Lição 02 EBD. Tema: A doutrina verdadeira

Lição 02 EBD. Tema: A doutrina verdadeira

Texto Básico: I Timóteo 1.1-20   I Timóteo 4.16

“Cuide de você mesmo e da doutrina. Continue nestes deveres, porque, fazendo assim, você salvará tanto a si mesmo como aos que o ouvem.”

Ao estudar esta lição, você vai compreender quão importante é para o crente saber distinguir a verdadeira doutrina sem permitir que os falsos ensinos corrompam a fé cristã.

A primeira carta a Timóteo é epístola pastoral e nessa qualidade foi escrita não só para encorajar, fortalecer e equipar aqueles primeiros líderes a fim de manterem­-se firmes nas doutrinas do cristianismo, mas também para combater as heresias tão comuns e danosas daqueles dias.

Com o propósito de alertar o jovem pastor e seu rebanho, Paulo faz declarações extraordinárias acerca das verdades do evangelho, para, também, eliminar as tensões doutrinárias provocadas pelos hereges, corrigindo o curso do ensino ministrado, visando o crescimento espiritual dos cristãos. Falsas doutrinas eram armadilhas de Satanás no meio da igreja.

 

I. Os falsos mestres e a lei (1Tm 1.1-17)

Quando Jesus declarou: “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18), Ele já visualizava esse tipo de ataque sobre o qual Paulo está alertando. São ações por vezes explícitas, outras vezes sutis, mas danosas à integridade e à eficácia da fé. Vemos, no cuidado de Paulo com aqueles irmãos, sua preocupação com:

  1. Armadilhas de Satanás. Eram falsos ensinos que não edificavam a igreja, pelo contrário, tentavam destruí-la. Eram histórias inventadas pelos mestres falsos, baseadas em lendas que faziam alusão a personagens do povo judeu do passado. Eles davam a essas fábulas ou mitos valor religioso, encobrindo e até excluindo a obra salvífica de Cristo e as verdades acerca do evangelho. “Tenham cuidado para que ninguém venha a enredá-los com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2.8).
  1. Atalhos que levam à morte. Os falsos mestres pregavam doutrinas contrárias ao evangelho. Anunciavam “outro evangelho”, sem nenhum apoio ou base nas doutrinas transmitidas pelos apóstolos de Cristo. Eram caminhos de morte. Para esses hereges, valem as palavras de Paulo: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu pregue a vocês um evangelho diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema…” (G11.8-9).
  2. Perigo do desconhecimento da verdade. Fazendo-se passar por mestres da lei de Deus, anunciavam novidades que eram nocivas à fé cristã e promoviam contendas, divisões, imoralidade e perseguição aos que perma­neciam fiéis ao cristianismo. De fato, nem eles mesmos compreendiam o que diziam, nem o que afirmavam sobre a lei (lTm 1.7).

 

II. Paulo e a eficácia do evangelho (1Tm 1.5-17)

Rapidamente Paulo volta os holofotes para a grandeza e a sublimidade do evangelho do qual ele mesmo fora alvo, e traz à memória sua própria experiência de conversão: de obstinado perseguidor dos cristãos a ministro de Cristo. Uma guinada somente possível porque sobre ele transbordou a misericórdia e a graça de Deus.

Seu testemunho era uma afronta às falsas doutrinas gnósticas que afirmavam ser má e perversa a matéria; o corpo, portanto, irrecuperável. Eles não admitiam a possibili­dade da transformação de pecadores em honrados e muito bem preparados ministros da palavra de Deus. O objetivo de Paulo foi mostrar que aqueles falsos ensinos nada tinham a ver com a proposta do evangelho, que era alicerçada:

