ED – Empreendedorismo

Quando se fala em empreendedorismo geralmente o que nos vem à mente é a figura de uma pessoa que criou uma empresa de sucesso. No sentido restrito do termo sim, o empreendedor é isso, mas em um sentido mais amplo, empreendedor é toda pessoa capaz de implementar, de mudar uma situação existente, de mobilizar pessoas e recursos para a execução de determinado objetivo. Assim também são empreendedores pessoas que mobilizam a sociedade por uma causa social (empreendedores sociais), empreendedores políticos que mobilizam lideranças de um país para implementação de mudanças em amplos aspectos, pessoas que lideram uma comunidade em busca de melhorias para a mesma e outros mais.

Pode-se dizer que a riqueza de uma nação é medida por sua capacidade de produzir, em quantidade suficiente, os bens e serviços necessários ao bem estar da população. Sendo assim, um dos principais motores da sociedade moderna é o empreendedor. É ele que, através de seus negócios, gera riqueza e bem-estar. É ele quem gera empregos e renda para as pessoas sobreviverem e consumir os produtos ofertados pelas empresas.

Para Filion um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões.

As idéias de “inovação” e “iniciativa” estão contidas na palavra original entrepreneurship e sendo assim o empreendedor é inovador (cria soluções, produtos e serviços) e tem iniciativa (faz as coisas acontecerem). Numa perspectiva filosófica poderíamos dizer que o empreendedorismo é uma das manifestações da liberdade humana.

O empreendedorismo não consiste somente em fazer dinheiro e se tornar rico, mas em atingir a autorrealização pessoal. A sensação de realização pessoal, de sentir-se no controle do seu destino e de transformar em realidade seu sonho e visão de futuro são motivadores poderosos.

A oportunidade de mercado é que impulsiona o empreendedor a montar seu negócio.

Nem toda boa ideia representa uma oportunidade viável e o entusiasmo e a paixão desmedidas podem levar a erros e frustrações por não se analisar corretamente a oportunidade. As características mais importantes das boas oportunidades são diversas. Ou seja, um negócio que possa gerar lucro não é condição suficiente para o sucesso, mas também:

– A demanda de mercado,
– O tamanho do mercado e seu potencial de crescimento,
– A solidez e constância das margens de lucro e o continuo fluxo de caixa positivo,
– Um mercado imperfeito (poucos concorrentes),
– Vácuos, deficiências, descontinuidades, baixa qualidade, tempo de espera alto, enfim incompetência dos concorrentes já estabelecidos no mercado.

Outra característica importante do empreendedor bem-sucedido é que geralmente ao iniciar seu negócio ele não tem todos os recursos que necessita. Até mesmo o dinheiro necessário pode não ser suficiente. Fazer mais com menos é uma poderosa arma para a competição. Empreendedores tentam minimizar e controlar recursos, concebem estratégias criativas e às vezes geniais de economia ou de fazer diferente as atividades do negócio e tudo isso tem efeito poderoso para o negócio: o princípio da conservação e expansão do patrimônio liquido da empresa que é uma maneira de maximizar o valor dela para seus proprietários.

A empresa é composta por pessoas e suas diversidades. O empreendedor não fará nada sem pessoas para ajudá-lo a operacionalizar o negócio. Uma equipe bem capacitada e motivada é um componente chave para o sucesso. Um empreendedor líder adota uma filosofia que premia o sucesso e apóia os que falham honestamente, divide a riqueza com os que ajudaram a produzi-la e estabelece altos padrões de desempenho e conduta. Ele é um participante e também o orientador da equipe e sua capacidade de atrair e manter colaboradores relevantes para ela é um dos talentos mais valorizados no empreendedor.

O sucesso de um empreendimento será função do melhor aproveitamento e combinação desses 3 elementos, a oportunidade, os recursos e as pessoas que farão parte da equipe do empreendedor.

O modelo Timmons é baseado nesses 3 elementos propulsores do processo empreendedor. A tarefa do empreendedor será conduzir o negócio para sua consolidação e expansão assumindo o controle dessa equação (oportunidade+recursos+pessoas) e assumindo os riscos que a atividade empresarial e um ambiente variável impõem.

