores”; literalmente, somos “supervencedores” por meio de Jesus Cristo! Ele nos dá vitória sobre vitória! Não precisamos temer a vida nem a morte, nem as coisas do presente, tampouco as do futuro, pois Jesus Cristo nos ama e deseja nos dar a vitória.
Não se trata de uma promessa condicional: “Se fizermos isso, Deus fará aquilo”. Essa garantia em Cristo é um fato comprovado, e nos apropriamos dele porque estamos em Cristo. Nada pode nos separar de seu amor! Podemos crer nessa verdade e nos regozijar!
3.Conclusão
Estamos livres do julgamento, pois Cristo morreu por nós e temos sua justiça. Estamos livres da derrota, pois Cristo vive em nós por seu Espírito e participamos de sua vida. Estamos livres do desânimo, pois Cristo virá nos buscar e participaremos de sua glória. Estamos livres do medo, pois Cristo intercede por nós e não podemos ser separados de seu amor.
Esse Deus 1) que é por nós, 2) que nos deu Filho para morrer por nós, 3) que nos justifica, 4) que intercede em nosso favor 5) e que nos ama, está aqui nesse momento dentro de nossos corações.
Em Cristo não há nenhuma condenação! Nenhuma frustração! Nenhuma separação! Porque “….se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Pr Josias Moura de Menezes