  1. No amor segundo Cristo (v.5). Ao contrário do prejuízo que os falsos ensinos geravam, Paulo dá ênfase ao aspecto positivo da prática do amor segundo Cristo, que vem pela operação do Espírito Santo, à medida que somos transformados e santificados pelo poder da Palavra: “De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv4.23) A ordem de Paulo para que permanecessem na prática do amor de uns para com os outros, com coração puro, dá ênfase ao amor sacrifical de Cristo, que é o amor de Deus encarnado. Esse amor elimina divisões e promove a paz (v.4).
  1. Numa consciência limpa e na fé sincera (v.5). A atenção que devemos dar à voz da consciência diz respeito à percepção interior que temos sobre questões morais e éticas. No caso em questão, Paulo evoca a consciência pura, livre de sentimentos de culpa, que funciona como um árbitro no cristão, fazendo-o refletir sobre ações e conduta. Essa instrução confrontava a mente cauterizada daqueles falsos mestres e seus seguidores. Apesar de a expressão “fé sincera” (NVI) parecer estranha, na verdade não é, pois pode, sim, haver fé fingida, fé hipócrita, como o caso daqueles hereges gnósticos que, na verdade, exibiam apenas imitação da fé. Era uma lealdade não autêntica a Cristo, em oposição à fé sincera, que é mais do que apenas uma crença. Fé sincera é uma entrega pessoal aos cuidados de Cristo. É sobre essa fé, operada pelo amor, que escreveu Paulo: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (G15.6).
  1. No conhecimento pleno da Verdade (v.7). Aqueles que não conhecem a Palavra são facilmente enganados, podendo-se constituir, também, em enganadores. Por isso a necessidade do estudo constante e progressivo da Palavra para adquirir conhecimento e ter firmeza de convicções: “Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a esperança que vocês têm”(lPe 3.15 NTLH).
  2. Num viver frutífero (v.12-14). Somente em Cristo somos capacitados para toda boa obra; distanciados Dele despre­zamos o certo e somos enganados, tornando-nos parte dos que seguem os falsos ensinos. O objetivo de Paulo era instruir os cristãos de maneira que tivessem vida abundante, útil e espiritualmente produtiva. Ele mesmo, reconhecendo o derramar da graça e da misericórdia de Deus, se apresentava como exemplo deste favor de Deus em sua vida, não obstante seu passado: “a mim que, no passado, era blasfemo, perseguidor e insolente…” (lTm 1.13). Esse ato de Deus fez de Paulo um instrumento vivo e frutífero para a proclamação do evangelho.

 

III. Timóteo e o bom combate. (1Tm 1.18-20)

Ao findar o primeiro capítulo, encontramos Paulo novamente voltando-se para o combate às falsas doutrinas. E não é sem razão que ele retoma o assunto, pois em meio a esses falsos ensinos é que Timóteo, o mais novo comissionado, iria desenvolver o seu ministério.

Paulo dá ordens claras de conduta e firmeza nas verdades do evangelho. Timóteo deveria lutar bravamente contra os inimigos do evangelho, “segundo as profecias que anteriormente foram feitas a respeito de você” (v.18).

  1. Obediência não é opção (v.18). Quando Paulo menciona: “Esta é a admoestação que faço a você…”, está dizendo que não se trata de uma sugestão. É mandamento, incumbência, confiada a Timóteo, de cortar aquele mal pela raiz. Assim como o próprio Paulo havia recebido no passado esse encargo por ordem de Deus (v. 11), agora é a Timóteo que a comissão é dada. Há todo um trabalho pastoral a ser realizado, incluindo o combate às falsas doutrinas gnósticas já espalhadas entre os cristãos. Somente pela obediência, o servo alcança a aprovação do seu Senhor: “A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros” (I Sm 15.22 NVI).
  1. Perseverança inegociável na doutrina verdadeira (v.19). Os falsos mestres rejeitavam pontos inegociáveis da fé cristã, inclusive sobre a pessoa e a autoridade de Cristo. Ignoravam a verdade absoluta do evangelho, desprezavam a boa consciência e, por essa razão, naufragaram na fé. Perseverar é não se dobrar, é lutar até o fim (2Tm 4.6-7). Portanto, a firmeza e a perse­verança de Timóteo em toda a verdade do evangelho, a boa consciência e a fé sincera seriam antídotos espirituais contra os ataques dos inimigos de Cristo. Este também foi o testemunho de Josué: “Os meus irmãos que tinham ido comigo amedrontaram o povo, mas eu perseverei em seguir o Senhor, meu Deus.” (Js 14.8).
  1. Prevenção é o segredo (v.20). Neste verso, Paulo cita dois falsos mestres, os quais foram entregues “a Satanás, para serem castigados afim de não mais blasfemarem.” Eles estavam entre os cristãos, ouviram o evangelho, mas se deixaram levar pelo príncipe deste mundo (Ef 2.2; 2Co 4.4). A ideia transmitida aqui pode indicar a possibilidade da restauração mental e moral desses homens, o que nos leva a pensar que faltou a eles a prevenção contra as sutis investidas do inimigo.

 

Conclusão

Há neste primeiro capítulo uma série de advertências que o cristão deve considerar: não se contamine (Dn 1.8); não imite o que é mau (Ananias e Safira – At 5.1-11); não se aproxime do perigo (Ló – Gn 13.12-13); não queira experimentar o mundo (Sansão – Jz 14.3) e, aprenda a fugir das ciladas do inimigo (José – Gn 39.7-12).

O propósito da doutrina verdadeira é fazer com que os cristãos não se desviem do alvo, o qual não é outro senão atingir a estatura de varão perfeito, segundo Cristo, sem se deixar levar por falsos ensinos (Ef 4.14).

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