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Modelo Timmons do processo empreendedor


Por fim, pode-se ensinar empreendedorismo? Sendo que o empreendedor tem tantas características pessoais, e não profissionais, determinantes de sucesso e que, mesmo sendo conhecidas e ensinadas, a pessoa deverá desenvolver essas características por sua força de vontade? No ensino do empreendedorismo não funciona a metodologia tradicional, na qual o professor tem conhecimentos e os transmite aos alunos. Ao contrário, o envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem é fundamental. Eles é que devem gerar o conhecimento através do processo de perguntar. O professor não tem a resposta certa, e a grande virtude do processo de ensino do empreendedorismo é a capacidade de formular as perguntas certas que geralmente não apontam para uma “resposta certa”, mas para alternativas possíveis. Cabe ao aluno, em sua análise e percepção, escolher a alternativa que achar melhor. Por isso, o empreendedorismo é uma das áreas onde se cometem muitos erros e a habilidade de um bom empreendedor é transformar esses erros em aprendizado e alimento para os acertos e o sucesso futuros. O empreendedor aprende com os erros e fracassos, diante dos quais, não se abate. Assim, muitas características de um bom empreendedor podem ser aprendidas e outras, já estão na pessoa e são despertadas pela vontade dela de realizar um sonho pessoal.

O ensino do empreendedorismo é ainda muito recente, principalmente no Brasil, e não é científico, portanto não se pode garantir que, a partir de certas circunstâncias ou características, pode-se formar um empreendedor de sucesso. Mas o tema é hoje uma das áreas mais pesquisadas em gestão e que se publicam obras relacionadas.


1.1 Barreiras ou Dificuldades para Começar um Novo Negócio


Alguns empreendedores na fase do alto entusiasmo podem deixar de pensar nas dificuldades de começar um negócio em um mercado já concorrido. A não análise desses fatores irá refletir tempos depois na viabilização do negócio. Criatividade, inovação, segmentação de mercado e um pouco de ousadia, geralmente são as armas para anular tais dificuldades. Esses fatores são:

– Falta do capital necessário,
– Falta de conhecimento de Administração ou conhecimento técnico,
– Ganho de escala dos concorrentes,
– Não acesso ou não disponibilidade de matéria-prima adequada,
– Localização do negócio inadequada.


1.2 Etapas de Criação de um Negócio Próprio

Apresentamos um esquema lógico de como nasce um empreendimento de sucesso. É importante que cada passo seja rigorosamente observado e se algum tiver que ser eliminado, que realmente não afete a execução dos demais.

O curto circuito criativo é justamente quando o empreendedor, achando que já reuniu informações suficientes ou está altamente confiante e motivado, resolve implementar o negócio, queimando etapas ou negligenciando algumas análises fundamentais para o processo. Esse curto circuito pode se dar a qualquer momento do processo de criação. Uma forte disciplina e senso de racionalidade, deixando o emocional somente para alimentar a motivação de iniciar o negócio são indicações para evitar o curto circuito criativo. As etapas são as seguintes:

1. Identificar a oportunidade de negócio,
2. Implementar o empreendimento,
3. Desenvolver o conceito do negócio.

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Etapas da Criação de um Negócio – O Empreendedor, Ronald Degen – Ed. McGraw Hill


1.3 Como Definir o seu Negócio

A maior dificuldade no projeto de um negócio é criar um conceito. “Somos uma empresa de…”, ou seja, definir qual o negócio da empresa. Às vezes pode-se pensar que limitar o foco poderia ser prejudicial para a empresa, pois deixaria de atender alguns tipos de clientes ou perder oportunidades de realizar alguns negócios. Mas a experiência tem mostrado que saber muito bem qual o seu negócio (ou seja, o que eu produzo? O que vendo? Quem é meu cliente) é um dos fatores que garante o sucesso do empreendedor. Não podemos ser tudo para todos ao mesmo tempo. A empresa que tenta fazer isso, sempre irá deixar de atender alguns clientes, pois não consegue ser tão abrangente assim.

Ao definir o negócio da empresa devemos ter uma visão ampla, inovadora e diferenciada para não restringirmos o campo de atuação da empresa. Definir o negócio é a questão estratégica mais importante e deve ser de responsabilidade da diretoria da organização, uma vez que se criará o contexto dentro do qual todas as demais questões estratégicas deverão ser consideradas.

A definição do negócio não pode ser muito ampla, para não perder o foco, e nem muito restrita, para não perder as oportunidades. Também o negócio deve ser definido explicitamente, ou seja, deve ser clara e comunicada a todos na empresa e aos seus clientes, para que as decisões estratégicas tomadas por toda a organização tenham coerência e consistência, pois a escolha dos objetivos está relacionada com a definição do negócio. Os objetivos podem afetar a definição do negócio, como por exemplo, uma decisão de investir num segmento específico de atividade pode expandir ou contrair a abrangência do negócio.

O gráfico abaixo é muito útil para tal finalidade. Os 3 eixos do gráfico ajudam a pensar o cliente, sua necessidade e o produto/serviço que atendam essa necessidade. Ao elaborá-lo, somos forçados a pensar nesses clientes e conceber produtos que os atendam satisfatoriamente. Defini-se um foco, um grupo de clientes que serão atendidos pela empresa.

Com esse gráfico, o empreendedor saberá muito bem definir seu negócio, definição essa essencial para as demais fases de criação do negócio, como por exemplo, definir missão e visão da empresa.

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1.4 Visão, Missão e Valores do seu Negócio


A visão refere-se aos objetivos gerais e de mais longo prazo. A visão descreve as aspirações para o futuro sem especificar os meios para alcançá-las. Insistimos apenas que a visão seja inspiradora e motivadora.

A visão está focada no futuro da empresa, pode ser um sonho e pode ser um desafio estratégico que irá mobilizar talentos, competências e recursos. Mais do que da Visão, o sucesso irá depender da adesão da equipe que a Visão consegue gerar.

Então se a Visão é para inspirar e motivar, ela tem que ser comunicada a todos na empresa. A comunicação da visão dá-se através da missão.

Por que é importante ter uma Visão?

1. A Visão promove a inovação;
2. A Visão levanta uma bandeira;
3. A Visão motiva e inspira a equipe;
4. A Visão orienta para os programas de qualidade;
5. A Visão orienta os objetivos.


Exemplos de Visão:

“Criar um mundo onde todos possam se sentir crianças” – Disney Company

“Tornar-se uma empresa de classe mundial” – Petrobrás

“O carro do Ano e do próximo século – Audi

A missão é a maneira pela qual a visão torna-se tangível. É a razão de existir da empresa. A sua definição deve conter as respostas às seguintes questões:

1. O que a empresa é?
2. O que a empresa deve fazer?
3. Como a empresa deve fazer?
4. Para que deve fazer?
5. Para quem ela deve fazer?

A missão não deve necessariamente responder a todas as 5 questões, mas a algumas delas.

A missão deverá também:

Ser concisa e objetiva;
Assegurar um propósito único dentro da organização;
Ser bem divulgada;
Ser orientadora das decisões a serem tomadas.


Exemplos de Missão:

“Servir alimentos de qualidade com rapidez e simpatia, em um ambiente limpo e agradável” – McDonalds””

“Produzir Conhecimento em todas as suas formas e torná-lo acessível à sociedade, contribuindo principalmente para o desenvolvimento integrado da região” – Universidade de Caxias do Sul

“Desenvolver pessoas e organizações para o mundo do trabalho, através de ações educacionais” – Senac

“Fazer com que você se sinta como se estivesse em sua casa” – Double Tree Hotels


Diferenças entre Missão e Visão:

Visão ______________________ Missão

O que queremos ser O que devemos fazer
É aonde vamos É o ponto de partida
Energiza a empresa Dá rumo à empresa
É inspiradora É orientadora
Foco no futuro Foco no presente

Os valores são princípios básicos, o modo de pensar dos líderes da organização, que conduzirão a tomada de decisões dentro da empresa e vão estabelecer limites ao definir a missão.

Esses valores são expressos em forma de políticas a serem seguidas pelos membros da organização ao tomarem decisões de forma coerente com a missão e padronizada, ou seja, todos devem ter comportamento idêntico ao tomar uma decisão.

É preciso definir esses valores centrais, o credo corporativo, transmiti-los a todos os funcionários e lembrar-se deles antes de tomar qualquer decisão.

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